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Auditoria: Técnica a Serviço do Controle

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Academic year: 2020

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Auditoria: Técnica

a Serviço do Controle

IBERÊ GILSON

Ministro-Presidente do Tribunal de

Contas da União

Q ueiram ou n ão os idealistas e so n h a ­ dores, os céticos e sofistas, trem enda é a responsabilidade que pesa sôbre todos quantos em prestam o brilh o de sua in te - ligencia, o fu lg o r de seu talento ou a m o ­ déstia de sua cola b ora çã o anônim a ao T ribu n al de C ontas d a U nião, partícipes que são de um m om en to h istórico, talvez o de m ais elevada sig n ifica çã o para a v id a daquela C ôrte Superior de Contas. D e fe n u -lh e a d in â m ica h istórica m issão p o r dem ais n obilitante, qual seja a de dar corp o e, m ais do que isso, dar vida à n ov a sistem ática de con trole p o r que o Brasil op tou , através dos inovadores m an dam en tos, a respeito, da C onstitui­ ção de 1967 e o D ecreto-lei n .° 199 ne

Í , eT fevereiro de 1967, instituidor’ da n ova Lei O rganica daquele Tribunal.

No P arecer Prévio sôbre as C ontas do G overn o F ederal referentes a 1966 tive­ m os op ortu n id ad e de, em linhas gerais dizer que “ em fa ce da realidade do m u n ­ do em dois m om entos distantes, cum nriu r p S + r ho S8U dev-er de 0PÇã0- Ainda não refeito das em oçoes da im p lan tação do regim e repu blican o, ain d a n ão cessadas em tod a a sua extensão as lutas bélicas e in stitucionais, em m eio ao im p a cto da v itoria e cerca d o das v icis situ d e sd a h ora en tao presente, n o cu m prim ento de seu dever, 0 País efetuou a opção, sem en ­ fren ta r d ificu ld ad es dian te dos dois sis tem as m en cion a d os — já que as co n d i- çoes da adm inistração p ú b lica ain da não eram de tal porte, que ditassem a im - p rescin dibilidade d a cria çã o das C on tro- ladorias co m o h o je são tidas — , mas, ape­ nas, escolh en d o qual 0 m odêlo a adotar entre os clássicos T ribunais da época.

D urante a grande n oite com preen dida entre os idos de 1890 e os dias atuais nosso T ribu n al de C ontas fo i criado, im ­

p lan tad o e reform ado, m a n ten d o se m ­ pre, porem , sua co n ce p çã o original, 0 que perm itiu aos governantes que assina­ laram sua presen ça n o p eríodo o r e fri- gerio da postergação de n ov a op çã o, já ditada pelas con d ições am bientais re i­ nantes.

O cla m or que se levan tou pela r e fo r ­ m a de todo 0 sistem a de adm inistração fin a n ceira do País e a im periosidade de dispor o G ovêrn o de m eios capazes de p erm itir-lh e a form u la çã o de sua p o lí­ tica e co n ô m ico -fin a n ce ira , de a co m p a ­ n h a r e fisca lizar sua ex ecu çã o e de m e ­ dir seus resultados le v a ra m -n o a p ro d u ­ zir as in ova ções in trodu zidas n o a rca b o u ­ ço d a m en cion a d a adm inistração.

R epou san d o o o b je to da a çã o fisc a li- zadora e co n tro la d o ra dêste T ribu n al na referid a a d m in istração fin a n ce ira do País, im ed ia ta e p rofu n d a m en te rep er­ cu tiram nesta Casa as in ova ções in seri­ das n a m áqu in a adm inistrativa do G o ­ vêrno.

E 0 B rasil op tou , pela segunda vez, pela au torizada voz de seus representantes. E o in stan te h istórico da o p çã o ocorreu . E esta se fê z realidade, h istoricam en te. H istoricam ente, porque, pela vez p rim e i­ ra, em tod o o m u n do se op tou , n ã o p o r qualquer das duas escolas ou corren tes de pen sam en to, m as sim p o r u m a nova, que surge p a ra am p liar 0 núm ero de co n ce p çõ e s de escolas. A o p çã o se fêz — pesados os aspectos fa vorá veis de am bas as escolas — pelo ecletism o, n a scid o da fu sao do classicism o dos T ribu n ais de C ontas com 0 ob jetivism o das C o n tro la - dorias ou A uditorias.

Duas corren tes que se fu n d em , so m a n ­ do seus aspectos positivos. F ulgu ração

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sim biótica do ju ríd icism o dos T ribu n ais de C ontas — latin os p o r ex celên cia — com o con ta b ilism o das C ontrolad orias o u A u ­ d ito r ia s — sa x ôn ica s em essência. T e rce i­ ra corren te de p en sa m en to que vem das vertentes naturais da E scola F in a n ceira de Jèze, Stourm e outros lum inares e que, do cau dal do p rogra m a tism o n o r te - am ericano, se traga, o fe re ce n d o um am álgam a té cn ico p e rfe ito .”

* * *

M uita lu ta terem os de e n fre n ta r a n ­ tes que n os p ossam os d ar p or sa tisfei­ tos, antes que ch e g a d a seja a h ora de en sarilhar arm as e antes do in stan te de

prom overm os a ren d içã o d a guarda.

L em b rem o-n os de que, su rp reen d en te­ m ente, o em prêgo d a escritu ração por p artidas d obradas n o serviço p ú b lico — d eterm in a do p o r A lvará de 1808 e p or Ato de 1832, com sua ex ig ên cia r a tific a ­ da em 1868 e n o v a m en te exigido em 1909 — só veio a ser a d ota d o em 1914 e, m esm o assim, de form a , que m ereceu de Moraes Júnior, au tor do Regulamento Geral de Contabilidade Pública, a crítica de que “ in icia d os e p ro fa n o s sem pre f o ­ ram a cordes em re co n h e ce r d eix a r m u i­ to a d eseja r a C on tabilid ade d a U n iã o” . O P od er E xecutivo e o T rib u n a l de C o n ­ tas, ao lo n g o d a H istória, en vidaram es­ fo rço s n o sen tido de cô b ro se p ô r ao descalabro que flu ía d a inadequ abilidade do con trole, em fa ce da rá p id a evolu ­ çã o d a a d m in istra çã o p ú blica, im p u lsio­ n a d a p or vertigin oso p rogresso te cn o ló ­ gico. M erecem cita çã o os artigos de Vi­ çoso Jardim e de Moraes Júnior, bem c o ­ m o as diversas ten tativas de re form a e a tu alização d o Código de C ontabilidade da União, ten ta tiva s que e n con tra ra m seu W a terloo n o C ongresso N acion al.

Ao tem po d o G ov êrn o C a fé F ilho, p a r ­ ticip a m os de u m a C om issão de R e fo rm a do C ódigo, co n fia d a ao C o n s e lh o Federal de C ontabilid ade, que à é p o ca in te g rá ­ vam os e que era p resid ido p ela fig u ra ím ­ p ar de Paulo de Lyra Tavares. O p ro je to que ela b ora m os e que d en om in a m os Lei de Administração Financeira e de Con­ tabilidade Pública ja z, até o d ia de h o je , n a l .a C om issão d o C ongresso a que foi d is t r ib u íd o .. .

Consola-nos o fato de que Mareei So- •luet, em sua obra La Reforme de la Comptabilité Publique, afirmava em 1934 que “la France n’a pas une compta- bilité digne d’elle”.

* * *

Os tem pos de op çã o, con tu d o, já se v e - fica ra m em ca rá ter irreversível. A ép oca é de im p la n ta çã o de um n ôv o sistem a, de rom p im en to co m rotin a s e s tra tifica - das n o estacion ism o de dias de a n ta - n h o ; de despertar p a ra o din am ism o da era da té cn ica ; de irru pção p elo d om ín io de n o v a m e to d o lo g ia ; da a ceita çã o e da p rá tica dos m od ern os processos da c i­ ên cia do con trole.

E stam os a ou vir os altíssim os acordes da m a rch a fú n eb re d a era da im p rovisa ­ çã o n o ca m p o do con trole. R espeitan d o em bora o passado, é preciso viver o p r e ­ sente. Esta é a verdade que, la p id a rm e n - te, Eric A shby n os ensina qu ando d e cla ­ ra que “ o reflex o de on tem n ã o ilu m in a o a m a n h ã ” . N aturalm ente, em tod o o processo h istórico, o passado n u n ca d e i­ x a de estar presente, um a vez que êle n a ­ da m ais é do que um a a cu m u la çã o de presentes passados, e em ca d a “ presente ressoa o passado e p a lp ita o fu tu ro ” . Se n ã o fizerm os, todavia, o p resen te de h o je , n ã o terem os o passado de a m a n h ã : êle será com o o sol de in v ern o eu ropeu; ilu m in ará, m as n ã o fecu n d a rá a terra.

Se sin ceram en te d esejarm os a lca n ça r n ossos o b jetiv os, deverem os ter em m en te que o p eríod o do b a ch a relism o, p u ro e sim ples, que ca ra cterizou um a lon g a é p o ­ ca, em bora b rilh an te, cedeu parte de seu lu gar à p ra tica b ilid a d e e à especialização técn ica . M ister se fa z que o b a ch a relis­ m o se dispa das rou p a gen s de cu ru l dos co n h e cim en to s e b ra ços dê ao tecn icism o p a ra que am bos, ao invés de se c o n flita - rem , se com p lem en tem , p a ra a lca n ça rem a h a rm o n iza çã o e o sin cron ism o que c o n ­ duzem ao sucesso.

A A u d itoria é um a técn ica , e co m o tal deve ser exercid a. P ara ta n to h á que se e xigir dos que fo re m in cu m b idos de e x e r­ c it á -la fo rm a çã o especializada, que lhes p ro p o rcio n e as arm as dos con h e cim e n to s im prescin díveis, os quais p od em ser d i­ v ersifica d os. No caso co n cre to de nosso T ribu n al, n ã o só p elo fa to de ser um ó r ­ gão fisca liza d o r de con ta s, m as ta m b ém p ela n atu reza da d o cu m en ta çã o que, p o r expressa d isp osiçã o de lei, deve ser p o r êle exa m in a d a , a A u d itoria se assenta sôbre um a in fra -e stru tu ra p re d o m in a n ­ tem en te con tá b il.

O im p a cto d a ra d ica l tra n sfo rm a çã o de n ossa Casa a ca rretou um a série de p r o ­ v id ên cia s in a d iá v eis: a d eq u a çã o de n o s ­ sa estrutura e a a d a p ta çã o de c o n sid e rá ­ v el p a rte de nosso C orpo d e fu n cion á rio s

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à n ov a técn ica e, paralelam ente, a soli­ cita çã o de m edidas legislativas com o o b ­ jetiv o de d ota r nossa C ôrte de C ontas de m aior núm ero de especialistas.

A nteriorm ente, já o T ribu n al exercia Auditoria, sob a form a de revisão siste­ m ática. A gora, a preem in ên cia é para a A uditoria assistem ática, m enos onerosa e m ais eficien te.

L ograr seus objetivos a A uditoria só con seguirá em h avendo um a filosofia de con ce p çã o, um a m etodologia de ação e u m a estrutura de fu n cion am en to. F iloso­ fia que con dense p rin cípios; p rincípios que determ inem norm as e m étodos- n o r­ m as e m étodos que instituam estruturas operacionais.

A técn ica de A uditoria tem a p resid i- la alguns Princípios, a saber:

— P rin cípio de A lterabilidade d a C li­ entela;

— P rin cíp io de M utabilidade da É po­ ca ;

— P rin cípio de Trasm utabilidade do P rocesso;

— P rin cípio de P erm utabilidade do D ocu m en to; e

— P rin cíp io da V ariabilidade do L o- cal.

T ais Princípios de Mobilidade da Au­ ditoria devem ser com plem en tados pelo I rincipio da Repetibilidade, aplicável a ca d a um se pretenderm os que êles seja m validos. A Repetibilidade con stitui va lio­ so recurso n o im pedir a dedução, p or ob ra d e in te lig e n c ia s postas a serviço da corru p çã o e m alversação de dinheiros públicos, de um a Lei de Incidência da Auditoria, cu jo con h ecim en to lhes p e r­ m ita escapar a ação do T ribu n al e tran s­ p o r os um brais da im punidade.

A surprêsa e a tôn ica dos prin cípios ex ­ postos, os quais pod eriam ser con sid era ­ dos co m o d esdobram en tos do Princípio da Surprêsa. Os Princípios referidos im plicam , com o regra, a v ariação da clien ­ tela, d a ép oca, do processo, da d ocu m en - ta ça o e do lo ca l da A uditoria.

C om o em tôdas as técn icas, os dons im anen tes ao h om em ou p o r êle a p e rfe i­ çoa d os têm reflex o m a rca n te nos tra b a ­ lh os; êsses p od em ser, todavia, p e rfe ita ­ m en te sistem atizados, de fo rm a a o fe r e ­ cer a otim iza çã o dos resultados e a m a - x im ização das con d ições que prop iciem a p a rticip a çã o de todos e fica z e p rod u ti­ vam ente.

Um A uditor deve ser p orta d or dos se ­ guintes Dons: — D om da S u spicácia; — Dom da P erspicácia; — D om da A gilidade M ental; — D om da P erseverança; e — D om da T olerân cia.

.. A ,susPic ácia, filosofica m en te, n ão co n s­ titui, para alguns, um dom. T a l é, porém , sua im p ortâ n cia para a ca p a cita çã o e c a - tegorização de um A uditor que n ã o d u ­ vidam os em a lin h á -la , na espécie, entre os dons. A suspicácia, que é a dúvida m e ­ tódica, a suspensão prévia e breve do ju í­ zo final, fo i bem expressa pelo con sa g ra ­ do m oralista Marden, quando nos p ro fe s­ sou: confiai desconfiando. T a l con selh o mardeniano se co n firm a n a prim eira das regras apresentadas p or René Descar­ tes em seu Discurso sôbre o Método, ao nos ensinar que jamais devemos aceitar como verdade o que não fôr provado ou evidente. Cartesiano deve ser o A uditor.

_A perspicácia^ é a sagacidade, a in tu i­ ção, a p en etração, o talento pára a p reen ­ der os fa t o s _ expostos e p erceb er os la ­ tentes. A agilidade mental é a presteza de, num relance, vislum brar, entrever, con h ecer. A perseverança é a p ersistên ­ cia, a con stâ n cia , a firm eza n o b u scar o preten dido. A tolerância é a ca p a cid a d e de indu lgên cia, de au tocon trole em fa ce de atos e fa to s de n atu reza a n ta g ô n ica à desejada.

P orta d or dos dons expostos, n ecessita o A uditor p a u ta r su a a çã o pelas seguintes normas de comportamento:

— E xercita çã o da D iscriçã o;

— E squivância da Suspeita I n fu n ­ dad a;

— F u ga à V itu peração P essoal; e — E vitação da A rbitrariedade. ' A discrição é fu n d a m en ta l, e seu ex er­ cício absolu tam ente im prescin dível visto que a A ud itoria perderá sua fin a lid a d e se o A uditor fô r in discreto, a n u n cia n d o - a ou p erm itin d o que, aprioristicam ente, se saiba d_e su a verifica b ilid a d e. D u ran te a realização d a A uditoria — com o p r o ce ­ dem as grandes firm as especializadas do m u n do in teiro — n en h u m a p alavra deve p a rtir ou ser con segu id a do A uditor, sob qualquer fo rm a ou p retexto. D eve êle an alisar e apurar, tom a n d o as p ro v id ê n ­ cias se e qu ando de sua alça d a , ou rela ­ tan do as ocorrên cia s ao órg ã o superior, p a ra as m edidas cabíveis.

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A suspeita in fu n d a d a , m a lé fica , é a dúvida cética , p erm a n en te; é o a g n osti- cism o. O A u d itor deve p rocu ra r a esqui- vação de tal suspeita, a pu rando, v e rifi­ can d o e se ce rtifica n d o . A fu g a à v itu p e- ra çã o pessoal, à con tu n d ên cia , ao reta lia - m en to da h o n ra é m ais que re co m en d á ­ vel, já que tal vereda a fa sta o analista dos fa tos, para c o n ce n tra r sua aten çã o nas pessoas. A v itu p era çã o pessoal se apresenta, n orm a lm en te, con soa n te a c a ­ ta log a çã o b en th a m ia n a , sob a fo rm a de im p u ta çã o de m au caráter, de m á in te n ­ ção, de m aus m otivos, de in co e rê n cia e de con ex ões suspeitas.

A a rbitraried ad e d en igre quem a p r a ­ tica e abastarda os resultados obtidos. Ela é m ais freq ü en te nos p seu d otécn i- cos, que, co m d espotism o e iniqüidade, ten ta m la n ça r um m a n to d iá fa n o sôbre suas d eficiên cia s. A ten ta co n tra o nível e o clim a que devem presidir as relações entre as rep a rtições e as pessoas, agride com ezin h os p rin cíp ios de a d m in istra çã o e con d u z ao insulto à d ign id a d e pessoal, geran d o im ed ia ta reação.

No exercício de sua m issão, p od erá o A u d itor ser su bm etido ao gu an te de pressões traduzidas em :

— .T e n ta tiv a de In tim id a çã o; — T e n ta tiv a de P ro cra stin a çã o; — T e n ta tiv a de C o n fu sã o ; e — T e n ta tiv a de A com od a çã o.

A in tim id a çã o, ain d a m u ito usual e que, em ce rta ép oca , ch eg o u a adquirir foros de tip icid a d e brasileira, é a te n ta ­ tiva de a tem oriza çã o, de co a çã o , de a p a - v ora m en to, co m o o b je tiv o de torn a r o A u d itor tím ido e le v á -lo a descu m prir sua m issão ou fa z ê -lo d eficien tem en te. Em geral, a p resen ta -se sob a fo rm a de am eaça, tradu zida em expressões com o “ sabe co m quem está fa la n d o ? ” e “ você se a rrep en d erá ” . A ela n ã o deve o A u d i­ tor resp on d er co m palavras do m esm o g ên ero; ca b e -lh e r e fu tá -la co m sob ra n ­ ceria, co n v icto de que o T ribu n al esten ­ derá sôbre si o p á lio de seu apoio.

A p rocra stin a çã o é a d elon ga , o a d ia ­ m en to, a dem ora, o esp a ce ja m e n to no a ten d im en to de p ed id os ou exigên cias do A uditor. A co n fu sã o é o en lea m en to, a m á distin ção, a m istura, o em b a ra lh a m en to, com o o b je tiv o de d ificu lta r a a çã o fis - calizadora.

A a co m o d a çã o é a ten ta tiv a de a rru ­ m a çã o, de p ro v o ca çã o d a desistência da A uditoria. P od e ela se a p resen ta r sob as

form a s de in v o ca çã o de “ b o m -m o cis m o ” , de a pêlo aos sen tim entos de h u m a n id a ­ de, ou de exp osição de p recárias situ a ­ ções só cio -e co n ô m ica s. A d m item -se, a in ­ da, form a s de ilegalidade, cu ja c o n te x tu ­ ra d eixa m os à im a g in a çã o de ca d a um. Às ten tativas, sem pre fru to de p re m e - d ita çã o, deve o A uditor resp on d er com atitudes que fa ça m valer sua au toridade e a co m p e tê n cia que a lei lh e ou torga , sem , todavia, d esca m b a r p a ra o excesso ou d eix a r-se trair, ca ta log a n d o, sob tal form a , p roced im en tos p len os de b o a -fé .

* * *

O T rib u n a l de C ontas da U nião, a tra ­ vés da Com issão de M inistros in cu m b id a da im p lem en ta çã o das n ovas N orm as R e ­ gim entais, vem p rocu ra n d o, e p rocu rará, ed ita r n orm as que sistem atizem o ex e r­ cício da A uditoria, p a rtin d o do geral p a ­ ra o particular.

A in icia tiv a dêste E n con tro teve p o r escopo p rop icia r a discussão dos tra b a ­ lhos já elaborados, dos em ela b ora çã o e dos em estudo, co m os colegas que v ã o e x e cu tá -lo s; perseguiu, tod avia, um p r o ­ pósito m ais n obre, qu al se ja o de, em d ebate fr a n co e sincero, em tá vola re ­ d on da , receb er as crítica s e as sugestões que os prezados D elegados e D iretores se d ign em a oferecer.

T en h a m os D elegados e D iretores p r e ­ sente que ca d a u m de nós, M inistro ou fu n cio n á rio , ca teg oriza d o ou hum ilde, t o ­ dos n ós tem os sem pre pequ en a p a rcela a en sin ar e en orm e p a rcela a aprender. Aqui estam os em um a bôlsa de c o n h e c i­ m en tos, em um a câ m a ra de co m p e n sa çã o de idéias, co m o p rop ósito de bem ser­ v ir nossa C asa e n osso Brasil.

V ivem os d om in a d os p o r p a rticu la r a - preen são co m um fa to que rep u tam os de sum a gravidade, pelas d ificu ld a d es que in eren tem en te a ca rreta rá à fisca liza çã o que n os ca b e ex ercer; gravidade que se a ten u a p elo tra n sitório de sua ocorrên cia . A ra d ica l tra n sfo rm a çã o op era d a n o sis­ tem a de con ta b ilid a d e do P od er E x ecu ti­ vo d eterm in ou a elim in a çã o da C o n ta d o - ria -G e ra l da R ep ú b lica , e a ereçã o do sistem a substituto vem d a n d o azo a um h ia to, de con seq ü ên cia s im previsíveis.

* * *

R e tra ta n d o la p id a rm en te a m issão d es­ ta Casa, o M inistro José P ereira Lira d is­ se certa fe ita : “ O T rib u n a l de C o n t a s __ n a scid o do p en sa m en to de R u y B arbosa,

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im p lan tad o pelo descortino adm inistrati­ vo do Serzedelo Correia e inspirado nos prin cípios que n ortearam os fundadores da R epú blica . . . — representou, a tra ­ vés de rum orosos episódios, um a co m p o ­ n ente insubstituível n a fiscalização dos gastos da responsablidade do Erário N a­ cion a l.”

A com p a n h a n d o a evolução operada n a técn ica de con trole das fin a n ça s p ú b li­ cas, defen dem os em 1955, quando dispu­ tam os e ven cem os a Cátedra de Finanças e Contabilidade do Estado da Universi­ dade do Brasil, a ousada e pion eira tese da ereção do Tribunal de C ontas da U nião — in corp ora d a a êle a C on ta d o- ria -G e ra l d a R epú blica — em quarto Po­ der: o Controlador. C ontinuam os co n v ic­ tos de nosso acêrto, ain da pensam os com o pen sávam os; som os fiel a essa lin ha de en ten dim en to, n ão alim en tan do qual­ quer dúvida quanto à sua veracidade, ju - ricidade e oportunidade. A creditam os que a reform a p or que passa nossa Casa con stitu i m ais um a etapa na — com li­ ce n ça de Herman Kahn — escalada para o quarto Poder.

Atribuem a Dag Hammarskjoeld o se­ guinte p rovérbio: “ Um lou co v ociferou na P raça do M ercado; ninguém parou para con testá -lo. F icou assim p rovado que seu argu m en to era irrespondível.”

Sem pre haverá loucos, em P raças do M ercado, v ocifera n d o co n tra a n ova sis­ tem ática e estrutura do T ribu n al de C o n ­ tas. L em b rem o-n os de que é m a n d a m en ­ to con stitu cion a l e, com o tal, n ã o c o m ­ porta con testa çã o e, ao invés de nos d e - term os para con testar os vociferad ores ca m in h em os resoluta e con fia n tem en te n o cu m p rim ento de nossa m issão e em bu sca de nosso destino, que é grande e nobre.

Pedim os que n ã o se deixem enredar p ela falácia da periculosidade da ino­ vação, que consiste em aceitar as re­ form a s em p rin cíp io e re je itá -la s tôdas n a prática, segundo a feiçã o que lhe deu seu ator Jeremias Bentham, que, con so­ ante Roberto de Oliveira Campos, era um

filó so fo utilitarista, au tor do cá lcu lo fe - licífico e su jeito tão pedante que d e n o ­ m inava o seu passeio após o ja n ta r de circungiração post-prandial.

As leis e sua coorte de atos de co m p le - m en tação, p or si sós, n ão bastam para que se alcan cem os ob jetivos que se têm em mira. Em sua aplicação, fazem os n o s­ sa o p çã o : ou as con d en am os ao d escré­ dito, com nosso desinterêsse, ou as c o n ­ duzim os à plenitude de seus sucessos, com nosso firm e p rop ósito de cu m p ri-las.

Q uando nos a ban d on a a disposição de luta e nos abatem o desânim o, o desp re­ paro e a descrença, tra n sform a m os um m undo em um nada, num vazio sem c o n ­ teúdo e sem finalidade. P or ou tro lado, im buídos de um a fé inabalável e de um a ferrea von tade de a lca n ça r os ob jetivos a que visam os, revela-se nossa natureza dualista e, sem nos desprenderm os da terra e do m undo físico, lib e rta m o -n o s o necessário para nos to m a rm o s um m e n ­ sageiro do_ espírito que, com ascetism o e abn egação, tra n sform a o n a d a em um m undo.

A Reforma Castello Branco ou torgou à nossa C ôrte foros de um a in stitu ição aureolada na ex ercita çã o de sua m issão sublime. Nosso T ribu n al de C ontas sai das n ovas disposições con stitu cion a is m ais v ivifica d o, m ais robu stecido e m ais en obrecido, ca b en d o a nós d ar o esforço de nosso físico, o prod u to de nossa in ­ teligên cia e a d ed ica çã o de nosso co r a ­ ção para que esta Casa se apresente, n ã o com o o sol de in vern o europeu, que ilum ina, m as n ão fe cu n d a a terra, e sim com o um fa ch o de luz e vida, geratriz das m aiores em an ações da ju stiça a d m i- n istra tiv o -fin a n ce ira , tão son h a d a em sua p e rfe içã o e realidade.

Em assim agin do, con v ictos pod erem os estar de que o T ribu n al da H istória, a cu ja s barras com p arecerem os co m p u lsò - riam ente, h o n r a r -n o s -á co m um v ere d ic­ to con sagrador.

Esta é um a m en sagem de fé e de esp e­ ra n ça que co n cita a um a p ro fu n d a m e ­ ditação.

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