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A representação do gênero feminino em livros Didáticos de língua inglesa

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013

A REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO EM LIVROS

DIDÁTICOS DE LÍNGUA INGLESA

Aparecida de Jesus Ferreira1 Fernanda de Cássia Brigolla2

RESUMO: O livro didático é o material de utilização predominante na maioria das salas de aula de ensino regular. Muitas das vezes o tratamento dado a esse ma-terial despreza possibilidades de discutir o papel que desempenha na vida social dos/as alunos/as, pois o foco são questões relativas à gramática. Considerando que as imagens têm o ofício de ilustrar o livro retratando a sociedade em determi-nado tempo histórico, este artigo faz uma análise iconográfica, tendo como supor-te a supor-teoria feminista e seus/as estudiosos/as (LOURO, 2003; AUAD, 2003). A jus-tificativa para tal escolha se baseia na possibilidade de discussões entre professo-res/as e alunos/as a respeito do direito da mulher exercer diferentes funções no mercado de trabalho. Com essas discussões, é possível criar novos modos de olhar as representações iconográficas femininas e refletir acerca dos discursos propagados por materiais didáticos. A metodologia de análise será análise docu-mental, pois consideramos o livro como um documento, e utilizamos como supor-te supor-teórico a análise crítica do discurso (FAIRCLOUGH, 2005; WODAK, 2004; VAN DIJK, 1993). Ancoradas nesses/as teóricos/as, as análises permitiram demonstrar que a representação de estereótipos de homens e mulheres no campo profissio-nal ainda ocupa um espaço significativo nos livros didáticos.

Palavras-chave: livro didático; imagem; gênero.

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Doutora em Educação e Linguística Aplicada. Professora do Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas - UEPG. Professora do Programa de Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade - UEPG. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Identidades Sociais e Linguagem – UEPG. Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Letras na Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste. aparecidadejesusferreira@gmail.com

2

Graduanda em Português/Inglês da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientanda da Professora Doutora Aparecida de Jesus Ferreira do Departamento de Línguas Estrangeiras. fer-nandabrigolla@hotmail.com

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013

GENDER REPRESENTATION IN ENGLISH TEXTBOOKS

ABSTRACT: Textbooks are the main material used in most classrooms, in stand-ard schools. Often, the treatment given to textbooks fails to discuss the role that they play in the social life of students because the focus is on issues relating to grammar. Considering that images are used in such books to depict historical so-ciety at any given time, this article uses an iconographic analysis supported by feminist theory and its scholars (LOURO, 2003; AUAD, 2003). The justification for this choice is based on the possibility of discussions between teachers and stu-dents about the right of women to exercise different functions in the labour market. Through these discussions, new ways can be created looking at iconographic rep-resentations of women and to reflect about the discourses propagated by text-books. The methodological analysis is a documental one because we consider books to be documents, and critical discourse analysis (FAIRCLOUGH, 2005; WODAK, 2004; VAN DIJK, 1993) was used for theoretical support. Anchored in the work of these scholars, this analysis demonstrates that the representation of stereotypes of men and women in the professional field still occupies a significant place in textbooks.

Keywords: textbook; image; gender.

1- INTRODUÇÃO

Partindo do pressuposto de que o livro didático é o material mais utilizado pelos/as professores/as, servindo, também, como um recurso para os/as aluno/as no acompanhamento das aulas, este trabalho tem por finalidade discutir como a autonomia profissional se reflete no espaço para discussões de determinados te-mas. Afinal, o livro didático possui os textos e atividades previamente escolhidos, os quais, em geral, não possibilitam atingir a realidade do/a aluno/a, não permitin-do a ele/a “fazer inferências, atribuir sentipermitin-dos” (TORTATO, 2010, p. 29). Portanto, o resultado desse trabalho “pronto para uso”, somado à falta de preparação dos/as professores/as, certamente prejudica o papel que o docente desempenha: instigar os/as alunos/as.

Limitar-se a esse material é, na maioria das vezes, impedir a compreen-são da turma de alunos/as, que é permeada por diferentes visões de mundo; isto é, essa turma constitui um grupo heterogêneo. Então, cabe ao/à professor/a ado-tar abordagens inovadoras que olhem para a realidade desses/as alunos/as

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 gindo seu objetivo. Por isso, o/a professor/a precisa estar ciente de que as dis-cussões sobre determinados assuntos são fundamentais na desconstrução de conceitos construídos na própria sala de aula. Além do mais, a omissão de um assunto que leve ao envolvimento dos sujeitos oprimidos não necessariamente os isentará de qualquer discriminação dentro ou fora da sala.

Temas que podem estar relacionados a questões de gênero, raça e etnia circulam na sala de aula e independem da classe social dos alunos/as e professo-res/as. Em razão disso e das múltiplas possibilidades de tópicos a serem discuti-dos, temos como foco principal de análise a problemática da opressão feminina e como a mulher é representada nas imagens dos livros didáticos. Afinal, o livro didático, por meio das imagens e discursos, em princípio, retrata a sociedade num dado momento histórico. Assim, considerando que a mulher atual vem ocupando o seu espaço cada vez mais, ou seja, mudando de ocupação profissional, este estudo deseja fazer tal constatação. Para tanto, utilizamos o embasamento teóri-co descrito a seguir. Em relação aos documentos oficiais, o Programa Nacional do Livro Didático - PNLD (BRASIL, 2011); em relação à identidade, SILVA, 2000; para relações de gênero, AUAD, (2003); e, LOURO, (2003). Para a análise do livro didático utilizamos a Análise Crítica do Discurso (a partir daqui utilizamos ACD) FAIRLOUGH, (2005). Estas referências nos ajudarão a responder aos se-guintes questionamentos: a) Como o livro didático pode interferir no desempenho do/a professor/a?; b) Como se dá a representação da mulher no livro didático?; e c) Como o/a professor/a pode discutir relações de gênero com os/as alunos/as?.

Em primeiro lugar, trazemos algumas considerações sobre o livro didático (a partir daqui utilizaremos LD) na sala de aula. Em segundo lugar, de acordo com as afirmações sobre o material didático e a postura do/a professor/a, sugerimos um tema a ser discutido em sala de aula: as relações de gênero. Por fim, ampa-radas na análise crítica do discurso e nos estudos feministas, fazemos a análise de algumas imagens selecionadas por tema.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 2- O LIVRO DIDÁTICO

O/a professor/a possui papel mediador na sala de aula, sendo assim, é esse profissional que mantém o controle do que pode vir a acontecer nesse espa-ço. Muitas vezes com o objetivo de conseguir cumprir o planejamento anual, o/a professor/a deixa passar despercebidos temas relevantes, os quais podem auxili-ar na compreensão das dificuldades de seus/as alunos/as. Esses temas geral-mente são levantados por meio do livro didático.

Apoiadas na seguinte premissa de que “com grande frequência os livros didáticos são vistos – ou pelo menos indiretamente tratados - como o material didático por excelência, tanto na área de Linguística Aplicada quanto na Educa-ção como um todo” (VILAÇA, 2009, p. 05), é possível afirmar que dispensar as opiniões dos/as alunos/as pode prejudicar a formação de cidadãos e cidadãs críti-cos/as. Além disso, de acordo com Tílio (2010, p. 49):

As escolhas dos contextos culturais apresentados pelos livros e as atividades propostas pelos autores podem permitir, ou não, que determinadas identidades sejam construídas, ou, pelo menos, manifestadas, em um determinado momento.”

Ainda podemos destacar, conforme o PNLD (BRASIL,2011, p. 13), que:

[...] o que dá a um livro didático o seu caráter e qualidade didático-pedagógicos é, mais que uma forma própria de organização inter-na, o uso adequado à situação particular de cada escola; e os bons resultados também dependem diretamente desse uso. Po-demos exigir – e obter – bastante de um livro, desde que conhe-çamos bem nossas necessidades e sejamos capazes de entender os limites do LD [livro didático] e ir além deles.

O/a professor/a poderá fazer do livro didático um instrumento a mais para ir além de regras gramaticais, contribuindo para inserir questões que remetam à visão de mundo dos/as alunos/as. Uma dessas questões envolve a concepção equivocada, porém cristalizada, de que existem atividades voltadas apenas para o homem e outras apenas para a mulher.

Esse indagar pode surgir de uma imagem, recurso empregado no livro di-dático servindo, geralmente, apenas como condutor nos exercícios. Se o principal

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 instrumento de estudo na sala de aula é o livro didático, essas imagens são um dos veículos do discurso da sociedade, os quais “influenciam a construção identi-tária do aluno, reproduzem ideologias, participando de modo importante da for-mação de atitudes e valores.” (OLIVEIRA, 2008, p. 99).

O formador de sujeitos críticos, isto é, o/a professor/a, precisa se aproxi-mar dos discursos das diferentes identidades que o rodeiam, pois conforme Wo-odward (2000, p. 17), “é por meio dos significados produzidos pelas representa-ções que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos”. Compreen-dendo os significados nesses sistemas, Woodward (2000, p. 17) afirma que tere-mos “ideia sobre quais posições-de-sujeito eles produzem e como nós podemos ser posicionados em seu interior”. Por essa razão, dar voz ao/à aluno/a é mais do que isso, é deixar que se estabeleça uma relação de cumplicidade com o/a pro-fessor/a.

As discussões que esta pesquisa cita referem-se à análise a qual se pro-põe a fazer tendo como objeto as imagens em que são representadas as mulhe-res. Essas imagens são entendidas como um modo pelo qual se pode difundir e se refletir a cultura de um determinado povo, num determinado lugar e tempo, aproximando-as ou contrastando-as com as imagens que adotamos no momento em que a aula acontece. Como essa pesquisa tem por alvo as relações de gêne-ro, a reflexão terá como critério entender quais são os papéis desempenhados por homens e mulheres nas imagens e observar se há, a respeito dos estereótipos, desconstrução ou fortalecimento.

3- O QUE É GÊNERO?

Para se discutir gênero na sala de aula, o/a professor/a precisa de argu-mentos, pois os discursos que se impõem atualmente se alojaram nas pessoas de tal modo que reconhecer o preconceito em relação às questões de gênero parece tarefa difícil. Então, a partir do momento em que o/a professor/a se dispõe a des-construí-los, ele/a necessita estar ciente de que:

Gênero não é sinônimo de sexo (masculino ou feminino), mas cor-responde ao conjunto de representações que cada sociedade

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 constrói, através de sua História, para atribuir significados, símbo-los e características para cada um dos sexos. Assim, as diferen-ças biológicas entre homens e mulheres são interpretadas segun-do as construções de gênero de cada sociedade. No momento em que uma criança do sexo masculino nasce e ouvimos dizer “É menino!”, assistimos à primeira interpretação de uma série, que, de diferentes formas, moldará suas experiências, vivências, enfim, o modo como dar-se-á sua inserção e participação no meio social. Ser homem ou mulher e pertencer ao gênero masculino ou femi-nino envolve, em nossa sociedade, criar uma identidade em opo-sição ao do sexo que não é o seu (o sexo “oposto”), distanciando-se dele e negando-o. (AUAD, 2012).

Além disso, a escola aqui não se limita ao espaço físico, pois é entendida como o conjunto de influências, sobretudo se for mista e busca uma educação para a democracia. Desse modo, “a coeducação, assim como a educação para a democracia, só existirá com uma educação adequada e sistematicamente voltada para a sua existência e manutenção. [...] As professoras, os alunos e as alunas são os sujeitos das práticas pedagógicas” (AUAD, 2002-2003, p. 138). Assim, conforme Louro (2003, p. 85):

[...] se admitimos que a escola não apenas transmite conhe-cimentos, nem mesmo apenas os produz, mas que ela tam-bém fabrica sujeitos, produz identidades étnicas, de gênero, de classe [...] certamente, encontramos justificativas não a-penas para observar, mas, especialmente, para tentar inter-ferir na continuidade dessas desigualdades.

Consequentemente, precisamos ter em mente que tais desigualdades são fruto de convenções sociais e manifestam-se nos discursos que rodeiam os/as alunos/as e nas imagens dos LD. Enfim, trata-se de representações que, se não problematizadas pelo/a professor/a, farão com que o/a próprio/a professor/a este-ja inconscientemente fazendo com que os/as alunos/as esteeste-jam “[...] assumindo a dicotomia homem-mulher” (TÍLIO, 2010, p. 51).

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 4- METODOLOGIA

Apoiadas na análise do discurso crítico - ACD, comentamos o papel do li-vro didático na sala de aula e o seu manuseio pelo/a professor/a; apontamos questões referentes às relações de gênero e suas representações no livro didáti-co; e, por conseguinte, expomos as análises embasadas nessas reflexões.

A metodologia de análise do livro didático será a análise documental, pois consideramos o livro como um documento (LÜDKE, 1986) e utilizamos a ACD (FAIRCLOUGH, 2005; PENNYCOOK, 2010; VAN DIJK, 1993; WODAK, 2004).

Conforme Van Dijk (1993, p. 250, tradução nossa):

Os analistas críticos do discurso querem saber que tipo de estru-turas, estratégias ou outras propriedades do texto, conversa, inte-ração verbal ou eventos comunicativos desempenham um papel nesses modos de reprodução.

Nesta perspectiva, temos como objetivo verificar que tipos de discurso são empregados nas imagens do livro didático e de que modo esses discursos se apresentam. Afinal, com enfoque nas imagens em que o gênero feminino apare-ce, a opressão feminina é um tema social recorrente. Por isso, “nós devemos co-meçar a assumir projetos morais e políticos para mudar essas circunstâncias” (PENNYCOOK, 1990, p. 25, citado em PENNYCOOK, 2010, p. 16.2, tradução nossa).

A pesquisa depara-se com o que Lüdke e André afirmam ser (1986, p. 27) “uma série de decisões quanto ao seu grau de participação no trabalhar, quanto à explicitação do seu papel e dos propósitos da pesquisa junto aos sujeitos e quan-to à forma da sua inserção na realidade”. Contudo, apoiada nas leituras que tra-tam da mesma problemática, a observação das imagens no LD é importante para verificarmos se a representação das relações de gênero está em consonância com a realidade atual. Com isso, no espaço escolar, a pesquisa assume o papel de investigar imagens que aludam à opressão feminina, propondo questionamen-tos que conduzam o olhar do/a professor/a a partir do momento em que ele/a se dispõe a usá-las.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 O material didático a ser analisado é Take your Time, elaborado pelas au-toras Analuiza Machado Rocha e Zuleica Águeda Ferrari, e tem como um dos ob-jetivos gerais “ampliar a visão de mundo de nossos alunos, tornando-os cidadãos mais críticos e reflexivos” (ROCHA, FERRARI, 2004, p. 5).

Faremos a análise de imagens nesse material didático para refletir acerca da criticidade e reflexão que os LD buscam desenvolver nos/as alunos/as, verifi-cando também se tais habilidades não estão limitadas à apreensão do sistema de uma língua estrangeira.

Segundo Pires (2004, citada por Ribeiro, 2010), “as imagens [...] repre-sentam práticas sociais muitas vezes exigidas como comportamentos adequados e esperados em meninos e meninas” e, apoiadas nessa afirmação, acreditamos que, por meio de determinados temas, a propagação desses estereótipos é feita em grande escala. Conforme Castells (1999, citado por TÍLIO, 2010, p. 48, ver também FERREIRA, 2012a, 2012b), “através dos discursos que faz circular, o livro didático pode perpetuar identidades hegemônicas ou abrir espaço para o surgimento de novos projetos identitários”, ou seja, imagens que transmitem um determinado discurso, o qual não é problematizado.

5- ANÁLISE DAS IMAGENS DO LIVRO DIDÁTICO: UMA QUESTÃO DE IGUALDADE DE GÊNERO

Nesta seção faremos a análise das imagens contidas no livro didático. As-sim, o critério da escolha dos temas foi baseado na receptividade que os/as alu-nos/as possuem em relação à sua vida social, sendo Jobs (Empregos) e Service

Buildings (Prédios de serviço) atividades para preencher com o nome abaixo da

figura; e a figura denominada Places (Lugares) é composta por imagens que têm por objetivo a assimilação da nomenclatura de lugares com o emprego do tempo verbal presente simples em perguntas e respostas. O tema Household chores in

“Thanksgiving day” (Atividades domésticas em “Dia de Ação de Graças”)

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 Tema: Jobs (Empregos)

Este tópico foi escolhido por abranger uma das primeiras problemáticas que as mulheres enfrentaram: trabalhar. Desse modo, podemos observar o se-guinte, de acordo com Colling (2011, p. 175):

As discussões sobre a inconveniência do trabalho remunerado pa-ra mulheres casadas epa-ram formuladas no quadro de genepa-raliza- generaliza-ções sobre a fisiologia e a psicologia femininas, fundindo assim mulheres casadas com mulheres em geral. [...] maternidade e domesticidade eram sinônimos de feminilidade.

O encargo das mulheres era somente submeter-se aos colegas de traba-lho e enfrentar preconceitos, além de lhes ser atribuída uma moral negativa. De acordo com o trabalho de Pires (2004), citado por Ribeiro (2010):

São as práticas sociais masculinizantes e feminilizantes, em con-sonância com as concepções de cada sociedade, que constroem o masculino e o feminino, sendo, ademais, as ilustrações “persua-sivas e simbólicas” e portadoras de “características masculinas e femininas que, de certa forma, parecem imutáveis ou intransponí-veis, produzindo a impressão de que existe uma única forma de ser mulher e de ser homem”. (RIBEIRO, 2010, pp. 104-105).

É possível perceber que as práticas sociais refletem-se, invariavelmente, na Fig.1 e na Fig. 2, pois, além do grande número de homens, nenhum deles se apresentou como dançarino de balé, bem como nenhuma mulher é apresentada jogando futebol, por exemplo; ou seja, não há tentativa de quebra de estereótipos.

Conforme Wodak (2004, p. 225), “a Leitura crítica e a ACD podem ser de-finidas como campos fundamentalmente interessados em analisar relações estru-turais, transparentes ou veladas, de discriminação, poder e controle manifestas na linguagem”, devendo-se registrar que, nas análises, verificou-se o predomínio de ilustrações de homens trabalhando. De acordo com o estudo, duas das nove mu-lheres ocupam profissões como engenheira e médica, mas, ainda assim, não há um equilíbrio na percentagem de representações.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 Fairclough (2005, online), afirma que “o maior objetivo da ACD é dar con-ta das mudanças dos discursos sociais”. Apoiadas em sua teoria, tencon-tamos verifi-car se de fato havia essa intenção e até que ponto essas mudanças dos discursos sociais se manifestavam. Percebemos então que as relações de poder ainda fa-vorecem o homem, o qual é representado em maior quantidade e que os discur-sos sociais que discriminam a mulher interferem na produção desses meios didá-ticos que visam à igualdade.

FIGURA 1: Take your time. Analuiza Machado Rocha e Zuleica Águeda Ferrari. 3. ed. reform.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 FIGURA 2: Take your time. Idem. Vol.1, p. 49.

Tema: Service Buildings (Prédios de serviço)

No dia a dia estamos sujeitos às diversas influências que nos rodeiam, sobretudo quando nos relacionamos com outras pessoas. Essas influências de-sencadeiam posturas, opiniões e reações diferentes em cada sujeito. Ao

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 rar o ser humano como um ser social, optamos por analisar o tema Prédios de Serviço - Service Buildings - na tentativa de estudar nas imagens o modo como se dão essas relações sociais.

Ao abordar esse tema na sala de aula, criam-se novas formas de enten-dê-las a partir do modo como os/as alunos/as recorrem às experiências vividas ou vistas. Sendo esse trabalho responsável somente pela análise visual, corrobora-se o pensamento de Wodak (2004, p. 233), quando ele afirma que aqui desponta “o reconhecimento da contribuição de todos os aspectos do contexto comunicati-vo para o significado do texto”, afinal, é por meio da leitura crítica da imagem que se “humaniza o homem, a alfabetização pela imagem é um meio de construir ci-dadania.” (BELMIRO, 2007, p. 22).

Segundo Arruda, os teóricos “revelam o quanto o pensamento dito ingê-nuo veicula significado e merece atenção” (2002, p. 139), e, dentro da sala de aula, o/a aluno/a absorve o discurso implícito nas imagens do tema selecionado, o qual poderia ser a desconsideração da capacidade das mulheres em trabalhar. Afinal, essa seção é predominantemente composta por pessoas do sexo masculi-no: dos cinquenta e oito personagens, apenas treze são do sexo feminino. Na Fig. 3 e na Fig. 4, as mulheres estão em minoria e possuem função secundária: enfer-meira, vendedora de ingressos para o cinema e caixa do banco, e pessoas co-muns que se pesam na balança ou fazem compras. Enquanto isso, os homens aparecem em quatro ilustrações fazendo atividades mais relacionadas ao cogniti-vo, como ler e praticar esportes; fato que não se aplica a nenhuma personagem mulher nestas imagens.

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 FIGURA 3: Take your time. Idem. Vol. 3, p.

09. FIGURA 4: Take your time. Idem. Vol. 3, p.

10.

Tema: Places (Lugares)

Como Kress (1989, citado por WODAK, 2004, p. 230) explica que “os lei-tores/ouvintes não são recipientes passivos quando se relacionam com os textos”. Selecionamos esta seção com a justificativa de que as atividades têm como enfo-que o completar de lacunas, desprezando, dessa maneira, a oportunidade de dis-cutir os posicionamentos dos/as alunos/as acerca das imagens. Há nessa seção somente a preocupação de memorizar os lugares da casa, com o emprego de um determinado tempo verbal, o passado simples. Como afirma Belmiro (2000, p. 23), “em muitos casos, a ilustração ultrapassa o texto, atrapalha o texto ou,

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 mo, nada lhe acrescenta. Pior, continua como mero indicador de modernidade, sem lidar com as possibilidades de sensibilização para leituras de mundo”.

Entretanto, essas representações não são meras ilustrações, pois elas estão inseridas num material didático, ambos desempenhando, em princípio, o papel de desenvolver o ser como indivíduo crítico em sua pesquisa. Pessoa; Ur-zeda-Freitas (2012) apontam reflexões similares. Desse modo, conforme Louro:

[...] os livros didáticos e paradidáticos têm sido objeto de várias in-vestigações que neles examinam as representações dos gêneros, dos grupos étnicos, das classes sociais. Muitas dessas análises têm apontado para a concepção de dois mundos distintos (um mundo público masculino e um mundo doméstico feminino), ou para a indicação de atividades "características" de homens e ativi-dades de mulheres. (2003, p. 70)

Na Fig. 5, há quatro personagens homens e duas mulheres. Numa delas, há um casal em que o homem aparenta estar bem vestido, com roupa do “traba-lho” enquanto a mulher está com roupa comum. O espaço é a cozinha, o que nos dá a entender que ambos conversam e a mulher faz alguma atividade doméstica, ela está de costas e suas mãos omitidas e com o perfil voltado para o marido de-monstrando um sorriso. Já o homem apenas está numa postura reflexiva, gesticu-lando com as mãos.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 Tema: Household chores in “Thanksgiving day” (Atividades domésticas em “Dia de Ação de Graças”)

Conforme Colling, “para se falar em educação e trabalho feminino preci-samos falar em relações de gênero, ou seja, a relação política e cultural entre os sexos” (2011, p. 170); e a atividade doméstica é uma esfera preocupante quando se refere a essas relações, pois:

Já que se entende que o casamento e a maternidade, tarefas fe-mininas fundamentais, constituem a verdadeira carreira das mu-lheres, qualquer atividade profissional será considerada como um desvio dessas funções sociais, a menos que possa ser represen-tada de forma a se ajustar a elas. (LOURO, 2003, p. 96, grifos da autora).

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 Na Fig. 6 e na Fig. 7, inseridas na seção “Dia de Ação de Graças”, as ativi-dades domésticas como cozinhar e cuidar da criança, são apresentadas como sendo funções exclusivas da mulher. Contudo, segundo Coelho (2002, p. 46):

[...] não queremos, neste nosso franco dissertar, suprimir, absolu-tamente, as donas-de-casa; achamos que quando as circunstân-cias o exigem, esse deve ser o seu principal e preferível papel, que é todo de atraente poesia – o que não obsta a que sejam re-volucionadas. O nosso fraseado baseia-se simplesmente na razão de que nem todas as mulheres estão nas condições de mera su-jeição à vida doméstica.

Ainda assim, a propagação de estereótipos e o conceito de que as mulhe-res devem limitar-se ao lar são ainda muito recorrentes nesses materiais que, su-postamente, intentam a igualdade social. Widdowson (2000), citado por Maga-lhães (2005, p. 05), afirma que a ACD é “essencialmente política em seu propósi-to com seus praticantes agindo sobre o mundo para transformá-lo e com isso con-tribuir para criar um mundo no qual as pessoas não sejam discriminadas devido a sexo, credo, idade ou classe social”.

Conforme as representações analisadas, o que podemos assimilar é que o papel da mulher está incondicionalmente ligado às atividades domésticas, dis-seminando a ideia de que só as mulheres são submetidas a esse tipo de encargo. Para Coelho (2002, p. 47), “a mulher que apenas sabe ser dona-de-casa, é inca-paz de viver do seu trabalho, não se pode tornar independente [...]. De mais a mais que a sua profissão a não inibe absolutamente de ser, em todo o terreno, muito boa dona-de-casa”. Essa análise critica o modo como as mulheres são vi-sualmente aconselhadas ao assujeitamento de uma ocupação, e não especifica-mente o ato de ser dona-de-casa, mas o limitar-se a essa condição; resultados similares são encontrados na pesquisa de Ferreira; Ferreira (2011).

6- Considerações Finais

Como mencionamos na introdução desta pesquisa, utilizaremos este es-paço para responder as perguntas de pesquisa que são:

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 a) Como o livro didático pode interferir no desempenho do/a professor/a? Por meio das análises, percebemos que o livro didático pode interferir no desempenho do/a professor/a quando este se limita às suas atividades, que em sua maioria são voltadas para a apreensão do sistema da língua estrangeira. Ao considerarmos que o livro de língua estrangeira possui ilustrações para auxiliar o reconhecimento do tema proposto, buscamos verificar como se deu a representa-ção da mulher nessas imagens.

Dessa maneira, constatamos que ainda há uma dissonância entre as o-cupações que a mulher tinha e as que ela adquiriu e vem conquistando. Ao falar da mulher, referimo-nos também ao homem e ao reflexo de concepções cristali-zadas socialmente, identificadas nas representações: o homem branco que traba-lha e a mulher na cozinha ou em empregos secundários.

b) Como se dá a representação da mulher no livro didático?

Embora a mulher tenha aparecido nas imagens exercendo as profissões de médica ou de bombeira, as representações não garantem o desaparecimento de desigualdades existentes em outras atividades do livro didático. Para desen-volver a habilidade crítica dos/as alunos/as a respeito dessas representações é preciso que o/a professor/a saiba discuti-las em sala.

c) Como o/a professor/a pode discutir relações de gênero com os alu-nos/as?

Por valorizarmos a formação do/a professor/a e considerarmos que não estamos isentos de presenciarmos as diferenças sociais referentes às relações de gênero em outras esferas de comunicação, compete ao/à professor/a propiciar a reflexão nos/as alunos/as por meio de perguntas, uso de materiais autênticos pa-ra problematizar o tema abordado, vinculando-o com a realidade dos/as alu-nos/as.

Em suma, para as pessoas que desejam continuar as pesquisa a partir dessa, sugerimos como pesquisas futuras as seguintes questões: “como a mulher é representada no discurso verbal pelo livro didático?”; “como o professor pode trabalhar com essa representação na sala de aula?”.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.6 Número 14 setembro- dezembro 2013 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido em 07/07/2013. Aceito em 17/08/2013.

Imagem

FIGURA  1:  Take  your  time. Analuiza  Machado  Rocha  e  Zuleica  Águeda  Ferrari.  3
FIGURA 5: Take your time. Idem. Vol. 3, p. 58.
FIGURA 6: Take your time. Idem. Vol. 3, p. 107.

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