• Nenhum resultado encontrado

A representação descritiva em arquivos e bibliotecas: uma análise comparativa

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A representação descritiva em arquivos e bibliotecas: uma análise comparativa"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

___________________________________________________

A REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA EM ARQUIVOS E BIBLIOTECAS: uma análise comparativa

THE DESCRIPTIVE REPRESENTATION IN ARCHIVES AND LIBRARIES: a comparative analysis

GT3 - Tecnologia e Organização do Conhecimento Artigo Completo Para Comunicação Oral

SANTOS, Laura Lavínia Sabino dos1 CORBARI, Jefferson Neri2 STURDZE, Thiago de3 CARDOZO, Gabriela Neumann4

RESUMO

O tema deste estudo refere-se à análise comparativa da representação descritiva em arquivos e bibliotecas. O objetivo geral é estudar as normas mais relevantes de representação descritiva destinadas aos arquivos e bibliotecas. Como objetivos específicos citam-se: discorrer sobre a representação descritiva situando-a dentro dos ambientes de arquivos e bibliotecas; apresentar as principais normas de representação descritiva sendo a ISAD (G) e a NOBRADE para arquivos e a AACR2 para bibliotecas; e por fim, realizar uma análise comparativa entre estas normas de descrição. A metodologia utilizada foi a pesquisa do tipo exploratória, aplicando a abordagem qualitativa e, como técnica para coleta e análise de dados, a pesquisa bibliográfica. Constatou-se que a representação descritiva simboliza importante ferramenta para a organização da informação e do conhecimento, sendo de uso de ambas as áreas - Biblioteconomia e Arquivologia. Contudo, as especificidades das bibliotecas e dos arquivos impõe a sua adequação a cada uma, demandando, por consequência, normas padronizadas de representação descritiva distintas que as contemplem. Verificou-se ainda que a padronização da descrição gera economia para as entidades custodiadoras e também maior qualidade para o serviço técnico. Conclui-se que as normas de descrição possuem os mesmos princípios: organização, guarda e acesso à informação, porém, adequados ao objeto e a finalidade de cada

1 Discente de graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC). Email: laura.lavinia-@hotmail.com.

2 Discente de graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Email: jcorbari@terra.com.br.

3 Discente de graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Email: thiagosturdze@gmail.com.

4 Discente de graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Email: gabrielaneumanncardozo@gmail.com.

(2)

___________________________________________________

área.

Palavras-chave: Representação descritiva. Normas de descrição. Bibliotecas. Arquivos.

ABSTRACT

The subject of this study refers to the comparative analysis of descriptive representation in archives and libraries. The general objective is to study the most relevant rules of descriptive representation for archives and libraries. Specific objectives include: discourse on the descriptive representation situating it within the environments of archives and libraries; to present the main norms of descriptive representation being ISAD (G) and NOBRADE for archives and AACR2 for libraries; and finally, to perform a comparative analysis between these norms of description. The methodology used was the exploratory type research, applying the qualitative approach and, as a technique for collecting and analyzing data, the bibliographic research. It was verified that the descriptive representation symbolizes important tool for the organization of information and knowledge, being of use of both areas - Librarianship and Archivology. However, the specificities of libraries and archives impose their adequacy on each one, thus requiring different standardized norms of descriptive representation that contemplate them. It was also verified that the standardization of the description generates savings for the custodial entities and also higher quality for the technical service. It is concluded that the rules of description have the same principles: organization, custody and access to information, but adequate to the purpose of each area.

Keywords: Descriptive representation. Description standards. Libraries. Files.

1 INTRODUÇÃO

A informação, como condição essencial para o desenvolvimento da humanidade e das sociedades, ao longo do tempo tem demandado, necessariamente, que se desenvolvam ferramentas e adoção de mecanismos de organização, guarda, divulgação e acesso ao conhecimento por ela gerado. No que diz respeito a recuperação da informação, a autora Bettencourt (2014) salienta que esta existe desde a antiguidade, mas apesar disso, atualmente tem como característica a necessidade de armazenar e possibilitar o acesso rápido e correto à ampla quantidade de documentos, cuja expansão acontecia desde o século XVII. Soma-se a isto o surgimento dos primeiros computadores, vistos como a solução para tal necessidade: armazenar e recuperar a informação.

As bibliotecas e os arquivos, nesse aspecto, passam a deter a responsabilidade no processo de recuperação da informação, a fim de possibilitar seu amplo acesso. A organização da informação e do conhecimento, no entanto, exigiu o desenvolvimento de processos e técnicas

(3)

___________________________________________________

para seu tratamento e disponibilização ao usuário, como a representação descritiva, que: “para a padronização dos dados de descrição física, são utilizadas linguagens específicas, normas e formatos definidos em âmbito internacional.” (BETTENCOURT, 2014, p. 53).

Dessa forma, o presente artigo possui o objetivo geral de estudar as normas mais relevantes de representação descritiva destinadas às bibliotecas e aos arquivos, pois, não obstante possuírem a mesma finalidade de recuperação da informação, contemplam algumas particularidades que os distinguem. E, por essa razão, ambas possuem normas próprias.

Como objetivos específicos citam-se: discorrer sobre a representação descritiva, situando-a dentro dos ambientes de arquivos e bibliotecas; apresentar as principais normas de representação descritiva sendo, para arquivos, a General International Standard Archival Description ou Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística(ISAD (G) e a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE) e, para bibliotecas, o Anglo-American Cataloguing Rules ou Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2); e por fim, realizar uma análise comparativa entre estas normas de descrição.

Essa pesquisa justifica-se pela complexidade do tema, sendo assim, o intuito em estudá-lo é promover uma discussão interdisciplinar entre as áreas da Biblioteconomia e da Arquivologia e contribuir para reflexões que tragam maiores compreensões a respeito da representação descritiva neste cenário.

2 METODOLOGIA

O tipo de pesquisa utilizado foi a exploratória. Esse tipo de estudo na visão de Triviños (1987), amplia o conhecimento e aproximação do pesquisador em relação ao problema a ser investigado e não isenta a utilização da revisão de literatura. “Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso [...]” (GIL, 2002, p.41).

A abordagem é qualitativa, pois: “[...] trabalha com dados qualitativos, com informações expressas nas palavras orais e escritas [...]. A coleta e a análise não são expressas em números.” (ZANELLA, 2011, p. 63).

Foi utilizada a pesquisa bibliográfica como técnica para coleta e análise de dados que de acordo com Gil (2010), é realizada a partir de material impresso ou online, já publicado,

(4)

___________________________________________________

como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Pesquisa bibliográfica quer dizer: “[...] o levantamento da bibliografia referente ao assunto que deseja estudar.” (MEDEIROS, 2009, p.36). Sua vantagem centra-se: “[...] no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.” (GIL, 2010, p.30).

3 REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA EM ARQUIVOS E BIBLIOTECAS

A representação descritiva é um importante instrumento para organização e recuperação da informação, pois permite a facilidade na disponibilização do conhecimento ao usuário. Nos dizeres de Albuquerque e Murguia (2010, p. 28):

Descrever é representar verbalmente ou de forma escrita um determinado objeto, demonstrando seus aspectos mais característicos, fazendo com que sobressaiam seus pormenores que vão torná-lo individual e único e dando um lugar a esses objetos no mundo das obras científicas.

O termo descrição arquivística tem sido frequentemente utilizado por arquivistas e pode estar associado a relevância em se descrever informações contidas em documentos gerados nas organizações de forma a proporcionar consequentemente seu fácil acesso. (GOMES; ARAUJO, 2015). Em relação ao termo “acesso”, no Dicionário brasileiro de terminologia arquivística, o Arquivo Nacional (2005, p.15) o define como: “Função arquivística destinada a tornar acessíveis os documentos e a promover sua utilização.”

Na visão de Paes (2004) a criação de instrumentos de pesquisa faz com que otrabalho de um arquivo se torne completo. Tais instrumentos equivalem a descrição e a localização dos itens no acervo e que segundo Miguéis (1976, p.7 apud PAES, 2004, p.126) “[...] se destinam a orientar os usuários nas diversas modalidades de abordagem a um acervo documental.”

Com isso, a descrição arquivística condiz com a representação da informação contida num determinado documento, facilitando a recuperação pelo usuário, em que é possível por meioda mesma a elaboração de instrumentos de pesquisa.

A representação descritiva dentro de uma biblioteca é composta de informações pertinentes para descrição bibliográfica de um documento e tem como objetivo descrever o material de forma padrão e sem ambiguidade, possibilitando assim a sua identificação, localização, representação nos catálogos afins e a recuperação desse material catalogado. (GUINCHAT; MENOU, 1994). Conforme Mey (1995, p. 9), o catálogo é:

(5)

___________________________________________________

[...] um canal de comunicação estruturado, que veicula mensagens contidas nos itens, e sobre os itens, de um ou vários acervos, apresentando-as sob forma codificada e organizada, agrupadas por semelhanças, aos usuários desse (s) acervo (s).

Para que a consulta e manutenção seja fácil e simples, a autora Mey (1995) enfatiza sobre as características relacionadas ao suporte do próprio catálogo: possibilitar alterações quando for preciso; facilidade de manuseio; permitir a consulta tanto dentro quanto fora da biblioteca e ocupar pouco espaço. No entanto, se adapta aos recursos que a própria biblioteca disponibiliza.

Sendo assim, as bibliotecas e arquivos, como gerenciadores de informação, possuem o papel de fornecimento das informações contidas nos objetos de conhecimento, ambos se utilizando da representação descritiva, no entanto, com as particularidades que cada sistema possui, principalmente quanto às suas finalidades específicas e objetos tratados.

3.1 NORMAS DE REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA

Nesta subseção são apresentadas as normas de representação descritiva utilizadas em arquivos ISAD (G) e NOBRADE, e o código padrão para descrição de itens em bibliotecas AACR2.

3.1.1 Normas em arquivos: ISAD (G) e NOBRADE

A ISAD (G) é a Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística e, a respeito da sua origem, os autores Gomes e Araújo (2015, p.49) destacam que:

O desenvolvimento de normas pelos norte-americanos, canadenses e britânicos teve muita influência, para que o Conselho Internacional de Arquivos (CIA), no início da década de 1990 concentrasse esforços para a elaboração de uma norma internacional de descrição arquivística, contribuindo para configurar o caráter da norma produzida pelo CIA, a Internacional Geral de Descrição Arquivística (ISAD (G).

A norma padroniza a descrição arquivística, além de conter regras gerais que podem ser usadas como base para criar normas locais ou ser utilizada juntamente com as que já existem. A estrutura da padronização é multinível, já que parte de um princípio hierárquico, no qual a descrição é feita em níveis. (SOUSA et al., 2006). Para determinar a relação hierárquica entre as descrições, devem ser aplicadas quatro regras essenciais:

(6)

___________________________________________________

● Descrição do geral ao particular: apresenta uma relação hierárquica entre as partes e o todo

● Informação relevante para o nível de descrição: as informações devem ser apropriadas para o nível que está sendo descrito

● Relação entre descrições: identifica o nível de descrição.

● Não repetição de informação: não repetir as informações em níveis diferentes de descrição. (SOUSA et al., 2006, p.42-43).

Para Bellotto (2006, p. 182): “Cada nível do arranjo corresponde a um nível de descrição: fundo, grupo ou seção (seção na tradução feita pelo Arquivo Nacional Brasileiro), série e item ou peça documental.”

Conforme o Conselho Internacional de Arquivos (1999), as diretrizes de descrição na ISAD (G) são estruturadas em sete áreas: 1. Área de identificação; 2. Área de contextualização; 3. Área de conteúdo e estrutura; 4. Área de condições de acesso e uso; 5. Área de fontes relacionadas; 6. Área de notas; 7. Área de controle da descrição. “Com a aplicação da ISAD a descrição passa a ser normalizada universalmente contribuindo para que o acesso e a troca de informações, principalmente em meio eletrônico, sejam satisfatórios.” (SOUSA et al., 2006, p.43).

Para que o ideal perseguido pela normalização se torne concreto resta um longo caminho. A comunidade arquivística apresenta críticas em relação a representatividade e a relação entre as atividades de descrição e as de classificação arquivística. (LOPEZ, 2002). Ou seja, é fundamental que a questão da normalização dos termos seja mais aprofundada na representação, já no que diz respeito à classificação arquivística, é indispensável que a definição das atividades seja mais precisa. Lembrando que, para qualquer atividade de descrição, a ISAD (G) é, claramente, uma primeira referência primordial. (SOUSA et al., 2006).

No Brasil, temos um órgão responsável por todo o regulamento sobre descrição arquivística, chamado CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos, o qual está vinculado ao Arquivo Nacional, este último estabelece a política nacional dos arquivos públicos e privados como órgão de um Sistema Nacional de Arquivos (SINAR). Criada em 2001, a Câmara Técnica de Normalização da Descrição Arquivística (CTNDA), atua estimulando a participação da comunidade arquivística do Brasil. Além de disponibilizar as versões traduzidas da ISAD (G) e da ISAAR (CPF), a CTNDA elaborou a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE), que determina instruções para a descrição de documentos. Esta é conciliada com a (ISAD G) e a International Standard ArchivalAuthority Record for Corporate Bodies,

(7)

___________________________________________________

PersonsandFamilies ou Norma Internacional de Registro de Autoridade Arquivística para Entidades Coletivas, Pessoas e Famílias (ISAAR (CPF)) e adaptada à realidade dos arquivos brasileiros. (SOUSA et al., 2006).

A NOBRADE determina instruções para a representação descritiva de documentos arquivísticos no Brasil e possui o objetivo de proporcionar o acesso e troca de informações em ambiente tanto nacional quanto internacional. Embora voltada preferencialmente para a descrição de documentos em fase permanente, pode também ser aplicada à descrição em fases corrente e intermediária. Cabe ressaltar ainda que a NOBRADE contém todas as áreas dos elementos de descrição da ISAD (G) com adição da Área 8 – Pontos de acesso e indexação de assuntos. (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (Brasil), 2006).

A aplicação de normas de descrição torna possível a transição de informações e traz melhoria no que diz respeito ao acesso dos documentos, simplifica o trabalho do arquivista, pois serve de forma padrão para descrever e organizar o acervo. Será benéfico também para o usuário, pois terá uma recuperação eficiente da informação. (SOUSA et al., 2006).

Além disso, a padronização da descrição reduz gastos dos recursos aplicados, trazendo assim, economia para as entidades custodiadoras. Ao mesmo tempo que influenciam no tratamento técnico realizado por essas entidades, as normas permitem o pesquisador ao uso mais eficiente de instrumentos de pesquisa que estruturam de maneira similar a informação. (CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (Brasil), 2006).

3.1.2 Normas em bibliotecas: AACR2

Para que seja possível que os usuários e que outras bibliotecas identifiquem um documento, Souza e Hillesheim (2011) afirmam que é essencial que durante a elaboração de catálogos sejam seguidos normas e padrões. Diante do exposto, vale ressaltar que o código padrão para descrição de itens em bibliotecas é o AACR2, pois de acordo com Gouveia (2005, p. 1): “O Código de Catalogação Anglo-Americano, 2ª edição, revisão 2002 (AACR2R), fornece regras para a descrição (catalogação e outras listagens) de materiais contidos em bibliotecas.”

No Brasil, em 1969, foi editada a tradução do Anglo-American Cataloguing Rules para o português. Em 1978, foi publicada a 2ª edição do AACR2 e traduzida no Brasil em dois

(8)

___________________________________________________

volumes nos anos de 1983 e 1985, respectivamente. A segunda edição revisada do AACR2R foi publicada em 1988. (MEY, 1995). Do ponto de vista de Torino (2010) é necessário utilizar o AACR2 para catalogar um documento e inserir o mesmo em um sistema de informação. A autora especifica ainda que esse instrumento internacional de normalização é um código de classificação na qual sua estrutura é dividida em duas partes: a parte 1 aborda a descrição, como pode ser visto na Figura 1:

Figura 1 - Parte 1 do AACR2

Fonte: CÓDIGO (2004).

E a parte 2, que de acordo com a autora trata dos pontos de acesso como, títulos uniformes e remissivas, conforme mostra a Figura 2:

(9)

___________________________________________________

Fonte: CÓDIGO (2004).

Logo, entende-se que para fazer a representação descritiva de um item, o primeiro passo é estudar o capítulo 1 do AACR2, pois ele estabelece as Regras Gerais de Descrição para todos os itens. Os autores Albuquerque e Murguia (2010) enfatizam que esse código de catalogação inclui passo a passo os procedimentos de descrição para que o profissional consiga descrever qualquer item em todo tipo de suporte e que nas bibliotecas, a ficha catalográfica e os catálogos são os produtos finais que resultam na representação dos materiais tratados.

4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMAS DE DESCRIÇÃO DE ARQUIVOS E DE BIBLIOTECAS

A normalização da descrição de objetos, tanto na biblioteconomia quanto na arquivística, possui a mesma finalidade: a recuperação da informação de forma eficaz para o usuário. Tem o mesmo objetivo: a organização do acervo.

Contudo, as bibliotecas e arquivos possuem características próprias que os diferenciam e, por isso, necessitam de normas de padronização distintas. Podemos destacar a natureza do material, técnicas e características que lhes fazem distintos, como se pode verificar no quadro comparativo abaixo:

(10)

___________________________________________________

Quadro 1 - Comparativo Arquivo x Biblioteca: características e natureza dos acervos e do tratamento técnico

Arquivo Biblioteca

Tipo de suporte manuscritos, impressos, audiovisuais, exemplar único

impressos, manuscritos, audiovisuais, exemplares múltiplos

Tipo de conjunto fundos; documentos unidos pela origem

coleção; documentos unidos pelo conteúdo

Produtor a máquina administrativa atividade humana individual ou coletiva

Fins da produção administrativos, jurídicos, funcionais, legais

culturais, científicos, técnicos, artísticos, educativos

Objetivo provar, testemunhar instruir, informar Entrada de documentos passagem natural de fonte

geradora única

compra, doação, permuta de fontes múltiplas

Processamento técnico registro, arranjo, descrição: guias, inventários, catálogos etc.

tombamento, classificação, catalogação: fichários

Público administrador e pesquisador grande público e pesquisador Fonte: Adaptado de Bellotto (2006, p. 43).

Por meio do quadro é possível perceber que arquivos e bibliotecas têm divisões precisas que, de acordo com Bellotto (2006, p. 42), “[...] não devem ser confundidas nem quanto à documentação que guardam, nem quanto ao trabalho técnico que desenvolvem a fim de organizar seus acervos e de transferir e disseminar informação.”

Tais distinções entre as bibliotecas e arquivos se refletem, por consequência lógica, nas normas de representação descritiva de cada uma delas. Dessa forma, é possível compreender o motivo dessas instituições possuírem normas de padronização próprias. Albuquerque e Murguia (2010, p. 38) destacam as distinções entre elas:

Quadro 2 - Comparativo Arquivo x Biblioteca: visualização das áreas

Arquivo Biblioteca

(11)

___________________________________________________

Quadro 2 - Comparativo Arquivo x Biblioteca: visualização das áreas (continuação)

Autoria Gênese, origem, unidade produtora. Responsabilidade individual

Título Do fundo Da obra

Descrição física Pouca ênfase Evidente

Interpretação Ênfase no contexto Ênfase no conteúdo Interfaces Instrumentos de pesquisa Ficha, seja manual ou

eletrônica

Tratamento Serial Individual

Disponibilidade Centrada na fonte Centrada no usuário Fonte: Albuquerque e Murguia (2010, p. 38).

Verifica-se então que:

1. A primeira diferença situa-se no âmbito do nível de especificidade, pois enquanto no arquivo o tratamento do objeto considera os fatores extrínsecos, como a atividade da instituição onde se encontra o arquivo, a biblioteca centraliza sua ênfase na utilidade da informação para o seu usuário;

2. Na descrição arquivística a instituição geradora dos documentos preconiza a sua autoria. Já para a biblioteca a descrição da autoria é feita de forma específica, individual, sem correlação;

3. O arquivo também intitula seus documentos pelo contexto de inserção (informações mais relevantes), enquanto que na biblioteca o título corresponde à obra em si, sendo sua principal entrada de consulta;

4. No arquivo, a descrição física do documento é pouco enfatizada, já na biblioteca fica em evidência;

5. No que diz respeito a interpretação do item a ser descrito, o arquivista dá ênfase no contexto, já o bibliotecário evidencia o conteúdo;

6. A interface do arquivo gera instrumentos de pesquisa e da biblioteca fichas catalográficas padronizadas;

7. O tratamento de documentos no arquivo leva em consideração o fundo, ou seja, reunindo todos os documentos de uma mesma fonte geradora. Na biblioteca, a descrição

(12)

___________________________________________________

centra-se exclusivamente no objeto;

8. Percebe-se ainda que, enquanto no arquivo a disponibilidade é centrada na fonte, na biblioteca é no usuário.

Com o intuito de auxiliar na compreensão sobre quais são os elementos obrigatórios, dos itens de descrição, que devem ser utilizados como base para representar descritivamente todos os materiais em arquivos e bibliotecas, apresenta-se um quadro comparativo com os elementos para cada ambiente e suas normas respectivas, conforme destacados a seguir:

Quadro 3 - Comparativo Arquivo x Biblioteca: elementos obrigatórios de descrição

Arquivo: ISAD (G) e NOBRADE Biblioteca: AACR2 1 Área de identificação 1.1 Código(s) de referência; 1.2 Título; 1.3 Data(s); 1.4 Nível de descrição; 1.5 Dimensão e suporte. 2 Área de contextualização 2.1 Nome(s) do(s) produtor(es).

1 Regras Gerais

1.1 Área de título e indicações de responsabilidade;

1.2 Área da edição;

1.4 Área da publicação, distribuição etc.; 1.5 Área da descrição física;

1.6 Área da série.

Fonte: Elaborado pelos autores, com base nos dados obtidos na pesquisa.

Nota-se então, que na biblioteca não são todas as áreas de descrição que são utilizadas. Área 1.3 dos detalhes específicos do material (ou do tipo de publicação), não foi incluída no Quadro 3, porque segundo o Código de Catalogação Anglo-Americano (2004) ela não é aplicada para todos os materiais, é usada apenas para descrição de alguns itens. São eles: materiais cartográficos, música, recursos eletrônicos, publicações seriadas e, em algumas situações, microformas.

Percebe-se ainda que no Quadro 3, nas normas de arquivo, não constam no elemento 4.1 Condições de acesso, que pertence à Área 4 de condições de acesso e uso. Isto explica-se pelo seguinte fato: de acordo com o Conselho Nacional De Arquivos (Brasil) (2006), ele é obrigatório apenas nos níveis 0 e 1 e segundo o Conselho Internacional De Arquivos (1999), esse elemento de descrição não se aplica a todos os itens. Logo, como a proposta do Quadro 3é demonstrar os elementos obrigatórios que devem ser utilizados para todos os materiais, o elemento 4.1 Condições de acesso, nesse caso, não foi incluído.

(13)

___________________________________________________

Em suma, a partir da revisão de literatura e análise comparativa das normas, constatou-se que a representação descritiva simboliza importante ferramenta para a organização da informação e do conhecimento, sendo de uso de ambas as áreas- biblioteconomia e arquivologia. Contudo, as especificidades das bibliotecas e dos arquivos impõe a sua adequação a cada uma, demandando, por consequência, normas padronizadas de representação descritiva distintas que as contemplem. Além disso, a padronização da descrição gera economia para as entidades custodiadoras e também maior qualidade para o serviço técnico.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo, fruto de um trabalho acadêmico realizado na disciplina CIN 7302 – Introdução à Representação Descritiva, do Curso de Bacharelado em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, ministrada pela Profª Drª Elizete Vieira Vitorino e sua estagiária docente, a Mestre e Doutoranda em Ciência da Informação, Djuli Machado de Lucca, cuja proposta foi empreender uma análise dessas normas de descrição, alcançou seu objetivo: conceituou-se a representação descritiva em seus respectivos ambientes de arquivos e bibliotecas e depois comparou-se as normas pela via de suas perspectivas específicas.

Concluiu-se que a recuperação da informação e a disponibilidade de acesso ao usuário é a principal finalidade das bibliotecas e arquivos, objetivo comum, mas que, no campo da especialização no tratamento das informações distingue-se ao ponto de exigir processos e técnicas próprios. Daí a utilização do AACR2 para a representação bibliográfica e a ISAD (G) e NOBRADE, para a representação arquivística. O princípio é comum: organização, guarda e acesso da informação, porém, adequado ao objeto e a finalidade de cada área. O mais importante, todavia, é que a padronização na organização da informação possibilite o acesso universal ao conhecimento.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, A. C.; MURGUIA, E. I. A descrição de documentos fotográficos através da isad (g) e aacr2: aproximações e diferenças. BIBLOS - Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 24, n. 2, p. 25-41, 2010. Disponível em:

(14)

___________________________________________________

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 4. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

BETTENCOURT, Angela Monteiro. A representação da informação na Biblioteca

Nacional: do documento tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2014. Disponível em:

<http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasgerais/drg1431511/drg1431511.p df>. Acesso em: 25 mar. 2018.

CÓDIGO de catalogação anglo-americano. 2. ed. rev. São Paulo: FEBAB; Imprensa Oficial do Estado, 2004.

CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. ISAD(G): norma geral internacional de descrição arquivística. 2. ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1999.

CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (Brasil). NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006. Disponível em:

<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicacoes_textos/nobrade.pdf>. Acesso em: 28 maio 2017.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GOMES, Carlos Alexandre; ARAUJO, Nelma Camêlo. DESCRIÇÃO ARQUIVÍSTICA: a construção de um sistema de banco de dados para recuperação da informação. Archeion Online, João Pessoa, v. 3, n. 1, p.45-64, 1 jan. 2015. Disponível em:

<http://www.brapci.inf.br/index.php/article/download/42259>. Acesso em: 27 maio 2017.

GOUVEIA, Maria Helena de. Instruções para a elaboração de ficha Catalográfica (UFSC). 2005. Disponível em <http://emc5772.dylton.prof.ufsc.br/instrucao.PDF>. Acesso em 29 maio 2017.

(15)

___________________________________________________

GUINCHAT, C.; MENOU, M. Introdução geral às ciências e técnicas da informação e documentação. 2.ed. rev. aum. Brasília: IBICT;CNPq, 1994. Disponível em:

<http:/livroaberto.ibict.br/handle/1/1007>. Acesso em: 14 mar. 2018.

LOPEZ, André Porto Ancona. Como descrever documentos de arquivo: elaboração de instrumentos de pesquisa. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial do Estado, 2002.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução a catalogação. Brasília, DF: B. de Lemos, 1995. PAES, Marilena leite. Arquivo: teoria e prática. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

SOUSA, Ana Paula de Moura et al. Princípios da descrição arquivística: do suporte convencional ao eletrônico. Arquivística, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p.38-51, 1 ago. 2006. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/6719> Acesso em: 27 maio 2017.

SOUZA, Fernanda Possenti de; HILLESHEIM, Araci Isaltina de Andrade. Impacto das tecnologias da informação e comunicação no tratamento da informação. Florianópolis, 2011. (52f.) TCC (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/121182>.

Acesso em: 04 jun. 2017.

TORINO, Lígia Patrícia. Organização da produção científica em repositórios

institucionais: um parâmetro para a UTFPR. 2010. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Londrina. Disponível em:

<http://repositorio.utfpr.edu.br:8080/jspui/bitstream/1/77/7/UEL_PPGGI_M_Torino%2c%20 Ligia%20Patricia_2010.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2017.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução a pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de Pesquisa. 2 ed. rev. atual. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2011. Disponível em:

<http://arquivos.eadadm.ufsc.br/somente-leitura/EaDADM/UAB_2011_1/Modulo_1/Metodologia_de_Pesquisa/material_didatico/Livr o-texto.PDF>. Acesso em: 03 mar. 2018.

Referências

Documentos relacionados

Pensando nisso, o presente artigo tem como finalidade tratar da contribuição dos jogos e brincadeiras no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental,

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Para analisar as Componentes de Gestão foram utilizadas questões referentes à forma como o visitante considera as condições da ilha no momento da realização do

utilizada, pois no trabalho de Diacenco (2010) foi utilizada a Teoria da Deformação Cisalhante de Alta Order (HSDT) e, neste trabalho utilizou-se a Teoria da

Em síntese, no presente estudo, verificou-se que o período de 72 horas de EA é o período mais ad- equado para o envelhecimento acelerado de sementes de ipê-roxo

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,