• Nenhum resultado encontrado

Discussões no Conselho: da cultura de Estado à cultura de Mercado – Um estudo sobre a ação do Conselho Federal de Cultura (1974 - 1990)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Discussões no Conselho: da cultura de Estado à cultura de Mercado – Um estudo sobre a ação do Conselho Federal de Cultura (1974 - 1990)"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Renata Duarte

Discussões no Conselho: da cultura de Estado

à cultura de Mercado – Um estudo sobre

a ação do Conselho Federal de

Cultura (1974 - 1990)

Resumo

O presente artigo visa analisar a atuação política do Conselho Federal de Cultura - um órgão criado no período da Ditadura civil-militar brasileira - que existiu até 1990, atravessando um importante período da História do Brasil, possibilitando desta

Palavras -Chave

Conselho Federal de Cultura; Lei Sarney; Políticas Culturais.

forma diversos questionamentos a respeito da concepção de Cultura. O artigo terá seu enfoque no período compreendido entre 1974 e 1990, com maior ênfase na década de oitenta.

(2)

Criado em 1966 no âmbito da ditadura militar, o Conselho Federal de Cultura tinha por missão atender a uma demanda do regime recém-instaurado: Formular uma política cultural para o país. Esse empenho governamental tinha por objetivo suprir um campo que sofrera deveras com a “limpeza” ideológica promovida pelo novo Regime, que extinguiu a Comissão de Cultura Popular, o Programa Nacional de Alfabetização, o Conselho Consultivo do Serviço de Teatro Nacional, entre outros. Uma vez calados os “focos difusores” de cultura subversiva, se fazia mister propor uma outra política cultural, que estivesse alinhada com a nova ideologia vigente. Tal preocupação pode ser vista já em 1965, quando - por meio de portaria ministerial1 - é

composta uma comissão com a finalidade de formular uma política cultural. O presidente desta comissão: Josué Montello, idealizador do CFC e seu primeiro presidente.

O Conselho Federal de Cultura nasce requisitando para suas cadeiras “personalidades eminentes da cultura brasileira e de reconhecida idoneidade.”2 Esses intelectuais eram nomeados

pelo próprio Presidente da República para os cargos de conselheiros e vinham de outras instituições culturais, sobretudo as “tradicionais”, como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e a Academia Brasileira de Letras.

A admissão ao grupo era pautada pelo requisito formal do reconhecimento, o que tornava a avaliação baseada no “mérito”, na “eminência”, logo na subjetividade. Dessa forma, os mais aptos para julgar o mérito de um intelectual são seus próprios pares, que possuem a expertise necessária à avaliação. Essa lógica, já

presente na ABL e no IGHB, foi incorporada à prática do Conselho Federal de Cultura que, apesar de formalmente ser escolhido e nomeado pelo Presidente da República, possuía o poder de

indicar aqueles considerados aptos a assumirem o cargo. Durante seu período de maior atuação (1967-1974) e consequentemente, de maior hermeticidade, apenas o nome de Raquel de Queiroz surge como sugestão do Presidente Castelo Branco, de quem era muito amiga.

O CFC funcionava como um grupo restrito, no qual seus integrantes pertencentes a uma elite intelectual que atuava em diversas instituições, obtinham - com a titulação de Conselheiro - uma espécie de legitimação do seu poder simbólico no campo erudito da alta cultura, uma vez que seu assessoramento era direto ao Ministro da Educação e Cultura.

A coesão do grupo era mantida primeiramente pela própria forma de seleção. Além dos atributos formais já descritos, Maria Quintela, em seu estudo sobre as elites culturais brasileiras (QUINTELA, 1984), atentará para o que ela nomeia de “quadro ideológico consensual”, que funcionaria como um requisito implícito para a convocação. Essa prática, institucionalizada na ABL e no IHGB, irá ser transplantada para o Conselho e será reforçada pela própria essência do Regime.

O inventário dos espaços de sociabilidade frequentados pelos intelectuais que integraram o CFC indica a proximidade dessas personagens com os movimentos intelectuais surgidos a partir da década de 1920, especialmente o modernismo nas suas diferentes fases, o regionalismo, a “reação católica” e o integralismo. (MAIA, 2012, p.133)

O movimento modernista surgido na década de 20 não foi uníssono, ao contrário, teve diversas formas de expressão. Se avaliarmos a trajetória dos componentes do CFC, veremos uma forte ligação com o Movimento Verde e Amarelo e o Grupo Anta3. Preocupados em definir os

(3)

contornos da brasilidade, esses grupos acabaram divulgando ideias ufanistas, que buscavam em elementos considerados representantes da essência nacional a representação da brasilidade4.

Muitos desses intelectuais foram cooptados para dentro do aparelho estatal, principalmente durante o período do Estado Novo. Sua preocupação em definir o ethos nacional

foi apropriada durante o período e culminou em dois pontos principais: a forte ligação entre cultura nacional e consolidação do Estado e a legitimação do intelectual como “homem de pensamento e ação”5.

Uma vez que essa cultura do intelectual - para além de um produtor de cultura - como um homem de atuação política é consolidada no interior do Estado, inúmeros personagens passam a fazer parte dessa organicidade. Suas práticas políticas os levam a manter-se na presidência de instituições, na reitoria de universidades, em mandados no legislativo, em cargos políticos no interior de ministérios, em suma, no interior da máquina estatal.

Instaurado o Regime Ditatorial iniciado com o Golpe de 1964, esses intelectuais já reconhecidos no interior da sociedade, os chamados “intelectuais tradicionais” na perspectiva gramsciana, são recrutados para elaborar a política cultural brasileira. Esse recrutamento buscou os elementos tradicionais e conservadores desses indivíduos. Sua função, mais do que produzir uma diretriz cultural, era legitimar a existência do próprio regime, uma vez que sua presença “tradicional” indicava continuidade, e não ruptura. O Estado concretizaria dessa maneira uma associação com as origens do pensamento sobre cultura brasileira (ORTIZ, 2012).

Os principais ideários que norteavam

as ações do CFC eram o civismo e a tradição. Os esforços para a criação de um sentimento cívico no Brasil datam do final do século XIX. Com a instauração da República (1889) era necessário criar a “História da Pátria”, mais que isso, era necessário gestar uma cultura nacional que funcionasse como um amálgama da nação. O Estado Novo, notadamente, teve um importante papel nesse processo de construção do sentimento de pertencimento. Com o Golpe Militar de 64, esse ideal é retomado para compor as bases de sustentação do regime.

Para poder analisar a importância do civismo no interior de uma sociedade autoritária é importante contrapô-lo ao conceito de cidadania. “O ideário cívico na ditadura civil-militar foi gestado dentro dos padrões estabelecidos pelo fenômeno da cidadania; contudo, radicalizado pelo pensamento conservador e nacionalista, sobrepôs-se ao fenômeno originário” (MAIA, 2012). Na lógica adotada como sustentáculo do regime, os deveres cívicos do cidadão eram postos antes de seus direitos, e o Estado, para cumprir o seu dever maior de defesa da pátria, estava autorizado a retirar do cidadão esses direitos. Os direitos dos cidadãos – civis, políticos ou socais – poderiam ser restritos em nome do “bem maior”, uma vez que um ideal de preservação da coletividade se sobrepunha ao direito do indivíduo.

O CFC incorporou o conceito de civismo aos seus discursos, associando-o a noção de cultura, que teria por finalidade realçar os elementos que compõe a nação, fortalecendo o sentimento de pertencimento a uma coletividade. A visão conservadora e otimista trazida pelos integrantes do Conselho em relação à cultura brasileira tornava-se assim um dos pilares de legitimação do regime. Em termos concretos isso

(4)

se caracterizou no interior do CFC pela produção de obras dedicadas ao tema, pela comemoração de efemeridades, pela preservação de monumentos, pela defesa e valorização de manifestações folclóricas, ou pelo reconhecimento dos feitos dos “grandes homens” que compuseram a nação.

O Estado era compreendido como um defensor dessa cultura nacional. Sua função consistia em protegê-la das influências alienígenas6

que concorriam para descaracterizá-la. Sob tal visão o intervencionismo era visto como uma ação defensiva e não como uma atuação política, e suas ações ganhavam a aparência de neutralidade. Vale frisar que os debates ocorridos em torno da censura nunca foram consensuais entre os conselheiros, e que a posição destes sempre convergia em torno de um pedido por maior liberdade de criação artística, e por uma censura efetivada no interior do MEC. Porém o papel do Estado como defensor da “verdadeira” cultura brasileira frente à cultura soviética, por exemplo - entendida pelos conselheiros como “cultura para todos” em contraposição a cultura democrática nomeada de “cultura para cada um” – era sempre referendado pelo Conselho7. Dentro

desta perspectiva, o aspecto preservacionista-patrimonialista era de suma importância, uma vez que a conservação desses “lugares de memória” era vital para a perpetuação da “verdadeira cultura brasileira”.

O período de maior atuação do CFC compreende os anos de 1967 a 1974, período no qual desempenha um importante papel que envolvia desde a distribuição de verbas para instituições culturais, firmamento e fiscalização de convênios, definição das áreas de atuação do Estado, organização de campanhas para promover a cultura nacional até financiamento para publicação de diversas obras, e ainda sob sua orientação foram implantados vinte Conselhos

Estaduais de Cultura em apenas três anos. Esses Conselhos Estaduais eram similares ao Conselho Federal, e sua instrução era para que todas as ações de cultura locais – estaduais e municipais - passassem por seus respectivos Conselhos, e que esses, em conexão com seu representante na esfera federal, estabelecessem a “integração da nação”, sempre orientados por essa instância superior.

Em termos gerais, o CFC consolidou o início de uma rotina burocrática para a Cultura no interior do Estado civil-militar. Por mais que os Conselhos Estaduais e Municipais carecessem, em sua esmagadora maioria, de recursos para efetivar o funcionamento pleno de suas atividades, é inegável a importância da implementação dessa organicidade. Conscientes desse importante papel, os Conselheiros relembraram que o CFC foi o germe do posterior Ministério da Cultura.

Após 1975, os limites da inserção de um pensamento tradicional no interior de um Estado tecnicista-progressista começaram a se revelar com cada vez mais intensidade. Esse marco temporal dialoga com a periodização proposta por Gabriel Cohen (COHEN, 1984), e é adotada também por Renato Ortiz (ORTIZ, 2012), entre outros pesquisadores do campo da cultura. Em sua análise ele pode identificar dois movimentos distintos na posição do Estado em relação à cultura: o primeiro compreende os anos de 1966 até 1974, marcados pela “entrada” do Estado na cena cultural; o segundo partindo de 1975, quando se pode observar a centralização das políticas pela cúpula do executivo, esvaziando grupos no interior do MEC (Ministério da Educação e Cultura) entre eles, o Conselho, que começa a perder suas funções executivas para órgãos como a DAC - Diretoria de Ação Cultural, a Funarte - Fundação Nacional de Arte e a Fundação Pró-Memória.

(5)

O ano de 1974 significou uma mudança na concepção de Cultura, posta em ação pelo novo Ministro da Educação e Cultura, Ney Braga. Neste ano o Conselho sofreu o primeiro impacto resultante de sua perda de poder de ação. No seu decreto de criação, entre suas atribuições, estava a elaboração de um Plano Nacional de Cultura. Apenas seis meses após sua criação o CFC apresentou seu primeiro anteprojeto de estruturação do plano. Basicamente consistia na instituição de uma rede de auxílios às instituições “clássicas” ligadas ao setor cultural, a saber, Biblioteca Nacional, Museu Histórico-Nacional, Museu de Belas Artes, Instituto Nacional do Livro, Instituto Nacional do Cinema, Serviço Nacional de Teatro, Serviço de Radiodifusão, Diretoria do Patrimônio Artístico Nacional, e as demais instituições subordinadas ao MEC.

O foco do Plano era a formação de uma infraestrutura nas instituições culturais e, com isso, a preservação do patrimônio. As instituições deveriam apresentar um plano quadrianual para estarem aptas a receber os recursos, que por sua vez eram distribuídos pelo CFC. Apesar dos discursos de valorização da cultura regional, as instituições nacionais é quem seriam mais bem assistidas, pois as mesmas deveriam servir de modelo para as instituições estaduais e municipais, demonstrando um traço centralizador do plano8. As dificuldades de aprovar o Plano

junto ao governo levaram o Conselho a modificar mais duas, ou três vezes o projeto - como nos relata Isaura Botelho em seu livro-depoimento (BOTELHO, 2001) - mesmo assim sem sucesso. Em seu lugar, fora aprovada a Política Nacional de Cultura, elaborada por uma comissão técnica ligada a DAC. O caráter do PNC aprovado9

demonstrava a mudança de orientação que a cultura estava passando.

A posição desses intelectuais tradicionais

em relação ao desenvolvimento efetivado pelo Milagre Brasileiro era sempre indicadora de tensão. Seu posicionamento nas plenárias era revelador de uma concepção que opunha, sempre de maneira subjetiva, a técnica e a cultura. Para exemplificar esse pensamento, Renato Ortiz, realiza uma analise desses conceitos na obra de Gilberto Freyre. Segundo o autor:

(...) uma dimensão do universo do pensamento tradicional, que associa intimamente o conceito [cultura] a valores como tradição, religião e humanismo. A polaridade cultura/ técnica não é de natureza conceitual, mas ideológica, e tende a vincular o último termo a todo um mundo de valores que corresponde ao progresso técnico material e à economia (ORTIZ, 2012, p.102).

No interior do discurso do conselho essa tensão aparecerá representada no conceito de “humanismo”. A noção de humanismo é trabalhada abarcando toda uma concepção tradicional de cultura brasileira. Segundo os Conselheiros, a verdadeira essência, o estrato cultural “natural” do brasileiro, seria a vocação para o Humanismo, que nos dias atuais, por desorientação da sociedade, estava sendo substituído por uma noção “tecnicista” e “economicista”, corrompendo a intelectualidade da nação. Em contraposição, o intelectual humanista, era o intelectual tradicional, com uma formação bacharelesca, complementada com o refinamento da cultura erudita. Um dos conselheiros em sua análise sobre a mudança na característica dos intelectuais modernos, utilizou a expressão “asfixia do humanismo”, causada por um movimento que, posterior à Revolução de 1930, teria supervalorizado essa nova concepção de pensamento: a tecnocracia. Esse novo intelectual tecnicista, que segundo o CFC,

(6)

seria carente de “cultura geral” e “consciência do progresso”, era o resultado de um processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil, que durante os anos do Milagre Brasileiro alcançava um pico. No que consistia a cultura a crítica era a mesma, o “popular” era representante da verdadeira brasilidade, enquanto que a cultura de “massa” era associada à técnica, a quantidade e a consequente falta de qualidade.

A nova dinâmica capitalista-internacionalista que estava sendo rapidamente incorporada ao cotidiano do brasileiro impunha novas demandas ao Estado. O crescimento econômico forçou uma mudança de vida drástica para a população. A onda de migração gerou um rápido processo de urbanização, que consequentemente criou novos espaços possíveis de fruição cultural; surgia uma incipiente classe média, mas também aumentavam as desigualdades sociais. A lógica do capital trouxe consigo um mercado consumidor de bens materiais, que demandava toda uma elaboração de bens simbólicos para legitimá-lo. Para tal são criadas nessa época a Telebrás, a Embrafilme, a Funarte, a Radiobrás, a inserção da TV em cores, os grandes conglomerados de mass mídia, como a

Globo e o Grupo Abril, entre outros, que eram incentivados por um Governo que se valia do amplo alcance midiático que os conglomerados passavam a ter para divulgar as ideias chave do Regime, como o “Brasil Grande” e “O país do futuro”. Pouco a pouco, a lógica do mercado era incorporada a “cultura nacional”.

Em resposta a essas demandas, e se contrapondo ao projeto tradicionalista do CFC, o DAC, e os novos órgãos de cultura da estrutura do MEC, começam a tomar como diretriz a distribuição de bens culturais e o incentivo ao seu consumo. A vertente preservacionista não desaparece, mas deixa de se configurar como

prioritária. O discurso oficial, de incentivo ao consumo de bens culturais, ganha uma significação que merece atenção. Se buscarmos a introdução do Ministro Ney Braga, intitulada “Cultura para o Povo”, publicada em 1976 na primeira Revista Cultura editada pelo MEC, e não

mais pelo CFC, veremos o seguinte discurso:

O Ministério rejeita a tese de que a atividade criadora e a função de seus benefícios é privilégio das elites. Essa concepção corresponde a regimes sociais estratificados, aristocráticos ou oligárquicos. (REVISTA CULTURA, n°20, 1976)

O discurso proferido pelo próprio Ministro da Educação e Cultura demonstra um importante processo que estava em curso: Ao contrapor o acesso aos bens culturais a um ideário de sociedade oligárquica, a resultante que se tem é a associação entre “fruição cultural” e “democracia”. Um governo que propicia a sua população o acesso à cultura é um governo que promove a “democracia”, em contraste com a desigualdade de uma sociedade estamental. A cultura popular passa a aparecer nos documentos estatais como a “real” cultura brasileira, compartilhada pela massa, em oposição à cultura elitista, aristocrática, de acesso restrito apenas a alguns, que não poderia representar o “povo brasileiro”. Os desdobramentos dessa leitura são expostos por Ortiz:

O mercado, enquanto espaço social onde se realizam as trocas e o consumo, torna-se o local por excelência, no qual torna-se exerceriam as aspirações democráticas. (ORTIZ, 2012, p.116)

Era o princípio de um processo de realocação do espaço destinado a realização da cidadania. Retido seu campo político de atuação, a cidadania começa a ser percebida no campo

(7)

do mercado, ligada ao consumo. Desta maneira, o Estado brasileiro atendia a duas importantes demandas: explorava a potencialidade do mercado consumidor de bens culturais, e sustentava uma ideologia que identificava a sociedade brasileira como cada vez mais democratizada. A abertura no regime trazia consigo um vasto investimento no campo cultural. O Regime Militar compreendeu dois fenômenos que a priori poderiam parecer

contraditórios: Foi a época em que mais se produziu e se difundiu cultura, ao mesmo tempo foi o período de maior perseguição política e controle ideológico. A censura não bloqueava toda a forma de expressão cultural; ela apenas impedia a divulgação de um tipo de cultura, a cultura politizante, cujo objetivo pedagógico visava conscientizar politicamente as massas.

Em meio a esta conjuntura, o CFC foi esvaziado de seu poder político, se tornando um órgão pouco expressivo, com baixas dotações orçamentárias, mas que continuava a existir no organograma do MEC. Essa situação se manteve praticamente imutável, mas um acontecimento trazia consigo novos ares: A redemocratização. Celso Furtado, que assumia em 1986 já como terceiro Ministro de uma pasta criada há apenas um ano, a da Cultura, faz uma leitura da situação que merece citação:

Vivemos um momento histórico muito particular. Não necessita ser nenhuma “águia”, como se diz, nenhum pensador extraordinário, para sentir que vivemos uma fase muito especial de nosso país, de nossa História em geral. Como a cultura é, de alguma maneira, o segmento mais sensível da vida social, aí a coisa se apresenta com maior força: este momento de tensão em que vivemos. Pode-se chamar de transição, de crise ou de tudo o que se queira; mas, na verdade, não se pode negar que estamos atravessando uma fase muito

particular de nossa História, como se o país estivesse mudando alguma coisa; mudando não digo de fisionomia ou de face, mas em alguns de seus elementos. A História, evidentemente, não obedece a leis que o homem haja descoberto ou inventado. Ela sempre nos surpreenderá. Sempre será alguma coisa que, num momento, virá para nos enriquecer, ainda que seja para nos esmagar.10

A fala do então ministro da cultura Celso Furtado não poderia ser mais precisa. Nos anos que compreenderam o processo de redemocratização do país, a sensação era de transformação. A sociedade clamava por reformas e temia retrocessos. Uma vez livre do julgo autoritário, era chegada a hora de se repensar o Brasil. E repensar o país incluía repensar principalmente suas instituições governamentais. Estava aberto um período de disputas e resignificações de poderes.

No campo da cultura a principal mudança consistia na separação, em dois ministérios, das pastas da Cultura e da Educação. O projeto de criação do novo Ministério pertencia a Tancredo Neves, o primeiro presidente da “Nova República” que surgia após vinte anos de ditadura civil-militar, eleito por voto indireto através do Congresso Nacional. Porém, quem levou a frente a iniciativa foi o Vice-Presidente, José Sarney. Tancredo Neves fora internado um dia antes de sua posse, vindo a falecer cerca de um mês depois. A proposta de criação de um novo Ministério gerava controvérsias. Pessoas ligadas aos órgãos de Cultura temiam que se estivesse trocado uma Secretaria “forte” por um Ministério “fraco”, não apenas do ponto de vista orçamentário, como também político. Na sociedade civil, alguns setores lançavam críticas, nem sempre bem fundamentadas, a respeito da necessidade de se criar um Ministério da Cultura

(8)

em um país subdesenvolvido como o Brasil. Não desprezando também o receio que existia de que o Ministério adotasse uma postura intervencionista para a Cultura.

Em 1986, apenas um ano após a criação do Ministério, um importante marco para a cultura ocorreu: após sua aprovação no congresso, a Lei 7.505/86, que ficou conhecida como Lei Sarney, fora anunciada. Defendendo a lei originária do projeto que havia auxiliado reformular, estava o Ministro Celso Furtado. A concepção de funcionamento da lei era simples: qualquer cidadão poderia abrir mão de parte do valor devido ao governo em seu imposto de renda, para incentivar uma atividade cultural. Um exemplo do funcionamento do mecanismo é dado pelo próprio Ministro em um programa de TV da época:

Bem, para participar da Lei Sarney é necessário que a pessoa seja contribuinte do imposto de renda. Digamos que esse seu quitandeiro seja contribuinte do imposto de renda. Ele precisa, portanto, ser educado nessa direção, é necessário que ele compreenda que uma iniciativa cultural que diz respeito a sua própria vida também passa a depender dele. Se ele está numa cidade pequena, por exemplo, e necessita de um espaço cultural que não existe - de uma biblioteca, de um setor, um lugar onde, por exemplo, se possa ter cinema amador, apoiar grupos de teatro local, qualquer atividade cultural -, ele pode tomar a iniciativa e se reunir com um grupo de pessoas e contribuir com seus próprios recursos para a efetivação desse projeto. (…) Nós queremos é que na cidade onde está esse quitandeiro, as pessoas que fazem teatro, as que se interessam por cinema amador, as que se interessam por qualquer forma de vida cultural, que essas pessoas se organizem, apresentem seus projetos e façam uma campanha dentro de sua própria

comunidade - como se diz, ‘passem um pires’ - e digam: ‘Olha, você que vive aqui, não quer melhorar as condições de vida dessa comunidade?’ Pois nos organizemos11.

A fala do Ministro deixa implícita parte da ideologia contida na iniciativa. Em seu discurso não são as empresas as convocadas para utilizar a Lei, mas os grupos locais, os que residem na comunidade. Ao disponibilizar o incentivo fiscal como forma de financiar as atividades culturais elegidas pelas associações comunitárias, se transfere a essas associações, o poder de escolha desta seleção. Ao conclamar a sociedade a se organizar para acessar a Lei, Celso Furtado realiza um discurso de empoderamento:

E a Lei Sarney veio para, não propriamente para canalizar recursos para a cultura, mas para incitar a sociedade a assumir a iniciativa no plano da cultura. Porque a tendência deste país é tudo esperar do governo, inclusive na cultura, e a Lei Sarney, diz o seguinte: ‘Vocês, instituições culturais da sociedade civil, grupos, etc., tomem a iniciativa, busquem recursos, controlem os recursos’. E o Estado está aí para apoiar essas iniciativas, mas não para substituir a sociedade. (RODA VIVA, TV CULTURA)

O posicionamento adotado por Furtado estava em consonância com diversos apontamentos internacionais relacionados à cultura, como as questões colocadas na Conferência Mundial de Políticas Culturais que ocorrera quatro anos antes de sua posse no México, e cujo documento final não apenas entendia cultura em seu sentido amplo, como sendo “o conjunto dos traços distintivos espirituais, materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade e um grupo social”, como também, no que concerne democracia

(9)

cultural, “não pode ser privilégio das elites nem quanto à produção, nem quanto aos benefícios”. Pois “democracia cultural supõe a mais ampla participação dos indivíduos e da sociedade no processo de criação dos bens culturais, na tomada de decisões que concernem à vida cultural na sua difusão e fruição” (DECLARAÇÃO DO MÉXICO)12.

Observando estas mudanças sociais em curso, estava o Conselho Federal de Cultura. Conscientes do processo de realocação de forças que estava ocorrendo no período de redemocratização, os Conselheiros alertavam uns aos outros sob a possibilidade de ganho de poder político, uma vez que o CFC depois de relegado a esfera apenas normativa, havia sido esvaziado de seu poder de ação. As dotações orçamentárias destinadas ao Conselho eram sempre motivo de reclamações em plenárias, e até suas publicações periódicas, ou passaram para controle do Ministério, como no caso da Revista Cultura, ou tiveram várias vezes sua publicação interrompida como no caso do Boletim do Conselho Federal de Cultura - consistia no “espelho fiel” de suas plenárias, para conhecimento do público13 - que

chegou a ficar três anos sem publicar um único número e que ainda hoje possui números inéditos guardados em arquivo.

(...) gostaria de lembrar que, muito em breve, haverá uma nova administração no País. De toda parte, está havendo sugestões para modificação de órgãos públicos. (...) Creio que seria oportuno que o Conselho, nesse momento, se repensasse um pouco. (BOLETIM DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA, N° 58-59, 1985)

A proposição feita por Sábato Magaldi demonstra essa preocupação, revelada em inúmeras outras falas. Os Conselhos sentiam sua impotência junto às decisões que estavam sendo

tomadas. O projeto de Lei n° 7.793 era de suma importância para o cenário cultural brasileiro, e sua passagem pelo Congresso Nacional mobilizou os Conselheiros, que se utilizou de seu prestígio nos meios políticos para propor uma emenda ao PL 7.793, que originaria a Lei Sarney.

Por um posicionamento político, Celso Furtado fez questão de que o Projeto de Lei tramitasse normalmente pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, ou ao invés de se valer das “medidas-provisórias”, como relata Fábio Magalhães, presidente da Funarte no período (MAGALHÃES, 2012)14. Seu intuito era

dar-lhe força política, e coerência, uma vez que o principal objetivo da lei, segundo o Ministério, era redemocratizar a cultura.

Durante a tramitação na Câmara dos Deputados são propostas nove emendas parlamentares, das quais são aprovadas pelo Congresso apenas duas. Uma delas, a proposta nove, apresentada por Bonifácio de Andrada, vice-líder do PDS (Sucessor do ARENA), consistia em uma modificação na forma de controle da Lei:

EMENDA DE PLENÁRIO AO PROJETO DE LEI N° 7.793, DE 1986, DO PODER EXECUTIVO:

Inclua-se, onde couber, o seguinte artigo: “Art As doações, patrocínios e investimentos, de natureza cultural, mencionados nesta lei, serão comunicados ao Conselho Federal de Cultura, para que possa acompanhar e supervisionar as respectivas aplicações, podendo, em caso de desvios ou irregularidades, serem por ele suspensos. § 1º O Conselho Federal de Cultura, nas hipóteses deste artigo, será auxiliado, repectivamente, pelos Conselhos Estaduais de Cultura e pelos Conselhos de Incentivos Culturais, a serem instalados nos Municípios, segundo Resolução daquele.

§ 2º Os Conselhos de Incentivo Cultural serão compostos de membros

(10)

designados pelo Conselho Federal de Cultura, pelos Conselhos Estaduais de Cultura, pela Municipalidade respectiva e por fundação com representatividade expressiva, existente na localidade.

Para justificar a proposição de sua emenda ao Congresso, o Deputado Bonifácio de Andrada não poderia ser mais assertivo:

A emenda visa prestigiar o Conselho Federal de Cultura que é o órgão competente para

tanto, permitindo que seja auxiliado pelos Conselhos Estaduais de Cultura e pelos Conselhos de Incentivo Cultural dos municípios, os quais são instituídos nesta lei. As entidades municipais, estaduais e a federal, assim envolvidas no sistema, irão permitir que a comunidade possa fiscalizar diretamente a aplicação dos benefícios fiscais, obtidos por esse projeto.

Sala das Sessões, 19 junho de 1986 – Bonifácio de Andrada, Vice-Líder do PDS.” (Grifo meu) ( D.O p. 6.281 a 6.285)15

A emenda aprovada, porém, encontraria dois vetos presidenciais. Os Conselhos de Incentivo Cultural, por terem sua criação determinada por Lei Federal, atentavam contra o princípio de autonomia dos entes da federação, fugindo às prerrogativas da União determinar a criação de um órgão municipal. Desta forma foram suprimidos os capítulos um e dois, sendo incorporado à lei somente o corpo do Artigo, que na Lei se tornou o de número doze.

A Lei inicialmente buscava criar uma organicidade entre os Conselhos, reavivando um antigo projeto do CFC, na medida em que delegava ações não apenas para ele, como também para os Conselhos Estaduais, que se encontravam em uma situação pior que a enfrentada pelo Conselho Federal, no que concernia à participação política e orçamento. A restrição jurídica às designações subsequentes ao

artigo 12 restringiu as possibilidades ofertadas ao CFC.

Subsequente à aprovação da Lei, o que se assiste é uma disputa de projetos políticos para o campo da cultura, encarnadas nas posições do Ministro Celso Furtado e do CFC. Para os Conselheiros, que se utilizavam da força do artigo contido na Lei, que fora democraticamente votada, os investimentos culturais feitos com recursos provindos da isenção fiscal deveriam passar por um crivo técnico, que debateria o valor daquele projeto. Consonantes com seu entendimento de que o desenvolvimento cultural nacional que se almejava estava intimamente ligado à valorização e difusão da chamada “cultura erudita”, o CFC se propunha como um corpo técnico apto a elaborar esse julgamento, uma vez que ali se encontravam personalidades eminentes da cultura brasileira, ligados às diversas formas de manifestação artística.

A concepção de empoderamento da sociedade defendida por Furtado entrava em franca contradição com a proposta do Conselho, uma vez que para ele, deveria caber somente à sociedade o poder de escolha dos bens culturais a serem incentivados. Não era admissível, se analisarmos os discursos de defesa da Lei proferidos pelo Ministério, que um grupo de intelectuais, pertencentes a esferas governamentais, tivesse um poder de veto sob uma escolha realizada pelo corpo social.

Os constantes embates políticos ocorriam não apenas nas plenárias do CFC durante as visitas do Ministro, mas por diversas vezes tomaram os jornais do país, onde os conselheiros realizavam frequentes contribuições. Vasco Mariz, por exemplo, escreve um editorial no Estado de São Paulo, onde explicita a concepção defendida pelos conselheiros:

(11)

Parece-me que o grande problema do Minc é identificar a real filosofia da Lei Sarney, ou melhor ainda, como definir o tipo de cultura que merece ser assistida.

(...) Numa época de enorme aperto econômico, o fisco não pode, nem deve abrir mão dos descontos sobre os impostos das empresas que não sejam efetivamente imprescindíveis à concretização de um valioso ato cultural.

Creio que, se o Minc e o Conselho Federal de Cultura aceitarem esse requisito, estarão dando um passo importante para salvar a Lei Sarney. (...) É preciso apoiar a cultura de alto nível e não

ajudar a nivelar por baixo, como se vem fazendo lamentavelmente. É necessário

educar o povo, e não descer até o baixo nível cultural das massas16.

A primeira resposta do Ministro Furtado a essa questão foi propor uma série de reformas na composição do Conselho Federal de Cultura, todas barradas graças à força política dos membros do Conselho. A resposta do Ministério a essa problemática, mesmo após a saída do Ministro Celso Furtado, foi a extinção tácita do órgão. Foi reconhecida publicamente a necessidade dos projetos serem aprovados pelo Conselho, mas não foi dado a esse, meios de efetivar sua fiscalização. As dotações permaneceram baixas, o quadro de funcionários subordinados ao órgão pequeno e os projetos, com volume cada vez maior, não eram repassados ao CFC.

A disputa ideológica em torno da Lei 7.505/86 perdurou até a data de extinção de todos os agentes em questão: O Ministério da Cultura, o Conselho Federal de Cultura e a própria Lei Sarney, todos afetados por designações do Presidente Fernando Collor de Melo, que no ano de 1990, extinguiu por decreto o Minc e diversos órgãos a ele subordinados, incluído o CFC; revogando a Lei Sarney, e modificando toda cena cultural brasileira.

O projeto defendido pelo Conselho Federal de Cultura não encontrou espaço para se efetivar, não pelo embate ideológico com o Ministro, ou com o Ministério da Cultura, mas por causa de um motivo mais profundo, conjuntural. O cenário cultural nos países ocidentais havia mudado, os conceitos internacionalmente defendidos eram outros. A apropriação de uma lógica capitalista para produção dos bens simbólicos modificará todo aquele contexto que fora conhecido pelos Conselheiros, décadas antes. A cisão de ideário ocorrida ainda no período ditatorial demonstra esse fato. Por mais que houvesse similaridade nas concepções políticas do CFC e do Regime, a adesão ao projeto governamental também possuía uma vertente econômico-progressista, que inseria no Brasil toda uma lógica capitalista que modificava as bases socais do país, alterando consequentemente a Cultura produzida, uma vez que essa existe enquanto suporte simbólico relacionado à realidade social vivida.

Ortiz, citando Gramsci, falará em “ideias que não movem mais pessoas”, Roberto Schwarz utilizará o conceito de “ideias fora do lugar”. O pensamento “tradicional” defendido pelo CFC fora preservado durante os anos de existência do órgão graças a sua forma de seleção, formal e informal. Sua existência no interior da esfera governamental não demonstrava uma contradição entre dois discursos governamentais distintos: um tradicional e um administrativo. O que existia era um único discurso, que buscava reinterpretar a sociedade brasileira, só que sua existência se dava em um contexto conjuntural determinado, que não permitia mais a propagação do discurso “tradicionalista”, por isso que suas pretensões não se convertiam mais em ações. Acima dos projetos defendidos pelo CFC e pelo Minc, estava a conjuntura da Cultura Brasileira na década de

(12)

80, e se analisarmos em termos práticos, a rápida apropriação da Lei Sarney efetivada pelo mercado demonstra que também o projeto defendido por Celso Furtado não encontrou um campo favorável à sua recepção, mas isso já é assunto para outro artigo.

Notas:

1 Portaria ministerial de 20.05.1965 (D.O. 27.07.1965 p.

7.256)

2 Decreto-lei nº 74 de 21.11.1966

3 Para um debate aprofundado sobre as vertentes do

movimento modernista, ver Graziela Forte O projeto Nacional dos Modernistas. Revista Ponta de Lança, São

Cristóvão, v2, n4, abr.-out 2009.

4 Não irei me deter em uma análise pormenorizada do

movimento por fugir dos objetivos desse trabalho. Para uma analise do Movimento Modernista Carioca ver de Ângela de Castro Gomes Essa gente do Rio... os intelectuais cariocas e o modernismo. In Revista Estudos Históricos, Rio

de Janeiro, v 6, n 11, 1993 p. 62-77

5 Expressão utilizada diversas vezes durante as plenárias do

Conselho para definir o “verdadeiro intelectual”.

6 Termo utilizado pelo CFC para designar as influências

culturais nocivas vindas do exterior.

7 Para detalhes dos conceitos de “cultura democrática” e

“cultura soviética” vide Boletim do Conselho Federal de Cultura, n°69, 1987.

8 Para um debate aprofundado sobre o Plano Nacional

de Cultura e as posteriores Diretrizes para uma Política Nacional promovida pelo CFC ver Cardeais da Cultura Nacional, Tatyana Maia, p.213.

9 Para um aprofundamento no estudo do PNC aprovado

em 1975 ver Paula Reis Políticas Nacionais de Cultura: O documento de 1975 e a proposta do Governo Lula/Gil.. Anais

do V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 2009.

10 Discurso de Celso Furtado no Conselho Federal de

Cultura. Sessão plenária de 09 de novembro de 1987. Não publicada.

11 Idem.

12 Disponível em <http://portal.iphan.gov.br/portal/

baixaFcdAnexo.do?id=255> Acesso em: 13/07/2013.

13 Para um estudo detalhado das publicações do CFC ver

Maia (2012, p. 106).

14 In Arquivos Celso Furtado: Ensaios sobre cultura e o

Ministério da Cultura.

15 Emendas e discussões do Projeto-Lei nº 7.793 de

junho de 1986 ( D.O p. 6.281 a 6.285)

16 Jornal O Estado de São Paulo, 09 de abril de 1988.

(Grifo meu)

Referências Bibliográficas:

BOLETIM DO CONSELHO FEDERAL DE CULTURA Publicados números: 55-56-57-58-59-60-62-63-64-65-74-75 Não publicados números: 66-67-68-69-70-71-72-73-76. BOTELHO, Isaura. Romance de Formação: Funarte

e política cultural (1976-1990). Rio de Janeiro,

Edições Casa de Rui Barbosa, 2001.

CALABRE, Lia. Intelectuais e política cultural: o Conselho Federal de Cultura. Intellèctus: revista

eletrônica, Rio de Janeiro, ano 5, vol 2, 2006. Disponível em: http://www.casaruibarbosa. gov.br/dados/DOC/artigos/aj/FCRB_ LiaCalabre_Intelectuais_e_PoliticaCultural. pdf. Acesso em: 09/07/2013.

________, (Org.), Políticas Culturais: diálogos indispensáveis. Rio de Janeiro, Edição Casa de

Rui Barbosa, 2005.

________, Lia. “Leituras sobre política cultural”.

Revista Observatório Itaú Cultural, São Paulo, nº5,

(13)

________. “Políticas culturais no Brasil: balanço e perspectivas”. In: RUBINO, Antônio Albino C. (org.). Políticas culturais no Brasil. Salvador:

Edufba, 2007.

________. “O Conselho Federal de Cultura, 1971-1974”. Estudos Históricos, Rio de Janeiro,

nº37, janeiro-junho de 2006.

Declaração do México. Disponível em < http:// portal.iphan.gov.br/portal/ baixaFcdAnexo. do?id=255 > Acesso em: 13/07/2013.

DECRETO-LEI número 74 de 21 de novembro de 1966. Disponível em http://www2.camara. gov.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-74-21-novembro-1966-375931-norma-pe. html. Acesso em 12/07/2012

FONSECA, Maria, Para além da pedra e cal: por uma concepção ampla de patrimônio cultural in Memória

e patrimônio: ensaios contemporâneos, Rio de Janeiro: 2003, DP&A

FRANCESCHI, Antônio, Marketing cultural: um investimento com qualidade, São Paulo: 1998,

Nova Sociedade Comunicação

FURTADO, Celso, Programa Roda Viva, TV Cultura. 1987. Disponível em: <http:// www.rodaviva.fapesp.br/materia/300/ entrevistados/celso_furtado_1987.htm> Acesso em 08/07/2012.

__________. Os desafios da nova geração. In:

Revista de Economia Política, vol. 24, nº 4 (96), outubro-dezembro/2004. pp. 483-486 Disponível em: http://www.rep.org.br/ pdf/96-1.pdf

FURTADO, Rosa (Org.), “Arquivos Celso Furtado: Ensaios sobre cultura e o Ministério da Cultura” Rio

de Janeiro: 2012, Contraponto

LEI SARNEY de 2 de julho de 1986, Disponível em http://www2.camara.gov.br/legin/fed/ lei/1980-1987/lei-7505-2-julho-1986-368037-norma-pl.html Acesso em 12/07/2012

Lei Rouanet, Contribuições para um debate sobre o incentivo fiscal para a cultura, Observatório Itaú

Cultural, Rio de Janeiro: 2009 n VII GOMES, Ângela; OLIVEIRA, Lucia;

VELLOSO, Mônica. Estado Novo: ideologia e

poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. _________. “Essa gente do Rio... os intelectuais

carioca e o modernismo”. In Revista Estudos

Históricos, Rio de Janeiro, v 6, n 11, 1993 p. 62-77

MAIA, Tatyana de Amaral. Os cardeias da cultura nacional: o Conselho Federal de Cultura na

ditadura civil-militar (1967 – 1975). São Paulo: Itaú Cultural: Iluminuras, 2012.

_____________, O patrimônio cultural brasileiro em debate: a ação do Conselho Federal de Cultura (1967-1975), Revista CPC, São Paulo: nov

2010/ abr 2011, n. 11

MARIZ, Vasco, É a Lei Sarney uma lei de sonegação fiscal?, Jornal O Estado de São Paulo, 1988, p

8, ano VII, número 403

MICELI, Sérgio (Org.). Estado e cultura no Brasil.

São Paulo: Difel, 1984.

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2012.

(14)

TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (Org.).

O que resta da ditadura. São Paulo: Boitempo,

2010.

REIS, Paula. “Políticas Nacionais de Cultura: O documento de 1975 e a proposta do Governo Lula/ Gil.”. Anais do V Encontro de Estudos

Multidisciplinares em Cultura, 2009.

SILVA, Alberto. Sinal Fechado: a música popular

brasileira sob censura (1937-45 / 1969 –78). 2. ed. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.

SCHWARZ, Roberto. Que horas são? Ensaios. São

Referências

Documentos relacionados

Stable transfected cells were then incubated with a stressing agent at different concentrations to monitor protein misfolding and the appearance of stress granules, in

O SCORE é constituído por duas tabelas (cada qual relativa ao sexo masculino ou feminino), subsequentemente divididas em duas outras: fumadores e não fumadores. As

A iniciativa parti- cular veiu em auxílio do govêrno e surgiram, no Estado, vá- rios estabelecimentos, alguns por ventura falseados em seus fins pelos defeitos de organização,

Imediatamente após o transplante de medula, os antibióticos e os antifúngicos necessários durante a aplasia, os narcóticos utilizados para tratar a mucosité, os

— Publicado o ajuste de casamento, e não appare- cendo opposição no correr dos doze dias, dará o official do registro aos nubentes certificado de habilitação para a

A legislação da Comunidade Econômica Européia de defesa da concorrência coibiu as concentrações empresarias e o abuso de posição dominante que possam existir no mercado, pois

Resumo No presente estudo, propomo-nos 1 identificar os motivos e objectivos de realização que levam os jovens à prática do Basquetebol; 2 identificar as crenças dos Atletas quanto

O uso das tetraciclinas pode conduzir à presença de resíduos destes fármacos no leite, principalmente se não forem utilizados de acordo com as indicações, nem respeitado