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A RECONFIGURAÇÃO DA AMÉRICA LATINA SOB O ESQUEMA DE SEGURANÇA DO “PAX AMERICANO” NO SÉCULO XXI:

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Revista da Escola Superior de Guerra, v. 32, n. 64, p. 145-160, maio/ago. 2017

A RECONFIGURAÇÃO DA AMÉRICA LAtINA SOB O ESQUEMA DE SEGURANÇA DO “PAX AMERICANO” NO SÉCULO XXI: O CASO DA ALIANÇA PACÍFICA

María del Pilar Ostos Cetina* Traduzido por Elza Elizabeth Duran de Menezes RESUMO

O objetivo deste presente artigo é analisar, do ponto de vista geopolítico, a configuração atual da América Latina a partir dos mecanismos de defesa e segurança que foram estabelecidos pelos Estados Unidos sobre a região que considera como sua “ilha continental”. Para atingir este objetivo, pretende-se enfatizar o critério de segurança conhecida como a Pax Americana (segurança hemisférica), estabelecendo um ponto de conexão direto entre este e o que hoje é visto como a realização de um “arco de segurança continental”, o qual é emoldurado e definido pela criação recente da proposta da Aliança do Pacífico.

Palavras-chave: Estados Unidos. Pax American., Segurança. América Latina. Aliança

do Pacífico.

LA RECONFIGURACIÓN DE AMÉRICA LATINA BAJO EL ESQUEMA DE SEGURIDAD “PAX AMERICANA” EN EL SIGLO XXI: EL CASO DE LA ALIANZA DEL PACÍFICO RESUMEN

El objetivo del presente ensayo se foca en analizar una perspectiva geopolítica, la actual configuración de América Latina a partir de los mecanismos de defensa y seguridad que ha establecido Estados Unidos sobre la región que concibe como su “isla continental”. Para el logro de tal objetivo, se pretende enfatizar en el criterio de seguridad que se conoce como la pax americana (seguridad hemisférica), estableciendo un punto de enlace directo entre esta y lo que en la actualidad se plantea como la concreción de un “arco de seguridad continental”, el cual está enmarcado y definido a través de la propuesta de creación reciente de la Alianza del Pacífico.

Palabras clave: Estados Unidos. Pax Americana. Seguridad. América Latina. Alianza del Pacífico.

____________________

* Professora e pesquisadora do Centro de Estudos Navais (CESNAV) e do Instituto de Pesquisa Estratégica da Marinha do México, ambos pertencentes à Secretaria da Marinha do México. Doutora em Ciências Políticas e Sociais com estudos pós-doutorado, ambos da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Mestrado em Estudos do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da UNAM e cientista político da Universidade Javeriana da Colômbia. Contato: <mpostos@yahoo.com>

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LATIN AMERICA RECONFIGURATION UNDER THE “PAX AMERICANA” SAFETY SCHEME IN THE 21ST CENTURY: THE CASE OF THE PACIFIC ALLIANCE ABStRACt

The principal objetive of this essay is to analyze from a geopolitical perspective, the current settings of Latin America from the defense and security criteria that set the United States on the region seen as “continental island.” For achieving this goal, is to emphasize the safety criterion is known as the Pax Americana, establishing a direct relationship with what currently is planned as the realization of an “arc of continental security”, framed and defined through the proposed newly established Pacific Alliance.

Key words: United States. Pax Americana. Security. Latin America. Pacific Alliance. 1 INtRODUÇÃO: CONFIGURANDO O PAX AMERICANO NO SÉCULO XXI

Quando Friedrich Ratzel, iniciador da geopolítica alemã nos Estados Unidos, entre 1874 e 1875, reconheceu a força e a excepcionalidade civilizadora dos americanos. Observando que “neste país (EUA) ocorrem coisas novas e significativas, as pessoas mostram tanta diligência e capacidade, que é impossível não perceber, e ninguém pode negar que a União Americana se tornou um dos grandes fatores da história do nosso tempo “(RATZEL, 2009, página 48)

As suas apreciações foram, sem dúvida, benevolentes com este protótipo de país que, desde os seus primórdios, foi estabelecido como o principal objetivo, a construção de seu próprio espaço vital (lebensraum), que, segundo Ratzel, consiste em um espaço no qual o corpo político e no qual, a impulsos das leis da natureza, se expande e cresce, tornando-se assim uma parte inseparável do organismo vivo que é o próprio Estado “(WEIGERT, 1943, p.107)

Uma tarefa com enormes desafios para uma sociedade que, a partir da visão puritana que eles herdaram desse primeiro establishment formado pelos Pais Fundadores (pilgrims), levou-os a assumir-se como predestinados e possuindo um singular espírito de grandeza e superioridade, como agora é exemplificado pela chegada à Casa Branca do Presidente Donald Trump, que se faz visível por todos os meios possíveis para o resto da humanidade. O que, dito de passagem, desde o início até o presente coloca-os – no alvo- daqueles que se opõem ao seu avanço progressivo e furioso que os leva a tornar-se um protótipo de “poder global”, como Zbigniew Brzezinski afirma em várias de suas obras (BRZEZINSKI, 2005, pp. 21-29).

Nesse sentido, a ideia do espaço vital que Ratzel argumentou e que procurará adotar o caso de sua Alemanha natal. surgiu precisamente de suas observações sobre a evolução histórica dos Estados Unidos. Sendo esta uma abordagem geopolítica que começou a se desenvolver a partir de considerar como a primeira - área pivô - a Nova Inglaterra, que entre os anos anteriores a 1620, transformou-se no lugar

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“escolhido” para tornar viva a partir daí o que seria a condição de “predestinação do povo anglo-saxão” (URQUIZA, 2012, pp. 85-86)

Assim, após a chegada dos peregrinos a bordo do Mayflower por volta do mês de novembro do ano em questão, a costa leste tornar-se-á nesse grande epicentro geográfico em constante crescimento, que se expandirá até conformar o que se assumiu sob o nome das Treze Colônias. Abrangendo um importante trecho de litoral sobre o Atlântico que, gradualmente assumirá outra dimensão, depois que as negociações com o império espanhol forem concluídas e finalmente alcançarem sua predominância sobre o atual estado da Flórida. No entanto, o curso do crescimento territorial não parou por aí, mas avançou com o objetivo de adquirir o controle total do território vizinho da Louisiana, que estava nas mãos do império napoleônico até que este decidiu vendê-lo aos americanos; com o objetivo de obter recursos econômicos, provenientes desta venda para financiar as campanhas de conquista em direção ao interior da Europa.

Assim, a pretensão que Santo Agostinho teve de construir a “Cidade de Deus” no ambiente terrestre, a liderança política estadunidense estava conseguindo, uma vez que, entre suas primeiras ações em terras do Novo Mundo era concretizar um autêntico - espaço vital - que se materializou sob a forma de uma grande massa colossal com caráter bi oceânico, localizada entre as costas do Atlântico e as costas do Oceano Pacífico.

Assim, depois de adquirir a Louisiana, a próxima ação geopolítica dos estadunidenses evoluiu a partir da anexação dos estados do Texas, mais tarde da Califórnia, do Novo México e do Arizona, que faziam parte do México até sua separação iminente com a assinatura do Tratado de Guadalupe-Hidalgo em 1848. Finalmente, seu avanço para o Oceano Pacífico foi apoiado pela proclamação do legado monroísta de 1823, o que levaria à saída dos russos dos assentamentos em São Francisco e o próprio Alasca.

Sendo uma estratégia de ocupação territorial que exigia todo tipo de táticas, incluindo as do tipo religioso, um exemplo disso era a chamada “igreja verdadeira”, expressão com a qual os Mórmons tornaram-se autônomos, além de mencionar algumas outras igrejas comprometidas com a empresa de colonização do solo estadunidense em direção ao Oeste (FARRINGTON, 2002, página 64).

Desta forma, os Estados Unidos se tornarão o pioneiro mais proeminente da geopolítica alemã, um verdadeiro “laboratório” de estudo para a formulação de seu bem conhecido postulado geopolítico que é sintetizado na ideia de espaço vivo. Uma condição peculiar aqueles Estados que têm capacidade para aumentar o seu território em detrimento das fraquezas que manifestam o resto dos países que o cercam. Ao mesmo tempo, era um postulado ligado ao exercício prático do Destino Manifesto e às ideias darwinianas do tempo, à sobrevivência dos mais fortes e à sua capacidade de adaptação ao meio natural, acompanhado pelo fundamento filosófico hegeliano sobre a supremacia do Estado como uma entidade

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que congrega e ordena uma população em um determinado lugar, uma noção clara em que o Estado é concebido como o “único ator territorial efetivo” (FONT, RUFI, 2001, p.35).

Consequentemente, a forma de expansão que Ratzel observou no caso dos EUA, também será convertida em fonte de inspiração para outras entidades políticas, como foi o caso de seu país, a Alemanha, em meio à abertura de um novo século no qual as potencias tradicionais (Inglaterra, França, Rússia, Áustria) e as novas que se fizeram conhecidas no Extremo Oriente, como foi o caso do Japão, bem como dos Estados Unidos em seu papel hegemônico sobre o que considerava sua “ilha continental” (América Latina e Caribe); revelou um número crescente de concorrentes na cena do confronto internacional que se aproximava nas primeiras décadas do século XX.

Tomando este último aspecto da ilha continental, sabe-se que entre as pendencias da projeção geopolítica dos Estados Unidos, depois de ser concebido como um país bi oceânico, foi o único a estender sua “fronteira móvel” aos arredores da atual Colômbia através de projetos muito concretos: a independência do Panamá e a conclusão das obras do mesmo Canal (1914), sendo este um ponto chave para “abraçar o mundo” e alcançar uma maior presença continental, como global.

Nesse sentido, o conceito de “fronteira móvel” formulado pelo acadêmico Frederick Jackson Turner (1861-1932), durante o discurso que deu em 1893 diante dos membros da “Sociedade Histórica Americana sobre a importância da fronteira em história da América do Norte. ...demonstrou que a existência de uma fronteira móvel, como solução para todos os problemas sociais e econômicos da América do Norte, era um elemento desconhecido na Europa e tornou a história da América do Norte única “(JONHSON, 2001: 492).

E é, precisamente, sob a ideia de espaço vital e esta última noção de fronteira móvel que os Estados Unidos foram assumindo gradualmente, mas de maneira constante, a formulação de um esquema de segurança cada vez mais abrangente, capaz de unir áreas geoestratégicas maiores, o que lhe dá presença e predominância além de seus limites territoriais, marítimos e até aéreos. Portanto, todas as estradas e rotas se conectam ao mesmo centro de poder, hoje em direção a Washington, assim como no passado fizera o império mais poderoso da antiguidade, quando todas as estradas levavam a Roma.

Será, então, sob essa mesma concepção imperial que reina entre os norte-americanos sobre essa ampla parcela de terra cercada de mar, quer dizer, sobre a qual assume como sua ilha continental, coloca entre os dois oceanos mais importantes do planeta, quando surge o imperativo de seu establishment para salvaguardar uma ampla extensão territorial contra qualquer ameaça externa e fora do continente.

Assim, a pertinência de concretizar um plano, um critério de segurança hemisférica sob o legado de pax americana, semelhante ao modelo imperial romano, que lhe daria a durabilidade através de suas legiões e sentinelas que avançavam além

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de suas fronteiras para enfrentar a ameaça dos bárbaros (estrangeiros), como nos tempos atuais pode ser explicada mais claramente pelas abordagens do geopolítico americano, Alfred Thayer Mahan, que no final do século XIX alertou:

Querendo ou não, os americanos devem agora olhar para fora; A crescente produção do país exige isso, e um aumento crescente do sentimento das pessoas assim o requer. A localização dos Estados Unidos entre dois mundos antigos e dois grandes oceanos provoca a mesma demanda, uma demanda que será fortalecida em breve com a criação da nova conexão entre o Atlântico e o Pacífico. A tendência manter-se-á e aumentará com o crescimento das colônias europeias no Pacífico, com a civilização progressiva do Japão e o fato de que nossos estados do Pacífico estão rapidamente povoando homens que possuem o espírito empreendedor da linha de avanço de progresso nacional (MAHAN, 2000, p. 39). 37

Deste ponto de vista, é claro que os interesses vitais dos Estados Unidos encontram-se até onde se estende sua “fronteira móvel”, isto é, além das costas da Ásia-Pacífico e também em direção ao conjunto dos países da Europa, sem deixar de lado os extremos tanto no Ártico como na Antártica. Uma proposta eminentemente geopolítica com um alto conteúdo geoestratégico, cuja incidência será decisiva na continuidade de seus planos de ampliar seu espaço de vida ao longo do que foi o século XX, conhecido como o “Primeiro Século Americano” e o atual, uma continuação do mesmo, como afirmou o atual geopolítico, Georges Friedman (VALENZUELA, FRIEDMAN, 2008, p.18).

2 AS AMEAÇAS À PAX AMERICANA DA ASÍA-PACÍFICO

Recordando outro geopolítico alemão do início do século XX, o general Karl Haushofer, professor de geografia na escola Ratzel e, em experiência diplomática como observador militar na embaixada alemã no Japão por dois anos (1908), é mais do que notável, para entender do seu ponto de vista, os avatares do que foi anunciado como o início de uma nova era do Pacífico.

A este respeito, o geopolítico mexicano Alberto Escalona Ramos comentou que “de fato, para o Pacífico convergem as tendências centrífugas das massas terrestres da Ásia (Rússia, China e também a Índia) e as marítimas (Japão). As marítimas da Europa (diretamente no Pacífico ou através do Oceano Índico) e terrestres e marítimas da América, Austrália e África do Sul “; uma opinião que está relacionada com o que Haushofer avistou, quando ele ressaltou que “a era do Pacífico está agora 37 Tradução livre da tradutora.

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começando, sucessora da antiga era do Atlântico e da ultrapassada do Mediterrâneo com a pequena Europa” (ESCALONA, 1959, 233) .

Na mesma linha, o general alemão adverte sobre os riscos de permitir a futura configuração de um bloco sino-russo, o que também implicaria a incorporação do império japonês, alimentando a tese geopolítica de Mackinder de concretização através deste conjunto de países o mais importante “eixo geográfico da história”. Assim, no campo dos fatos, essa sorte de aliança sofreu seu primeiro encontro no meio de um fato conjuntural, como foi o ataque à base naval americana de Pearl Harbor pelas mãos do Japão, que nas palavras de Escalona Ramos tratou-se de “uma armadilha que os governantes americanos aceitaram alegremente, sabendo antecipadamente quando o ataque seria, souberam aproveitá-lo a tempo de unificar a opinião do país, tanto entre democratas quanto republicanos e para poder declarar a guerra depois (ao país atacante) “. (ESCALONA, 1959, pp. 226-242).

Assim, a maneira pela qual os Estados Unidos procuraram neutralizar um dos seus adversários mais decisivos na região da Ásia-Pacífico, culminou precisamente com o lançamento de bombardeios nucleares nas províncias japonesas de Hiroshima e Nagazaki. Um assunto que provocou a rendição imediata do “império do sol nascente”, seguido de um apoio irrestrito desse país às ações políticas dirigidas por Washington durante toda a Guerra Fria e, até mais tarde, no meio do atual contexto do pós-guerra fria.

De acordo com o acima exposto, Haushofer foi enfático em apontar os perigos de favorecer o surgimento de um império com “a alma do Japão no corpo da China, considerando que seria uma potencia que eclipsaria mesmo os impérios da Rússia e dos Estados Unidos, capaz de enfrentar qualquer inimigo “(ESCALONA, 1959, p. 229). Por isso, a estratégia seguida pelos Estados Unidos desde 1951 foi promover “três pactos de Aliança” em questões de segurança, um com o Japão, um com as Filipinas e outro com a Austrália e a Nova Zelândia. Dois anos depois, com a Coreia do Sul, outro em 1954 com Formosa; que em suma e até essa data levará à criação do Tratado de Defesa do Sudeste Asiático, por suas siglas (OTSEA ou SEATO).

Seguindo esta lógica de defesa, que não é mais do que a implementação da pax americana do lado da Ásia-Pacífico; No que diz respeito à China, o outro rival até as datas presentes, o próprio Mahan advertiu sobre a necessidade urgente de prestar atenção a este “gigante continental”, afirmando o seguinte em um artigo datado de 30 de janeiro de 1983:

É amplamente conhecido, embora talvez não seja geralmente notado em nosso país, que muitos dos militares estrangeiros familiarizados com a condição e caráter orientais, veem com preocupação o dia em que a grande massa da China, agora inerte, possa ceder a algum daqueles impulsos que nos tempos passados enterraram a civilização sob uma onda de

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invasão bárbara. ... A China pode destruir suas barreiras tanto para o Oriente como para o Ocidente, para o Pacífico e para o continente europeu (MAHAN, p. 46). 38

Desta forma, o “perturbador” do Ocidente como o almirante francês Raul Castex chamou a China, efetivamente se tornará um oponente forte para todas as intenções de expansão dos Estados Unidos em direção à região que até os dias de hoje, os chineses consideram a sua mais importante área de influência natural: a Ásia-Pacífico. Um espaço geográfico que, de acordo com Haushofer, significava no futuro tornar-se um verdadeiro “campo de batalha entre o Oriente e o Ocidente”. Assim, essas profecias aparentemente estão sendo cumpridas e coincidem com o que Mahan falou sobre a condição geopolítica de seu país, os Estados Unidos, afirmando que “na nossa infância nós apenas tínhamos fronteiras com o Atlântico; na nossa juventude avançamos os limites para o Golfo do México, agora a maturidade nos vê no Pacífico “(MAHAN, página 48).

No Pacífico, diz Escalona Ramos, as maiores frotas de guerra do mundo encontrar-se-ão, as civilizações mais antigas enfrentarão com as mais novas, o continente mais densamente povoado (Ásia) vai enfrentar a América, sendo este o espaço geopolítico que ganha vida para agências atuais, como APEC, TPP, o próprio alargamento da OTAN e até mesmo a Aliança do Pacífico. Isso, sem esquecer que a essa “luta de gigantes”, retornará à cena da Rússia imperial. O competidor mais forte que os americanos terão após o início da era bipolar e até os tempos presentes (ESCALONA, 246).

Considerando isto acima, Georges Kennan, que serviu como funcionário do Departamento de Estado, expressou através dos Negócios Estrangeiros sua opinião sobre o retorno da Rússia Soviética à cena internacional, argumentando que “os Estados Unidos deviam tomar como parte fundamental de sua política externa uma contenção duradoura, paciente, mas firme e vigilante das tendências expansionistas russas”. Aduzindo que ao contrário da Alemanha nazista, o poder soviético não é nem esquemático nem aventureiro. Não funciona através de planos fixos. Pelo contrário, leva riscos desnecessários. Impenetrável para a lógica da razão, é altamente sensível à lógica da força. Os Estados Unidos, então, devem continuar a considerar a União Soviética como uma rival, não como parceira, na arena política (VALENZUELA, página 375).

Na visão de Kennan, compartilhada por outros membros do establishment americano, a União Soviética tornou-se o rival mais forte e firme do contexto da Guerra Fria. Um fato que também levou ao projeto de uma política de contenção rápida e eficaz necessária para conter os espíritos da expansão soviética em direção a outras latitudes do planeta, em particular para o grande grupo de países que 38 Tradução livre da tradutora.

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integram o que é para os Estados Unidos. Zona de influência imediata, sua ilha continental.

3 A ALIANÇA PACÍFICA: UM MECANISMO DE CONtEÚDO GEOPOLÍtICO NO COMEÇO DO SÉCULO XXI

Depois de várias décadas, e depois de apresentar vários eventos que levaram ao declínio bipolar, um novo intervalo de tempo começará, um estágio que alguns autores no campo das Relações Internacionais consideram frequentemente como o surgimento de uma “transição entre sistemas “ (DALLANEGRA, 2001, pp. 12-13).

Neste intervalo, todos os tipos de rearranjos políticos são apresentados no grande conselho mundial, conforme expressado por Brzezinski e outros teóricos no assunto, como é o caso de Joseph R. Núñez, que argumenta que, no caso da defesa e segurança dos Estados Unidos, tornou-se necessário propor uma nova “arquitetura de segurança para as Américas”. Esta abordagem consiste basicamente em propor um novo quadro de responsabilidades em todo o continente, cuja “chave para a liderança bem sucedida dos EUA é o reconhecimento de certos líderes sub-regionais - Canadá, México, Brasil, Argentina e Chile - o que pode agregar legitimidade significativa para uma nova arquitetura de segurança” (NUÑEZ, 2002, página VII).

Assim mesmo, se trata de uma estratégia geopolítica emitida pelos Estados Unidos com especial ênfase nos regionalismos, isto é, nesse tipo de interação entre os Estados que buscam interesses comuns, sejam eles políticos, econômicos, sociais ou militares. Por sua vez, tornou-se a base de iniciativas como a atual Aliança do Pacífico, tornando-se parte fundamental deste novo desenho da pax americana no início do século XXI.

A este respeito, a proposta para a criação da Aliança do Pacífico provou ser uma tarefa confiada ao ex-líder peruano, Alán García Pérez, que a partir de 2010 passou a tarefa de gerenciar a aproximação entre seus pares na região. Fazendo o convite direto para países como México, Colômbia, Chile, mesmo o Equador, que se recusou a participar, além do Panamá, que assumiu o papel de observador neste esquema de aproximação entre países com uma característica comum: a fronteira com o Oceano Pacífico.

Quatro anos após essas negociações iniciais, a configuração da Aliança do Pacífico é composta por um quarteto de países com status de membros efetivos (México, Colômbia, Peru e Chile) até hoje, cuja possibilidade de expandir-se é mais que latente para outros países interessados em sua incorporação, como os casos do Panamá e da Costa Rica.

Com relação aos seus objetivos principais, a Aliança do Pacífico foi criada, conforme explicado em sua Declaração de Iniciação formal, datada de 28 de abril de 2011, com a intenção de promover uma “área de integração profunda”, tendo

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como eixo fundamental de sua projeção os seguintes aspectos (SECRETARIA DE ECONOMIA, 2006-2012, página 3):

Movimento de pessoas de negócios e facilitação para o trânsito migratório, •

incluindo cooperação policial.

Comércio e integração, incluindo facilitação do comércio e cooperação •

aduaneira.

Serviços e capital, incluindo a possibilidade de integração de bolsas de •

valores; e

Cooperação e mecanismos de solução de controvérsias. •

Com base nesta Declaração, a Aliança do Pacífico foi identificada como uma prioridade, de acordo com o conteúdo de seu próprio texto de “promover uma maior cooperação que permita a nossa região fortalecer seus diversos laços políticos e econômicos, bem como sua presença no mercado mundial , especialmente na Ásia-Pacífico” (SECRETARIA DE ECONOMIA, página 4). Analisando esse propósito com mais detalhes, existe um relacionamento único com os objetivos que a liderança política em Washington atraiu no passado ao formular o que era a Área de Livre Comércio para as Américas (ALCA); um mecanismo que acompanhou os critérios de projeção geoestratégica dos americanos no continente americano, no âmbito de um conjunto de princípios que expõe a chamada Iniciativa para as Américas, que foi divulgada durante o que foi a Cúpula presidência de Miami em 1994.

Uma cúpula que, entre outras coisas, serviu para aprofundar os vinte e três pontos em que se procurou consolidar a grande “ilha” dos americanos, isto é, a construção dessa zona de livre comércio que ocorresse geograficamente entre o Alasca até Terra do Fogo. Foi a formulação de um esquema de cooperação continental no qual o ator que convocou, neste caso, os Estados Unidos, pediram tarefas conjuntas na luta contra o narcotráfico, para formular políticas de reforma e libertação de suas economias (através da implementação de tratados de livre comércio bilaterais, trilaterais ou multilaterais), com ênfase especial no compromisso de modernizar instituições e legislação para torná-las compatíveis com o sistema institucional do Colosso do Norte.

Foi nesse sentido que a administração do então presidente William Clinton se concentrou em promover uma política externa interamericana fixada na construção de uma “zona de livre comércio”; o fortalecimento da democracia, incluindo os esforços para uma transição pacífica de Cuba; e a luta contra a criminalidade internacional organizada, tráfico de drogas, migração ilegal e terrorismo “(BONILLA, 1998, pp. 85-86).

Do acima, há uma coincidência notável entre os princípios que definem a Iniciativa das Américas e o que recentemente levou à criação desses novos esquemas de cooperação sub-regional, nos quais a Aliança do Pacífico, orientada a partir de dois elementos essenciais na ação do ator hegemônico: democracia e mercado livre.

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Sobre o mesmo assunto, deve-se notar que nem todos os governos da América Latina e do Caribe eram favoráveis a este tipo de iniciativas, talvez entre os casos mais discordantes que se apresentaram foram as posições assumidas pela Venezuela. Das quais as primeiras reações foram as que contrariar os planos propostos por Washington através de discursos, o que sugeriu o aparecimento de outros tipos de esquemas de cooperação intra-regional sob a liderança dos próprios países latino-americanos.

Neste sentido, uma vez a frente do poder, o presidente venezuelano Hugo Chávez Frías (1999-2013) optou por projetar um modelo de integração, com base em um critério geopolítico ad hoc para os interesses da Venezuela, que, por sua vez, contrariaria os planos previstos pelos Estados Unidos em sua própria zona de influência, tanto na América continental como na parte insular do Mar do Caribe. Nesse contexto, então, apareceu o que originalmente foi chamado de Aliança Bolivariana para a América (ALBA). Transformando em um acrônimo que, em termos de discurso, facilitará alguma confusão em relação ao acrônimo formulado pelos Estados Unidos através do projeto da ALCA.

Outra das posições que deveria ser considerada nesta reconfiguração de blocos geopolíticos no continente era a do Brasil. Foi precisamente sob a administração de Ignacio Lula da Silva (2002-2010) que ele estava interessado em reposicionar seu país no contexto da América do Sul de uma crescente participação dentro de um mecanismo de cooperação comercial com o nome do Mercado do Sul, mais conhecido pelas suas iniciais como MERCOSUL (AMERSUR, 2008).

Além de consolidar a liderança do Brasil no Mercosul, Lula da Silva se encarregou de aprofundar os laços de integração com o grupo de pouco mais de 10 países vizinhos, através da formulação do que é conhecido como União das Nações da América do Sul (UNASUR), tornando-se seu braço político na região. Enquanto no terreno da defesa e segurança, um tema prioritário era o tráfico de drogas, entre outros e interesse comum para o Brasil e países vizinhos, foi criado um mecanismo de ordem militar sob o nome do Conselho Sul-Americano de Defesa (CDS) .

Enquanto isso ocorreu em eixo sul-americano, e antes do surgimento da Aliança do Pacífico nos últimos tempos, deve-se mencionar o aparecimento de outro mecanismo de integração sub-regional, como o chamado Plano Puebla Panamá (PPP), mais tarde renomeado como Plano Mesoamérica. O que foi integrado por um conglomerado de países, incluindo o México e seus sucessivos vizinhos do lado da fronteira sul, para incorporar um país andino-caribenho como a Colômbia, sob a ideia de especificar um mecanismo que esteja de acordo com o que expressou o ex-presidente Vicente Fox Quesada, foi uma “nova concepção do planejamento regional que busca adaptar-se a um novo contexto nacional e internacional de democratização, fortalecimento institucional e participação da sociedade civil organizada na formulação de políticas públicas” (SECRETÁRIO DE RELAÇÕES EXTERIORES, 2006-2012).

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Como precedente deste plano, a reunião realizada em San José, Costa Rica, em 12 de setembro de 2000, contou com a participação de delegados de cada um dos países membros, mas também representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), sendo ambos os principais elementos da hegemonia continental neste processo de iniciação e acompanhamento do PPP. Um mecanismo que também foi sugerido para ser acompanhado por membros da comunidade internacional como observadores, levando à criação do chamado G6, composto pelos países da Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Japão e Suécia (MONTENEGRO, 2005, 55-56).

Sobre o mesmo assunto, é interessante analisar o importante valor geoestratégico que abrange a extensão territorial que inclui o Plano Mesoamérica, do México e, em particular, o estado de Puebla para o sudeste do país, uma região com bancos bioenergéticos proeminentes, entre cujos recursos ainda por serem explorados incluem urânio e terras raras, além de ser considerado historicamente como um passo natural no que conhecemos como o Istmo de Tehuantepec, que, nas palavras do geopolítico mexicano Alberto Escalona Ramos, torna-se um autêntico ponto de disputa, já que “quem quer que domine o Istmo, seja os Estados Unidos, a Índia, a China, o Japão, a Rússia, o México ou qualquer outro Estado, terá uma das chaves do mundo” (ESCALONA, p.500).

Sob essa mesma condição de importantes reservatórios energéticos e biodiversidade encontra-se El Petén, os destinos da Guatemala, El Salvador, Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Panamá e Colômbia, com suas abundantes madeiras, recursos hídricos, terras férteis para a agricultura e pecuária, que ainda estão em alguns casos sob a proteção de grupos indígenas e camponeses, como a área que inclui a represa de Darien, que, além de ser um ponto de fronteira importante, é hoje a junção da selva que perturba a continuidade da rodovia pan-americana que une o Canadá e o sul do Chile.

Visto dessa maneira, um megaprojeto, como o Plano Mesoamericano, com seu enorme potencial energético e, por sua vez, suas vantagens para a produção de alimentos, o que o torna uma “despensa” real para o mundo, juntamente com sua importância como bastião aquático no continente; fazem desta região o foco dos interesses dos EUA para continuar no século 21 com o que é estabelecido pelo seu “destino manifesto”, entendido como o conjunto de princípios doutrinários, enraizados no legado da democracia e livre Mercado a partir do qual apoia a criação do acima mencionado: Iniciativa das Américas, Plano Mesoamérica e, atualmente, a implementação da Aliança do Pacífico.

É por isso que, na prática, observa-se que, no contexto regional onde se localiza o quarteto que integra a Aliança do Pacífico, busca-se transcender em duas frentes: geográficas e geopolíticas. A prova disso é começar por “integrar” um total de 210 milhões de pessoas, o que representa cerca de 36% da população da América Latina e do Caribe. Enquanto em termos econômicos, o bloco, em conjunto, 40%

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do PIB de toda a América Latina, que, se toda a sua produção fosse adicionada e contada como um único país, a Aliança do Pacífico se tornaria a oitava economia do planeta .

Cabe destaca que para 2017, o mecanismo da Aliança do Pacífico, ainda estabelecido com apenas quatro membros de pleno direito (México, Colômbia, Peru e Chile), tem um total de 49 países observadores de todos os continentes, como percebido no seguinte mapa, sublinhando dentro da mesma entrada recente da Argentina, que por sua vez atua como membro fundador do Mercosul:

Fonte: Observatório de Negociações Internacionais, 2016.

Com respeito aos observadores, eles são realmente países dos cinco continentes, destacando a presença dos Estados Unidos e da China, al passo que de vários países que compõem o bloco da União Européia, deixando de lado a presença do próprio Federação Russa. Nesse sentido, a Aliança do Pacífico, do ponto de vista geopolítico, se torna uma continuação da “política de contenção” da era bipolar, muito ao estilo do contexto de George Kennan, retratado nos tempos atuais sob a forma de um um tipo de barreira, isto é, um tipo de armadura para o continente, que no final pretende abranger o “continente-ilha” diante de qualquer ameaça externa que tente violar os critérios da pax americana.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, a Aliança do Pacífico adquire a dimensão de uma barreira ou muro de contenção geopolítica contra qualquer incursão “bárbara”, proveniente de qualquer continente, seja qual for, e pretenda nesse caso “perturbar” os planos

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hegemônicos naquela ilha continental. Assim, a mesma soma de poder em que se converteu para a Aliança do Pacífico, implica ou supõe redefinir os novos termos de segurança e defesa de acordo com os critérios da referida pax americana, com os próprios eventos que cercam, hoje, ao século XXI.

Sobre este último ponto, vale a pena notar os acontecimentos históricos e singulares, como os observados recentemente na América Latina e no Caribe, incluindo as relações diplomáticas e comerciais entre Cuba e os Estados Unidos, na sequência da implementação de um prolongado bloqueio econômico voltado para o principal as Índias Ocidentais, cuja alternativa no passado distante e recente consistiu em fornecer à liderança cubana pontes de entendimento político com aqueles que poderiam ser considerados “perturbadores”: a URSS, na época; China e até mesmo a Venezuela de Chávez e de Maduro.

Nesse mesmo quadro geopolítico apresentado pelos membros da Aliança do Pacífico, os acordos de paz entre o governo colombiano de Juan Manuel Santos e a guerrilha das FARC-Ep, onde precisamente Cuba trabalhou com a Noruega como facilitadores e também Venezuela e o Chile como partes acompanhantes durante os quatro anos até a assinatura dos Acordos finais para o fim do conflito em novembro de 2016, nos fornecem elementos para a análise que em matéria de segurança continental vem, levando em consideração que se trata de um conflito armado interno de mais de cinco décadas de existência e cujo principal grupo de guerrilha, FARC-Ep, alimentou-se nos primeiros anos de existência do legado marxista, ou seja, o “perturbador” soviético no contexto da era bipolar.

Sobre essa mesma organização guerrilheira, vale a pena mencionar que, após o desaparecimento do legado marxista e sob as condições do período pós-Guerra Fria, esta organização passou para o século 21 de acordo com o mandato ideológico “bolivariano”, conduzido no devido tempo pelo presidente venezuelano Hugo Chavez. Uma espécie de combinação de práticas nacionalistas a partir da esquerda, apoiada pelo discurso da integração regional, através da ALBA, em oposição aos critérios assumidos pela hegemonia continental.

Este último fato, esse trânsito ideológico observável em uma guerrilha como a FARC-Ep, torna-se um fato significativo, mais ainda se se pontua que a trajetória militar desta guerrilha colombiana resultou em uma escalada do conflito em tempos relativamente recentes; sob o financiamento interno e externo das Forças Armadas e da Polícia Nacional da Colômbia, a insurgência não foi completamente eliminada, mas seus membros foram reduzidos em número, além de confiná-los nas áreas de selva e de fronteira; que, entre outras coisas, significou para os países vizinhos da Colômbia, encorajar outros tipos de saídas para o conflito como negociação através de mediação internacional e com isso, mesmo com o endosso dos EUA, para evitar possíveis abordagens da insurgência em menção com o antigo ou novos aliados que financiam ou encorajam movimentos insurgentes na ilha continental no estilo do passado bipolar.

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Assim, o próprio conflito armado na Colômbia, um país que, como mencionado, é um membro ativo e pleno da Aliança do Pacífico, assume uma importância significativa em termos da atual reorganização regional. Este aspecto não está longe de analisar outros critérios de segurança intracontinental, especificamente o fenômeno do tráfico de drogas, cada vez mais difundido, menos concentrado nos países produtores tradicionais da região andina (Bolívia, Peru e Colômbia), esses dois últimos membros da Aliança, criando uma nova atmosfera para o transporte de narcóticos em um continente cada vez mais propenso à produção de folha de coca e papoula, mas também se tornou um grande consumidor de narcóticos do México até a Patagônia .

Finalmente, na própria geopolítica do pós-Guerra Fria em nosso continente, mas especificamente em toda a América Latina e Caribe, enfrentamos um novo rearranjo das peças neste importante jogo de xadrez. Para começar, um tipo de “limpeza extrema” surge em termos de erradicação de governos opostos aos propósitos da hegemonia continental, acusações de corrupção, por exemplo, criou-se os documentos do Panamá, a lista de Clinton e outras manobras destinadas a gerar instabilidade interna, uma espécie de “caos controlado” destinado a alcançar o objetivo em questão. Ao abordar a questão atual do conflito armado na Colômbia, a estratégia pode ser desencorajar a ação da guerrilha, neste caso, qualquer organização de guerrilha, como as FARC-EP, pretendem assumir antigas ou novas simpatias com que poderia ser esse “novo eixo do mal” para o Ocidente: China, Rússia e Irã.

Nessa correlação de ideias, o apoio a um processo de paz na Colômbia tem muito a ver com a forma de desmantelar a presença de poderes extra-regionais que, no meio da atual geopolítica mundial pós-Guerra Fria, procuram vulnerabilizar os critérios de defesa monroista do continente americano. Para este fim, a proposta de erguer os governos neoconservadores e neoliberais, juntamente com a garantia da pax americana sob a ideia do jogo em que todos os participantes “apostam com próprios recursos”, são reforçados, fortalecendo assim a proposta do presidente Donald Trump e seu slogan da America First, que inclui, entre outras coisas, a consolidação de uma das melhores e mais profissionais forças armadas ao serviço dos interesses americanos; o que implica numa forte conta nas despesas militares e, para isso, a nova administração do governo estará disposta a cortar e reajustar o orçamento militar para alcançar os objetivos de seu projeto como hegemonia global.

Tais situações são observadas em casos como a OTAN, cujos membros terão que tentar manter vivo esse tipo de mecanismos de defesa, aumentando suas quotas de participação. O mesmo é verdade para os países pertencentes à “ilha continental”, ressaltando o projeto de lei que aguarda membros da ainda ativa Aliança do Pacífico, do México, inserida na famosa questão de continuar a construção de um “muro fronteiriço” “De 3.000 quilômetros de comprimento;

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seguido por um país como a Colômbia, com a enorme tarefa de resolver a reinserção de uma guerrilha em um período de dez anos com um tesouro público sem receitas petrolíferas, o Peru, por sua vez, envolvido na construção de uma base militar nas proximidades da floresta amazônica em questão de alguns meses, cujo projeto de lei de cobrança ainda deve ser definido e o Chile, convertido em uma estrada de trânsito para o sul da América, onde se combinam tráfico de drogas e o terrorismo em uma área de fronteira tripla e cujas ações estão vinculadas, sem dúvidas aos desafios atuais da chamada pax americana do século XXI.

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