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Influência das emoções na adaptação ao stress em árbitros de futebol

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Academic year: 2020

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos. Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

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[Caso o autor pretenda usar uma das licenças Creative Commons, deve escolher e deixar apenas um

dos seguintes ícones e respetivo lettering e URL, eliminando o texto em itálico que se lhe segue. Contudo,

é possível optar por outro tipo de licença, devendo, nesse caso, ser incluída a informação necessária

adaptando devidamente esta minuta]

Atribuição CC BY

(5)

Agradecimentos

Ao longo da elaboração desta dissertação tive várias pessoas e instituições que me impulsionaram e ajudaram a conseguir realizar os objetivos definidos, pelo que, importa agradecer a todos eles.

Em primeiro lugar, agradecer à Universidade do Minho, com especial destaque a Escola de Psicologia.

Claro que de todos, importa realçar o Professor Doutor Rui Gomes, com um agradecimento e gratidão especial, por toda a paciência, horas investidas e muitos e-mails respondidos, com sempre uma disponibilidade e humor inigualável. Agradecer também à Professora Clara por toda a ajuda e paciência que teve comigo.

Em segundo lugar, agradecer também a todas as associações de futebol que se mostraram disponíveis para o estudo, em especial à AF Aveiro pela disponibilidade e simpatia.

Agradecer também ao meu amigo e árbitro André Carvalho, por toda a ajuda, disponibilidade e contactos fornecidos. Sem ti, tudo seria muito mais complicado!

Á Mariana, por aguentares todas as horas sem me veres, por me dares sempre força, mesmo quando parecia que ia desistir. Obrigado por nunca me deixares cair e por mostrares o melhor de mim! Por fim, como não podia deixar de ser, agradecer á minha família, porque sem eles nunca estaria aqui e porque lhes devo tudo. Se hoje consigo os meus objetivos e corro atrás dos meus sonhos, é porque vocês me proporcionaram e ensinaram a fazer!

(6)

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

(7)

Resumo

Este estudo analisou a intensidade e direção das emoções dos árbitros 24 a 48 horas antes de um jogo, testando as relações com o

stress

, avaliação cognitiva e perceção de rendimento. Participaram 708 árbitros de futebol do sexo masculino (91.2%) e feminino (8.8%). Os resultados indicam uma maior prevalência de emoções positivas do que negativas antes do jogo, verificando-se que percecionar as emoções como meio de facilitar o rendimento desportivo dos árbitros relacionou-se com uma “melhor” adaptação ao jogo. Além disso, verificou-se o papel preponderante da intensidade das emoções no modo como os árbitros se sentem antes do jogo. Em síntese, os dados revelam a importância dos árbitros treinarem o modo como lidam com as emoções, principalmente ao nível de estratégias de regulação da intensidade das emoções, seguida de estratégias de interpretação do efeitos das emoções no seu rendimento.

Palavras-Chave:

Arbitragem, Intensidade das Emoções, Direção das Emoções, Stress, Avaliação Cognitiva, Rendimento Desportivo.

(8)

Abstract

This study analyzed the intensity and direction of the referee’s emotions 24 to 48 hours before a game, testing the relation between stress, cognitive evaluation and performance perception. On total, 708 football referees participated in this study and they were 91.2% male and 8.8% female. The results indicate a higher prevalence of positive emotions rather than negative emotions before the game, verifying that, when emotions were perceived as being able to facilitate the sport´s performance of the referees, that showed a "better" adaptation to the game. In addition, it was verified a preponderant role of the emotions intensity in the way referees feel before they enter a game. In summary, the data revealed the importance of referees to train the way they deal with emotions, mainly over the strategies of regulation of emotion´s intensity level, followed by strategies of interpretation of the effects of emotions in their income.

Keywords

: Arbitrage, Intensity of Emotions, Direction of Emotions, Stress, Cognitive Evaluation, Sports Performance.

(9)

Índice

Influência das Emoções na Adaptação ao Stress em Árbitros de Futebol ... 1

Método ... 3 Participantes ... 3 Instrumentos ... 4 Procedimento ... 6 Resultados ... 6 Discussão ... 21 Referências ... 24 Lista de Tabelas

Tabela 1 - Estatísticas Descritivas das Variáveis em Estudo

Tabela 2 - Correlações entre as Variáveis em Estudo na Amostra Total

Tabela 3 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Intensidade da Ansiedade Tabela 4 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Intensidade da Excitação Tabela 5 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Intensidade da Alegria Tabela 6 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Ansiedade Tabela 7 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Tristeza Tabela 8 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Raiva Tabela 9 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Excitação Tabela 10 - Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Alegria Tabela 11 - Modelos de Regressão Linear para o Stress

(10)

Influência das Emoções na Adaptação ao Stress em Árbitros de Futebol

Ao árbitro é entregue a responsabilidade de aplicar as regras do jogo, assim como, garantir que os jogadores cumpram essas regras (Ferreira & Brandão, 2012). As suas decisões possuem importância em todos os intervenientes do desporto (Spor & Dergisi, 2017), sendo na maioria das vezes irreversíveis, ocorrendo em milésimos de segundo (Gimeno, Buceta, Lahoz, & Sanz, 1998).

Não obstante, treinadores, jogadores, adeptos e meios de comunicação fazem com que os árbitros estejam constantemente confrontados com críticas (Balch & Scott, 2007), abuso verbal, ameaças físicas e até agressões (Weinberg & Richardson, 1990). Os reforços positivos são praticamente inexistentes (Ferreira & Brandão, 2012). A prática de um desporto é caraterizada por emoções positivas (i.e. alegria e excitação) ou negativas (i.e. ansiedade, tristeza e raiva) antes ou durante a competição (Lazarus 2000a; Jones, 2003; Hanin, 2007). Tal como os atletas, também os árbitros podem ver a sua performance influenciada pelas emoções (Friesen, Devonport, & Lane, 2017), sendo que já existe alguma relevância nas investigações deste tema (Hanin, 2000; Lane, Beedie, Jones, Uphill, & Devonport, 2012). Por conseguinte, torna-se relevante estudar e compreender, de que forma é que as emoções sentidas pelos árbitros influenciam o modo como estes se adaptam às situações de

stress

.

Neste sentido, é fundamental analisar como os árbitros se preparam para a competição e a importância dos fatores psicológicos, nomeadamente as emoções. Uma emoção é uma reação psicofisiológica que organiza as relações com o meio ambiente (Lazarus, 2000b, p.230), podendo ser entendida como uma resposta a um estímulo, real ou imaginário (Deci & Ryan, 1980).

Para além da importância de compreendermos as emoções face a um evento de

stress

, a investigação na área desportiva tem vindo a realçar a diferença entre a intensidade e a direção das emoções (Jones & Hanton, 2001). A intensidade representa a magnitude com que as emoções podem ser manifestadas (Robazza, Bortoli, & Hanin, 2006). No entanto, alguns autores defendem que a intensidade das emoções pode não ser tão importante como a interpretação sobre o efeito facilitador ou debilitador no rendimento desportivo (Jones, 1991). Fletcher e Scott (2010) propuseram que um atleta (ou um árbitro) pode interpretar qualquer emoção como facilitadora ou debilitadora para o desempenho. Torna-se portanto, necessário interpretar e analisar para além da intensidade das emoções, também a direccionalidade das mudanças emocionais (Vela & Arbinaga, 2017), de modo a compreender melhor as relações entre as emoções e o rendimento desportivo (Mellalieu, Hanton, & Fletcher, 2006; Robazza

(11)

& Bortoli, 2007; Yeh, 2016). Ao conhecermos a intensidade e a direção das emoções de um árbitro antes do acontecimento stressante, estamos mais preparados para intervir na melhoria das habilidades da sua arbitragem (MacMahon, Helsen, Starkes, & Weston, 2007). Torna-se claramente importante, compreender de que modo a intensidade e direção das emoções influenciam a adaptação ao

stress

por parte dos árbitros, assim como o impacto produzido no seu rendimento.

No nosso estudo, efetuamos esta análise adotando uma metodologia de incidente crítico (Bulletin & Flanagan, 1973), avaliando o modo como os árbitros se sentiam antes da realização de um jogo e analisamos a relação com o

stress

experienciado nessa situação, o modo como avaliaram o jogo a realizar e a perceção de rendimento que antecipavam ter. Ou seja, colocamos em conjunto as emoções (como variável independente) e o

stress

, a avaliação cognitiva e a perceção de rendimento (como variáveis dependentes), uma vez que todas elas representam dimensões fundamentais sobre a adaptação a eventos de stress (Gomes, 2014; Lazarus, 1991, 1999; Woodman, 2014).

Assim sendo, adotamos uma perspetiva transacional e interativa no entendimento da adaptação ao

stress

. No nosso caso, o

stress

foi avaliado antes de um jogo a realizar pelos árbitros, adotando-se uma perspetiva multidimensional do fenómeno, de modo a avaliar as suas diferentes vertentes (i.e., fatores de

stress

). O modelo transacional de Lazarus e Folkman (1984) defende que um potencial evento stressante ativa uma avaliação cognitiva, a dois níveis (Lazarus, 1991). A avaliação cognitiva primária indica se a situação de

stress

é relevante ou importante (Gomes, 2013). A partir do momento em que tal acontece, o evento (situação de

stress

) é avaliado como ameaçador ou desafiante (Vilela & Gomes, 2015). Por sua vez, a avaliação cognitiva secundária consiste numa análise subjetiva que a pessoa faz, considerando a sua capacidade para lidar com a fonte de

stress

(Gomes, 2013). Portanto, no caso dos árbitros, perante o efeito facilitador ou debilitador das emoções numa situação de

stress

, que é percebida como relevante (avaliação cognitiva primária), o árbitro avalia se possui recursos suficientes para lidar com esta situação de

stress

(avaliação cognitiva secundária), influenciando o seu rendimento desportivo. Deste modo, torna-se importante perceber de que modo é que a intensidade e direção das emoções influenciam a avaliação cognitiva dos árbitros

Lazarus (1999, 2000a) sugeriu que as emoções experienciadas por um indivíduo podem influenciar o seu rendimento, criando tendências de comportamentos ou impulsos que são difíceis de inibir e modificar. Se as emoções experienciadas são avaliadas como positivas (i.e. alegria e excitação) estão relacionados com melhores rendimentos; se as emoções são tipicamente negativas (i.e.,

(12)

ansiedade, tristeza e raiva) podemos assistir a decréscimos de rendimento (McCarthy, 2011). Martins (2010), defende que o efeito das emoções, tanto negativas como positivas, pode ter efeitos funcionais ou disfuncionais no rendimento desportivo. A noção da interpretação da direção das emoções trouxe um avanço significativo na compreensão da relação entre emoções e rendimento (Cerin, 2003; Cerin, Szabo, Hunt, & Williams (2000); Mellalieu et al., 2006). Deste modo, também se torna relevante estudar qual a influência da intensidade e direção das emoções, no rendimento desportivo por parte dos árbitros de futebol.

Em suma, este estudo tem como propósito perceber como é que as emoções influenciam os árbitros de futebol de maneira a se adaptarem, lidarem e reagirem perante uma situação de

stress

no desporto. Para isso, foi utilizada a metodologia de “incidente critico”, ou seja, 24 a 48 horas antes de um jogo, que é visto como relevante para os árbitros. Deste modo, os objetivos formulados neste estudo foram os seguintes:

1. Analisar a experiência psicológica dos árbitros antes da realização de um jogo de futebol, com particular ênfase para as reações emocionais.

2. Analisar as reações entre emoções,

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento dos árbitros.

3. Analisar as diferenças na perceção de

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento dos árbitros em função da intensidade emocional.

4. Analisar as diferenças na perceção de

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento dos árbitros em função dos efeitos das emoções.

5. Analisar o valor preditivo da intensidade e efeitos das emoções nas reações de

stress

, avaliação cognitiva e perceção de rendimento dos árbitros.

Método Participantes

Este estudo conta com uma amostra não probabilística por conveniência. Tendo como participantes 708 árbitros de futebol, sendo que 62 (8.8%) são do sexo feminino e 646 (91.2%) são do sexo masculino. As idades dos participantes estão compreendidas entre os 17 e os 53 anos (

M

= 26.81;

DP

= 7.32). Os árbitros pertencem a diversos escalões. No escalão dos infantis (

n

= 29 ; 4.1%), iniciados (

n

= 43; 6.1%), juvenis (

n

= 54; 7.6%), juniores(

n

= 92; 13.0%) e seniores (

n

= 490; 69.2%). Pertencem

(13)

também a várias categorias, tanto a nível distrital (

n

= 532; 75.1%), nacional (

n

= 162; 22.9%), profissional (

n

= 13; 1.8%) e internacional (

n

= 1; 0.1%), tendo como língua materna o português. Relativamente aos anos de prática de arbitragem, os valores variam entre os meses de prática até aos 30 anos (

M

= 7.13;

DP

= 5.62).

Instrumentos

Questionário Demográfico, instrumento utilizado com o intuito de recolher dados relativos dos ao sexo, idade, categoria, modalidade, o número de anos de arbitragem, a divisão e o escalão desportivo em que arbitra atualmente.

Questionário de Emoções no Desporto – QED (Gomes, 2008). Adaptado a partir dos trabalhos originais de Jones e colaboradores (2005), e com apoio do contributo de Lazarus (2000) e Hanin (2000). Avalia os sentimentos subjetivos associados às emoções em contexto desportivos, tendo por base cinco grandes dimensões:

ansiedade

(α = .84);

tristeza

(α = .88);

raiva

(α = .88);

excitação

(α = .73) e

alegria

(α = .92). É constituído por um total de 22 itens, os quais foram respondidos numa escala tipo “

Likert

” de cinco pontos (0 =

Nada

; 4 =

Extremamente

). As pontuações finais, foram obtidas através da soma da pontuação nos itens de cada dimensão e posterior divisão pelo número de itens que constituem cada uma delas. Deste modo, valores mais elevados significaram uma maior experiência ou intensidade emocional no domínio em causa.

Este instrumento permitiu também avaliar a “direção” da emoção no rendimento desportivo, sendo que, cada item teve uma escala tipo “

Likert

” de sete pontos (- 3 =

Muito negativo

; 0 =

Nada

importante

; + 3 =

Muito positivo

). Assim sendo, o somatório dos itens foi obtido através da forma anteriormente descrita, significando valores mais elevados um efeito mais positivo de cada faceta no rendimento dos árbitros. De referir também que a versão utilizada foi a versão pré-competitiva, tendo em conta o próximo jogo. A análise fatorial confirmatória demonstrou boas propriedades psicométricas do instrumento (c2(197 g.l.) = 838.475, p < .001; CMIN/DF = 4.256; RMSEA = .068, 90% C.I. [.063; .073]; CFI = .938; TLI = .927) (Bentler, 2007).

Questionário de

Stress

em Árbitros – QSA (Gomes, 2017). Avaliou as potenciais fontes de

stress

na arbitragem. É constituído por 20 itens, distribuídos por cinco subescalas, nomeadamente:

cometer erros

(α = .90);

confrontação

(α = .81);

estado competitivo

(α = .84);

carreira desportiva

(α = .88);

vida familiar e pessoal

(α = .88). Os itens foram respondidos numa escala de “

Likert”

de cinco pontos (0 =

Nenhum stress;

2 =

Moderado stress

; 4 =

Muito stress)

. A pontuação foi obtida pela soma dos itens de cada subescala, através da divisão do resultado final pelo número de itens, onde valores

(14)

mais elevados significam maiores níveis de

stress

em cada dimensão avaliada. A versão utilizada foi a versão específica, onde os árbitros assinalaram o nível de

stress

que sentem em relação ao próximo jogo. A análise fatorial confirmatória demonstrou boas propriedades psicométricas do instrumento (c2(157 g.l.) = 721.617, p < .001; CMIN/DF = 4.596; RMSEA = .071, 90% C.I. [.066; .077]; CFI = .934; TLI = .920) (Bentler, 2007).

Escala de Avaliação Cognitiva – EAC (Gomes, 2008). Tem como base o modelo transacional de Lazarus (1991; Lazarus e Folkman, 1984) e o Modelo Interativo de Adaptação ao

Stress

(Gomes, 2014). Avalia a avaliação cognitiva primária e secundária. Na avaliação cognitiva primária, existem três subescalas:

perceção de

importância

(α = .93);

perceção de

ameaça

(α = .84); e

perceção

de

desafio

(α = .91). Na avaliação cognitiva secundária existem duas subescalas:

potencial de conforto

(α = .89) e

perceção de controle

(α = .69). No total foram avaliados quinze itens, nos quais todos foram respondidos numa escala tipo “

Likert

” de sete pontos (0 =

Nada importante

; 3 =

Mais ou menos

; 6 =

Muito importante

). A pontuação de cada uma das subescalas foi obtida através da soma dos valores de itens de cada uma das dimensões avaliadas, dividindo-se depois esse valor pelo número total de itens. As pontuações mais altas significavam valores mais elevados em cada uma das dimensões avaliadas. A versão utilizada foi a versão específica, tendo em conta o próximo jogo. A análise fatorial confirmatória demonstrou boas propriedades psicométricas do instrumento (c2 (80 g.l.) = 291.085, p < .001; CMIN/DF = 3.639; RMSEA = .061, 90% C.I. [.054; .069]; CFI = .968; TLI = .958) (Bentler, 2007).

Questionário de Perceção de Rendimento Desportivo - QRPD (Gomes, 2016). Tem por base o instrumento Avaliação dos Objetivos de Rendimento Desportivo (AORD), desenvolvido também por Gomes (2008) e alguns contributos de instrumentos desenvolvidos a este nível (ver Crocker & Graham, 1995). Avalia a perceção de rendimento desportivo de cada sujeito, com a presença neste estudo apenas do primeiro fator:

perceção de rendimento desportivo individual

(α = .90). Os itens da perceção de rendimento foram respondidos numa escala tipo “

Likert

” de cinco pontos (1 =

Não

concordo

; 5 =

Concordo totalmente

). A pontuação final foi calculada através da soma dos valores dos itens e posterior divisão pelo número de itens. Valores mais elevados na dimensão, representaram uma perceção mais elevada de sucesso ou satisfação com o rendimento desportivo. De referir também que a versão utlizada foi a versão antecipatória pré-competitiva, que avaliou as expetativas dos árbitros face a um evento desportivo próximo. A análise fatorial confirmatória demonstrou boas propriedades psicométricas do instrumento (c2 (2 g.l.) = 9.303, p = .010; CMIN/DF = 4.651; RMSEA = .072, 90% C.I. [.030; .121]; CFI = .997; TLI = .983) (Bentler, 2007).

(15)

Procedimento

Numa primeira fase, o presente estudo foi submetido à Comissão de Ética da Universidade do Minho (SECSH 016/2015). Numa segunda fase, foram contactadas as associações de Futebol de Braga, Viana do Castelo, Porto e Aveiro que aceitaram participar no estudo. De referir também que o estudo possuiu um design transversal e que se tratou de uma investigação de natureza qualitativa. Os questionários e instrumentos foram distribuídos pelos participantes, juntamente com o consentimento informado. Os questionários foram respondidos entre 24 a 48 horas antes do jogo (incidente crítico), tendo tido uma duração de preenchimento de aproximadamente 25 minutos. Dos 720 questionários entregues, foram recebidos 708, com uma taxa de retorno de 98.3%.

Resultados

O procedimento do tratamento e análise de dados, foi realizado no programa SPSS (versão 24). De seguida será relatado os procedimentos efetuados.

Estatísticas das Variáveis em Estudo

Como se pode verificar na Tabela 1, foram analisadas as estatísticas das variáveis em estudo, relatando os valores das médias, desvio padrão, valores das frequências e percentagens correspondentes a cada dimensão. Quanto à intensidade percebida das emoções, a dimensão alegria foi considerada pelos árbitros como a mais relevante, e a dimensão raiva foi percebida como a menos relevante. Já na direção das emoções, a alegria foi considerada a emoção com maior efeito percebido, e a tristeza com menor efeito. Em relação ao nível geral de

stress

,um significativo número de árbitros considerou sentir um moderado

stress

(32.9%) quando se encontrava antes do próximo jogo. Por sua vez, o

stress

associado a cometer erros foi classificado como o maior fator de

stress

e o

stress

associado à confrontação o fator que causava menor

stress

. Quanto à avaliação cognitiva, os árbitros antes de um jogo, apresentaram uma menor perceção de ameaça sentida e um maior potencial de confronto. Por fim, constata-se valores elevados de rendimento individual pré-competitivo.

(16)

Tabela 1

Estatísticas Descritivas das Variáveis em Estudo na Amostra Total

(

N

= 708)

QED: Intensidade

M (DP)

Ansiedade 1.04 (

.85

) Tristeza .41 (

.70

) Raiva .33 (

.66

) Excitação 2.12 (

.90

) Alegria 2.54 (

1.03

) QED: Direção

M (DP)

Ansiedade .28 (

1.02

) Tristeza .20 (

1.16

) Raiva .22 (

1.17

) Excitação 1.12 (

.94

) Alegria 1.40 (

1.05

)

QSA: Nível geral de

stress

n (%)

Nenhum

stress

66 (

9.3

)

Pouco

stress

186 (

26.3

)

Moderado

stress

233 (

32.9

)

Bastante

stress

85 (

12.0

)

Elevado

stress

20 (

2.8

)

QSA: Fatores de

stress

M (DP)

Cometer Erros 2.41 (

.98

)

Confrontação 1.29 (

.83

)

Estado Competitivo 1.75 (

1.08

)

Carreira Desportiva 2.21 (

1.02

)

Vida Familiar e Pessoal 1.64 (

1.01

)

EAC: Avaliação Cognitiva

M (DP)

Importância 4.58 (

1.22

) Ameaça 1.48 (

1.27

) Desafio 4.37 (

1.29

) Confronto 5.15 (

.71

) Controle 4.64 (

.85

) QPRD: Rendimento

M (DP)

Individual 3.90 (

.88

)

(17)

Correlações entre as Variáveis em Estudo

Para analisar as correlações entre as variáveis em estudo, procedeu-se ao cálculo dos coeficientes de correlação de

Pearson

(ver Tabela 2). De um modo geral, as emoções negativas (i.e., ansiedade, tristeza e raiva) e as emoções positivas (i.e., excitação e alegria) apresentaram relações opostas com o stress, a avaliação cognitiva e a perceção de rendimento desportivo.

(18)

Tabela 2

Correlações entre as Variáveis em Estudo na Amostra Total

(

N

= 708)

Nota. *p < .05. **p < .01. ***p < .001. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 QED: Intensidade 1.Ansiedade -- 2.Tristeza .28*** -- 3.Raiva .37*** .86*** -- 4.Excitação .36*** -.14*** -.03 -- 5.Alegria .23*** -.38*** -.24*** .72*** -- QED: Direção 6.Ansiedade -.06 -.03 -.01 .15*** .14*** -- 7.Tristeza -.001 -.12** -.06 .16*** .14*** .74*** -- 8.Raiva -.02 -.06 -.05 .14*** .09 * .73*** .90*** -- 9.Excitação .10** -.20*** -.14*** .60*** .49*** .40*** .37*** .35*** -- 10.Alegria .10* -.34*** -.22*** .49*** .64*** .27*** .26*** .22*** .76*** -- QSA 11.Cometer erros .43*** .16*** .18*** .16*** .01 -.08* -.02 -.02 .05 .05 -- 12.Confrontação .41*** .31*** .33*** .05 -.06 -.04 -.003 .008 -.03 -.07* .53*** -- 13.Estado competitivo .28*** .15*** .19*** .14*** .04 0.00 .002 -.002 .05 .05 .66*** .46*** -- 14.Carreira desportiva .39*** .18*** .20*** .20*** .04 -.03 -.02 -.001 .07 .08* .70*** .46*** .59*** -- 15.Vida familiar e pessoal .22*** .25*** .24*** .06 -.06 -.03 -.04 -.04 -.05 -.04 .44*** .42*** .53*** .50*** -- EAC 16. Ameaça .35*** .32*** .34*** -.04 -.10** -.10** -.05 -.06 -.17*** -.18*** .15*** .31*** .12*** .15*** .17*** -- 17. Desafio .22*** -.30*** -.17*** .51*** .57*** .05 .09* .06 .37*** .43*** .06 -.06 .08* .06 -.05 .04 -- 18. Confronto -.22*** -.14*** -.14*** .14*** .13** .14*** .09* .09* .21*** .21*** -.14*** -.21*** -.09* -.04 -.10** -.25*** .13*** -- 19. Controle -.03 -.09* -.05 .15*** .14*** .10* .10** .12** .15*** .13** -.07* -.09* -.03 -.02 -.03 -.04 .22*** .41*** -- QPRD 20. Individual -.12** -.28*** -.22*** .24*** .28*** .20*** .18*** .16*** .26*** .28*** -.09* -.14*** -.05 -.02 -.10** -.19*** .21*** .40*** .21*** --

(19)

Diferenças nas variáveis psicológicas em função da intensidade das emoções

Nesta fase, foram analisadas as diferenças nas variáveis psicológicas do estudo (e.g., direção das emoções,

stress

, avaliação cognitiva e perceção de rendimento)em função da intensidade das emoções. Assim, a partir da análise da mediana da distribuição dos resultados nas dimensões da intensidade, foram definidos dois grupos de comparação, de menor intensidade e de maior intensidade.

A Tabela 3 apresenta a relação entre a intensidade da ansiedade e a direção das emoções

.

Os árbitros com maior intensidade de ansiedade relataram maior efeito facilitador da excitação e da alegria, assim como, maior

stress

em todas as dimensões, maior perceção de ameaça e perceção de desafio, menor potencial de confronto e menor perceção de rendimento individual.

Tabela 3

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Intensidade da Ansiedade

A Tabela 4 apresenta a relação entre a intensidade da excitação e as restantes dimensões, onde se constata que os árbitros com maior intensidade de excitação revelaram menores níveis de efeito debilitador da ansiedade, maiores efeitos debilitadores da tristeza e raiva, maior efeito facilitador da excitação e da alegria, assim como, maior

stress

associado a cometer erros e à carreira desportiva, mas também menor

stress

associado o estado competitivo. Revelaram também maior perceção de desafio, potencial de confronto, perceção de controle e perceção de rendimento individual.

Menor

Intensidade Intensidade Maior

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Direção Excitação 1.02 (.95) (357) 1.23 (.92) (349) 1, 704 8.45 .004 .01 .83 Alegria 1.27 (1.06) (357) 1.52 (1.02) (349) 1, 704 9.73 .002 .01 .88 QSA Cometer Erros 2.06 (.99) (353) 2.76 (.83) (350) 1, 701 105.87 <.001 .13 1.00 Confrontação 1.03 (.73) (353) 1.57 (.84) (350) 1, 701 82.50 <.001 .11 1.00 Estado Competitivo 1.54 (1.06) (353) 1.98 (1.06) (350) 1, 701 30.59 <.001 .04 1.00 Carreira Desportiva 1.91 (1.04) (353) 2.52 (.89) (350) 1, 701 69.04 <.001 .09 1.00 Vida Familiar e Pessoal 1.46 (.95) (353) 1.82 (1.04) (350) 1, 701 22.48 <.001 .03 1.00 EAC Ameaça 1.14 (1.17) (357) 1.84 (1.28) (351) 1, 706 57.55 <.001 .08 1.00 Desafio 4.14 (1.40) (357) 4.59 (1.11) (351) 1, 706 22.63 <.001 .03 1.00 Confronto 5.28 (.71) (357) 5.00 (.69) (351) 1, 706 28.57 <.001 .04 1.00 QPRD Individual 3.99 (.87) (357) 3.80 (.88) (350) 1, 705 8.87 .003 .01 .85

(20)

Tabela 4

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Intensidade da Excitação

Menor

Intensidade Intensidade Maior

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Direção Ansiedade .17 (.86) (343) .39 (1.14) (363) 1, 704 8.16 .004 .01 .81 Tristeza .04 (.97) (343) .34 (1.30) (363) 1, 704 12.16 .001 .02 .94 Raiva .09 (.97) (343) .34 (1.33) (363) 1, 704 8.44 .004 .01 .83 Excitação .67 (.80) (343) 1.55 (.86) (363) 1, 704 199.50 <.001 .22 1.00 Alegria 1.00 (.99) (343) 1.12 (.96) (363) 1, 704 110.81 <.001 .14 1.00 QSA Cometer Erros 2.30 (1.00) (343) 2.51 (.95) (360) 1, 701 8.93 .003 .01 .85 Estado Competitivo 1.65 (1.03) (343) 1.33 (.88) (360) 1, 701 7.13 .008 .01 .76 Carreira Desportiva 2.05 (1.02) (343) 2.37 (.99) (360) 1, 701 17.64 <.001 .03 .99 EAC Desafio 3.83 (1.34) (344) 4.96 (1.00) (287) 1, 706 140.11 <.001 .17 1.00 Confronto 5.06 (.78) (344) 5.23 (.64) (287) 1, 706 10.43 .001 .02 .90 Controle 4.54 (.88) (344) 4.73 (.80) (287) 1, 706 9.40 .002 .01 .87 QPRD Individual 3.71 (.96) (344) 4.07 (.76) (363) 1, 705 29.96 <.001 .04 1.00

A Tabela 5 apresenta a relação entre a intensidade da alegria sentida e as restantes dimensões, onde se constata queos árbitros com maior intensidade de alegria relataram maiores níveis de efeito facilitador em todas as emoções. Também demonstra menos

stress

associado à confrontação, menor perceção de ameaça, maior perceção de desafio, potencial de confronto, perceção de controle e perceção de rendimento individual.

(21)

Tabela 5

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Intensidade da Alegria

Menor

Intensidade IntensidadeMaior

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Direção Ansiedade .19 (.87) (348) .38 (1.14) (358) 1, 704 6.23 .013 .01 .70 Tristeza .08 (.87) (348) .31 (1.37) (358) 1, 704 7.25 .007 .01 .77 Raiva .13 (.95) (348) .31 (1.35) (358) 1, 704 4.02 .045 .01 .52 Excitação .71 (.85) (348) 1.52 (.85) (358) 1, 704 160.50 <.001 .19 1.00 Alegria .82 (.85) (348) 1.95 (.91) (358) 1, 704 289.98 <.001 .29 1.00 QSA Confrontação 1.36 (.84) (347) 1.23 (.82) (356) 1, 701 4.20 .041 .01 .54 EAC Ameaça 1.59 (1.31) (348) 1.38 (1.22) (360) 1, 706 5.08 .024 .01 .62 Desafio 3.78 (1.28) (348) 4.93 (1.00) (360) 1, 706 177.78 <.001 .20 1.00 Confronto 5.05 (.76) (348) 5.24 (.66) (360) 1, 706 13.06 <.001 .02 .95 Controle 4.53 (.86) (348) 4.74 (.82) (360) 1, 706 10.87 <.001 .02 .91 QPRD Individual 3.70 (.91) (393) 4.14 (.77) (314) 1, 705 47.31 <.001 .06 1.00 Diferenças nas variáveis psicológicas em função da direção das emoções

Nesta fase, foram analisadas as diferenças nas variáveis psicológicas do estudo (e.g., direção das emoções,

stress

, avaliação cognitiva e perceção de rendimento)em função da direção das emoções.

Foram constituídos três grupos de comparação, tendo em conta a frequência das respostas, da escala de “

Likert

” enunciada no instrumento QED, onde os árbitros respondiam a cada emoção avaliando o efeito debilitador (valores negativos), o efeito indiferente (valores neutros) e efeito facilitador (valores positivos) das emoções no rendimento desportivo. Mais exatamente a distribuição de resultados no grupo “Debilitador” foi de - 3 a - 1.01, no grupo “Indiferente” foi de - 1 a 1 e no grupo “Facilitador” foi de 1.01 a 3. No entanto, na direção da excitação e da alegria, o efeito debilitador apresentava valores residuais, pelo que não são reportados resultados.

A Tabela 6 apresenta a relação entre a direção da ansiedade sentida e as restantes dimensões, onde se constata que os árbitros que experienciaram efeito facilitador da ansiedade, demonstram maior intensidade da excitação e da alegria, assim como, menor perceção de ameaça, maior potencial de confronto, maiores níveis de confronto, perceção de controle e perceção de rendimento individual. Os árbitros que revelaram efeito indiferente de ansiedade, revelaram menores níveis de intensidade da ansiedade, menor

stress

associado a cometer erros e à carreira desportiva.

(22)

Tabela 6

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Ansiedade

Efeito

Debilitador IndiferenteEfeito Facilitador Efeito

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Intensidade Ansiedade 1.50 (.94) (66) .96 (.80) (485) 1.10 (.91) (155) 2, 703 12.61 <.001 .04 1.00 Excitação 2.30 (.94) (66) 1.99 (.89) (485) 2.43 (.80) (155) 2, 703 16.10 <.001 .04 1.00 Alegria 2.74 (.96) (66) 2.39 (1.05) (485) 2.88 (.91) (155) 2, 703 15.36 <.001 .04 1.00 QSA Cometer Erros 2.89 (.88) (66) 2.34 (.95) (481) 2.40 (1.03) (154) 2, 698 9.26 <.001 .03 .98 Carreira Desportiva 2.55 (1.05) (66) 2.16 (1.00) (481) 2.25 (1.04) (154) 2, 698 4.50 .011 .01 .77 EAC Ameaça 1.69 (1.08) (66) 1.52 (1.27) (485) 1.28 (1.32) (155) 2, 703 3.00 .050 .01 .58 Desafio 4.59 (1.20) (66) 4.27 (1.28) (485) 4.56 (1.30) (155) 2, 703 4.18 .016 .01 .74 Confronto 5.03 (.76) (66) 5.12 (.69) (485) 5.29 (.76) (155) 2, 703 4.39 .013 .01 .76 Controle 4.66 (.75) (66) 4.59 (.81) (485) 4.80 (.98) (155) 2, 703 3.04 .049 .01 .59 QPRD Individual 3.66 (.94) (66) 3.86 (.90) (484) 4.11 (.76) (155) 2, 702 7.21 .001 .02 .93 A Tabela 7 apresenta a relação entre a direção da tristeza e as restantes dimensões, onde se constata queos árbitros que experienciaram efeito facilitador da tristeza, demonstram menor intensidade da tristeza e maior intensidade da excitação e da alegria, assim como, maior perceção de desafio e potencial de confronto e perceção de rendimento individual. Os árbitros que revelaram efeito indiferente de tristeza, revelaram menores níveis de intensidade da ansiedade e menores níveis de

stress

associados à carreira desportiva.

(23)

Tabela 7

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Tristeza

Efeito

Debilitador IndiferenteEfeito Facilitador Efeito

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Intensidade Ansiedade 1.22 (.91) (81) .99 (.82) (488) 1.11 (.91) (137) 2, 703 3.07 .047 .01 .59 Tristeza .60 (.92) (81) .40 (.66) (488) .34 (.67) (137) 2, 703 3.84 .022 .01 .70 Excitação 2.19 (.97) (81) 1.99 (.89) (488) 2.54 (.76) (137) 2, 703 21.73 <.001 .06 1.00 Alegria 2.68 (1.07) (81) 2.40 (1.05) (488) 2.93 (.83) (137) 2, 703 15.84 <.001 .04 1.00 QSA Carreira Desportiva 2.45 (.95) (81) 2.15 (1.04) (484) 2.30 (.97) (136) 2, 698 3.59 .028 .01 .67 EAC Desafio 4.36 (1.09) (81) 4.28 (1.34) (488) 4.66 (1.17) (137) 2, 703 4.62 .01 .01 .78 Confronto 5.09 (.72) (81) 5.12 (.73) (488) 5.28 (.65) (137) 2, 703 3.11 .045 .01 .60 QPRD Individual 3.71 (.98) (81) 3.86 (.89) (487) 4.15 (.73) (137) 2, 702 8.14 <.001 .02 .96

A Tabela 8 apresenta a relação entre a direção da raiva e as restantes dimensões, onde se constata que os árbitros que experienciaram efeito facilitador da raiva, demonstram maior intensidade da excitação e da alegria, assim como, menor perceção de ameaça e maior potencial de confronto, controle e perceção de rendimento individual. Os árbitros que revelaram efeito indiferente da raiva, revelaram menores níveis de intensidade da tristeza e menores níveis de

stress

associado ao estado competitivo e à carreira desportiva.

(24)

Tabela 8

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Raiva

Efeito

Debilitador IndiferenteEfeito Facilitador Efeito

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Intensidade Tristeza .59 (.94) (88) .36 (.61) (469) .47 (.77) (149) 2, 703 4.633 .010 .01 .78 Excitação 2.20 (.99) (88) 2.00 (.89) (469) 2.44 (.77) (149) 2, 703 14.01 <.001 .04 1.00 Alegria 2.68 (1.09) (88) 2.43 (1.01) (469) 2.78 (1.00) (149) 2, 703 7.93 <.001 .02 .95 QSA Estado Competitivo 1.90 (1.09) (87) 1.66 (1.08) (466) 1.96 (1.07) (148) 2, 698 5.08 .006 .01 .82 Carreira Desportiva 2.37 (.96) (87) 2.15 (1.04) (466) 2.34 (.96) (148) 2, 698 3.17 .043 .01 .61 EAC Confronto 5.12 (.71) (88) 5.11 (.73) (469) 5.30 (.65) (149) 2, 703 4.21 .015 .01 .74 Controle 4.57 (.82) (88) 4.60 (.85) (469) 4.81 (.84) (149) 2, 703 3.69 .026 .01 .68 QPRD Individual 3.70 (1.01) (88) 3.86 (.88) (468) 4.13 (.74) (149) 2, 702 7.84 <.001 .02 .95 A Tabela 9 apresenta a relação entre a direção da excitação e as restantes dimensões, onde se constata que os árbitros que experienciaram efeito facilitador da excitação, demonstram menor intensidade da tristeza e maior intensidade da excitação e da alegria, assim como, menor perceção de ameaça e maior perceção de desafio, potencial de confronto, perceção de controle e perceção de rendimento individual. Os árbitros que revelaram efeito indiferente de excitação, revelaram menores níveis de intensidade da ansiedade.

(25)

Tabela 9

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Excitação

Efeito

Indiferente Facilitador Efeito

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Intensidade Ansiedade .91 (.83) (279) 1.13 (.85) (420) 1, 697 11.41 .001 .02 .92 Tristeza .50 (.77) (279) .33 (.62) (420) 1, 697 10.01 .002 .01 .89 Excitação 1.60 (.84) (279) 2.49 (.73) (420) 1, 697 216.17 <.001 .24 1.00 Alegria 2.04 (1.03) (279) 2.89 (.86) (420) 1, 697 138.86 <.001 .17 1.00 EAC Ameaça 1.62 (1.37) (279) 1.38 (1.20) (420) 1, 697 6.28 .012 .01 .71 Desafio 3.94 (1.37) (279) 4.67 (1.13) (420) 1, 697 58.98 <.001 .08 1.00 Confronto 5.01 (.74) (279) 5.24 (.67) (420) 1, 697 19.12 <.001 .03 .99 Controle 4.55 (.88) (279) 4.71 (.82) (420) 1, 697 5.68 .017 .01 .66 QPRD Individual 3.71 (.98) (278) 4.03 (.77) (420) 1, 696 24.34 <.001 .34 1.00

A Tabela 10 apresenta a relação entre a direção da alegria e as restantes dimensões, onde se consta que os árbitros que experienciaram efeito facilitador da alegria, demonstram menor intensidade da tristeza e raiva, assim como, maior intensidade da excitação e da alegria, menor perceção de ameaça e maior perceção de desafio, potencial de confronto e perceção de rendimento individual. Os árbitros que revelaram efeito indiferente da alegria, revelaram menores níveis de intensidade da ansiedade e de

(26)

Tabela 10

Diferenças nas Variáveis Psicológicas em Função da Direção da Alegria

Efeito

Indiferente Facilitador Efeito

M

(

DP

)(

n

)

M

(

DP

)(

n

)

g.l.

F

p

! #$ % QED: Intensidade Ansiedade .90 (.84) (224) 1.10 (.85) (479) 1, 701 8.23 .004 .01 .83 Tristeza .61 (.80) (224) .30 (.60) (479) 1, 701 32.68 <.001 .05 1.00 Raiva .44 (.74) (224) .28 (.60) (479) 1, 701 9.61 .002 .01 .87 Excitação 1.64 (.90) (224) 2.36 (.79) (479) 1, 701 113.30 <.001 .14 1.00 Alegria 1.81 (1.05) (224) 2.89 (.81) (479) 1, 701 220.72 <.001 .24 1.00 QSA Cometer Erros 2.26 (1.03) (222) 2.47 (.94) (476) 1, 696 7.52 .006 .01 .78 Carreira Desportiva 2.05 (1.11) (222) 2.29 (.96) (476) 1, 696 8.88 .003 .01 .85 EAC Ameaça 1.67 (1.38) (224) 1.39 (1.20) (479) 1, 701 7.64 .006 .01 .79 Desafio 3.77 (1.38) (224) 4.66 (1.13) (479) 1, 701 83.07 <.001 .11 1.00 Confronto 5.01 (.83) (224) 5.22 (.63) (479) 1, 701 14.02 <.001 .02 .96 QPRD Individual 3.66 (.97) (223) 4.02 (.80) (479) 1, 700 25.96 <.001 .04 1.00 Explicação do

Stress

nos Árbitros

Nesta parte do trabalho efetuamos análise de regressão múltipla “método

enter

”. As variáveis a explicar foram os fatores de

stress

nos árbitros. As variáveis explicativas foram a intensidade e a direção das emoções, introduzidas em blocos. Convém relembrar que os cinco fatores de

stress

, foram organizados num único fator para estas análises, tal como referido na descrição do instrumento QSA.

No bloco 1, a intensidade das emoções foi significativa na explicação do

stress

geral, no total de 21% de variância. Os preditores foram a maior ansiedade e excitação e uma menor alegria.

No bloco 2, a direção das emoções foi significativa na explicação do

stress

geral, no total de 1% da variância. O efeito facilitador da alegria foi preditor do aumento de

stress

nos árbitros.

Assim sendo, o

stress

geral foi explicado pela maior ansiedade e excitação, por uma menor alegria, e por um maior efeito facilitador da alegria.

(27)

Tabela 11

Modelos de Regressão Linear para o Stress

Nota. QED.Int = Intensidade das emoções; QED.Dir = Direção das emoções. *p < .05. **p < .01. ***p < .001.

Explicação da Avaliação Cognitiva

Nesta regressão, foram utilizados os mesmos moldes da regressão anterior, de forma a avaliar todas as dimensões da avaliação cognitiva (ver Tabela 12).

Quanto à dimensão perceção da ameaça, podemos constatar que no bloco 1 a intensidade das emoções foi significativa na explicação da perceção de ameaça, no total de 19% de variância. Os preditores foram a maior ansiedade e a menor excitação.

No bloco 2, a direção das emoções foi significativa na explicação da perceção da ameaça, no total de 1% da variância. Apesar do modelo ser significativo, não existiram preditores na direção das emoções. Assim sendo, o a dimensão perceção de ameaça foi explicado por maior ansiedade e menor excitação.

Quanto à dimensão perceção de desafio, podemos constatar que no bloco 1 a intensidade das emoções foi significativa na explicação da perceção de desafio, no total de 38% de variância. Os preditores foram a menor ansiedade e maior excitação.

No bloco 2, a direção das emoções foi significativa na explicação da perceção de desafio, no total de 1% da variância. Apesar do modelo ser significativo, não existiram preditores na direção das emoções. Assim sendo, a dimensão perceção de desafio foi explicado por maior ansiedade, menor tristeza e maior excitação e alegria.

Stress

Geral &'(&')*. ) ∆&' ∆. .

(/0) 1 2 2 34 56% 8 9: ;9. Bloco 1: Intensidade .21 (.20) .21 33.38*** 33.38*** (5, 631) QED.Int: Ansiedade .36 .33 [.26, .41] 8.76*** .73 1.38 QED.Int: Excitação .12 .11 [.02, .20] 2.30* .44 2.25 QED.Int: Alegria -.13 -.10 [-.18, -.01] -2.28* .40 2.50 Bloco 2: Direção .22 (.21) .01 1.44 17.47*** (10, 626) QED.Int: Ansiedade .36 .33 [.25, .40] 8.47*** .70 1.43 QED.Int: Excitação .15 .13 [.24, .32] 2.47* .32 3.08 QED.Int: Alegria -.03 -.15 [-.25, -.06] -3.20** .30 3.34 QED.Dir: Alegria .17 .13 [.03, .22] 2.56* .28 3.55

(28)

Quanto à dimensão potencial de confronto, podemos constatar que no bloco 1 a intensidade das emoções foi significativa no potencial de confronto, no total de 11% de variância. Os preditores foram a menor ansiedade e maior excitação.

No bloco 2, a direção das emoções foi significativa na explicação do potencial de confronto, no total de 2% da variância. O efeito facilitador da alegria foi preditor do aumento de potencial de confronto nos árbitros.

Assim sendo, a dimensão potencial de confronto foi explicado por menor ansiedade, maior excitação e pelo efeito facilitador da alegria.

Quanto à dimensão perceção de controle, podemos constatar que no bloco 1 a intensidade das emoções foi significativa na explicação da perceção de desafio, no total de 4% de variância. Os preditores foram a menor ansiedade e maior excitação. No bloco 2, a direção das emoções foi significativa na explicação da perceção de desafio, no total de 1% da variância. O efeito facilitador da raiva foi preditor do aumento de potencial de confronto nos árbitros.

Assim sendo, a dimensão perceção de controle foi explicado por menor ansiedade, maior excitação e efeito facilitador da raiva.

(29)

Tabela 12

Modelos de Regressão Linear para a Avaliação Cognitiva

Nota. QED.Int = Intensidade das emoções; QED.Dir = Direção das emoções. *p < .05. **p < .01. ***p < .001.

Ameaça

&'(&')*. ) ∆&' ∆. . 1 2 2

34 56% 8 9: ;9. Bloco 1: Intensidade .19 (.19) .19 33.21*** 33.21*** (5, 700) QED.Int: Ansiedade .32 .48 [.36, .60] 8.05*** .72 1.39 QED.Int: Excitação -.14 -.19 [-.33, -.05] -2.64** .44 2.26 Bloco 2: Direção .21 (.20) .02 2.87** 18.26*** (10, 695) QED.Int: Ansiedade .30 .45 [.33, .57] 7.49*** .70 1.44 Desafio

&'(&')*. ) ∆&' ∆. . 1 2 2

34 56% 8 9: ;9. Bloco 1: Intensidade .38 (.37) .38 84.41*** 84.41*** (5, 700) QED.Int: Ansiedade .11 .17 [.06, .27] 3.17** .72 1.39 QED.Int: Tristeza -.27 -.49 [-.71, -.27] -4.29*** .23 4.33 QED.Int: Excitação .22 .32 [.19, .44] 4.91*** .44 2.26 QED.Int: Alegria .31 .38 [.27, .50] 6.52*** .40 2.50 Bloco 2: Direção .38 (.37) .01 1.38 43.01*** (10, 695) QED.Int: Ansiedade .11 .17 [.06, .27] 3.07** .70 1.44 QED.Int: Tristeza -.26 -.48 [-.71, -.25] -4.04*** .22 4.62 QED.Int: Excitação .19 .27 [.12, .42] 3.57*** .32 3.10 QED.Int: Alegria .29 .36 [.22, .49] 5.29*** .30 3.28 Confronto

&'(&')*. ) ∆&' ∆. . 1 2 2

34 56% 8 9: ;9. Bloco 1: Intensidade .11 (.10) .11 16.55*** 16.55*** (5, 700) QED.Int: Ansiedade -.30 -.25 [-.32, -.19] -7.21*** .72 1.39 QED.Int: Excitação .23 .18 [.10, .27] 4.29*** .44 2.26 Bloco 2: Direção .13 (.12) .02 3.62** 10.24*** (10, 695) QED.Int: Ansiedade -.28 -.24 [-.31, -.17] -6.68*** .70 1.44 QED.Int: Excitação .21 .17 [.07, .26] 3.33** .32 3.10 QED.Dir: Alegria .17 .11 [.02, .20] 2.51* .29 3.46 Controle

&'(&')*. ) ∆&' ∆. . 1 2 2

34 56% 8 9: ;9. Bloco 1: Intensidade .04 (.03) .04 5.30*** 5.30*** (5, 700) QED.Int: Ansiedade -.10 -.09 [-.18, -.01] -2.18* .72 1.39 QED.Int: Excitação .14 .13 [.03, .23] 2.43* .44 2.26 Bloco 2: Direção .05 (.03) .01 1.64 (10, 695) 3.49*** QED.Dir: Raiva .18 .13 [.02, .25] 2.00* .18 5.59

(30)

Explicação da Perceção de Rendimento Individual

Nesta regressão foi utilizado os mesmos moldes das anteriores, de forma a avaliar a predição da perceção de rendimento individual (ver Tabela 13).

No bloco 1, a intensidade das emoções foi significativa na explicação do rendimento individual, no total de 15% de variância. Os preditores foram a menor ansiedade e tristeza e a maior excitação e alegria.

No bloco 2, a direção das emoções foi significativa na explicação da perceção de rendimento individual, no total de 2% da variância. O efeito facilitador da ansiedade foi preditor do aumento da perceção de rendimento individual.

Assim sendo, o rendimento individual foi explicado pela menor ansiedade e tristeza, por uma maior excitação e alegria e por um maior efeito facilitador da ansiedade.

Tabela 13

Modelos de Regressão Linear para o Rendimento Individual

Nota. QED.Int = Intensidade das emoções; QED.Dir = Direção das emoções. *p < .05. **p < .01. ***p < .001.

Rendimento Individual &'(&')*. ) ∆&' ∆. .

(/0) 1 2 2 34 56% 8 9: ;9. Bloco 1: Intensidade .15 (.14) .15 24.30*** 24.30 *** (5, 699) QED.Int: Ansiedade -.18 -.19 [-.27, -.11] -4.46*** .72 1.39 QED.Int: Tristeza -.22 -.28 [-.46, -.10] -3.0** .23 4.33 QED.Int: Excitação .19 .18 [.08, .28] 3.54*** .44 2.26 QED.Int: Alegria .13 .11 [.02, .20] 2.28* .40 2.50 Bloco 2: Direção .17 (.16) .02 4.05** 14.44 *** (10, 694) QED.Int: Ansiedade -.16 -.17 [-.25, -.08] -3.87*** .70 1.44 QED.Int: Tristeza -.20 -.25 [-.44, -.07] -2.71** .22 4.62 QED.Int: Excitação .17 .16 [.05, .28] 2.72** .32 3.11 QED.Dir: Ansiedade .12 .10 [.01, .20] 2.17* .40 2.51

(31)

Discussão

Neste estudo analisa-se a experiência psicológica dos árbitros antes da realização de um jogo de futebol, com particular ênfase para as reações emocionais, nomeadamente nas suas dimensões de intensidade e de efeito no rendimento dos árbitros. Esta análise considerou igualmente as relações entre as emoções e o

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento dos árbitros.

Começando pelo modo como os árbitros se sentem antes do jogo, verificamos que as emoções positivas foram mais prevalentes do que as negativas. Destaca-se a alegria e a excitação como emoções mais relatadas pelos árbitros, o que demonstra um sentimento positivo e facilitador destas emoções por parte dos árbitros num contexto pré-competitivo. De referir também que 68.5% dos árbitros revelaram níveis de

stress

entre nenhum

stress

a moderado

stress

, o que está consistente com outros estudos (Gencay, 2009; Johansen & Haugen, 2013). No entanto, para 14.8% dos árbitros o jogo a realizar foi considerado de bastante a elevado

stress

. O

stress

associado a cometer erros, foi o fator mais prevalente, o que é igualmente assinalado na literatura (Gustafsson, Sagar, & Stenling, 2017; Mark, Bryant, & Lehman, 1993).

As diferenças de intensidade das emoções nas restantes variáveis do estudo (e.g.,

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento), revelaram dados interessantes, alguns deles complexos na interpretação. Nesta análise, os árbitros foram divididos em dois grupos, um com menor intensidade emocional e outro com maior intensidade emocional. Começando pela ansiedade, verificou-se que árbitros com aumentos da intensidade desta emoção sentiram maior efeito facilitador da excitação e alegria. Experienciaram também maior

stress

em todos os seus fatores, maior ameaça, menor potencial de confronto e perceção de rendimento individual, o que vai de acordo com o esperado. No entanto, de modo inesperado, aumentos da intensidade da ansiedade correspondeu a maior perceção de desafio (algo já evidenciando nas correlações entre estas variáveis). Estes dados sugerem que não existem apenas efeitos negativos da ansiedade, podendo, nalguns casos específicos, produzir um padrão mais ajustado de adaptação ao

stress

, tal como sugerido anteriormente por outros autores (ver Lazarus, 2000a; Martinent & Ferrand, 2015; Johansen & Haugen, 2013).

Quanto à intensidade da excitação, verificamos que o grupo com uma maior intensidade desta emoção sentiu um efeito facilitador da ansiedade, um efeito debilitador da tristeza e da raiva, assim como um efeito facilitador da excitação e da alegria, dados que estão de acordo com as expetativas (Jones, 2003). Perante uma maior intensidade da excitação, ocorreu também maiores níveis de

stress

associado a cometer erros e à carreira desportiva, mas, curiosamente, significou menores níveis se

stress

(32)

excitados (i.e., com sentimento positivos de bem-estar físico e psicológicos) poderá também diminuir a experiencia negativa de

stress

relacionada com o modo se sentem fisicamente para o jogo. De realçar ainda que árbitros com maior intensidade de excitação avaliaram mais positivamente o jogo a realizar (maior perceção de desafio, potencial de confronto, perceção de controle) e sentiram maior perceção de rendimento individual, reforçando-se assim o papel das emoções positivas no funcionamento humano (Gomes, Abreu, Póvoa, & Vaz, 2013; Santos, 2017)

No que se refere à intensidade da alegria, há aspetos que vale a pensa reter. No entanto, o mesmo não pode ser assumido para a avaliação cognitiva, pois sentir-se mais positivo (alegre) correspondeu a menor

stress

associado à confrontação, menor perceção de ameaça, maior perceção de desafio, potencial de confronto e perceção de controle. Além disso, árbitros com maior experiência de alegria relataram maior perceção de rendimento individual. Uma vez mais, os dados reforçam também o papel desta emoção positiva no funcionamento humano (Velasco Matus, Villanueva Orozco, Rivera Aragón, & Díaz Loving, 2016; Uphill, Groom & Jones, 2014).

Noutro agrupamento de análises, testamos as diferenças nos efeitos das emoções (i.e., direção) nas restantes variáveis do estudo (e.g.,

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento). Nesta análise, os árbitros foram divididos em dois ou três grupos (consoante a frequência de respostas) relativos ao efeito facilitador, indiferente e debilitador das emoções. Neste caso, observou-se um padrão mais estável de resultados, indicando que quando os árbitros experienciaram as emoções como possuindo efeito facilitador, demonstram uma maior intensidade da excitação e da alegria, assim como, menor perceção de ameaça, maior potencial de confronto, maiores níveis de perceção de controle e maior perceção de rendimento individual. Os árbitros que revelaram efeito indiferente, tanto nas emoções positivas como negativas, revelaram menores níveis de intensidade da ansiedade, menor

stress

associado a cometer erros e à carreira desportiva, sugerindo que o efeito indiferente torna os árbitros menos reativos “emocionalmente” e “stressados” face ao jogo a realizar. Não obstante, os árbitros que percecionam as emoções positivas como possuindo um efeito facilitador do rendimento e que avaliam mais positivamente o jogo a realizar, também relatam maior perceção de rendimento desportivo. O4s resultados estão em paralelo com a literatura, tal como verificado num estudo com árbitros de

lacrosse

(Friesen, Devenport, & Lane, 2017).

No último objetivo do estudo, procuramos analisar o valor preditor da intensidade e efeitos (i.e., direção) das emoções nas restantes variáveis em estudo (

stress

, avaliação cognitiva e a perceção de rendimento dos árbitros). Para além da “curiosidade” em perceber que variáveis emocionais explicam

(33)

estas variáveis psicológicas, procuramos observar se a direção das emoções acrescentaria variância explicada, além da alcançada pela intensidade das emoções.

Os dados do nosso estudo salientam o papel preponderante da intensidade das emoções no modo como os árbitros se sentem antes do jogo (sendo de salientar as emoções da ansiedade e da excitação), seguido da direção da intensidade (sendo de salientar o papel facilitador das emoções como a alegria, raiva e ansiedade). Os dados da literatura reforçam o papel fundamental de algumas destas emoções na explicação do modo como, por exemplo, os atletas de sentem face à competição (Campo, Champely, Lane, Ferrand, & Louvet, 2016; Gomes, Abreu, Póvoa, & Vaz, 2013; Martinent & Ferrand, 2015) bem como nos próprios árbitros (Andrew P. Friesen, Tracey J. Devenport, & Andrew M. Lane, 2015; Vela & Arbinaga, 2017)

Este estudo apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar, apesar da amostra ter um número significativo de participantes, estes são apenas oriundos de quatro associações de arbitragem, sendo todas da zona norte de Portugal e, maioritariamente, do sexo masculino. Para além disto, nos participantes deste estudo temos um número muito reduzido de árbitros profissionais. Por fim, o facto do estudo tratar-se de uma abordagem transversal, faz com que os árbitros tenham sido avaliados antes de um único jogo.

Após a análise destas limitações, surgiram algumas ideias e recomendações que podem ser utilizadas em investigações futuras. Perceber de que modo, a equidade do género nos participantes poderá ser uma variável importante de análise. Aumentar o número de árbitros profissionais, e comparar com os árbitros não profissionais, de modo a perceber se as emoções sentidas são diferentes em situação pré-competitiva. Outra ideia interessante, seria uma comparação e respetiva análise das diferenças entre árbitro principal e árbitro assistente, visto que são duas funções diferentes. E por fim, perceber de que modo as emoções podem influenciar o

burnout

, visto que arbitrar pode ser uma experiência que cria sentimentos emocionais de frustração, muitas vezes devido às criticas e expetativas de outros, o que leva a

stress

prolongado, que consequentemente pode levar a que os árbitros sofram síndrome de

burnout

(Ferreira & Brandão, 2012).

Apesar das limitações discutidas e recomendações fornecidas, o presente estudo fornece um contributo importante, de modo a perceber e compreender, qual a influência das emoções na adaptação ao

stress

por parte dos árbitros de futebol.

(34)

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