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A ONU e a Administração Internacional de Recursos Humanos

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Academic year: 2020

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V - A ONU e a Administração

Internacional de Recursos Humanos

Reconhecendo tudo is s o e lidando, se gundo se viu, com uma fam ília de organizações com posta de 16 m em bros e de quase 50.000 se rvid o re s e sp a ­ lhados pelo mundo, tem a O N U dedicado especial atenção ao problem a da adm inistração de re cu rso s hum anos em ambiente internacional ou m ultinacional. A ss im , no correr d o s tem pos foi ela criando vá rio s órgã o s a s s e s s o r e s de adm inistração de re cu rso s hum anos, que a ssiste m , em função de staff, a os se u s órgã o s d ec isó rio s em relação à matéria.

E s s e s órgã o s a s s e s s o r e s são, atualmente, em núm ero de três, a s a b e r :

1) IC S A B (International Civil Service Advisory Board), que, com o o se u

nom e o está indicando, cuida d os principais asp e ctos da política de p e sso a l da O N U e sua fam ília de organizações.

2) E C P A (Expert Committee on Post-Adjustm ent), que, com o o seu nome tam bém o indica, cuida, especificam ente, do siste m a de post-adjust­

ment (43).

3) C C A O (Consultative Committee on Adm inistrative Q uestions), o pri­ m eiro d os órgã o s a s s e s s o r e s em matéria adm inistrativa criado na O N U . Durante algum tempo, a s se s so ro u com exclusividade o s órgã o s d e c isó rio s em to d os o s asp e ctos relacionados com a adm inistração em geral, inclusive a obtenção e utilização de re c u rso s hum anos. Posteriorm ente, transferiu parte de s u a s atribuições ao IC S A B e ao EC PA, continuando, porém, a a s se s so ra r o s órgã o s d e c isó rio s em m atérias adm inistrativas, de m odo geral, inclusive pessoal, quando solicitado ou em q u e stõ e s que escapam a com petência do IC S A B e E C P A .

A e s s e s três ó rg ã o s de a sse sso ra m en to, girando em torno da C o m issã o Ad m inistrativa de C oord enação (Administrative Committee on Co-ordination),

(43) O p o st-a d ju stm e n t é um pagamento suplementar pela O N U aos se u s funcionários internacionais em função do custo de vida do local em que eles servem, con­ forme já foi esclarecido.

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compete, em suma, velar pela manutenção e aperfeiçoam ento do sistem a co­

mum de salários, vantagens e outras condições de serviço, que prevalece no

se io da fam ília das N ações Unidas.

N o momento, dando m ais um p a sso adiante na sua política pioneira no cam po da adm inistração internacional de re cu rso s hum anos, acaba a O N U de instituir a C o m issã o de S e rv iç o C ivil Internacional (International Civil Service

C om m lssicn ), que, para o bom entendimento do leitor brasileiro, será uma

espécie de D A S P colegiado e de âmbito internacional, ou, m elhor ainda, a

Civil Service C om ission norte-americana elevada à categoria internacional.

A o novo órgão — cuja criação deveria ter-se dado na X X V III A sse m b lé ia Geral (1973), m as ficou adiada para a X X IX — cabe, em suma, a m issã o de procurar estabelecer para toda a fam ília de organizações das N a çõe s Unidas, se gundo as próprias palavras de seu Estatuto, “a sin g le unified international civil Service through the application of com m on personnel standards, m ethods and a rra nge m e nts”.

Especificam ente, é sua atribuição, de acordo ainda com o citado Estatuto, fazer recom endações à A sse m b lé ia Geral das N açõe s U nidas no que c o n c e rn e : a) a o s princípios b ásico s para o estabelecim ento das condições de se r­

viço de p essoal;

b) às e sca la s de salário e de post-adjustment para o p essoal de categoria profissional e e sca lõe s superiores;

c) ao staff assessm e n t (44).

N o desem penho de su a s atribuições, cabe à C o m issã o do Se rv iç o C ivil Internacional :

1) estabelecer os m étodos de acordo com o s quais se rã o aplicados 03 p rincípios relativos à determ inação d as condições de serviço; 2) fixar o s níve is das vantagens e benefícios (exceto p e n sõ e s), as

condições de habilitação aos m e sm o s e o s padrões de via ge n s em serviço;

3) classifica r o s locais de se rviço para fins de co n c e ssã o do post-ad­

justment;

4) estabelecer padrões de classifica çã o de ca rgos para tod as as cate­ go ria s de p essoal em áreas de atividades co m uns a m ais de uma organização;

(44) Plano da O N U destinado, basicamente, a com pensar seu s servidores internacio­ nais — isentos do pagamento de im postos relativos às su a s atividades profissio­ nais — por tributação dessa natureza, que, porventura, venha a recair sobre eles em virtude de legislação nacional em sentido contrário.

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5) propor às organizações-m em bro : a) padrões de recrutamento;

b) o desenvolvim ento de fontes de recrutamento, inclusive o esta­ belecim ento de re gistros centrais de candidatos qualificados, prin­ cipalm ente para o s n íve is iniciais de adm issão;

c) a organização de provas com petitivas ou p ro c e sso s alternativos de seleção;

d) o d esenvolvim ento de carreiras, program as de treinamento, inclusi­ ve interorganizacionais, e a avaliação do p essoal;

e) o estabelecim ento de d isp o siç õ e s co m uns sob re p essoal;

6) fazer recom endações à s organizações-m em bro da fam ília das N açõe s U nid as sob re toda e qualquer outra matéria que ela considere n e ce s­ sária para a m elhor colim ação d o s objetivos do Estatuto.

C om o estabelecim ento da C o m issã o de S e rv iç o C ivil Internacional — o m ais alto órgão consultivo em adm inistração internacional de re cu rso s hu­ m anos — deverão deixar de existir o IC S A B e o E C P A na estrutura da fam ília de organizações d as N a çõe s Unidas.

E instalando aquela C o m issã o , dá a O N U , no cam po da adm inistração de re cu rso s hum anos a nível internacional, um exem plo que poderá se r útil, não s ó a outras organizações internacionais, com o até m esm o a m uitas em pre­ s a s m ultinacionais.

O Funcionário Internacional

G raças, principalm ente à O N U , surgiu, assim , no m undo a figura do

funcionário internacional, que difere, a m uitos respeitos, do funcionário nacional

e não s e confunde com o diplomata, apesar de ter com este vá rio s pontos em com um .

A principal peculiaridade do funcionário internacional é que — d ive rsa ­ m ente do diplomata e do funcionário nacional — deve ele lealdade, em prim eiro lugar e acim a de tudo, inclusive de se u próprio p aís de origem , à organização internacional a que serve, com o determina, e xp re ssa e taxativamente, o art. 301.013 das Staff Regulations (N orm as B á sic a s de P essoa l ou Estatuto de P e s­ soal) das N a çõe s U n id as :

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RSP

“301.013 N o d esem penho de su a s funções, o s funcionários da O rgani­ zação não procurarão nem aceitarão instruções de qualquer governo ou de qualquer outra autoridade externa à O rg a n iza çã o ." (45).

Is s o está também contido no juramento que o s funcionários d as N ações U nid as sã o obrigados a fazer, de acordo com o artigo 301.019, ao a ssu m ir su a s funções :

“301.019 O s funcionários da O rganização sub screve rã o o seguinte ju­ ramento ou d e c la ra ç ã o :

“Eu solenem ente juro (prometo, me obrigo a) exercer, com toda a lealdade, discrição e consciência, a s funçõe s a mim confiadas na quali­ dade de se rvid or civil internacional das N açõe s Unidas, desem penhar e s s a s funções e regular m inha conduta tendo em vista som ente o s in­ te re s s e s das N a çõe s Unidas, e não procurar nem aceitar, no que con­ cerne ao d esem penho de m eus deveres, instruções de qualquer governo ou de qualquer outra autoridade externa à Organização.

Durante o tem po em que ele se rve à s N açõe s U nid as fica, pois, o fun­ cionário internacional com o que com a sua nacionalidade "s u s p e n s a , se a ssim se pode dizer.

Isso, aliás, que à primeira vista parece estranho, é perfeitam ente com ­ preensível e justificado. Pois, se dentro da O N U , cada se rvid or internacional fize sse o jogo d os in te re sse s de se u p a ís e se p u se s se inteiramente a se rviço deles, a organização transform ar-se-ia em autêntico “sa co de g a t o s ”, cada um "puxa nd o a brasa para a sua sa rd inha " e não trabalhando em prol da organi­ zação e, por conseguinte, da humanidade com o um todo.

E este é precisam ente, de acordo com a sua Carta, o objetivo suprem o da O rganização das N a çõe s Unidas, surgid a d o s e sco m b ro s da Se gu n d a Guerra M u n d ia l: se rvir à humanidade, procurando livrá-la da guerra, da fome, da m iséria.

C om o o s diplomatas, gozam tam bém o s funcionáriós internacionais das N açõe s U nidas de im unidades e privilégios indisp e n sá ve is ao bom d esem penho de su a s funçõe s. Is s o é tam bém ne ce ssá rio porque, sem tais p rivilé gios e im unidades, ficaria, m uitas vezes, o funcionário internacional tolhido em sua ação em prol da organização a que se rve e representa. Não permite, porém, a O N U que haja abuso d e s s e s p rivilégios e im unidades ou que sejam eles u sad o s exclusivam ente no inte re sse p essoa l do servidor, conform e s e viu no capítulo anterior.

(45) Utilizaram-se, nesta e em outras transcrições, as Staff Regulations da FA O . Tais Regulations são, porém, basicamente padronizadas para a O N U e toda a sua fa­ m ília de Organizações.

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RSP

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E s s a s duas caracte rísticas não são, todavia, atribuídas ou reconhecidas a os funcionários internacionais de e m p re sa s m ultinacionais. A razão é sim ples. Estes, em verdade, sã o funcionários internacionais de e m p re sa s privadas, ao p a sso que o s da O N U e outras organizações, que representam a conjugação de e sfo rç o s de vá rio s E stad os soberanos, constituem , por a ssim dizer, funcionários internacionais públicos ou sem ipúb licos.

Há, assim , lugar para uma clara e básica distinção, no que concerne a

status, entre o funcionário internacional d os o rga n ism o s internacionais e o s

funcionários internacionais das e m p resas m ultinacionais.

Por outro lado, im põe-se a ênfase na denom inação de funcionários inter­

nacionais de am bos e s s e s tipos de organização porque, conform e já foi m en­

cionado anteriormente, contam eles tam bém com funcionários locais, recrutados nos próprios p a íse s em que estão situa do s e basicam ente com o o s próprios nacionais d e s s e s p a íse s em su a s atividades públicas ou e m p resariais. A e s s e s funcionários não é reconhecido nenhum tipo de privilégio ou im unidade ou

status especial, seja a qualquer título. Em algum as organizações, principalm ente

das N a çõe s Unidas, já s e está tam bém desenvolvendo, conform e foi m encio­ nado, uma terceira categoria de funcionários que se poderia cham ar de semi-

locais : sã o a queles — principalm ente taq uígrafos e datilógrafos bi-ou-multilin-

gues, tradutores etc. — que deveriam se r recrutados localmente, mas, devido à sua falta no m ercado local ou nacional de trabalho, sã o recrutados interna­

cionalmente e adquirem, então, a lgu n s d os privilégios, im unidades ou vantagens

esp e cia is do funcionário internacional.

C om o s e vê, a adm inistração internacional já deu origem a novos tipos ou categorias de funcionários perfeitam ente caracterizados e antes insuspeitados.

É para regularizar e disciplinar as relações d e s s e s n o v o s tipos de funcio­ nários com a s organizações internacionais a que se rve m que a O N U , pelo m enos com v ista s aos p róp rios dom ínios, ou seja, a sua fam ília de organizações, acaba de criar a C o m iss ã o de S e rv iç o C ivil Internacional, com se de em N ova Iorque e quinze m em bros recrutados, de preferência, entre e sp e cia lista s de adm inistração internacional de re cu rso s hum anos com larga experiência e elevadas q ualificações p ro fissio n a is (46).

(46) Para mais perfeito conhecimento, por parte do leitor interessado, do que é a C om issã o do Serviço Civil Internacional das Nações Unidas, reproduzimos na íntegra, no Apêndice C, o seu Estatuto, aprovado na X X IX A ssem bléia Geral, recém encerrada.

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