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Vida e obra de Freitas Valle e Jacques D'Avray: o mecenas paulistano e o poeta simbolista brasileiro

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Academic year: 2020

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V I D A E O B R A D E F R E I T A S V A L L E E J A C Q U E S D ' A V R A Y : O M E C E N A S P A U L I S T A N O E O P O E T A

S I M B O L I S T A B R A S I L E I R O

Adriana Z A V A G L I A *

O movimento simbolista brasileiro, que f o i talvez o mais disseminado por todo o p a í s , apesar de seu curto p e r í o d o oficial de v i g ê n c i a (1893-1902), é ainda pouco estudado, tanto em termos de autores, que s ã o talvez os mais numerosos da história literária brasileira, como em termos de fatos literários: manifestos, revistas e p u b l i c a ç õ e s em geral. Deste modo, quando se fala em Simbolismo Brasileiro, geralmente s ã o privilegiadas duas ou t r ê s figuras, como por exemplo Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Emiliano Perneta. Os demais poetas e escritores, que formam u m grupo numeroso, s ã o normalmente focalizados apenas de passagem nas h i s t ó r i a s literárias, como se pode observar no Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro (1973), de Andrade M u r i c y .

Nessas c i r c u n s t â n c i a s , mesmo os estudos em nível de mestrado e doutorado tendem, por u m fenômeno natural de a t r a ç ã o , a focalizar a obra desses poetas considerados maiores, de modo que os demais s ó por e x c e ç ã o s ã o retirados do esquecimento.

Esse f e n ô m e n o de a t r a ç ã o é bastante nocivo ao p r ó p r i o conhecimento da Literatura Brasileira. O que confere vigor, energia e personalidade a u m movimento literário n ã o s ã o apenas os grandes escritores e suas respectivas c r i a ç õ e s , mas o conjunto dos intelectuais e dos escritores do movimento e os fatos literários com que estes marcam sua passagem.

" Mestre em Letras (Literatura Brasileira) pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - JJ3ILCE - UNESP, São José do Rio Preto - SP. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Lingüística e Língua Portuguesa da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, Araraquara - SP.

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Dessa forma, resgatar uma figura que está de certo modo esquecida sempre é uma atitude importante. Considerado simbolista, Jacques d ' A v r a y , p s e u d ô n i m o de José de Freitas Valle, é u m poeta pouco conhecido e que escreveu sobretudo em francês. As referências sobre o autor em antologias s ã o parcas, na maioria das vezes relacionadas a Freitas Valle e sua m a n s ã o , a V i l l a K y r i a l , s a l ã o artístico do início do século X X , localizado na cidade de S ã o Paulo. Considerando t a m b é m que a obra de d ' A v r a y n ã o f o i divulgada, toma-se mais relevante ainda a sua r e c u p e r a ç ã o , pois n ã o h á notícia de que tenha sido estudada sistematicamente.

Aproveitando o centenário da morte de Cruz e Sousa e o tema central da X I Semana de Estudos Lingüísticos e Literários, Raízes do Brasil:

Encontros e Confrontos,

realizada na Faculdade de C i ê n c i a s e Letras da U N E S P em Araraquara, na qual apresentei uma c o m u n i c a ç ã o sobre o tema deste artigo, pretendo, por u m lado, divulgar com este trabalho a vida e a obra de Freitas Valle e Jacques d ' A v r a y e, por outro lado, o tipo de pesquisa que realizei no meu mestrado de 1992 a 1994 sob a o r i e n t a ç ã o do professor R o g é r i o E. Chociay ( I B I L C E - UNESP - S ã o José do Rio Preto).

ME T O D O L O G I A DE DESCOBERTA

Inicialmente, minha pesquisa tinha como intuito estudar a p r e s e n ç a e a influência da língua francesa em escritores brasileiros, particularmente do final do século X I X , pois minha f o r m a ç ã o envolve esse idioma, bem como a atividade de t r a d u ç ã o entre ele e o p o r t u g u ê s . N u m a busca preliminar entre os escritores simbolistas, logo verifiquei que muitos haviam escrito poemas ou mesmo livros em francês, como, por exemplo, Alphonsus de Guimaraens, Pethion de V i l l a r , Homero Prates, Ismael Martins, Alberto Ramos, Eduardo Guimaraens, Jean Itiberê da Cunha e Jacques d ' A v r a y . Entre esses escritores, pareceu-me interessante a figura de Jacques d ' A v r a y por ser u m poeta simbolista de S ã o Paulo cuja vida e obra n ã o eram conhecidas.

Sendo Jacques d ' A v r a y u m poeta n ã o conhecido e n ã o prestigiado pela crítica literária do século passado e deste, as dificuldades para encontrar i n f o r m a ç õ e s a seu respeito foram numerosas. E m primeiro lugar, busquei nas antologias e histórias literárias brasileiras informações sobre d ' A v r a y . Como o que elas traziam era insuficiente, entrei em contato com as bibliotecas mais importantes de S ã o Paulo e do Rio de Janeiro para localizar a obra do poeta. A o mesmo tempo, por meio da lista telefônica de S ã o Paulo, tentei encontrar membros da família do poeta ainda vivos. Obtive sucesso e recebi a notícia de

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que parte da obra de d ' A v r a y havia sido doada ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP). N o decorrer da pesquisa documental, fui compilando artigos, certidões, fotos descobertos em arquivos históricos do Estado de S ã o Paulo (jornais e teatros), em museus, na Faculdade de Direito de S ã o Paulo, na Academia Paulista de Letras, entre outros. Assim, a p ó s dez meses de procura, em outubro de 1992, recebi as fotocópias de duas das obras do poeta, Les Tragipoèmes (série de 1916) e Les Tragipoèmes (série de 1917), da Casa de R u i Barbosa do Rio de Janeiro. Mas f o i somente em outubro de 1993, devido a uma série de desencontros (reformas no I E B - U S P e na biblioteca M á r i o de Andrade, em S ã o Paulo), que consegui entrar em contato direto com a obra de d ' A v r a y , incluindo manuscritos. Dessa forma, denominei a metodologia desse trabalho como sendo de descoberta, j á que o plano inicial, que incluía t a m b é m a t r a d u ç ã o e a análise da obra do poeta, e as diretrizes da d i s s e r t a ç ã o foram sendo pouco a pouco modificados de acordo com as descobertas feitas a respeito da vida e da obra do autor.

Assim, minha pesquisa passou a ter outro objetivo, ou seja, a reconstituição biobibliográfica de Freitas Valle e Jacques d ' A v r a y . Para isso, elaborei uma pequena biografia do autor, avaliei a i m p o r t â n c i a de Freitas Valle e da V i l l a K y r i a l no contexto da é p o c a , apresentei parte de sua obra juntamente com uma t r a d u ç ã o comentada, tracei u m perfil dos dispersos do autor e anexei à d i s s e r t a ç ã o 'poemas inéditos, fotos e r e p r o d u ç ã o de documentos. Como ilustração, apresentei uma reconstituição de suas raras e refinadas obras de 1916 e 1917, Les Tragipoèmes, com quatorze plaquetes, cujas capas, xilogravuras de Boaventura Pacífico, verdadeiras obras de arte, foram reproduzidas em pastel sobre papel c a r t ã o por P a t r í c i a Zavaglia Paschoalino. D e c l a m a ç õ e s de poemas do autor feitas por ele mesmo e u m de seus tragipoemas musicado para piano e voz por Alberto Nepomuceno foram t a m b é m gravados em fita cassete.

Apresento a seguir u m resumo de parte dessa reconstituição, tratando primeiramente de sua vida e do aparecimento de seu p s e u d ô n i m o e, em segundo lugar, enfatizando alguns dos aspectos mais importantes levantados em minha d i s s e r t a ç ã o de mestrado.

FR E I T A S VA L L E

J o s é de Freitas Valle nasce em Alegrete-RS em 10 de dezembro de 1869. Faz seus p r e p a r a t ó r i o s em Pelotas e parte para S ã o Paulo em 1886, quando se matricula na Faculdade de Direito. A l i conhece, entre outros,

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Alphonsus de Guimaraens, de quem seria amigo durante toda a sua vida. Alphonsus chamaria mais tarde Freitas Valle de

Príncipe Real do Símbolo,

Grande Poeta Desconhecido.

Casa-se aos 18 anos com A n t ó n i a Egídio de Souza Aranha, com quem tem quatro filhos. Fica v i ú v o muito cedo, sendo sua nova companheira Regina M a s é , de cuja u n i ã o nascem mais três filhos. Forma-se bacharel em 1891. E m 1893 passa no concurso para a cadeira de francês do G i n á s i o Municipal de S ã o Paulo, onde lecionaria a t é 1936. Entra para a política como deputado em 1903, sendo eleito mais tarde como senador em 1924. Como político, escreve dois livros sobre o ensino no Brasil: O Ensino Público e a sua Solução no Estado de São Paulo (1921) e O Ensino Público no Governo Washington Luís (1924). Funda, com Ramos de Azevedo, Adolfo Pinto e Sampaio Viana, a Pinacoteca de S ã o Paulo, inaugurada em 15 de novembro de 1905. Funda e dirige com Sampaio Viana e Ramos de Azevedo o Pensionato Artístico do Estado, que oferecia bolsas de estudo aos jovens artistas brasileiros que queriam se aperfeiçoar no exterior, como o pianista Souza Lima, a pintora Anita Malfatti e o escultor V i c t o r Brecheret. N o início do século, transforma sua m a n s ã o - a V i l l a K y r i a l , situada à rua Domingos de Moraes 300, em S ã o Paulo (o p r é d i o acabou demolido em 1961) - , u m s a l ã o artístico no início do século, onde recebia os artistas (modernistas e passadistas) e políticos da é p o c a , organizava recitais, jantares, palestras e apresentava novos talentos à sociedade paulistana. Sua

força, segundo Menotti del Picchia, foi decisiva para a arte brasileira. Em 1948 é eleito membro da Academia Paulista de Letras. Morre em 14 de fevereiro de 1958, aos 88 anos.

Da vida de Freitas Valle, resumida acima, pode-se ressaltar sua a t u a ç ã o marcante em r e l a ç ã o aos antecedentes da Semana de Arte Moderna. Como p r o p r i e t á r i o da V i l l a K y r i a l e, principalmente, como diretor do Pensionato Artístico do Estado, Freitas Valle, o grande mecenas de S ã o Paulo, enviou à Europa, dentre centenas de jovens, A n i t a M a l f a t t i e V i c t o r Brecheret. Estes, segundo M á r i o de Andrade e M á r i o da Silva Brito, teriam sido os reveladores no Brasil das novas tendências artísticas que estavam em vigor na Europa e os gatilhos que teriam feito o Modernismo estourar.

A busca de uma arte essencialmente brasileira parece ter sido uma das principais p r e o c u p a ç õ e s do Modernismo, cuja independência estética provavelmente f o i sua maior conquista. Essa independência, no entanto, nasceu de sua r e l a ç ã o com as tendências estéticas e u r o p é i a s do início do século X X , as quais s ó v i r i a m a ultrapassar as fronteiras brasileiras por intermédio de José de Freitas Valle e do Pensionato Artístico do Estado. Essa c o n t r i b u i ç ã o de Freitas Valle, a r i s t o c r á t i c o amante da cultura francesa, aos

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p r i m ó r d i o s da Semana de 22 permaneceu esquecida devido ao p r ó p r i o c a r á t e r nacionalista do movimento modernista, n ã o obstante este ter sido impulsionado por forças estrangeiras, filtradas pelos artistas brasileiros que iam à Europa em busca de aperfeiçoamento. Hoje, no entanto, h á quem diga que o nacionalismo exacerbado dos modernistas chegou a prejudicar a a v a l i a ç ã o da arte brasileira que, por vezes, consagrou artistas apenas por m é r i t o t e m á t i c o .

J A C Q U E S D 'A V R A Y

Assinando Freitas Valle, o autor publica Rebentos, em 1888, pela editora K i n g , aos 18 anos, em p o r t u g u ê s . Como o livro n ã o havia sido bem aceito pela crítica e como o autor n ã o queria se expor ao ridículo, Freitas Valle recolhe todos os exemplares que estavam à venda. A partir de e n t ã o , passa a escrever somente em francês sob o p s e u d ô n i m o de Jacques d ' A v r a y , despersonalizando o poeta e dissociando-o totalmente de Freitas Valle. Este, quando se refere a d ' A v r a y para os amigos, utiliza-se da terceira pessoa do singular. Ele mesmo c o m e ç a a publicar edições luxuosas de seus livros, com os quais presenteava amigos e entes queridos. Apresenta suas obras musicadas no teatro municipal de S ã o Paulo e grava algumas d e c l a m a ç õ e s de seus poemas pela Odeon. A l é m dos manuscritos, tem publicados: Les Tragipoèmes (1916 e 1917) e Rebentos (1888).

D ' A v r a y escreveu em francês, p o r t u g u ê s , italiano e espanhol -epigramas, apologias, poemas infantis, p e ç a s de teatro em versos e tragipoemas. Sua obra em manuscritos encontra-se dispersa em diversos locais em S ã o Paulo, entre bibliotecas, museus e arquivos em geral. E importante ressaltar que Jacques d ' A v r a y f o i o ú n i c o poeta brasileiro que levou a arte simbolista ao teatro e à musica por meio de seus tragipoemas, que foram musicados, interpretados e representados.

Para resumir o teor dos tragipoemas, pode-se dizer que Jacques d ' A v r a y buscou sua poesia na t r a g é d i a , podendo assim sugerir por meio das palavras esse mundo e n i g m á t i c o que lhe transbordava o eu profundo, cujo lirismo é regulado pelo intelecto. Seus tragipoemas n ã o cantam o destino irremediável dos deuses, nem apenas o indivíduo e a sociedade; cantam o conflito da poesia simbolista com seu passado, seu presente e seu futuro, utilizando o m i s t é r i o visível das lendas e dos mitos permeado por u m existencialismo p o é t i c o em que o t r á g i c o consiste nessa busca mesma de identidade com o absoluto, encontrado em sua mais pura e x p r e s s ã o . N o

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tragipoema n ã o cabe o poema t r á g i c o , mas o t r á g i c o da existência do poema, ou, talvez, da p r ó p r i a poesia simbolista.

Apresento a seguir u m dos tragipoemas do autor e sua respectiva t r a d u ç ã o . E importante notar que a t r a d u ç ã o corresponde a uma primeira leitura da obra do poeta. Assim, a t r a d u ç ã o n ã o se encontra acabada, devendo ser retomada em estudos posteriores. N ã o h á , portanto, compromisso com a forma (métrica, rima, entre outros), sendo que os c o m e n t á r i o s feitos no corpo da d i s s e r t a ç ã o n ã o s e r ã o retomados aqui. O tragipoema em q u e s t ã o pertence à segunda série de Les Tragipoèmes (1917) e foi dedicado a Alberto Ramos.

Les Ames en Allées " I I venait de là-haut..., De la montagne, Laissant derrière lui Sur le coteau

Vert, déployés, les draps fleurants de la campagne, Oü la lune égarait son celestial ennui...

" I I voulu voir Técume Fuyant la mer...,

Les flots gonflants la plage... Et, dans la brume...,

L ' O C É A N - tantalique assoiffé mis aux fers Et dont les tremblements lourds dénoncent la rage... "La mer le sent venir,

En sa jeunesse...,

Fait son oeil vert plus doux..., Pour l'accueillir...

Et commence à promettre, attirante et traïtresse, Paradís à foison pour l'espoir le plus fou. " I I entend la sirène

En sa chanson... Et son désir s'éveille Devant la reine

De ce pays si bleu, mystérieux, profond,

Dont la plus grosse perle est la moindre merveille... "La v i t - i l à sa cour,

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Comprit-il son regard D'attrait, d'amour?...

Devina-t-il au fond de la mer mugissante Ce q u ' i l avait pensé, le pauvre petit gars?. "On l ' a vu de la greve,

A u lointain bloc, S'élancer vers les ondes, Butant son réve...

Et la mer rejeta, pour fleurir sur le roe,

Une larme arrachée å son sein noir, qui gronde. "Une vague y laissa

La semence pleurée... Et la plante y poussa Des åmes en allées."

6 pauvres petits gars, qui venez de la terre..., Détournez-en les yeux.

La mer, mauvaise conseillére...,

Ouvre notre horizon... nous approche des cicux..., Pour nous dire, pauvres hommes,

Le peu..., le rieft que nous sommes,

Et nous montre, du seuil de L T N F I N I , lå-bas..., Tout r i n f i n i de tout ce que nous n'aurons pas.

Almas em Fuga "Ele vinha lá do topo..., da montanha,

Deixando atrás de si Sobre a colina

Verde, estendidos, os lençóis aromáticos do campo, Em que a lua desprendia seu celestial tédio... "Ele quis ver a espuma

Afastando-se do mar... As ondas banhando a praia... E, na bruma...,

O OCEANO - tantálico ávido aprisionado E cujos pesados estrondos denunciam o furor...

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"O mar o sente chegar, Em sua juventude...,

Faz seu olho verde mais doce..., Para acolhê-lo...

E começa a prometer, atraente e traidor, Paraiso à farta para a esperança mais louca. "Ele escuta a sereia

em sua canção... E seu desejo desperta Diante da rainha

Deste país tão azul, misterioso, profundo, Onde a maior pérola é a menor maravilha... "Ele viu em sua corte,

Resplandecente?... Compreendeu seu olhar De atrativos, de amor?...

Adivinhou no fundo do mar bramante O que ele tinha pensado, o pobre jovem?... "Foi visto da praia,

À longínqua rocha, Lançar-se às ondas, Sustentando seu sonho...

E o mar lançou, para florescer sobre o rochedo,

Uma lágrima arrancada de seu seio negro, que retumba. "Uma onda ali cravou

A semente chorada... E a planta ali expeliu Almas em fuga.

Ó pobres jovens, que vêm da terra..., Desviem os olhos.

O mar, sinistro conselheiro...,

Abre nosso horizonte..., nos aproxima dos céus..., Para nos dizer, pobres homens,

O pouco..., o nada que nós somos,

E nos mostra, do limiar dO INFINITO, lá embaixo..., Todo o infinito de tudo o que não teremos.

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PO E T A DA POEIRA

Assim como Jacques d ' A v r a y , muitos escritores brasileiros, simbolistas ou n ã o , classificados talvez injustamente como autores menores ou s e c u n d á r i o s , ficam submersos sob uma espessa camada de poeira e permanecem sempre à sombra dos mais famosos. Quando se trata de autores simbolistas, a complexidade do problema acentua-se ainda mais, pois a p r ó p r i a c o n s t i t u i ç ã o física dos livros - geralmente refinadíssimos e, portanto, caros e raros - torna difícil o acesso a eles. I n ú m e r a s s ã o as obras de que n ã o se sabe o paradeiro. Deve-se considerar, p o r é m , que muitas delas d ã o testemunho da vida literária em determinada é p o c a , e apresentam aspectos e particularidades de certo movimento literário de u m modo à s vezes mais esclarecedor do que as obras dos grandes autores. Assim, a pesquisa em t o m o da obra e da vida de Jacques d ' A v r a y e Freitas Valle permitiu vislumbrar u m momento histórico e literário, cujo conjunto talvez nunca antes tenha sido revelado. A o ressuscitar esse poeta da poeira, ressuscita-se t a m b é m parte da literatura brasileira, ou seja, das r a í z e s do B r a s i l .

R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s

D ' A V R A Y , J. Les íragipoèmes: lr e série. São Paulo: s n., 1916.

. Les íragipoèmes: T série. São Paulo: s. n., 1917.

MURICY, A. Panorama do movimento simbolista brasileiro. 2. ed. Brasília: Conselho Federal de Cultura, INL, 1973. 2 v.

Z A V A G L I A , A. Vida e obra de Freitas Valle e Jacques d'Avray: o mecenas e o poeta sem história. São José do Rio Preto, Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, 1994. 405 p.

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