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Controle de antracnose na cultura do feijão com produtos alternativos em casa de vegetação / Control of anthracnosis in the bean culture with alternative products in vegetation house

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Controle de antracnose na cultura do feijão com produtos alternativos em casa

de vegetação

Control of anthracnosis in the bean culture with alternative products in

vegetation house

DOI:10.34117/bjdv6n3-031

Recebimento dos originais: 30/01/2020 Aceitação para publicação: 03/03/2020

Andriéli Terezinha dos Santos Assunção

Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Av. General Carlos Cavalcanti, 4748, Ponta Grossa – PR. CEP 84030-900

Maristella Dalla Pria

Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG mdallapria@uol.com.br

Polyana Elvira Tobias Pinto Christmann

Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Taize Schafranski

Acadêmico do curso de Agronomia, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Av. General Carlos Cavalcanti, 4748, Ponta Grossa – PR. CEP 84030-900

RESUMO

O feijão é uma cultura de extrema importância econômica e alimentar para a população brasileira. A incidência e severidade de doenças podem causar declínio na produtividade e qualidade do produto final. Uma das principais doenças da cultura é a antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) que, caso não haja controle, pode ocasionar em danos de até 100% na produção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a viablidade de fungos endofíticos, ácido salicílico, fosfito de cobre, acibenzolar-S-metílico e fungicida (azoxistrobina + difenoconazol) no controle da antracnose. Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação, com as cultivares de feijão IPR Tuiuiú, IPR Uirapuru, IPR Quero-quero e BRS Esteio. O delineamento experimental utilizado foi em blocos aleatorizados, com sete tratamentos e quatro repetições. Com os dados de severidade calculou-se a área abaixo da curva de progresso da doença. Os produtos alternativos não foram eficazes para reduzir o progresso da antracnose nas plantas de feijão das cultivares avaliadas. A aplicação dos fungos T. viride e T. tomentosum resultou em comportamento similar ao fungicida azoxistrobina + difenoconazol em todas as cultivares avaliadas, podendo ser alternativa ao controle químico. A aplicação de fosfito de cobre resultou em maior severidade da antracnose.

Palavras-chave: Colletotrichum lindemuthianum, Phaseolus vulgaris, Trichoderma spp., ácido

salicílico, fosfito.

ABSTRACT

Beans are a crop of extreme economic and food importance for the Brazilian population. The incidence and severity of diseases can cause a decline in productivity and quality of the final product. One of the main diseases of the crop is anthracnose (Colletotrichum lindemuthianum), which, if not controlled, can cause damage of up to 100% in production. The objective of this work was to evaluate the viability of endophytic fungi, salicylic acid, copper phosphite, acibenzolar-S-methyl and

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fungicide (azoxystrobin + diphenoconazole) in the control of anthracnose. The experiments were carried out in a greenhouse, with the bean cultivars IPR Tuiuiú, IPR Uirapuru, IPR Quero-Quero and BRS Esteio. The experimental design used was in randomized blocks, with seven treatments and four replications. With the severity data, the area below the disease progress curve was calculated. The alternative products were not effective in reducing the progress of anthracnose in the bean plants of the evaluated cultivars. The application of the fungi T. viride and T. tomentosum resulted in a behavior similar to the fungicide azoxystrobin + diphenoconazole in all the cultivars evaluated, which can be an alternative to chemical control. The application of copper phosphite resulted in greater severity of anthracnose.

Keywords: Colletotrichum lindemuthianum, Phaseolus vulgaris, Trichoderma spp., Salicylic acid,

phosphite.

1 INTRODUÇÃO

O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é uma planta originária da América Latina, cultivado principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Os grãos de feijão são uma importante fonte de proteínas para as populações de países em desenvolvimento, sobretudo para as classes de menor renda (BARBOSA; GONZAGA, 2012).

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de feijão. Segundo dados da CONAB (2020), a produção total de feijão na safra 2018/19 foi de 3.022,5 mil toneladas numa área de 2.927,3 mil hectares, com produtividade média de 1.032 kg ha-1. O feijão tipo cores foi o mais plantado, com área de 1.311,6 mil hectares, produção de 1.888 mil toneladas e produtividade média de 1.439 kg ha-1. Já o feijão tipo preto teve produção total de 497 mil toneladas, em 340,4 mil hectares e produtividade média de 1.439 kg ha-1.

No Paraná, para a safra 2019/20 houve redução na área total plantada com feijão em comparação a safra 2018/19. De maneira geral, o rendimento médio estimado até o momento é de 1.960 kg ha-1, com produção toral de 93,5 mil toneladas (CONAB, 2020).

A área com feijão na primeira safra no Brasil vem diminuindo ao longo das safras, principalmente pela competição com outras culturas, como soja (Glycine max L.) e milho (Zea mays L.), e também devido ao momento da colheita coincidir com o período chuvoso acarretando em problemas com a qualidade do produto (CONAB, 2020).

Um desses problemas é a ocorrência de doenças, sejam elas causadas por fungos, bactérias, entre outros microrganismos. Uma das principais doenças que ataca a cultura é a antracnose, que tem como agente causal o fungo Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. & Magn.) Scrib (PADDER et al., 2017). A antracnose pode ocasionar redução da produção e qualidade dos grãos, além de que os danos podem chegar a 100%, princialmente quando são utilizadas sementes infectadas e as condições de temparatura são amenas e a umidade relativa do ar é alta (em torno de 92%), tonando tais condições favoráveis para o desenvolvimento do patógeno (WENDLAND; LOBO JUNIOR; FARIA, 2018).

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O uso de cultivares resistentes e aplicação de fungicidas ainda são a principal forma de controle da antracnose. Porém, o uso de fungicidas pode causar contaminação do solo, ambiental e humana, enquanto que a resistência das plantas nas cultivares pode ser quebrada por diferentes agentes patogênicos. Essas preocupações estimulam o desenvolvimento de novas tecnologias (GADAGA et al., 2017).

Na última década houve crescente demanda por estudo e desenvolvimento de novas estratégias para o manejo integrado da antracnose, afim de reduzir o custo de produção, minimizar os danos ambientais e aumentar a eficiência de controle da doença (LOURENÇO JÚNIOR, 2013).

Algumas novas alternativas para o controle das doenças estão substituindo o uso de produtos químicos e contribuindo para uma agricultura moderna e mais sustentável, com objetivo de proteger as plantas e conservar um sistema de defesa contra doenças menos dependente dos agrotóxicos (BALLARÉ, 2014; BORSATO; DI PIERO; STADNIK, 2010). O controle alternativo de doenças na cultura do feijão está se tornando uma alternativa cada vez mais viável (CHRISTMANN et al., 2019; HENNIPMAN et al., 2019).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a viablidade de fungos endofíticos, ácido salicílico, fosfito de cobre, acibenzolar-S-metílico e fungicida (azoxistrobina + difenoconazol) no controle da antracnose em plantas de feijão em casa de vegetação.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos na casa de vegetação pertecente à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e repetidos duas vezes com cada cultivar. Foram utilizadas quatro cultivares diferentes de feijão: IPR Tuiuiú (suscetível à antracnose), IPR Uirapuru (suscetível à antracnose), IPR Quero-Quero (suscetível à antracnose) e BRS Esteio (moderadamente resistente à antracnose).

Cinco sementes das cultivares foram semeadas em vasos com capacidade de 5 litros de volume com substrato comercial e após a emergência foram mantidas apenas as duas plantas mais vigorosas em cada vaso. O delineamento expermental foi de blocos aleatorizados, com 7 tratamentos e 4 repetições, sendo um vaso com duas plantas considerado uma repetição.

Os tratamentos utilizados foram: suspensão de conídios de Trichoderma viride (106 conídios mL-1); suspensão de conídios de Trichoderma tomentosum (106 conídios mL-1); ácido salicílico (C7H6O3; 10 mmol L-1); acibenzolar-S-metílico - ASM (Bion®; 25 g p.c. ha-1); fungicida azoxistrobina + difenoconazol (Amistar Top®; 500 mL p. c. ha-1); fosfito de cobre (Inqui+Cobre®; N 11%; P2O5 22%; S 1,76%; Cu 4%; 1000 p. c. mL ha-1) e testemunha (água destilada esterelizada).

Os produtos dos respectivos tratamentos foram pulverizados quando as plantas de feijão estavam no estádio vegetativo V3 (primeiro trifólio desenvolvido) (OLIVEIRA et al., 2018). Para

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todos os tratamentos foram aplicados 20 mL de calda em cada planta com auxílio de pulverizador manual, onde na testemunha foi aplicado apenas água destilada esterilizada.

A inoculação das plantas com a suspensão de conídios do fungo C. lindemuthianum (106 conídios mL-1) foi realizada três dias após a aplicação dos tratamentos. A fonte de inóculo foi produzida em meio tipo vagem (DALLA PRIA et al., 1997). Para tanto, discos de meio BDA (batata-dextrose-ágar) com 5 mm de diâmetro contendo micélio do fungo foram colocados na superfície de vagens de feijão, cujas bases foram inseridas em meio ágar-água contido em tubos de ensaio, esterelizados em autoclave a 121oC por 20 minutos duas vezes. Os tubos foram acondicionados em câmara tipo BOD, no escuro, com temperatura de 20 ± 2°C por 15 dias.

Após o crescimento e esporulação do fungo adicionou-se água destilada estrelizada aos tubos para obtenção da suspensão de conídios. A suspensão foi filtrada em gaze e ajustada a concentração com auxílio da câmara de Neubauer. As plantas foram inoculadas por aspersão da suspensão de conídios com auxílio de pulverizador manual. Após a inoculação, os vasos foram colocados dentro de sacos plásticos transparentes umedecidos por período de 48 horas e mantidos em casa de vegetação, à uma temperatura de aproximadamente 25ºC, segundo metodologia utilizada por Stangarlin e Pascholati (2000).

A avaliação da severidade da antracnose teve início com o aparecimento dos primeiros sintomas nas folhas e foi realizada com auxílio da escala diagramática proposta por Godoy et al. (1996), com intervalo de cinco dias nas folhas cotiledonares até o quarto trifólio, totalizando 8 avaliações. Com os dados de severidade foi calculada a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) pela fórmula proposta por Shaner e Finney (1977).

Os valores de AACPD foram submetidos à análise de variância e as médias, quando significativas, comparadas pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Os dados foram transformados em √x + k, com k = 1, e as análises foram realizadas com auxílio do software estatístico SASM-Agri (CANTERI et al., 2001).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As avaliações de severidade da antracnose em casa de vegetação tiveram início com o aparecimento dos primeiros sintomas em todas as plantas em todas as repetições (Tabela 1). Em todos os experimentos os sintomas foram observados primeiramente nas folhas cotiledonares, progredindo para os trifólios conforme a planta se desenvolvia.

Em ambas as repetições do experimento para a cultivar IPR Tuiuiú todos os tratamentos foram estatisticamente iguais e diferiram apenas do tratamento fosfito de cobre, que apresentou maior AACPD em relação aos demais até mesmo superior a testemunha (Tabela 1).

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Estes resultados contrariam os obtidos por Gadaga et al. (2017), onde os autores aplicaram diferentes formulações de fosfito e avaliaram a severidade da antracnose em feijão na casa de vegetação, tendo como resultado que todos os produtos aplicados ocasionaram redução da doença e menores AACPD que a testemunha. Hennipman et al. (2019) constataram a diminuição da severidade de mancha angular [Pseudocercospora griseola (Sacc.)] em plantas de feijão em casa de vegetação utilizando fosfito de cobre, resultados estes que também contariam os obtidos neste trabalho.

O uso de fosfito na agricultura está cada vez mais presente, uma vez que esses compostos podem ser considerados sustentáveis, não causam impacto ambiental, possuem alta solubilidade em água e são absorvidos mais rapidamente por raízes e folhas (RIBEIRO JUNIOR et al., 2006).

Silva et al. (2013) avaliaram diferentes fontes de fosfito e ASM para controle de doenças da soja em condições de campo. Os autores constataram que a aplicação de ASM reduziu significativamente a severidade de míldio [Peronospora manshurica (Naumov) Syd.], porém foi inferior às fontes de fosfito utilizadas. Estes dados corroboram com os obtidos neste trabalho, no qual o tratamento com ASM foi estatisticamente superior ao tratamento com fosfito de cobre.

Para a cultivar IPR Uirapuru, os tratamentos não diferiram entre si nas duas repetições do experimento (Tabela 1). O fungicida azoxistrobina + difenoconazol é registrado para o controle de antracnose em feijão (SEAB, 2020), no entanto, não foi eficiente no experimento, não diferindo estatisticamente dos demais tratamentos.

Para a cultivar BRS Esteio, na primeira repetição do experimento, foram observados resultados similares aos verificados para a cultivar IPR Tuiuiú, nas quais o tratamento fosfito de cobre resultou em desenvolvimento acumulado da doença estatisticamente superior que os demais (Tabela 1). Na segunda repetição deste experimento, os tratamentos não diferiram estatisticamente entre si.

TABELA 1 – Área abaixo da curva de progresso da doença de antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) em diferentes cultivares de feijão (Phaseolus vulgaris) (IPR Tuiuiú, IPR Uirapuru, BRS Esteio e IPR

Quero-Quero) em casa de vegetação. Ponta Grossa – PR, 2018/2019. Cultivares

Tratamento

TUIUIÚ UIRAPURU

1ª Repetição 2ª Repetição 1ª Repetição 2ª Repetição

Trichoderma viride 4,41 b 7,60 b 6,31ns 5,91ns

Trichoderma tomentosum 1,91 b 7,04 b 11,45 6,97

Ácido salicílico 2,23 b 6,69 b 17,82 6,19

Acibenzolar-S-metílico 4,54 b 3,28 b 9,49 4,60

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Fosfito de cobre 12,38 a 24,28 a 42,54 5,03

Testemunha 2,78 b 7,58 b 7,85 3,25

C. V. (%) 25,49 30,98 47,77 38,26

Tratamento

ESTEIO QUERO-QUERO

1ª Repetição 2ª Repetição 1ª Repetição 2ª Repetição

Trichoderma viride 8,93 b 1,06ns 10,10 bc 21,63ns Trichoderma tomentosum 9,58 b 4,69 8,44 bc 22,44 Ácido salicílico 4,11 b 3,00 22,44 b 39,91 Acibenzolar-S-metílico 0,00 b 23,85 8,47 bc 42,06 Azoxistrobina + difenoconazol 0,00 b 34,85 4,88 bc 33,19 Fosfito de cobre 136,62 a 37,30 235,57 a 73,72 Testemunha 0,00 b 4,22 1,13 c 79,82 C. V. (%) 33,12 63,31 31,50 53,80

*Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância; Dados originais, para análise foram transformados em √x + k, com k = 1; ns = não significativo; C. V. (%)

= coeficiente de variação.

Na primeira repetição do experimento com a cultivar IPR Quero-Quero, suscetível a antracnose (Tabela 1), o fosfito de cobre novamente foi estatisticamente diferente aos demais, favorecendo o desevolvimento da antracnose. Os menores valores de AACPD foram observados nos tratamentos com T. tomentosum, T. viride, ASM, fungicida e na testemunha, similares entre si.

Os resultados obtidos neste experimento são muito semelhantes aos observados por Christmann et al. (2019), no qual os autores observaram que o uso de fosfito de cobre em plantas de feijão para controle da antracnose foi ineficiente, resultando em alto desenvolvimento acumulado da doença e, até mesmo, observando um certo estímulo do produto ao desenvolvimento da doença. Os autores obtiveram como resultado que os fungos endofíticos T. viride e T. tomentosum foram eficientes para a redução da AACPD em plantas de feijão da cultivar BRS Esteio em condições de casa de vegetação, contrariando os dados obtidos neste experimento.

O uso de fungos endofíticos para controle da antracnose em feijão pode ser uma alternativa ao clássico controle químico com fungicidas. A aplicação dos fungos T. viride e T. tomentosum resultou em AACPD estatisticamente igual ao resultado observado no tratamento com o fungicida azoxistrobina + difenoconazol em todas as cultivares avaliadas (Tabela 1).

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Há uma demanda crescente por métodos alternativos que garantam a rentabilidade da atividade do produtor e que colaborem para a diminuição do uso de produtos químicos que podem causar riscos à saúde humana e ambiental. O gênero Trichoderma é considerado não-tóxico e rapidamente biodegradável, tornando-se, portanto, uma boa estratégia como agente de biocontrole de doenças de plantas (BONETT et al., 2013).

Dildey (2014) em experimento realizado em casa de vegetação para controle da antracnose em feijão, utilizaram 21 isolados de Trichoderma e observaram que todos os isolados controlaram a doença diferindo da testemunha. Trichoderma strigosum (IB 28/07) resultou em proteção sistêmica de plantas de feijão contra C. lindemuthianum em função da concentração de inóculo utilizada, em experimento na casa de vegetação (PEDRO et al., 2012).

Surekha et al. (2014) relataram que o uso de T. viride pode elicitar uma série respostas de defesa nas plantas como acúmulo de fenóis, indução de enzimas, deposição de lignina, entre outros. Os autores indicam o uso deste fungo endofítico como alternativa promissora aos fungicidas químicos, reduzindo o impacto ambiental e garantindo o controle de doenças em plantas.

Constatou-se com os resultados obtidos no presente trabalho, que o uso de ácido salicílico pode ser uma alternativa viável para a redução da antracnose em plantas de feijão. Tal tratamento foi estatisticamente igual ao fungicida azoxistrobina + difenoconazol em todas as cultivares avaliadas. Portanto, pode-se afirmar que o uso de ácido salicílico pode resultar em controle similar ao fungicida. A contaminação ambiental, humana e até mesmo a seleção de populações resistentes do patógeno podem ser consideradas mínimas quando se compara o ácido salicílico com o fungicida.

As plantas apresentam elaborados mecanismos de proteção contra patógenos, mas quando há aplicação exógena de ácido salicílico, há tendência de aumento desses compostos de defesa, de forma a restringir a propagação de infecções fúngicas, bacterianas ou virais por meio da reação de hipersensibilidade (TAIZ et al., 2017). Este mecanismo por sua vez, pode levar à resistência adquirida, principalmente quando fornecido nos estádios iniciais da cultura (WALTERS; RATSEP; HAVIS, 2013).

Um método de controle alternativo é através do emprego da indução de resistência. A resistência sistêmica adquirida pode ser induzida após o tratamento com produtos químicos, como acibenzolar-S-metílico (TRIPATHI; YU-LIN; KUMAR, 2010).

O ASM é um produto químico pertencente ao grupo dos benzotiadiazoles (BTH), considerado como um análogo funcional do ácido salicílico. Não se trata de um produto com atividade antimicrobiana direta. Este induz a produção de compostos para autodefesa da planta, interferindo em seus processos fisiológicos e bioquímicos (MYRESIOTIS; VRYZAS; PAPADOPOULOU-MOURKIDOU, 2014).

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O ASM é capaz de ativar defesas das plantas, fazendo com que a planta ative mecanismos de prevenção contra o ataque de determinados patógenos. Essa indução de resistência é baseada principalmente na ativação de genes cuja expressão resulta na produção de proteínas como peroxidases, glucanases e quitinases, bem como na produção de fitoalexinas e modificações na parede celular pela lignificação, conferindo resistência ao ataque de fitopatógenos (KESSMANN; OOSTENDORP; STAUB, 1996; WRÓBEL-KWIATKOWSKA et al., 2004).

4 CONCLUSÃO

Os produtos alternativos não foram eficazes para reduzir o progresso da antracnose nas plantas de feijão das cultivares avaliadas.

A aplicação dos fungos T. viride e T. tomentosum resultou em comportamento similar ao fungicida azoxistrobina + difenoconazol em todas as cultivares avaliadas, podendo ser alternativa ao controle químico.

A aplicação de fosfito de cobre resultou em maior severidade da antracnose.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e toda equipe do Laboratório de Epidemiologia pelo auxílio na condução dos experimentos.

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Imagem

TABELA 1 – Área abaixo da curva de progresso da doença de antracnose (Colletotrichum lindemuthianum)  em diferentes cultivares de feijão (Phaseolus vulgaris) (IPR Tuiuiú, IPR Uirapuru, BRS Esteio e IPR

Referências

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