Características agronômicas e produtividade do milho para silagem consorciado com o capim e feijão guandu em função da aplicação de N Kesley Aparecido dos Santos Nunes1(IC)*, Arthur Gabriel Teodoro1(IC), Stephanie Vicente de
Bessa1(PG), Yago Magalhães Franco1(IC), Byanka Bueno Soares1(IC), Isabel Rodrigues de
Rezende1(IC), Fellipe Menezes Neves1(IC), Clarice Backes1(PQ)
Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos/GO. kesleyb@hotmail.com. Bolsista PBIC/UEG
Resumo: Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da aplicação de doses de nitrogênio nas características agronômicas e produtividade da cultura do milho consorciado com o capim-paiaguás e feijão guandu. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 2 x 4, com três repetições. Os tratamentos foram constituídos por dois sistemas de consórcio simultâneos (milho + capim-paiaguás e milho + capim-paiaguás + feijão guandu) e quatro doses de N aplicadas em cobertura (0, 80, 160 e 240 kg ha-1). Foi determinada a altura da planta, altura da inserção da espiga, diâmetro do colmo e produtividade da silagem através da determinação da massa seca. Não houve influência dos tratamentos na altura de plantas e altura de inserção de espiga. O diâmetro do colmo foi influenciado apenas pelas doses de N com a dose de 222 kg ha-1 proporcionando maiores valores. A aplicação de N e a introdução do feijão guandu no sistema proporcionou aumento da produtividade da silagem.
Palavras-chave: Uroclhoa brizantha. nutrição de plantas. Integração lavoura-pecuária.
Introdução
A integração lavoura-pecuária refere-se a uma associação entre os cultivos agrícolas e a produção animal que se faz em diferentes partes do mundo, com os mais diferentes propósitos e nas mais diferentes condições (ENTZ et al., 2005).
Dentro das tecnologias que compõem a integração lavoura-pecuária o consórcio da cultura do milho com capim para forragem (pasto) é, sem dúvida, a que desperta maior interesse devido ao fato de que, com ela, é possível produzir grãos ou silagem de milho que, depois de colhidos, deixam uma pastagem que em pouco tempo estará pronta para uso.
Um dos principais entraves para a implantação do consórcio diz respeito ao manejo da convivência das espécies forrageiras com a cultura granífera. O consórcio leva em consideração a convivência de duas espécies distintas, porém
com comportamento ecofisiológico semelhante, dificultando a seleção de tecnologia sem que haja prejuízos à cultura do milho pela competição (SILVA et al., 2004).
As plantas de milho apresentam a maior necessidade nutricional de nitrogênio, absorvido em grandes quantidades pela cultura, porém, também pode ser o mais limitante para a mesma. No consórcio do milho com a forrageira são inseridas no sistema de plantio duas gramíneas com necessidades nutricionais semelhantes e que podem competir pelos nutrientes adicionados via adubação. Dessa forma tem-se a necessidade de tem-se verificar tem-se a recomendação de N utilizada para o milho é suficiente para este sistema de consórcio sem afetar a produtividade.
O N é responsável por características do porte da planta, tais como o tamanho do colmo e das folhas, desenvolvimento e aparecimento dos perfilhos. Com os baixos teores de N no solo, o crescimento das plantas se torna lento, apresentando porte pequeno e com poucos perfilhos, reduzindo a concentração de proteínas, não atendendo dessa forma, as exigências para a alimentação animal (MATEUS, 2007).
De acordo com Souza et. al. (2007), o feijão-guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp.) vem-se destacando como forrageira de potencial para suprir as lacunas deixadas pelas gramíneas nos períodos críticos de produtividades. As leguminosas apresentam maior porcentagem de proteínas do que a maioria das gramíneas dos gêneros da Uroclhoa, Panicum, Zea, Saccharum, Sorghum e Pennisetum, por realizarem fixação biológica de N (FBN) em simbiose com bactérias (MACEDO et al., 2008).
Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da aplicação de doses de nitrogênio nas características agronômicas e produtividade da cultura do milho consorciado com o capim-paiaguás e feijão guandu.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido a campo na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luis de Montes Belos/GO a 579 m de altitude, 16 ° 31 ’30 ’’de latitude sul e 50 22 ’20 ’’ de longitude oeste. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho distrófico, o qual foi cultivado milho no ano agrícola 2011/12 e desde então encontrava-se em pousio. Para a caracterização
química inicial desse solo, foram coletadas amostras em toda a área experimental na profundidade de 0-20 cm. As análises foram realizadas seguindo a metodologia de Raij et al. (2001) e apresentaram as seguintes características: pH (CaCl2) de 5,1;
30 g dm-3 de M.O.; 4 mg dm-3 de P (resina); 32; 1,3; 32 e 6 mmol
c dm-3 de H++Al+3,
K, Ca e Mg, respectivamente; saturação por bases (V) de 55%.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 2 x 4, com três repetições. Os tratamentos foram constituídos por dois sistemas de consórcio simultâneos (milho + paiaguás e milho + capim-paiaguás + feijão guandu) e quatro doses de N aplicadas em cobertura (0, 80, 160 e 240 kg ha-1). Foi utilizada a cultura do milho híbrido simples da Agroeste, a espécie
forrageira capim-paiaguás {Urochloa brizantha (Hochst. ex A. Rich.), e a leguminosa Feijão Guandu cv BRS Mandarim.
O preparo do solo foi feito de forma convencional com duas gradagens e incorporação do calcário, seguindo a recomendação em função dos resultados da análise de solo. A quantidade de calcário adicionada foi de 1,2 t ha-1, visando elevar
a saturação por bases a 70%. A adubação de semeadura foi realizada utilizando-se o formulado 5-25-15, na quantidade de 400 kg ha-1, fornecendo dessa forma 20 kg
ha-1 de N, 100 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O.
A semeadura da cultura do milho em consórcio com Urochloa brizantha foi realizada no dia 23 de novembro, por meio de semeadora, na densidade de 5 sementes por metro de sulco e, espaçamento de 0,70 m entrelinhas, correspondendo aproximadamente 70.000 sementes ha-1. No caso da forrageira, foi
adotada a quantidade de 12 kg ha-1 de sementes, considerando o valor cultural. As
sementes das forrageiras foram misturadas ao adubo e acondicionadas no compartimento de fertilizante da semeadora. Dessa forma o capim foi semeado na mesma linha do milho a uma profundidade de aproximadamente 6 cm, com o objetivo de retardar a germinação para que não ocorra competição com a cultura do milho. O feijão guandu foi semeado manualmente na entrelinha do milho (respeitando os respectivos tratamentos), adicionando-se 10 sementes por metro linear.
A adubação nitrogenada, dos respectivos tratamentos, foi parcelada em duas épocas: quando as plantas apresentavam de 4 a 6 folhas e de 8 a 10 folhas. Para a adubação nitrogenada em cobertura foram utilizados o sulfato de amônio
(para fornecer 30 kg ha-1 de S) e o restante na forma de ureia. Foi aplicado em
cobertura também mais 60 kg ha-1 de K
2O na forma de cloreto de potássio.
Foi determinada a altura da planta, altura da inserção da espiga, diâmetro do colmo e produtividade da silagem através da determinação da massa seca. Os resultados foram avaliados pela análise de variância utilizando o programa Sisvar 4.2. Para as doses de nitrogênio foi utilizada a regressão e a comparação dos consórcios pelo teste de média.
Resultados e Discussão
A altura de plantas de milho (AP) e altura de inserção da espiga (AIE) não foram influenciadas pelas doses de N e pelos consórcios realizados. Na média, os valores foram de 2,18 e 1,17 de AP e AIE, respectivamente.
Para o diâmetro do colmo houve influência apenas das doses de N. A introdução do guandu no sistema não influenciou esta variável analisada. Verifica-se na Figura 1 que o ajuste foi quadrático e de acordo com a equação a dose estimada de 222 kg ha-1 de N. y = -4E-05x2 + 0,0178x + 17,677; R2 = 0,92** 17,5 18,0 18,5 19,0 19,5 20,0 0 80 160 240 Doses de N (kg ha-1) D iâ me tro d o co lmo (mm)
Figura 1. Diâmetro do colmo de plantas de milho consorciado com capim-paiaguás e feijão guandu, em função de doses de N.
Para a massa seca da silagem houve interação entre as doses de N aplicadas e os consórcios utilizados. Verifica-se na Tabela 1 que a introdução do feijão guandu proporcionou aumento da massa seca da silagem, amentando dessa forma sua produtividade. O peso da massa seca do guandu na silagem foi alto,
variando de 4 a 6 t ha-1. Já a forrageira representou menor massa, de 158 a 374 kg
ha-1, pelo fato de ter sido cultivada na mesma linha do milho.
Tabela 1. Massa seca da silagem de milho consorciado com capim-paiaguás e feijão guandu, em função de doses de N.
Massa seca da silagem
Doses de N Consórcio Média
M + C M + C + G ---t ha-1--- 0 10,9 15,2 13,0 80 12,3 18,3 15,3 160 12,5 18,9 15,7 240 13,9 18,1 16,0 Média 12,4 17,6 - CV% 14,57
Letras iguais na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A silagem de milho + capim ajustou-se de forma linear as doses de N, ou seja, houve aumento da massa seca com o aumento das doses de N aplicadas no solo (Figura 2). Já para a silagem de milho + capim + guandu o ajuste foi quadrático, onde a doses estimada de 120 kg ha-1 proporcionou a máxima produtividade.
y = 0,0115x + 11,02; R2 = 0,94** y = -0,0002x2 + 0,0482x + 15,255; R2 = 0,99** 0 4 8 12 16 20 24 0 80 160 240 Doses de N (kg ha-1) Ma ssa se ca si la g e m (t h a -1 ) M + C M + C + G
-Figura 2. Massa seca da silagem de milho consorciado com capim-paiaguás e feijão guandu, em função de doses de N.
Considerações Finais
Não houve influência dos tratamentos na altura de plantas e altura de inserção de espiga.
O diâmetro do colmo foi influenciado apenas pelas doses de N com a dose de 222 kg ha-1 proporcionando maiores valores.
A aplicação de N e a introdução do feijão guandu no sistema proporcionou aumento da produtividade da silagem.
Agradecimentos
Agradecimento a UEG pela bolsa de iniciação científica (PBIC/UEG) concedida ao primeiro autor.
Referências
ENTZ, M.H.; BELLOTTI, W.D.; POWELL, J.M. ANGADI, S.V.; CHEN, W.; OMINSKI, K.H.; BOEL, B. Evolution of integrated crop-livestock production systems. In: McGILLOWAY, D.A. (Org.) Grassland: a global resource. Wageningen, 2005. P.137-148.
MACEDO, M. O et al. Changes in soil C and N stocks and nutrient dynamics 13 years after recovery of degraded land using leguminous ntitrogen-fixing trees. For. Ecol. Manage., 255:1516-1524, 2008.
MATEUS, G. P. Doses de nitrogênio na cultura do milho em consorcio com
forrageiras. Tese apresentada á Faculdade de Ciências Agronômicas da
UNESP-Campus de Butucatu -SP, set 2007.
RAIJ, B.van; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. Análises
químicas para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas,
IAC/FUNDAG, 2001. 285p.
SOUZA, F. H. D.; FRIGERI, T.; MOREIRA, A.; GODOY, A. Produção de sementes de guandu. Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP, n. 69, p. 68, 2007.
(Documentos). Disponível em:
<http://www.cppse.embrapa.br/sites/default/files/principal/publicacao/Documentos69. pdf>. Acesso em: 12 Out. 2015.
SILVA, A. C.; FERREIRA, L. R.; SILVA, A. A.; PAIVA, T. W. B.; SEDIYAMA, C. S. Efeito de doses reduzidas de fluazifop-p-butil no consórcio entre soja e Brachiaria