1
EFEITO DO FOGO NAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO
Profa. Dra. Eliana Barreto Monteiro
2
Gran Circo Norte – Americano 1961
15 de dezembro de 1961 – Niterói/RJ
503 pessoas morreram
Sales, 2015 DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO
EFEITO DO FOGO
3
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
Aeroporto Santos Dumont
Rio de Janeiro 13 de Fevereiro de 1998
1
4
Edifício Andraus no Centro de São Paulo 1972
Causa: Sobrecarga do Sistema Elétrico
16 mortos e 330 feridos
Sales, 2015
5
Edifício Andraus no Centro de São Paulo 1972
6
Edifício Joelma no Centro de São Paulo 1974
Causa: Curto Circuito em Aparelho de Ar Condicionado
188 mortos e 345 feridos
Sales, 2015
4
7
Lojas Renner em Porto Alegre 1976
41 mortos e 60 feridos
Sales, 20158
LOBRAS Recife
21 Dezembro 1994
ASFIXIA PANICO QUEIMADURAS
COLAPSO
9
GALPÃO
Jaboatão
Empresa de Artefatos de Papel
Os pilares e vigas apresentam coloração rosa, fissuras de abertura entre 0,1 e 0,3 mm e, em alguns pontos, desplacamento do recobrimento da aresta (spalling).
Coloração rosa, fissuras e desplacamento do recobrimento de aresta.
Detalhe do lascamento
RIBEIRO et al, 2013
7
10
Canecão Mineiro 2001
Causa: Queima de fogos no palco
7 mortos e 300 feridos
Sales, 2015
11
Eletrobrás- Rio de Janeiro, 26 Fevereiro 2004
12
INSS-Brasília, 27 Dezembro 2005
10
13
WORLD TRADE CENTER Nova Iorque
11 Setembro 2001
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FATOS E CURIOSIDADES
O impacto dos aviões (velocidade de 960 km/h) provocou a imediata destruição de uma parte dos pilares da fachada atingida, bem como parte da estrutura do núcleo.
As explosões dos taques de combustíveis provocaram a destruição de uma parte das fachadas e incêndio que atingiu mais de 1000º C. Bastam 500º C para que o aço perca 80% da sua resistência.
A parte superior das torres desmoronou sobre a inferior e provocou o colapso das torres em forma de implosão. A Torre 1 colapsou em 103 minutos e a Torre 2 colapsou em 56 minutos.
A causa principal da queda das torres foi a ocorrência de altas temperaturas por longo tempo, fruto da enorme quantidade de óleo combustível derramado na estrutura, o que causou o escoamento do aço
15
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
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16
Boate kiss, 27 de janeiro de 2013
Causa: Queima de fogos no palco
17
Museu da Língua Portuguesa, 21 de dezembro de 2015
Causa: Iniciou com a troca de uma lâmpada
18
Prédio abandonado 24 andares desaba, 1 de maio de 2018
Causa: Desconhecida
16
19 [...] Tinha muito material combustível: madeira, papel, papelão, algo que fez com que essa chama se propagasse com rapidez. E a própria estrutura do prédio, sem os elevadores, formando essa chaminé, fez com que causasse o incêndio de forma generalizada na edificação", disse o porta-voz dos bombeiros.
20 Concreto Aço 21 755 1095 1275
36 55 68
y = 260x - 522338 R² = 0.9694
y = 16x - 32155 R² = 0.9884
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
2012 2013 2014 2015 2016
Q ua nt id ad e Ano
Estatísticas de Incêndio*
Pernambuco e Brasil - 2012 a 2014
BRASIL PERNAMBUCO Linear (BRASIL) Linear (BRASIL) Linear (PERNAMBUCO)
Dados: Instituto de Sprinkler do Brasil
*Exceto Residenciais
Sales, 2015
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
19
22
Comportamento dos materiais do
concreto em altas temperaturas
Água:
Em altas temperaturas, a dilatação térmica
da água influencia sobremaneira o processo
de lascamento do concreto por meio dos
gradientes de pressão associados à
vaporização e transporte de grandes
quantidades de água.
O concreto é incombustível e não emite gases tóxicos quando expostos a altas temperaturas
23 Lascamento
(Spalling)
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
24
O spalling ocorre quando a pressão de vapor dentro do material aumenta a uma taxa maior do que
o alívio de pressão causado pela liberação de vapor para a atmosfera. Sua manifestação é,
portanto, mais freqüente em concretos que apresentam uma estrutura de poros mais refinada e
uma umidade interna elevada.
22
25
EUROTUNEL (França-Inglaterra) França - Inglaterra
18 Novembro 1996
26
DANOS TÍPICOS EM LAJES HUSNI, 2013
27
Pasta de Cimento Portland:
•Até 80°C - quimicamente estável;
•100°C - evaporação da água livre nos interstícios;
•180°C - desestruturação química efetiva;
•200°C - água evaporada reduz as forças de Van der Walls entre as camadas de C-S-H;
•Até 300°C -acentua o aparecimento de fissuras e uma ligeira perda de resistência;
•De 400°C à 600°C - dessecação dos poros seguida da decomposição dos produtos de hidratação e destruição do gel de C-S-H. A reação endotérmica da desidratação do hidróxido de cálcio Ca(OH)2libera o óxido de cálcio CaO e água. Essas reações
químicas são acompanhadas de redução de volume, contribuindo para o aumento de fissuras:
25
28
Agregados:
Calor provoca expansões no agregado que
pode ser destrutiva para o concreto
CONDUTIVIDADE TÉRMICA: BAIXA --- BASALTO;
MÉDIA –---- CALCÁREOS CALCÍTICO E DOLOMÍTICO; ELEVADA – QUARTZO.
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
29
Aço:
Fusão: aproximadamente 1550°C;
Incêndio: temperatura máxima 1200°C;
(Nesta temperatura a resistência se anula)
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETOEFEITO DO FOGO
30
Degradação física do concreto:
Delaminação Superficial
Lascamento (Spalling)
Explosivo (Explosive Spalling)
Delaminação Gradual (Sloughing)
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
28
31
Degradação física do concreto:
Spalling
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
CORBITT-DIPIERRO (2007)
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Degradação física do concreto:
Sloughing
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
CORBITT-DIPIERRO (2007)
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Degradação física do concreto:
Perda de aderência aço-concreto
Após 100°C-redução da perda de aderência é sensível em função do aumento e duração do aquecimento;
Após 400°C-perda de aderência é maior do que a redução de resistência a compressão do concreto;
Após 600°C- perda completa da aderência.
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
31
34
Degradação física do concreto:
Corrosão
1. O hidróxido de cálcio da pasta endurecida se recompõe, recuperando o pH inicial apenas nas camadas superficiais molhadas, deixando o interior ressecado do concreto despassivado à mercê da “frente de carbonatação” de fora para dentro.
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
35
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
Resumindo…
Concreto é versátil Concreto não é inflamável Concreto é incombustível Concreto é resistente Concreto é isolante térmico
Concreto perde resistência
Concreto pode explodir (spalling)
0 a 100 0Cumidadevapor d’águaíntegro
100 a 3500C CSH perde águapode explodir
350 a 900 0C Ca(OH)
2CaOagregados soltam
900 a 1200 0C fusão parcial, CO2
HELENE, 2017
36
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
1. Inspeção visual; 2. Ensaio de Carbonatação; 3. Esclerometria;
4. Ensaio de Ultra-som (uniformidade e módulo de
deformação do concreto);
5. Resistência do aço (tensão de escoamento e tensão de
ruptura à tração);
6. Resistência à compressão e módulo de elasticidade do
concreto (Corpo-de-prova extraído- NBR 5739/99);
7. Deslocamento de componentes estruturais; 8. Avaliação do alcance das fissuras do revestimento; 9. Monitoramento das aberturas das juntas;
10. Mapeamento das fissuras na cobertura e medida do
deslocamento do edifício;
Inspeção
34
37
Fonte:PAZINI, 2003
Inspeção Visual
38 Inspeção Visual
39
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
Armadura flambado devido a incêndio
37
40
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
Perda de 40% a 45% da capacidade portante
Fonte: Husni, 2013
41 Ensaio de Carbonatação
42 Esclerometria
ESCLEROMETRIA
40
43 ULTRA-SOM
44
Fonte:BARBOSA, 2005
Extração de corpos-de-prova
45
FISSURAÇÃO PELA EXPOSIÇÃO A EXTREMOS
PROGNÓSTICO:
Fissuração superficial
Deformação do concreto
Lascamento do recobrimento
Deformação do aço
Ruptura dos elementos estruturais
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
43
46
FISSURAÇÃO PELA EXPOSIÇÃO A EXTREMOS
ATUAÇÕES CORRETIVAS:
Escoramento
Reparo com graute ou micro-concreto fluido
Reparo com argamassa de forma manual
Reforço com adição de armadura e concreto projetado
Reforço com chapas metálicas ou perfis metálicos
Recuperação do monolitismo com injeção de epoxi
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
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FISSURAÇÃO PELA EXPOSIÇÃO A EXTREMOS Temp.
(oC) Perda de água, Reações Químicas e Danos Cor do Concreto Resistência Residual em % da Resistência Inicial
20 Evaporação da água
capilar Cinza
100 200
95 300 Perda de água de gel;
aparecimento das primeiras fissuras superficiais; Ca(OH)2se
transforma em CaO Rosa
400 88
500 Concreto começa a desagregar
75
600 Vermelho 55
900 Concreto desagregado, sem nenhuma
resistência
Cinza-Avermelhado 10
1000 AlaranjadoAmarelo 0
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
48
DETERIORAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO EFEITO DO FOGO
O aço e o concreto têm suas resistências reduzidas quando
submetidos a altas temperaturas. As estruturas de concreto,
sobretudo aquelas de concretos de alta resistência (CAR e
CAD), podem estar sujeitas à degradação prematura por
meio do “
spalling
”.
As patologias decorrentes de um incêndio abreviam a vida
útil da edificação sinistrada, e a identificação das mesmas é
de suma importância para e reabilitação do imóvel.
Conclusão:
46
49
50
Estudo de Caso 1
Recorde em concreto
de alta resistência, colorido,
empregado em vários
pilares do
Edifício e-Tower
,
na cidade de São Paulo.
PESQUISA POR PAULO HELENE DA USP, CARLOS BRITEZ PEDRO BILESKY E ANTONIO BERTO DO IPT
51
Três réplicas dos
pilares reais foram
construídas a título
de protótipos no pátio
da USP, para ensaios de
simulação de incêndio
.
Estudo de Caso 1
49
52
Concreto envelhecido naturalmente ao ambiente
agressivo local (8 anos);
Pigmentação inorgânica do concreto, com uso de óxido
de ferro (Fe
2O
3), como recurso útil na avaliação do
concreto pós-incêndio através da mudança de cor do
concreto colorido (pigmentado);
Caracterização do concreto
:
Estes testemunhos foram rompidos e forneceram uma
resistência característica à compressão de
140 MPa, superior à resistência à compressão obtida
durante os moldados em 2002 de 125 MPa.
Estudo de Caso 1
53
Estudo de Caso 1
COLOCAÇÃO DE TERMOPARES
54
Estudo de Caso 1
ENSAIO NO FORNO (SIMULAÇÃO DE INCÊNDIO)
52
55
Estudo de Caso 1
A temperatura do forno –simulação da curva de
aquecimento padrão ISO 834–, foi monitorada e medida através de seis termopares tipo K, mantidos a uma distância de 150 mm das faces da amostra, distribuídos em pontos estratégicos, sendo dois para cada face exposta ao fogo; posicionados a 1/3 e a 2/3 da altura total do elemento.
No programa térmico, foi estabelecido que o tempo de
exposição ao fogo do pilar protótipo seria de 180 min (3h), com ensaio de simulação de incêndio caracterizado pela curva padrão de aquecimento ISO 834. O pilar protótipo foi ensaiado sem carregamento e com exposição de três faces ao fogo, em virtude das dimensões originais da câmara do forno, o que propiciou que uma das faces (onde os termopares estavam instalados) permanecesse de livre acesso durante o ensaio de simulação de incêndio.
56
Estudo de Caso 1
O pilar protótipo perdeu aproximadamente 5% de sua seção transversal somente pelo
efeito de
spalling
(perda física de massa).57
Estudo de Caso 1
55
58
Estudo de Caso 1
O pilar protótipo de concreto de alta resistência
apresentou um bom desempenho quando expostos 180
min (3h) ao fogo, mantendo sua integridade, com 95% de
sua área de seção transversal original preservada (somente
5% reduzida efetivamente por efeito de
spalling
) e
expondo apenas 5% de toda a armadura perimetral
(longitudinal e transversal), mostrando ser dispensável,
nesse caso, o uso de fibras de polipropileno.
59
Estudo de Caso 2
REPARAÇÃO PARCIAL DA ESTRUTURA DE UM EDIFÍCIO DE CONCRETO ARMADO ATINGIDO POR UM INCÊNDIO
Reparo (Pilar):
• Limpeza superficial;
• Encamisamento de ¾ do pilar;
• Armadura adicional
• Preenchimento de 15 cm de concreto com aditivo superplastificante;
• Retirada a fôrma, foi realizada cura úmida, empregando uma manta sobre o pilar;
• Preenchimento do ¼ restante. Husni (2013)
60
Estudo de Caso 2
Reparo (viga com destacamento):• Limpeza superficial;
• Aumento da rugosidade;
• Armadura adicional
• Preenchimento com concreto com aditivo superplastificante;
• Retirada a fôrma, foi realizada cura úmida, empregando uma manta sobre a viga;
Husni (2013)
58
61
Estudo de Caso 2
Husni (2013)
62 Husni (2013)
Reparo (vigas com fissuras):
• Limpeza superficial – ar comprimido;
• Injeção de resina epoxídica – baixa viscosidade;
• Adição de chapas de aço em forma de “U”, transversalmente à viga;
• Adição de chapas retangulares na base da viga com 3 mm de espessura e 8 cm de largura.
Resina epóxi Chapa retangular + chapa “U” Chapa metálica “U”