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Exposição a ozono em cabinas de avião

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Academic year: 2019

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António de Sousa Uva é médico do trabalho e docente da Escola Nacional de Saúde Pública, Universidade Nova de Lisboa (grupo de disciplinas de Saúde Ocupacional).

Exposição a ozono em cabinas de avião

ANTÓNIO DE SOUSA UVA

O ozono é o principal componente da poluição fotoquímica do ar. Como agente irritante do aparelho respiratório, os seus efeitos sobre a saúde caracterizam-se, essencialmente, por tosse, dispneia, desconforto torácico e alterações da função pulmonar, encontrando-se também associadas à exposição ambiental a O3 tanto uma maior frequência e gravidade de crises de asma como a ocorrência de quadros clínicos de irritação conjuntival.

É sobretudo a partir dos anos 50, com a descoberta de concentrações elevadas de ozono em ambientes de trabalho respeitantes à actividade de soldadura «a arco», que aquele gás passa a ser encarado como factor profissional de risco. No início dos anos 60 surgem os primeiros estudos de expo-sição a O3 em cabinas de avião, suscitados pela ocorrência, em tripulantes e passageiros, de queixas clínicas de irrita-ção do tracto respiratório. Esta sintomatologia era, até então, atribuída à acção de outros factores, designada-mente o sistema de ventilação e o baixo teor de humidade do ar. Posteriormente, alguns estudos revelaram que, em voos comerciais subsónicos, os teores elevados de O3 obser-vados no interior das cabinas poderiam ser provocados pela sua insuficiente destruição nos sistemas de entrada de ar.

O presente estudo, efectuado em voos de longo curso rea-lizados em aeronaves Airbus A340-300 numa única rota comercial, teve por objectivo avaliar a exposição a ozono no ar interior em cabina de avião.

Os teores médios de concentração de ozono observados foram inferiores aos valores susceptíveis de provocarem efeitos adversos sobre o aparelho respiratório. Como valor máximo instantâneo, foi atingida a concentração de 152 ppb. Adicionalmente, foi constatada a influência das esta-ções do ano nos teores de O3.

O conjunto dos resultados obtidos permite concluir que as concentrações de ozono no ar interior nas cabinas de avião estudadas são inferiores às correspondentes concentrações máximas admissíveis, tendo, em todos os voos, sido obser-vado o cumprimento da norma da FAA respeitante à pro-tecção da exposição ao ozono em cabinas de aeronaves de aviação comercial.

1. Introdução

Qualquer situação de trabalho, necessariamente com-plexa, comporta um elevado número de variáveis, algumas das quais — genericamente designáveis por

condições de trabalho — funcionam como elementos condicionantes da actividade dos trabalhadores (Faria, 1987).

(2)

merecendo destaque os aspectos especificamente relacionados com a quantidade e a qualidade do ar interior existente nas cabinas de avião. Entre os diversos factores condicionantes da referida quali-dade do ar figura o teor de concentração de ozono, que constitui o objecto central deste trabalho. Neste contexto, o presente estudo teve como princi-pal objectivo avaliar a exposição a ozono em cabinas de aeronaves de aviação comercial.

Os aviões modernos (Hunt et al., 1995) operam num

ambiente físico que não é compatível com a vida e, consequentemente, são munidos de dispositivos de controlo ambiental, que, modernamente, não visam apenas a «sobrevivência» dos seres humanos, mas também aspectos relativos a segurança e conforto. Embora o ozono seja reconhecido como factor de

risco para a saúde desde o século XIX (Adams, 1987),

a grande atenção da comunidade científica para os seus efeitos adversos está fortemente relacionada com episódios de poluição atmosférica por agentes oxidantes cujo paradigma é o episódio de Londres,

ocorrido na baía do Tamisa em 1952 (Logan,1952;

Hackney et al., 1984; Charpin et al., 1986; Speizer, 1994; Ayres, 1997).

É também nos anos 50 que são referidos na literatura diversos textos sobre efeitos respiratórios relaciona-dos com a actividade de soldadura «a arco» (Kleinfeld et al., 1957; Challen et al., 1958). Desde essa data têm sido igualmente assinaladas, entre outras, exposições profissionais a ozono (O3) na pro-ximidade de equipamentos eléctricos e, mais recente-mente, em trabalhos com fotocopiadoras, impresso-ras «laser» e outros equipamentos de escritório (Allen et al., 1978; Devlin, 1997).

O aparecimento de voos supersónicos (Medical Services of British Airways and Air France, 1970),

realizados a maiores altitudes (Concorde) do que os

voos subsónicos, criou grandes receios (e uma enorme expectativa) acerca dos potenciais efeitos para a saúde relacionados com altos teores de ozono na cabina. Contudo, tais receios dissiparam-se quando se verificou que o tipo de motores utilizado no Concorde provocava aquecimento do ar, chegando a ser atingidas, na descolagem e em velocidade de cruzeiro, temperaturas da ordem dos 400°C. Tal cir-cunstância, dada a termolabilidade do ozono, condu-zia à sua quase completa destruição. Na aterragem, pelo contrário, não atingindo a temperatura do ar valores tão elevados, a concentração de ozono no interior da cabina era mais elevada.

A maioria das queixas clínicas, de passageiros e tri-pulantes, hoje atribuíveis à acção do ozono, corres-ponde a sintomatologia de irritação das vias respira-tórias, designadamente tosse seca e desconforto torácico (Higgins et al., 1979; Higgins et al., 1980;

Nastrom et al., 1980; Folinsbee, 1981). Até finais da década de 70 e início dos anos 80, essa sintomatolo-gia era atribuída aos baixos teores de humidade exis-tentes no interior da cabina e originados, sobretudo, pelo sistema de ventilação das aeronaves.

Os aspectos ligados à altitude e à latitude de voo constituíam então as variáveis mais estudadas na avaliação das exposições a ozono em cabina de avião

(Young et al., 1962; Jaffe, 1963; Estes, 1963;

Tie-fenau et al., 1973; Nastrom et al., 1980; Reed et al.,

1980). De facto, a prevalência de queixas encontrava--se muito relacionada com os voos de longo curso

realizados por aeronaves Boeing 747SP (special

per-formance) essencialmente em rotas transpolares (Higgins et al., 1979; Higgins et al., 1980; Nastrom

et al., 1980; Ballouet, 1996).

Os motores das aeronaves modernas possuem, em relação aos da década de 70, diferenças mais ou

menos acentuadas (Hunt et al., 1995). No caso

espe-cífico do avião Airbus A340, as turbinas (de tipo

turbofan) funcionam por vários estádios de compres-são, passando o ar exterior através de um conversor catalítico de ozono (paládio) antes de atingir os

gru-pos de refrigeração (packs), onde a sua temperatura

é da ordem de 150°C.

No AirbusA340 as turbinas são do sistema turbofan,

que possui um núcleo central (core) com diversos

estádios de compressão e uma unidade de queima (ou câmara de combustão) onde é adicionado o combus-tível ao ar quente do compressor. A uma velocidade de cruzeiro, o ar exterior entra nos compartimentos («andares») do compressor, sendo comprimido a 30 psi, a uma temperatura de 400°F.

O ar admitido do exterior, proveniente do sistema pneumático, passa através do conversor catalítico de ozono, em direcção aos grupos de refrigeração

(packs), que asseguram a regulação da temperatura do ar. À referida altitude podem ser encontrados valores de ozono da ordem de 0,80 ppm, sendo a capacidade de dissociação do ozono em oxigénio influenciada pela temperatura do ar admitido no sistema.

Posteriormente, o ar fornecido pelas packs é mistura-do com o ar de recirculação das zonas da cabina. De facto, os sistemas de ar condicionado dos aviões

modernos, como é o caso do Airbus A340-300,

mis-turam 50% de «ar novo» com 50% de ar filtrado, sendo a mistura recirculada. Note-se que, em edifí-cios, o ar recirculado varia, consoante as

temperatu-ras exteriores, entre 65% e 90% (Hunt et al., 1995).

Cada grupo de refrigeração distribui 5 cfpm (cfpm—

cubic feet/passenger/minute), o que, no Airbus A340

(que possui dois grupos de refrigeração), representa 10 cfm/passageiro, a que se junta igual quantidade de

ar recirculado (±20 cfpm). A renovação do ar é feita

(3)

total da cabina é trocado com o ar exterior cerca de 12,5 vezes/hora, ao passo que, nos edifícios, é cerca de 1 a 2,5 vezes/hora (Hunt et al., 1995).

O ar sai dos packs a uma temperatura próxima de

60°F e a uma pressão de 11,8 psi. O ar é depois combinado com igual quantidade de ar filtrado, entrando no subsistema de recirculação. A filtração, anterior à admissão na câmara de mistura, não impede a passagem de gases, sendo efectuada por

filtros de alta eficácia (HEPA — high efficiency

particulate air filter), em tudo idênticos aos utiliza-dos nas unidades hospitalares de queimautiliza-dos. Estudos levados a cabo por Hill e Aeberly culmina-ram, em 1921, com a proposta de uma concentração máxima admissível (CMA) para o ozono cifrada em

1 ppm (Hill; Aeberly, 1921, cit. por Thorp, 1950).

A evolução histórica das sucessivas concentrações máximas admissíveis fixadas para o ozono tem desde então evoluído, tendo a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) fixado em 0,10 ppm

(apro-ximadamente 0,20 mg/m3) a concentração média

pon-derada (CMA-MP) e o TLV-STEL (threshold limit

value, short term exposure limit) em 0,30 ppm. Mais recentemente (1989), a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH)

pro-pôs um TLV-STEL (15 minutos de exposição) de

0,10 ppm (ACGIH, 1992) e o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) recomen-dou um valor de CMA-CM (concentração máxima ou valor-tecto) de 0,10 ppm (NIOSH, 1990). Assinale-se ainda a recomendação da American Society of Heating, Refrigerating and Air Condi-tioning Engineers (ASHRAE), que, como critério de qualidade de ar interior, preconiza uma concentração

máxima de 0,05 ppm (Hunt et al., 1995).

A FAA (Federal Aviation Administration, EUA),

baseada nos valores propostos pela OSHA, emitiu

um documento (Notice n.o 78-150, de 27 de

Setem-bro de 1978) onde, no essencial, é estipulado que em todos os voos realizados a altitudes acima de 18 000 pés e com duração superior a três horas, não deve

(1) ser excedida a concentração de 0,25 ppm de O3

(valor máximo instântaneo ou «valor-tecto») nem, simultaneamente, (2) ser ultrapassado o valor médio de 0,10 ppm, referente a um (qualquer) período de duas horas (FAA, 1978; Ballouet, 1996).

2. Metodologia

O estudo foi realizado num conjunto de quatro

aero-naves Airbus A340-300 nas rotas comerciais

Lisboa--Macau e Macau-Lisboa, consistindo na recolha de dados em oito voos realizados no período do Outono/ Inverno e dez voos realizados na Primavera.

A avaliação ambiental efectuada no interior da cabina

abrangeu a medição da concentração de ozono no ar.

As amostras de ar foram colhidas a 1,00 metros do solo, num ponto fixo da cabina do avião (fila 27, lugar A ou J da classe económica).

Para medição da concentração de ozono (em partes por milhão — ppm ou partes por bilião — ppb) foi utilizado um fotómetro de absorção ultravioleta

(modelo 1008-PC, Dasibi, Glendale, CA), com um

gerador de ozono incorporado, que pode funcionar como unidade de calibração. O equipamento é baseado num sistema em que o ar atravessa uma célula de absorção, onde se situa um detector que quantifica a radiação ultravioleta e que, através de um microprocessador, realiza automaticamente a correcção em relação à temperatura (0 a 45°C) e à pressão (0,66 a 1,20 ATM, isto é, 500 a 900 TORR). Trata-se de um analisador fotométrico por ultravio-leta com um intervalo compreendido entre 0,0 e 1,0 ppm (sendo o limite inferior de detecção 0,002 ppm), utilizado em diversos estudos

ambien-tais de exposição ao ozono (Allen et al., 1978;

Farrell et al., 1979; Leach e Sandals, 1980; Gliner

et al., 1980; Horvath et al., 1981; Kleinman et al.,

1981; Linn et al., 1982; McDonnell et al., 1983;

1985; Folinsbee et al., 1984; Kulle et al., 1984;

Kehrl, 1985; Seltzer et al., 1986; Lioy et al., 1987;

Tyler et al., 1988; Drechsler-Parks et al., 1989;

Hazucha et al., 1992).

O analisador contém um fotómetro que determina a quantidade de luz que atravessa determinada área, possuindo, para tal efeito, uma fonte e um detector de radiação ultravioleta. A quantificação do ozono resulta da atenuação, pelas respectivas moléculas, da radiação ultravioleta.

Para uma boa sensibilidade é requerido um período prévio de ligação do equipamento da ordem de trinta minutos. Por isso, a referida ligação era efectuada com a aeronave ainda no solo, procedendo-se mais tarde à colheita de dados (com início um a três minu-tos após a descolagem, por imposição das regras de segurança de voo).

Os dados foram registados de dez em dez segundos, sendo transferidos, após correcção automática relati-vamente à pressão e temperatura, para um computa-dor portátil.

A ligação do equipamento ao sistema eléctrico da aeronave foi efectuada através de um conversor de

corrente, modelo Invertron 1201WP (California

Instruments), que transforma a corrente contínua ge-rada pelo avião (400 Hz/115 V DC) em corrente al-terna (50 Hz/220 V AC).

(4)

Foram sistematicamente verificados no início de cada sessão de colheita de dados os parâmetros técnicos relativos ao equipamento e foi feita a renovação periódica dos filtros de entrada do ar.

Os dados foram tratados em suporte informático,

uti-lizando-se os programas Microsoft Excel®

(Micro-soft Corporation, 1995) e SPSS for Windows®.

Para a comparação entre médias (Mello, 1993; Mello, 1997) dos parâmetros de natureza ambiental utilizou-se um teste paramétrico, o teste t de Student--Fisher.

Utilizou-se o nível de significância de 5%, admi-tindo-se existir diferença estatisticamente significa-tiva quando a probabilidade de significância foi infe-rior a 0,05.

3. Resultados

3.1. Concentrações de ozono na cabina

As concentrações de ozono medidas no ar interior da cabina caracterizam-se por uma grande variabilidade, tendo sido medidos, nos voos realizados no período

Outono/Inverno (Figuras 1 a 8), valores

compreendi-dos entre 3 ppb e 39 ppb.

No mesmo período, a moda das concentrações de

ozono em cada voo situou-se em valores de 8 e 9 ppb, com excepção do primeiro voo, na rota

Macau-Lisboa (Figura 2), em que esse valor foi de

13 ppb, com uma média de 17,5 ppb e um intervalo de variação de 3 a 39 ppb.

Figura 1

Concentração de ozono na cabina: primeiro voo (Lisboa-Macau)

Figura 2

Concentração de ozono na cabina: primeiro voo (Macau-Lisboa)

| | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541

ozono (ppb)

20 —

10 —

0 —

tempo (minutos)

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

ozono (ppb)

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

(5)

Figura 3

Concentração de ozono na cabina: segundo voo (Lisboa-Macau)

| | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

tempo (minutos)

Figura 4

Concentração de ozono na cabina: segundo voo (Macau-Lisboa)

Figura 5

Concentração de ozono na cabina: terceiro voo (Lisboa-Macau)

| | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661

tempo (minutos)

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

(6)

Figura 6

Concentração de ozono na cabina: terceiro voo (Macau-Lisboa)

Figura 8

Concentração de ozono na cabina: quarto voo (Macau-Lisboa) Figura 7

Concentração de ozono na cabina: quarto voo (Lisboa-Macau)

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

| | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661

tempo (minutos)

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

(7)

Independentemente das aeronaves utilizadas, que no Outono/Inverno foram quatro unidades disponíveis nas rotas comerciais estudadas (aeronaves A, B, C e D), os valores dos parâmetros de tendência central (bem como dos intervalos de variação) relativos à concentração de ozono na cabina foram muito seme-lhantes nos oito voos efectuados, excepção feita ao já mencionado primeiro voo (Macau-Lisboa).

Os registos de concentrações de ozono no Outono/ Inverno reportam-se a períodos de colheita de dados variáveis, o que, naturalmente, se encontra relacio-nado com o tempo de duração dos voos. Essa varia-ção oscila entre 9 h e 51 minutos e 12 h e 53 minu-tos.

Na generalidade dos casos, a distribuição gráfica dos valores registados tem, no período mencionado, uma configuração em «dente de serra» com pequena amplitude de variação, exceptuando-se o primeiro voo na rota de regresso, cuja expressão gráfica traduz variações de maior amplitude em todo o tempo de

voo, sobretudo na segunda metade (Figura 2).

Na maioria dos voos realizados nas estações do ano mais frias a maior variabilidade das concentrações de ozono observa-se na fase inicial de voo (primeiras duas ou três horas).

Convém destacar que os voos efectuados na rota comercial Macau-Lisboa têm, de modo sistemático, uma duração superior aos realizados em sentido inverso. Tal circunstância relaciona-se, por certo, com factores de ordem meteorológica, designada-mente o sentido dominante dos ventos.

Em todos os voos efectuados na época Outono/ Inverno, os valores mais elevados da concentração de ozono não ultrapassaram 16 ppb, com excepção do já mencionado voo Macau-Lisboa.

No mesmo período, todos os aviões (Airbus, modelo

A340-300) foram utilizados, a aeronave D apenas uma vez e as três restantes em, no mínimo, dois voos. A mais ampla variação das concentrações de ozono

foi observada na aeronave D no decurso do voo

Macau-Lisboa (Quadro I).

Nos voos realizados na Primavera com as mesmas aeronaves e nas mesmas rotas comerciais verifica-ram-se concentrações de ozono que variaram entre um valor mínimo de 0 ppb e um valor máximo de

152 ppb (Figuras 9 a 16).

Com excepção do quinto voo, as concentrações de ozono na cabina no período da Primavera revelam um perfil de valores bem diverso do perfil observado na colheita de dados realizada nas estações do ano mais frias.

O perfil do registo das concentrações de ozono na cabina do avião no período da Primavera é, sistema-ticamente, constituído por valores médios mais eleva-dos do que os observaeleva-dos nas estações do ano mais frias e por uma maior amplitude dos parâmetros de dispersão das distribuições de valores ao longo dos

dez voos estudados (Figuras 9 a 16).

No quinto voo, realizado no decurso da Primavera, a variação das concentrações de ozono na cabina do avião, ainda que com um aumento de amplitude, apresenta uma distribuição semelhante aos primeiros

Quadro I

Concentração de ozono nos voos de Outono/Inverno

Aeron. N.o Reg. Interv. M m VAR DP Média Med. Moda

A 591 17 11 4 10,76 0,873 18,47 19 19

D 750 36 39 3 67,27 8,202 17,50 15 13

B 655 10 14 4 11,07 1,033 18,42 18 18

C 722 11 14 3 10,47 0,684 18,55 19 19

A 672 13 16 3 10,87 0,931 18,57 19 19

B 746 17 12 5 10,38 0,613 18,53 19 18

B 661 19 13 4 10,60 0,776 18,62 19 19

C 773 17 11 4 10,50 0,706 18,65 19 19

Aeron. — aeronave; N.o Reg. — número de registos; Interv. — intervalo de variação (amplitude); M — valor máximo;

(8)

Figura 9

Concentração de ozono na cabina: quinto voo (Lisboa-Macau)

Figura 10

Concentração de ozono na cabina: quinto voo (Macau-Lisboa)

Figura 11

Concentração de ozono na cabina: sexto voo (Lisboa-Macau)

| | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481

tempo (minutos)

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

tempo (minutos)

ozono (ppb)

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

| | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661

tempo (minutos)

ozono (ppb)

70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

| | | | | | | | | | | | | |

(9)

Figura 13

Concentração de ozono na cabina: sétimo voo (Lisboa-Macau)

Figura 14

Concentração de ozono na cabina: sétimo voo (Macau-Lisboa) Figura 12

Concentração de ozono na cabina: sexto voo (Macau-Lisboa)

| | | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721 781 70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

ozono (ppb)

tempo (minutos)

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

ozono (ppb)

| | | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721 781

tempo (minutos)

70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

(10)

quatro voos (Figuras 9 e 10). Nos restantes voos realizados no período da Primavera, a imagem gráfi-ca dos registos deixa de apresentar uma distribuição em «dente de serra» e revela variações de concentra-ção de ozono com uma mais elevada amplitude de variação, que adicionalmente é mais mantida no tempo.

Por oposição aos voos realizados no Outono/Inverno, não se observa qualquer elemento que possa consti-tuir uma característica comum a todos os voos rea-lizados na Primavera. De facto, as oscilações mais significativas das concentrações de ozono são obser-vadas em qualquer fase dos voos.

A característica comum dominante dos registos de ozono no período da Primavera reside na grande (e

permanente) variabilidade dos teores de concentra-ção, sendo, por vezes, atingidos valores superiores a 50 ppb. No caso concreto do oitavo voo (rota Macau--Lisboa), chegou mesmo a verificar-se uma

concen-tração de 152 ppb (Figura 16).

Os valores médios por voo são mais elevados na estação quente do que os registados no Outono/

Inverno, situando-se os valores modais entre 9 e

17 ppb. Quanto aos intervalos de variação, a sua amplitude máxima cifrou-se em 152 ppb, ao passo que nos voos realizados entre Dezembro e Fevereiro o valor correspondente foi de 36 ppb.

Em alguns dos dez voos realizados observaram-se acentuados picos de concentração de ozono, de curta duração (dez-vinte minutos, na maioria dos casos),

Figura 16

Concentração de ozono na cabina: oitavo voo (Macau-Lisboa) Figura 15

Concentração de ozono na cabina: oitavo voo (Lisboa-Macau)

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

ozono (ppb)

| | | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721 781

tempo (minutos)

ozono (ppb)

200 —

150 —

100 —

50 —

(11)

predominantemente localizados no primeiro e no último terço do voo. Os valores mais elevados ocor-riam na proximidade temporal das manobras de des-colagem e de aterragem.

A análise dos resultados relativa ao teor de ozono durante os voos realizados na Primavera, revela con-centrações que variam entre 0 e 65 ppb, com excepção do oitavo voo (Macau-Lisboa), em que a amplitude do

intervalo de variação foi mais acentuada (Quadro II).

No período da Primavera, as curvas de distribuição das concentrações de ozono caracterizaram-se por uma dispersão mais acentuada do que a correspondente aos

valores medidos no Outono/Inverno. No caso do oitavo voo (Macau-Lisboa), a média das concentra-ções cifrou-se em 24,75 ppb, com um desvio-padrão de 16,27 ppb. No mesmo voo (rota Lisboa-Macau) o

valor da moda foi 16 e no nono voo (Macau-Lisboa)

17 ppb; este foi o mais alto valor registado no conjunto de voos realizados na Primavera.

Os valores de concentração do ozono, agregados por estação do ano (Quadro III e Figura17), foram

sig-nificativamente menos elevados (p< 0,0001) no

Outono/Inverno (5570 registos) do que na Primavera (7446 registos).

Quadro II

Concentração de ozono nos voos da Primavera

Aeron. N.o Reg. Interv. M m VAR DP Média Med. Moda

CS-TOD 511 117 119 2 113,94 11,99 18,17 18 19

CS-TOB 833 146 149 3 113,63 11,90 18,68 19 19

CS-TOD 708 130 138 8 124,76 14,98 18,71 17 15

CS-TOD 816 155 155 0 193,26 19,66 20,21 17 14

CS-TOB 729 132 132 0 115,45 13,93 15,45 15 14

CS-TOB 804 140 140 0 150,36 17,00 13,60 12 19

CS-TOD 735 130 131 1 110,43 13,23 17,20 17 16

CS-TOC 812 152 152 0 264,57 16,27 24,75 21 14

CS-TOC 724 165 165 0 119,72 14,44 14,17 14 13

CS-TOD 774 154 155 1 198,45 19,92 21,76 19 17

Aeron. — aeronave; N.o Reg. — número de registos; Interv. — intervalo de variação (amplitude); M — valor máximo;

m — valor mínimo; VAR — variância; DP — desvio-padrão; Med. — mediana.

Figura 17

Concentração de ozono na cabina: nono voo (Lisboa-Macau)

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

(12)

Em síntese, não apenas ocorrem valores de concen-tração média de ozono mais elevados na Primavera, como também existe uma maior variação das concen-trações de ozono no decorrer dos próprios voos, esta última evidenciada por valores do desvio-padrão mais altos na Primavera (9,36) do que nas estações frias (4,35).

No Outono/Inverno (Figura 20), a amplitude dos

intervalos de variação das concentrações ao longo do voo é pouco expressiva, ao contrário do que sucede

na Primavera (Figura 21).

A representação gráfica (Figura 20) das distribuições dos valores de concentração de ozono ilustra, de modo inequívoco, o carácter atípico do registo res-peitante ao primeiro voo (rota Macau-Lisboa). No período compreendido entre Abril e Junho, as concentrações de ozono na cabina caracterizam-se por uma maior dispersão dos valores em torno de

valores médios mais elevados (Figura 21). Estes

aspectos são postos em evidência no gráfico da

Figura 22.

Com excepção do terceiro e quarto voos, realizados no período de Inverno, os valores médios das con-centrações de ozono são mais elevados nas rotas Macau-Lisboa do que os verificados nas rotas

Lis-boa-Macau (Quadro IV). As diferenças observadas

são estatisticamente significativas.

3.2. Concentrações de ozono por aeronave

Nos dezoito voos foram utilizadas todas as aeronaves

Airbus A340-300 afectas às rotas comerciais estudadas. Contudo, uma das aeronaves (A) só foi utilizada no período Outono/Inverno, tendo realizado dois voos. Não se verificaram diferenças estatisticamente

signi-Figura 18

Concentração de ozono na cabina: nono voo (Macau-Lisboa)

Quadro III

Concentração de ozono na cabina por estação do ano

Voos N.o Reg. Interv. M m VAR DP Média t de Student

Outono/Inverno 5 570 136 139 3 19 4,35 19,75 p< 0,0001

Primavera 7 446 152 152 0 88 9,36 16,54

N.o Reg. — número de registos; Interv. — intervalo de variação (amplitude); M — valor máximo; m — valor mínimo;

VAR — variância; DP — desvio-padrão.

| | | | | | | | | | | | |

1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721

tempo (minutos)

70 —

60 —

50 —

40 —

30 —

20 —

10 —

0 —

(13)

Figura 21

Concentração de ozono na cabina: Primavera Figura 19

Ozono na cabina: concentração (ppb) por época do ano

Figura 20

Concentração de ozono na cabina: Outono/Inverno

30

20

10

0

Outono/Inverno Primavera

O3 ppb (média/DP)

Estação do ano

Teste de Levene para igualdade das variâncias: F= 1318,85 (p< 0,0001);

t de Student = 55,14 (p< 0,0001).

O3 (ppb) 50

40

30

20

10

0

Voos Outono/Inverno

Ida 1 Ida 2 Ida 3 Ida 4 Reg 1 Reg 2 Reg 3 Reg 4

Ida 5 Ida 6 Ida 7 Ida 8 Ida 9 Reg 5 Reg 6 Reg 7 Reg 8 Reg 9

Voos Primavera

O3 (ppb) 160

120

80

40

(14)

Figura 22

Concentração de ozono na cabina: épocas do ano

Quadro IV

Concentração de ozono na cabina por rotas de voo

Voos N.o Reg. VAR DP Média t de Student*

1.o voo (ida) 591 111 10,87 18,47

1.o voo (regr.) 750 167 18,20 17,50 p< 0,0001

2.o voo (ida) 655 111 11,03 18,41

2.o voo (regr.) 722 110 10,68 18,54 p< 0,008

3.o voo (ida) 672 111 10,93 18,56

3.o voo (regr.) 746 110 10,61 18,53 p< 0,422 ns

4.o voo (ida) 561 111 10,76 18,63

4.o voo (regr.) 873 111 10,72 18,64 p< 0,883 ns

5.o voo (ida) 511 114 11,99 18,17

5.o voo (regr.) 833 114 11,90 18,68 p< 0,0001

6.o voo (ida) 708 125 14,98 18,71

6.o voo (regr.) 816 193 19,66 20,21 p< 0,0001

7.o voo (ida) 729 115 13,93 15,45

7.o voo (regr.) 805 150 17,09 13,59 p< 0,0001

8.o voo (ida) 735 111 13,25 17,19

8.o voo (regr.) 812 265 16,27 24,75 p< 0,0001

9.o voo (ida) 724 120 14,43 14,18

9.o voo (regr.) 773 198 19,91 21,78 p< 0,0001

N.o Reg. — número de registos; VAR — variância; DP — desvio-padrão; * t de Student para

amostras independentes. 50

40

30

20

10

0

O3 (ppb)

Voos

I1 R1 I2 R2 I3 R3 I4 R4 I5 R5 I6 R6 I7 R7 I8 R8 I9 R9

ficativas entre os valores de concentração do ozono medidos naqueles dois voos.

Em todas as outras aeronaves, os valores de concen-tração do ozono na cabina foram, na Primavera, sig-nificativamente mais elevados do que na época Outono/Inverno.

Na aeronave de matrícula B verificaram-se, à

excep-ção do 5.o voo, teores de concentração de ozono na

cabina mais elevados no período da Primavera

(Qua-dro V).

(15)

excepção do terceiro voo (Macau-Lisboa) e do quarto voo (Lisboa-Macau), quando comparados com o quinto

voo na rota comercial Macau-Lisboa (Quadro VI).

Também na aeronave C (Quadros VII e VIII) a

con-centração de ozono na cabina foi significativamente

mais elevada no período da Primavera (dois voos) do que nos outros dois voos realizados em Janeiro e Fevereiro pelo mesmo avião.

Na época Outono/Inverno, a aeronave CS-TOD apenas

uma vez constituiu objecto de estudo. Neste voo foram

Quadro V

Concentração de ozono na cabina (aeronave B)

Voo Interv. M m VAR DP Média Med. Moda

2.o voo (ida) 10 14 4 11,07 1,03 18,42 18 18

3.o voo (regr.) 17 12 5 10,38 0,61 18,53 19 18

4.o voo (ida) 19 13 4 10,60 0,78 18,62 19 19

5.o voo (regr.) 46 49 3 13,63 1,90 18,68 19 19

7.o voo (ida) 32 32 0 15,45 3,93 15,45 15 14

7.o voo (regr.) 40 40 0 50,36 7,00 13,60 12 19

Interv. — intervalo de variação (amplitude); M — valor máximo; m — valor mínimo; VAR — variância; DP — desvio-padrão; Med. — mediana.

Quadro VI

Aeronave B — concentração de ozono por estação do ano

2.o Voo (ida) 3.o Voo (regr.) 4.o Voo (ida)

Voo valor p* valor p* Valor p*

2.o voo (ida)

3.o voo (regr.)

4.o voo (ida)

5.o voo (regr.) 1– 2,92 < 0,011 1– 1,93 ns 1– 0,75 ns

7.o voo (ida) – 49,65 < 0,001 – 46,84 < 0,001 – 48,53 < 0,001

7.o voo (regr.) – 15,02 < 0,001 – 19,21 < 0,001 – 14,85 < 0,001

* valor de p (t de Student).

Quadro VII

Concentração de ozono na cabina (aeronave C)

Voo Interv. M m VAR DP Média Med. Moda

2.o voo (regr.) 111 114 3 110,47 10,68 18,55 19 19

4.o voo (regr.) 117 111 4 110,50 10,71 18,65 19 19

8.o voo (regr.) 152 152 0 264,57 16,27 24,75 21 14

9.o voo (ida) 165 165 0 119,72 14,44 14,17 14 13

(16)

observadas concentrações de ozono atipicamente ele-vadas, se cotejadas com as dos restantes voos, na

mesma estação do ano (Figura 20). Na Primavera, a

aeronave CS-TOD realizou cinco voos (Quadro IX).

Mesmo considerando o registo atípico, os teores de concentração de ozono no interior da cabina foram, em três casos, mais elevados na época da Primavera

(Quadro X). Nos dois voos restantes verificou-se: num caso, a inexistência de diferenças com signifi-cado estatístico; no outro, e um tanto contraditoria-mente, a concentração ambiental de ozono registada no mês de Dezembro foi significativamente mais ele-vada do que a do quinto voo (rota comercial Lisboa--Macau), realizado na Primavera.

Quadro VIII

Aeronave C — concentração de ozono por estação do ano

2.o Voo (regr.) 4.o Voo (regr.)

Valor p* Valor p*

2.o voo (regr.)

4.o voo (regr.)

8.o voo (regr.) – 31,89 < 0,001 – 27,59 < 0,001

9.o voo (ida) – 33,66 < 0,001 – 33,16 < 0,001

* Valor de p (t de Student).

Quadro IX

Concentração de ozono na cabina (aeronave D)

Voo Interv. M m VAR DP Média Med. Moda

1.o voo (regr.) 36 39 3 67,27 8,20 17,50 15 13

5.o voo (ida) 17 19 2 13,94 1,99 18,17 18 19

6.o voo (ida) 30 38 8 24,75 4,98 18,71 17 15

6.o voo (regr.) 55 55 0 93,26 9,66 20,21 17 14

8.o voo (ida) 30 31 1 10,43 3,23 17,20 17 16

9.o voo (regr.) 54 55 1 98,45 9,92 21,76 19 17

Interv. — intervalo de variação (amplitude); M — valor máximo; m — valor mínimo; VAR — variância; DP — desvio-padrão; Med. — mediana.

Quadro X

Aeronave D — concentração de ozono por estação do ano

1.o Voo (regr.)

Voo Valor p*

1.o voo (regr.)

5.o voo (ida) 20,30 < 0,001

6.o voo (ida) – 3,30 < 0,011

6.o voo (regr.) – 8,70 < 0,001

8.o voo (ida) 0,83 ns

9.o voo (regr.) – 16,96 < 0,001

(17)

4. Discussão

Diversos estudos realizados desde o início dos anos 60 (Bennett, 1962; Brabets, 1963; Jaffe e Estes, 1963;

Bischof, 1973; Holdeman et al., 1978, cit. por

Tashkin et al., 1983; Briehl e Perkins, 1978;

Van-Heusden e Mans, 1978; Reed et al., 1980; Schadell

et al., 1987; Ballouet, 1996) revelaram que a exposi-ção profissional a ozono em aviões subsónicos pode

atingir concentrações de O3 superiores às

concentra-ções máximas admissíveis (FAA, 1978; NIOSH, 1990; INRS, 1996), tanto no que respeita às

concen-trações médias ponderadas (CMA-MP) como no caso

das concentrações máximas instantâneas (CMA-CM)

ou de curta duração (TLV-STEL: threshold limit

value, short term exposure limit).

O presente estudo foi realizado exclusivamente em

aeronaves Airbus de modelo A340-300. Tal escolha

deveu-se, entre outras razões, à circunstância de a qualidade do ar interior da cabina se encontrar, nestes aviões e na perspectiva de uma eventual exposição profissional a ozono, insuficientemente estudada. De facto, quase todos os estudos publicados sobre expo-sição a ozono no interior de cabinas foram realizados em aeronaves de origem americana (Bischof, 1973; Van-Heusden, 1978; Reed et al., 1980;Taskin et al.,

1983; Schadell et al., 1987).

Neste contexto, o estudo decorreu nas duas épocas do ano em que são de esperar valores extremos de con-centração atmosférica de ozono (Tiefenau et al., 1973; Wilcox et al., 1977; Lioy e Sanson, 1979; Reed et al.,

1980; Hilsenrath e Schlesinger, 1981; Logan, 1985; Schadell et al., 1987; Melton, 1989; Ballouet, 1996), procurando-se desse modo avaliar a eventual influên-cia daquele factor ambiental nas concentrações de O3.

No período de Outono/Inverno, as concentrações de

ozono medidas no ar interior da cabina dos Airbus

A340 encontram-se predominantemente situadas

entre 8 e 9 ppb (valores de moda), não tendo sido

excedido o valor médio (por voo) de 17,5 ppb nem o valor máximo instantâneo (em todos os voos) de 39 ppb. Estas baixas concentrações estão, por certo, relacionadas com o mencionado novo tipo de turbi-nas de propulsão e com a actual utilização, de modo sistemático, de conversores de ozono.

Por certo também relacionada com as características dos novos motores de propulsão é a circunstância de no presente estudo não ter sido observado qualquer aumento dos teores de ozono no ar interior da cabina durante as manobras de «aproximação» à pista que antecedem a aterragem. A tendência verificada foi mesmo para uma diminuição, ainda que ligeira, daqueles valores.

Na década de 70, pelo contrário, os motores utiliza-dos na aviação comercial, por se encontrarem a uma

mais baixa rotação, não atingiam naquele tipo de manobras as temperaturas de dissociação do ozono, provocando sistematicamente aumento dos teores daquele gás no ar interior da cabina (Jaffe, 1967; Taskin et al., 1983).

Na Primavera, estação do ano em que a formação

de ozono é mais intensa (Stokinger, 1954; Young et

al., 1962; Tiefenau et al., 1973; Wilcox et al., 1977;

Lioy e Samson, 1979; Reed et al., 1980; Hilsenrath

e Schlesinger, 1981; Logan, 1985; Schadell et al.,

1987; Melton, 1989; Ballouet, 1996), as

concentra-ções de O3 atingiram, nas mesmas aeronaves e rotas

comerciais, valores significativamente mais eleva-dos do que no período de Outono/Inverno. A con-centração máxima observada no conjunto dos dez voos realizados cifrou-se em 152 ppb (0,152 ppm), ou seja, cerca de metade do valor-tecto (concentra-ção que, mesmo instantaneamente, não deve ser

excedida) fixado para o ozono (NIOSH, 1990).

Recorde-se, a propósito, o valor-tecto (CMA-CM)

de 0,10 ppm de O3 recomendado recentemente tanto

pelo NIOSH como pela ACGIH (NIOSH, 1990; ACGIH, 1992).

Outra característica dos resultados obtidos na época da Primavera é uma maior dispersão dos valores de concentração de ozono, associada, na quase

totali-dade dos voos, à existência de curtos períodos (≤ 20

minutos) em que se registam valores bastante eleva-dos. Estes «picos de concentração», embora sejam sempre observados no primeiro ou no último terço do voo, nunca coincidem com o tempo de preparação das manobras de descolagem ou aterragem da aero-nave.

A maior variabilidade dos valores de concentração

de O3 corresponderá, por certo, a oscilações da

for-mação de ozono no ar exterior relacionadas com diversos factores, tais como a hora do dia (Schöet-tlin e Landau, 1961; Young et al., 1962; Schwartz et al., 1976; Lioy et al., 1985; Rombout et al., 1986; Tyler et al., 1988; Hazucha et al., 1994; Hazucha et al., 1992; Devlin, 1997) e as condições meteoroló-gicas, nomeadamente no que respeita à turbulência do ar e aos sistemas de altas e baixas pressões

(Jaffe, 1967; Lioy e Samson, 1979; Nastrom et al.,

1980).

Sendo significativamente mais elevadas do que no Outono/Inverno, as concentrações de ozono atingidas no período da primavera não ultrapassam, contudo, valores (médios) da ordem de 25 ppb, ou seja, cerca de um quarto do CMA-MP, e raramente ultrapassam

o LOAEL (lowest observed adverse effect level) que,

segundo Rombout et al., se situa entre 75 e 150 ppb

(Rombout et al., 1986).

(18)

cri-térios previstos na norma da FAA já anteriormente pormenorizada (FAA, 1980), devendo também ser atribuída ao moderno sistema de ventilação das aero-naves uma influência decisiva nos baixos teores de concentração de ozono observados no interior da

cabina (Fabian e Pruchniewicz, 1977; Nastrom et al.,

1980; Reed et al., 1980; Melton, 1989).

Outro aspecto investigado foi a existência de

possí-veis diferenças nas concentrações de O3 consoante a

aeronave utilizada. Dos quatro aviões estudados, somente três realizaram voos em ambas as épocas do ano, tendo nestes sido sempre observados valores significativamente mais altos na Primavera do que no período de Outono/Inverno. Simultaneamente, não foram identificadas entre as três aeronaves diferenças com significado estatístico.

5. Conclusões

A exposição a ozono em cabina de avião nas aerona-ves e rotas comerciais estudadas caracterizou-se por

valores médios de concentração de O3 situados

abaixo dos valores susceptíveis de provocarem efei-tos adversos sobre o aparelho respiratório. Assim, adicionalmente, verificou-se ter sido cumprida, em

todos os voos, a norma da FAA (Notice n.o 78-150,

de 27 de Setembro de 1978) respeitante à protecção da exposição a ozono em cabinas de aviões comer-ciais.

Em termos de valor máximo instantâneo («valor--tecto»), as concentrações de ozono mais elevadas

foram observadas na época da Primavera, tendo sido

atingido o valor de 152 ppb em apenas um dos dezoito voos realizados. Este valor-tecto situou--se, assim, abaixo da CMA-CM fixada pela FAA

(0,25 ppm) e do TLV-STEL fixado pela OSHA

(0,30 ppm).

Os valores médios de concentração de ozono

obser-vados na Primavera, período em que ocorre maior

formação de O3, foram significativamente mais

eleva-dos do que no Outono/Inverno, constatando-se,

assim, a influência das estações do ano sobre os teo-res de ozono.

A monitorização contínua, durante todo o tempo de voo, dos teores de ozono no ar interior da cabina

das aeronaves Airbus A340-300 revelou, em

opo-sição a estudos previamente realizados, que as manobras de aterragem (durante as quais os moto-res funcionam a baixa rotação) não provocam

aumento de O3. Pelo contrário, foi observada uma

diminuição ligeira daqueles teores, por certo rela-cionada com os conversores catalíticos de ozono que actualmente equipam o sistema de ventilação das aeronaves.

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Summary

OZONE EXPOSURE IN AIRCRAFT CABINS

Ozone is the main component involved in photochemical pollution of the air. As an irritant of the respiratory system, its effects on the health of those exposed to it are characterized essentially by coughing, shortness of breath, chest pain or tightness and alterations to the mechanical pulmonary function. Additionally, a higher frequency and severity of asthmatic exacerbations and the occurrence of eye irritation are linked to environmental exposure to O3 .

From the 1950s onwards, with the discovery of high concentrations of ozone in work environments involved in the execution of arc welding, this gas came to be regarded as an occupational risk fac-tor. In the early 1960s the first studies on the exposure to O3 in

aircraft cabins appeared, prompted by the occurrence of clinical complaints of irritation of the respiratory tract in crewmembers and passengers. The symptoms had hitherto been attributed to the action of other factors, such as the ventilation system and low level of humidity in the air. Subsequent studies revealed that, in sub-sonic commercial flights, the high levels of O3 registered inside the

cabins could be caused by the insufficient destruction of ozone in the air supply systems.

The present study — involving flight personnel in real work situations during long-haul Airbus A340-300 flights on a single commercial route — aims to evaluate the exposure to ozone in the air inside aircraft cabins.

The average levels of ozone concentration observed were lower than the values generally considered to provoke adverse effects on the respiratory system. The maximum concentration («ceiling value») measured was that of 152 ppb. In addition to this the influence of the seasons on the O3 levels was also established.

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