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ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO CENTRO DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE DE ILHA SOLTEIRA: O CASO DAS ONÇAS PARDAS (Puma concolor; LINNAEUS, 1771)

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Academic year: 2021

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ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO CENTRO DE

CONSERVAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE DE ILHA SOLTEIRA: O

CASO DAS ONÇAS – PARDAS (Puma concolor; LINNAEUS,

1771)

Alkimin. G. D.1,2*; Cornacini, M. R.1,2; Chiquitelli Neto, M.1,3

1

Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira/UNESP

2

Graduandos em Licenciatura em Ciências Biológicas

3

Professor Assistente Doutor associado ao Departamento de Biologia e Zootecnia

*gilberto_cdz@hotmail.com; Alameda Rio de Janeiro, 640, ap. 310 – Ilha Solteira/SP, tel: (16) 82331256

Introdução

Os Zoológicos foram criados basicamente com o propósito de expor espécies exóticas de animais à sociedade. Estes locais tiveram sucesso pela curiosidade própria do ser humano e passaram a receber um número significativo de visitantes, tornando-se ponto turístico de muitas cidades contemporâneas (SANDERS e FEIJÓ, 2007). Em um ambiente artificial, a alimentação é fornecida e os animais não precisam competir, estando protegidos de seus predadores, diferente dos animais na natureza, que estão constantemente em busca de alimento, água, território, disputas pelo parceiro sexual, abrigo, evitando predadores, o que os leva a viverem novas experiências com muita frequência, tendo a oportunidade de aprender com cada escolha que fazem. O ambiente artificial, muitas vezes não possui distrações (são jaulas de cimento e grade ou gaiolas), levando o animal a viver anos em espaço muito reduzido e sem nenhum desafio físico e mental. Isso gera sérios problemas comportamentais (FAVINHA, 2012). Sendo assim, para minimizar os efeitos do cativeiro sobre os animais, muitos zoológicos vêm aplicando procedimentos de enriquecimento ambiental, cujo objetivo é tornar o recinto mais complexo e interativo, promovendo desafios e novidades que simulam situações que ocorreriam na natureza, oferecendo, desta forma, oportunidade de escolha e de controle do ambiente (BOERE, 2001; citado por ALMEIDA, MARGARIDO e MONTEIRO - FILHO, 2008). Por fim, o animal escolhido para realização do trabalho foi a onça-parda (Puma concolor; Linnaeus, 1771), a qual no centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira existem atualmente duas onças-pardas, um macho e uma fêmea. A fêmea chegou ao centro em março de 2001, ainda filhote, de um resgate ocorrido na UHE – Sérgio Mota/Primavera, conviveu com um mesmo macho durante todo sua estadia no recinto, porém poucos meses atrás (maio de 2012) o macho veio a óbito. O macho atual, foi doado ao Centro pelo Zoológico Municipal de Araçatuba em julho de 2012, local o qual tinha chegado em aproximadamente

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2008 com em torno de 1 ano, o mesmo tinha sido resgatado de uma queimada na região, porém, a introdução do novo macho não foi de agrado da fêmea, já que a mesma aparentava se sentir incomodada com a presença do macho, ambos não ficavam próximos e quando isso acontecia eles se estranhavam (rosnavam), diferente do que era visto com o macho anterior. O trabalho visou proporcionar aos animais uma forma diferente de alimentação, na intenção de que os animais interagissem mais com a comida e com o outro animal do recinto, estimulando assim os seus instintos e uma melhor relação entre eles.

Material e Métodos

O presente trabalho foi realizado no Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira, CESP. Oprojeto foi realizado durante 12 dias e divididos em três etapas distintas:

1ª – Observações preliminares (4 dias); 2ª – Observação e aplicação do enriquecimento (4 dias); 3ª – Observações pós-enriquecimento (4 dias). Em cada dia o tempo de observação foi de 2 horas, totalizando o total de 24 horas de observação ao término da aplicação e o mesmo decorreu no mês de novembro de 2012.

Na primeira etapa, todos os comportamentos foram observados de forma geral que possibilitou a criação de 2 etogramas, sendo os seguintes:

Posição do animal

1 Sentado

2 Deitado

3 Em pé

Distância entre os animais

1 Pequena*

2 Média*

3 Grande*

*~1,50 metro; ** entre

1,50 metro ~3 metros;

*** maior que 3 metros

Também houve a contagem de ações como “se olharam”, “rosnaram” e “vocalizaram” – a diferença entre rosnar e vocalizar foi dada devido à diferença na emissão de sons.

Na segunda etapa efetivamente ocorreu o enriquecimento que foi realizado da seguinte maneira: A composição da alimentação foi mantida a mesma, ou seja, carne vermelha e pescoço e cabeça de frango (geralmente); A maneira como ela era fornecida foi modificada; Habitualmente a comida é colocada no chão das furnas (do macho, com maior quantidade de comida e da fêmea com menor quantidade); Com o enriquecimento: as carnes foram colocadas em duas caixas de papelão (teoricamente uma para a fêmea e uma para o macho) devidamente fechadas, utilizou-se ao final do experimento o total de oito caixas de papelão de tamanho pequeno no decorrer dos quatros dias de enriquecimento. As duas caixas de papelão

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eram colocadas dentro do recinto.Na terceira etapa a alimentação voltou a ser oferecida dentro da furna na forma habitual e as observações/anotações de comportamento continuaram no decorrer de quatro dias, encerrando-se assim ciclo proposto para o enriquecimento ambiental e sua respectiva proposta. O registro do comportamento dos animais foi realizado da seguinte forma: A rota de amostragem foi focal; A rota de coleta foi: Temporal para a localização e posição dos animais, sendo registradas de 5 em 5 minutos; Contínua para a vocalização, para o rosnar e para a troca de olhares entre o macho e a fêmea. Os resultados foram obtidos a partir das análises da frequência dos comportamentos registrados, por análise estatística não paramétrica utilizando o software KRUSKAL-WALLIS versão 17.0.

Resultados

Nesse tópico os resultados do trabalho serão apresentados na forma de figuras (1 a 4), proporcionando assim a discussão dos mesmos no próximo tópico.

Figura 1. Dados obtidos para a frequência da posição

do macho. * Igual p ˂0,05

Figura 2. Dados obtidos para a frequência da posição

da fêmea. 4 85 11 5 87 8 13* 74 13 0 100

F

r

e

q

Posição do animal

Resultados para a

posição do macho

Antes Durante Depois 1 94 5 2 93 5 5 91 4 0 100

F

r

q

u

Posição do animal

Resultados para a

posição da fêmea

Antes Durante Depois 4 20 76 3 18 79 5 24 71 0 100

F

r

e

q

Distância

Distância entre os

animais

Antes Durante Depois 6 0 2 36 14 13 20 26 48 0 20 40 60

F

r

e

q

Comportamento …

Comportamentos de

Interação

Antes Durante Após

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Figura 3. Dados obtidos a partir da observação da

distância entre os animais.

Figura 4. Dados obtidos a partir da análise dos

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Discussão e Conclusões

Com relação a posição do macho: antes do enriquecimento se manteve na maioria das vezes “deitado”, seguido de “em pé” e muito pouco “sentado”, durante o enriquecimento foi observado a mesma sequencia e após o enriquecimento houve uma diminuição da posição “deitado” (estatisticamente significativo) e consequentemente um aumento nas posições “sentado” e “em pé” – resultados esse que podem ser melhor visualizados na Figura 1.

Quanto a posição da fêmea pouca variação foi observada, onde na maioria das vezes se manteve deitada, com raríssimas observações das posições “em pé” e “sentada” (Figura 2). Possivelmente por característica da espécie onde a fêmea apresenta comportamento mais letárgico em comparação ao macho.A distancias entre os animais na maioria das observações foi enquadrada como “grande”. Após a aplicação do enriquecimento constatou uma diminuição da distancia considerada “grande” e um aumento das distâncias “média” e “pequena”, sendo a distancia “pequena” em todas as etapas mínima, variando em uma frequência de 3 a 5 (Figura 3).Os comportamentos de interação, sendo eles “rosnar”, “vocalizar” e “olhar” foram mínimos nas observações preliminares para “rosnar” e “olhar” e nulo para “vocalizar”. Durante o enriquecimento houve um aumento desses comportamentos sendo o “rosnar” com maior frequência, seguido de “vocalizar” e “olhar”, observando assim que a modificação no fornecimento da alimentação proporcionou um aumento dos comportamentos de interação entre o macho e a fêmea, que passaram a emitir sons com mais frequência, bem como um maior contato visual, essa afirmativa foi feita com base somente nas análises de frequência, pois com os dados estatísticos não foi observado aumento significativo. Após o enriquecimento ambiental os comportamentos de interação continuaram altos se comparado com as observações preliminares (frequências). Comparando o “durante” com o “após” o enriquecimento houve algumas modificações quanto a frequências nas categorias, sendo que a categoria “rosnar” diminuiu e as categorias vocalizar e olhar aumentaram, vale ainda ressaltar a categoria “olhar” que nas observações preliminares apresentou uma frequência 2 e termina o trabalho com frequência de 48, mostrando o grande efeito do enriquecimento ambiental no contado visual entre os animais (Figura 4).Após o término do enriquecimento ambiental pode-se dizer que o trabalho ocorreu de forma satisfatória, isso porque como mostram os resultados a atividade dos animais – de certa forma – (frequência) aumentou, a distância entre eles diminuiu e entre os resultados o que mais ficou evidente foi o de padrões de comportamento onde ocorreu a maior e mais significativa mudança, aumentando de modo geral a interação entre os animais. Sendo que o macho o que apresentou maior variação em seus comportamentos, porém deve-se ressaltar a diferença nas características individuais entre o macho e a fêmea, além das diferenças da própria espécie e para idade dos dois. Por fim, os dados estatísticos não apresentaram resultados significativos por ter-se observado apenas 12 dias, então fica a sugestão para um estudo posterior com a realização do experimento com um

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período maior de análise para que se tenha uma melhor análise estatística, representando assim os dados obtidos da melhor forma possível.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer aos funcionários do Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira que nos ajudarem durante todo o período de realização do trabalho, sempre nos atendendo prontamente para o que se fazia necessário, em especial o Rodrigo - biólogo responsável pelo Centro – e o Roberto – responsável de campo.

Referências

ALMEIDA, A. M. R; MARGARIDO, T. C. C; MONTEIRO - FILHO , E. L. A. Influência do enriquecimento ambiental no comportamento de primatas do gênero Ateles em cativeiro. Arq.

Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 11, n. 2, p. 97-102, jul./dez. 2008.

FAVINHA, S. Enriquecimento Ambiental – Parte I. 2012. Disponível em: <http://www.tudodecao.com.br/artigos/1148-enriquecimento-ambiental-parte-i.html>. Acesso em: 03 dez. 2012.

SANDERS, A.; FEIJÓ, A. G. C. Uma Reflexão sobre Animais Selvagens Cativos em Zoológicos na Sociedade Atual. 2007. Disponível em: <http://www.sorbi.org.br/revista4/artigo-sorbi-zoos.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2012.

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