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Os megaeventos esportivos como ferramenta para a promoção internacional do seu país sede: o caso do Brasil

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CÁSSIA ROETTGERS

OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS COMO FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO INTERNACIONAL DO SEU PAÍS SEDE – O CASO DO BRASIL.

Florianópolis 2013

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CÁSSIA ROETTGERS

OS MEGAEVENTOS ESPORTIVO COMO FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO INTERNACIONAL DO SEU PAÍS SEDE – O CASO DO BRASIL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Dâmaris Oliveira Batista Silva, Msc.

Florianópolis 2013

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CÁSSIA ROETTGERS

OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS COMO FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO INTERNACIONAL DO SEU PAÍS SEDE – O CASO DO BRASIL.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 31 de Outubro de 2013.

Profa. e orientadoraDâmaris Oliveira Batista Silva, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. José Baltazar D'Andrade Guerra Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. João Batista da Silva Universidade do Sul de Santa Catarina

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Dedico este trabalho aos meus pais, pelo apoio incondicional e por todos os investimentos que em mim fizeram.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelo apoio incondicional e pelos constantes investimentos afetivos e financeiros. Agradeço, em especial, a educação de qualidade que sempre se preocuparam em me proporcionar, mesmo nos momentos difíceis. Minha eterna admiração e inspiração. Amo vocês!

À professora Dâmaris, minha orientadora e colega de profissão. Agradeço por direcionar meu olhar para as Relações Internacionais todas as vezes que eu quis fugir para a Psicologia. Espero que a nossa “ciência-mãe” possa um dia unir nossos caminhos novamente.

Às colegas Bruna e Andressa, por fazerem parte das pequenas coisas boas de toda essa trajetória. Sem vocês, não teria a menor graça!

Ao meu parceiro incansável, André. Pelas palavras doces, pelo ombro reconfortante e pela paciência interminável. Todo o meu carinho.

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RESUMO

Os megaeventos esportivos podem ser compreendidos como competições internacionais com elevada capacidade de mobilização, que agregam um grande número de atletas em um determinado país, durante um curto espaço de tempo. Na iminência da realização de dois desses eventos no Brasil – Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 – os holofotes da mídia internacional se voltam ao país. Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar como os megaeventos esportivos podem contribuir para a promoção internacional do seu país-sede. Para isso, estudou-se o caso do Brasil enquanto país-sede da Copa das Confederações de 2013, realizada no período de 15 a 30 de junho deste ano. Selecionou-se, então, a versão online dos jornais: China Daily (China), The New York Times (Estados Unidos), Clarín (Argentina), Berliner Zeitung (Alemanha) e Barneveldse Krant (Holanda) para verificar a inserção do país na mídia internacional. Notou-se um aumento significativo na quantidade de notícias que fazem menção ao Brasil nos cinco jornais pesquisados, no período da Copa das Confederações. De forma geral, em função da amplitude desses eventos, os mesmos configuram-se como uma grande oportunidade para promover internacionalmente uma boa imagem do país-sede e atrair, então, turistas, investimentos e oportunidades de negócios. Contudo, o caso do Brasil abrangeu questões particulares que alavancaram o interesse da mídia internacional pelo país. As manifestações ocorridas desde o início do mês de junho contribuíram para desviar o foco sobre a grandiosidade do evento e apontá-lo para a corrupção, os problemas sociais do país e os grandes gastos com megaeventos no seu território. Assim, uma imagem negativa do país foi disseminada nos veículos de comunicação internacionais. Dessa forma, conclui-se que, para que os megaeventos esportivos possam funcionar como uma eficaz ferramenta de promoção internacional, faz-se necessária a realização de uma prévia e crítica avaliação das capacidades do país em receber um evento desse porte, além de um rigoroso estudo sobre os impactos (políticos, econômicos e sociais) positivos e negativos da sua realização.

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ABSTRACT

The mega sporting events can be understood as international competitions with high mobilization capacity, which add a large number of athletes in a particular country for a short period of time. Given that two events of these proportions are to be held soon in Brazil - World Cup 2014 and Olympics 2016 - the spotlight of the international media turns to the country. The objective of this study was to verify how mega sporting events can contribute to the international promotion of its host country. For this, it was studied the case of Brazil as host country of the 2013 Confederations Cup, held in the period 15-30 June this year. It was selected the online version of the following newspapers: China Daily (China), The New York Times (United States), Clarin (Argentina), Berliner Zeitung (Germany) and Barneveldse Krant (Netherlands) to verify the inclusion of the country in the international media. It was noted a significant increase in the number of news that mention Brazil in the five newspapers surveyed, during the Confederations Cup. In general, considering the magnitude of these events, they appear as a great opportunity to internationally promote a good image of the host country and to attract tourists, investment and business opportunities. However, the case of Brazil included specific issues that boosted the interest of the international media on the country. The protests, which have occurred since the beginning of June, helped to shift the focus of the grandeur of the event and point it to corruption , social problems of the country and the big spending with mega events in its territory. Therefore, a negative image of the country was internationally disseminated in the media. It is concluded that, in order to make the mega sporting events work as an effective international promotion tool, it is necessary to conduct a preliminary and critical assessment of the capabilities of the country to receive such a major event, and a rigorous study on positive and negative aspects (political, economic and social ) of its implementation. Keywords: Sport. Mega sports event. International Promotion.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Processo de planejamento de um evento...29 Figura 2 - Os anéis olímpicos ...34 Figura 3 - A interdependência entre sociedade, cultura e esporte...40

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Relação entre os meses de abril, maio e junho de 2013 e o impacto na mídia internacional a partir do descritor “Brasil”...43 Gráfico 2: Relação entre o mesmo período dos meses de maio e junho e o impacto na mídia internacional, a partir do descritor “Brasil”...44 Gráfico 3: Relação entre o número de notícias encontradas nos descritores “Brasil” e “Copa das Confederações”...45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 10

1.2 OBJETIVOS... 11 1.2.1 Objetivo geral... 11 1.2.2 Objetivos específicos... 12 1.3 JUSTIFICATIVA... 12 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 13 1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA... 15 2 ESPORTE... 17 2.1 ESPORTE NO BRASIL... 18

2.2 ESPORTE, SOCIEDADE E CULTURA... 20

3 PROMOÇÃO INTERNACIONAL ... 23

3.1 DIVULGAÇÃO DA IMAGEM DE UM PAÍS NO EXTERIOR ... 24

3.2 PROMOÇÃO INTERNACIONAL POR MEIO DO ESPORTE... 25

4 MEGAEVENTOS... 28

4.1 MEGAEVENTOS ESPORTIVOS... 30

4.1.1 Jogos Olímpicos... 32

4.1.2 Copa do Mundo de Futebol... 36

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS... 39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 48

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1 INTRODUÇÃO

Os grandes eventos esportivos trazem consigo efeitos culturais, econômicos, políticos e sociais. As cidades sede desses eventos tornam-se, momentaneamente, o centro das atenções de bilhões de espectadores em uma escala mundial. Com a expressiva visibilidade das Olimpíadas e Copa do Mundo, por exemplo, os Estados tem se preocupado cada vez mais em encontrar meios de usufruir do alto impacto destes eventos para se promoverem no cenário internacional.

Dito isso, o presente trabalho trata, neste primeiro capítulo, dos elementos iniciais à realização do estudo. Para isso, o capítulo subdivide-se entre a exposição do tema e do problema selecionados, os objetivos (gerais e específicos) almejados, a justificativa para decisão de escolha deste tema, a metodologia científica necessária para o desenvolvimento e, finalmente, o cronograma de atividades previstas para a elaboração deste trabalho de conclusão de curso.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

O Brasil será palco nos próximos quatro anos de megaeventos esportivos de grande impacto político, econômico e social. A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 fomentam no país o interesse multidisciplinar dos pesquisadores pelo estudo de temas relacionados ao fenômeno esportivo. A dimensão de tal fenômeno, especialmente a partir dos Jogos Olímpicos e da criação das federações internacionais, tem atingido universalmente o globo e se tornado, desde então, cada vez mais regulado e organizado em nível mundial.

O esporte pode ser visto com um fenômeno social do mundo moderno. A abordagem teórica adotada nesse estudo para entendimento do fenômeno esportivo tem suas bases na Psicologia Sócio-Histórica, formulada por Vygostsky na Rússia, no contexto da Revolução Socialista de 1917. Tal vertente entende o homem como um ser histórico constituído dentro de uma cultura – cultura esta que será apropriada pelo próprio homem com o tempo. Dessa forma, pode-se olhar para o esporte como um fenômeno socialmente construído por indivíduos inseridos em diferentes culturas, tendo seus significados, então, distintos para cada nação.

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Conforme afirma Vasconcellos (2011, p.07): “No lado genuíno e positivo, o esporte serve de instrumento e cenário de sã divulgação institucional dos países, de percuciente formação de imagem externa, de pacificação e congraçamento mundial.” Observa-se, então, que os esportes atingiram no cenário internacional uma posição de maior complexidade, não sendo mais vistos somente como lazer ou competição de tal modo que os Estados tem se preocupado atualmente em utilizá-lo também como instrumento de política externa, demonstração de poder, promoção de saúde e, de forma mais ampla, promoção internacional.

Inúmeras são as ferramentas utilizadas por um país para se promover internacionalmente, seja por meio da participação em feiras, exposições, rodadas de negócio ou mesmo pela ou mesmo pela publicidade alcançada por meio de filmes, livros, anúncios e outros. As grandes economias hoje não têm dúvidas quanto aos benefícios de uma promoção institucional do país no exterior. No tocante ao esporte, a expressiva visibilidade dos megaeventos esportivos tem chamado à atenção das autoridades e funcionado como um importante instrumento de divulgação para os países que investem na cultura e no esporte.

Com base na exposição acima, a pergunta de pesquisa que direciona e aprofunda o desenvolvimento deste estudo é: os megaeventos esportivos podem promover internacionalmente o Brasil?

1.2 OBJETIVOS

Tomando como base o problema de pesquisa, apresentam-se, na sequência, os objetivos a serem alcançados no trabalho de conclusão de curso.

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral do estudo é verificar como os megaeventos esportivos podem contribuir para a promoção internacional do seu país sede.

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De forma a atingir e complementar o objetivo geral, apresentam-se alguns objetivos específicos a serem alcançados no decorrer do trabalho:

- Entender o esporte como produção e comunicação cultural de um povo;

- Aprofundar o conhecimento acerca dos megaeventos esportivos no âmbito internacional;

- Avaliar a inserção do Brasil na mídia internacional a partir de megaeventos esportivos

1.3 JUSTIFICATIVA

Especialistas das Relações Internacionais lamentam já nos anos 80 o fato de o esporte ter sido pouco explorado na área. Para Taylor (1986), o esporte, apesar de não estar no centro das relações intergovernamentais e nem ter importância primordial nas questões de segurança e economia, deveria ter sido mais estudado pelos especialistas nas Relações Internacionais. Quatro são as razões apresentadas pelo autor: o esporte é um fator de enorme importância social e cultural; a crescente internacionalização do esporte o tornou parte do sistema internacional, que, apesar de ser um sistema anárquico, pode ser influenciado pela interdependência que o esporte cria; o esporte é um instrumento formidável para a política governamental; as organizações privadas internacionais que se ocupam do esporte são muito importantes e deveriam ter sido estudadas no quadro da análise global das organizações internacionais e transnacionais.

Dos anos 80 até a atualidade, pode-se dizer que houve um aumento pouco significativo nas produções científicas que relacionam o esporte às Relações Internacionais. Houlihan (1994) acrescenta que embora existam estudos que relacionam especificamente os Jogos Olímpicos às Relações Internacionais, poucos são os trabalhos que discutem a importância do esporte em geral para a política internacional. Em Suppo (2012), pode-se observar que o tema, nos dias atuais, ainda é negligenciado pela área em questão. Embora haja uma recente mobilização no país em torno do esporte devido aos grandes eventos iminentes, não se pode observar o reflexo desta movimentação na produção científica do país.

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Quanto à promoção internacional dos Estados, o desenvolvimento de estratégias para alcançar esta promoção se apresenta como fundamental para a competitividade internacional das grandes economias do globo. Com os grandes eventos esportivos e seus vultosos investimentos do setor empresarial surgem também interessantes oportunidades mercadológicas. Observa-se, então, que o contexto do esporte, conforme afirma Vasconcellos (2011, p.14), tem: “utilidade prática, pragmática para ampliar a dimensão internacional projetada, positivar a imagem e multiplicar os benefícios derivados de uma melhor promoção institucional do país no exterior.”

Assim sendo, este estudo justifica-se pela considerável ausência de produções acadêmicas brasileiras referentes ao tema esporte na área das Relações Internacionais, bem como pela importância aqui colocada de que os países desenvolvam cada vez mais estratégias de promoção internacional, não só por meio dos megaeventos esportivos, como também pelo uso de outras ferramentas, já que notável é o impacto de tais medidas no cenário internacional. Espera-se que este estudo possa ainda despertar o interesse dos acadêmicos de Relações Internacionais para pesquisas futuras relacionadas ao fenômeno esportivo.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Ao apresentar a metodologia de uma pesquisa, busca-se, conforme Lima e Mioto (2007), demonstrar o "caminho do pensamento" e a "prática exercida" na apreensão da realidade. O procedimento metodológico, enquanto elemento fundamental desse processo, é definido através da tipologia de pesquisa, classificando-se quando à natureza, à abordagem do problema, aos objetivos e ao procedimento.

Quanto à natureza, o presente Trabalho de Conclusão de Curso pode ser classificado como uma pesquisa básica, já que o enfoque da mesma será a compreensão sobre o tema e problema expostos, com o objetivo de gerar novos conhecimentos úteis para o avanço da ciência, sem uma aplicação prática prevista (SILVA; MENEZES, 2005).

Em relação à abordagem do problema, o método de pesquisa qualitativa se mostrou mais apropriado para este estudo. Conforme Silva & Menezes (2005, p. 20), a pesquisa qualitativa considera a relação dinâmica indissociável entre mundo objetivo e subjetividade do sujeito. Acrescenta Oliveira (1997, p.117):

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As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem facilidade de poder descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação de particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

No que tange os objetivos, aplicar-se-á pesquisa exploratória. Este tipo de pesquisa visa buscar maiores informações sobre o tema abordado a fim de se obter maior familiaridade com o problema, visando torna-lo explícito ou a construir hipóteses (ANDRADE, 1998). O levantamento bibliográfico se apresenta, então, como uma ferramenta fundamental para alcançar tal objetivo.

Para complementar a pesquisa exploratória, no que diz respeito ao procedimento, adotou-se a pesquisa bibliográfica a qual consiste em reunir obras e artigos sobre o tema escolhido para proporcionar, conforme Fachin (2003, p. 125): “a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa”. Para tanto, a pesquisa será realizada por meio de leitura e revisão de parte da bibliografia sobre esporte, cultura, megaeventos esportivos e promoção internacional. A pesquisa documental também fará parte dos procedimentos metodológicos desse estudo. Esse modelo de pesquisa é realizado por meio de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, com sua autenticidade comprovada (Gerhardt e Silveira, 2009). Para isso, selecionou-se a versão online dos principais jornais estrangeiros dos cinco maiores parceiros comerciais do Brasil no mês de julho de 2013: China, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Holanda (MDIC, 2013).

Os jornais selecionados – China Daily, The New York Times, Clarín, Berliner ZeitungeBarneveldse Krant – foram utilizados para verificação da inserção do Brasil na mídia internacional no período de 15 a 30 de junho de 2013, período de realização da Copa das Confederações no Brasil. Os descritores utilizados para a pesquisa foram a palavra “Brasil” e o termo “Copa das Confederações”, traduzida para a língua oficial de cada um dos países pesquisados, com exceção da China que foi necessário fazer uso do termo em língua inglesa para viabilizar o estudo. Salienta-se que as notícias encontradas continham os descritores “Brasil” e “Copa das Confederações” no título, no conteúdo da mesma ou em ambos.

Para posterior análise dos dados, após exploração e leitura do material acerca do tema e seleção das unidades de análise, utilizar-se-á a análise de categorias. Conforme proposto por Campos (2004), esse procedimento possibilita caracterizar categorias de grandes temas em

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função de seu grau de proximidade e por meio dessa análise se pode exprimir significados e elaborações importantes referentes aos objetivos do estudo e, assim, criar novos conhecimentos que proporcionem uma visão diferenciada sobre o tema em questão. Assim, as categorias utilizadas foram Brasil e Copa das Confederações.

Uma vez expostos os detalhes técnicos competentes à realização deste Trabalho de Conclusão de Curso, apresenta-se, na sequência, a estrutura completa da pesquisa realizada.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

A pesquisa realizada no presente trabalho de conclusão de curso subdivide-se em outros cinco capítulos que seguem este capítulo introdutório. Para atingir os objetivos desta pesquisa, o capítulo que inicia a fundamentação teórica do trabalho trata dos aspectos históricos, sociais e culturais acerca do tema esporte no Brasil e no mundo, além de destacar os principais entendimentos conceituais sobre o fenômeno esportivo.

Dada a compreensão do esporte, o terceiro capítulo aborda a questão da promoção internacional. As principais ferramentas utilizadas para a promoção internacional dos países são apresentadas e a divulgação da imagem de um país no exterior é aqui debatida. Discute-se, ainda, a possibilidade de utilização do esporte como uma ferramenta para a promoção internacional.

A fim de pensar o esporte como uma ferramenta de promoção internacional, o quarto capítulo diz respeito aos megaeventos, destacando os megaeventos esportivos. Apresentar-se-á um detalhamento sobre os dois megaeventos esportivos que serão sediados pelo Brasil nos próximos anos: os Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de Futebol de 2014.

O quinto capítulo compreende a apresentação e a análise de dados obtidos com a realização da pesquisa. Os objetivos desse estudo serão retomados e avaliados em conjunto com os resultados encontrados na pesquisa. A utilização do megaevento esportivo como uma ferramenta de promoção internacional do seu país sede será aqui debatida, bem como suas implicações e benefícios. O caso do Brasil, em especial, será analisado com base na sua repercussão na mídia internacional no período da Copa das Confederações de 2013.

As considerações finais fazem parte do sexto e último capítulo deste Trabalho de Conclusão de Curso e retomam as ideias centrais do estudo. Nesse capítulo final são

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apresentados, de forma breve, os resultados atingidos pela pesquisa realizada, as contribuições de outras áreas do conhecimento para a mesma e questões para reflexão. São expostas ainda as limitações encontradas no decorrer do estudo e, por fim, as sugestões da autora para guiar trabalhos futuros.

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"O esporte é importante para modernizar nossa visão de mundo, porque socializa a gente, na derrota e na vitória." (Roberto da Matta)

2 ESPORTE

1.1. ESESPORTE

O esporte pode ser definido como uma atividade competitiva institucionalizada que exige dos atletas, motivados por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos, esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras complexas (BARBANTI, 2006). Freitas (2003) acrescenta que o esporte entendido enquanto fenômeno social tem sido considerado uma das grandes instituições coletivas do final do século XX. O fenômeno esportivo torna-se, então, cada vez mais abrangente, tendo sido objeto de investigação das mais diversas áreas do conhecimento. Ciências como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia, a Administração a Economia e, mais recentemente, as Relações Internacionais tem se interessado pelo estudo de tal fenômeno.

O esporte tem seu surgimento associado ao contexto da revolução industrial inglesa, no século XVIII, configurando-se como passatempo dos gentlemen-farmers. Na história da humanidade, observam-se variadas formas de manifestação esportiva. Enquanto autores afirmam que esse fenômeno esteve presente nas sociedades antigas e primitivas (GUTTMANN, 1978), outros acreditam que ele surgiu em um ponto histórico específico em um processo de ruptura (BRACHT, 1997, 2002). Para Marques, Almeida e Gutierrez (2007), independentemente da concepção adotada, pode-se afirmar que o esporte moderno sofre forte influência dos princípios e configurações sociais herdadas do fenômeno que se transformou no século XVIII, na Inglaterra, a partir da “esportivização” dos jogos populares.

A prática esportiva expandiu-se pela Inglaterra, todavia, as regras eram regionalizadas e, até mesmo, exclusivas de cada escola. Em função disso, era difícil reunir sujeitos de outras localidades para disputarem entre si. Assim, fez-se necessário um processo de universalização das normas. Para isso, foram criadas ligas e clubes esportivos, com o objetivo de regular e normatizar as práticas (STIGGER, 2005). Com a intensificação desse processo, as atividades esportivas expandiram-se por toda a Europa. (DUNNING; CURRY, 2006). Hoje, pode-se dizer que o esporte é uma realidade de todos continentes nas suas diferentes formas de expressão.

Autores como Alves e Pieranti (2007) e Gebara (2002) concordam que o significado do termo “esporte” sofreu modificações importantes em todo o globo nos últimos anos. Este setor deixou de ser visto apenas como competição ou simples atividade de lazer e passou a

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abranger também aspectos econômicos, além de ser considerado um importante instrumento para a promoção da inclusão social, saúde e educação. Suppo (2010) acrescenta que o interesse dos homens de Estado pelo esporte é despertado apenas após a Primeira Guerra Mundial com a internacionalização do fenômeno por meio do surgimento da comunicação de massa, sendo esta a responsável pela transformação do esporte em espetáculo.

A institucionalização do esporte emerge com as escolas de elite do século e, a partir disso, expande-se pelo mundo (TERRET, 2007). Já no século XIX, o esporte passou a fazer parte das escolas inglesas de período integral com o objetivo de ocupar o tempo livre dos alunos. Os professores desta época entendiam que os alunos poderiam aprender a trabalhar em equipe, a desenvolver o espírito de liderança e a respeitar às regras por meio do esporte. Poucos anos depois, o esporte passou a representar um dos componentes fundamentais dos currículos escolares. Neste contexto, observa-se também o surgimento das primeiras competições esportivas entre as escolas (RUBIO, 2009).

Assim, diante das transformações apresentadas, observa-se um grande aumento da visibilidade dos fenômenos esportivos ao longo dos anos. A atual valorização sobre o esporte implica em um crescente interesse dos governos que passaram a olhar para o esporte com outros olhos. Um dos pontos que tem despertado o interesse das autoridades acerca do tema, é a possibilidade de usufruir do esporte enquanto instrumento de promoção internacional dos países e, dessa forma, estreitar laços, atrair turistas e investimentos.

2.1 O ESPORTE NO BRASIL

Segundo o embaixador Roberto Jaguaribe “o melhor embaixador do Brasil é o futebol.” Porém, embora o Brasil seja o famoso “país do futebol”, a história do esporte aqui perpassa também por inúmeras modalidades, entre elas peteca, futevôlei e capoeira, as quais tiveram origem no país. Embora o futebol seja, sem dúvidas, o esporte mais praticado em território nacional, modalidades como vôlei, basquete, judô e tênis tem conquistado cada vez mais adeptos. De acordo com a Lei 9615, de 1998, o esporte brasileiro é:

I. desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II. desporto de participação, praticado de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do

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meio ambiente; III. desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais da Lei 9615, de 1998, e das regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2013).

Antes disso, a Constituição Federal de 1988 já havia consolidado oficialmente sua visão sobre o esporte brasileiro, em seu artigo 217. Esta, regulou como dever do estado a tarefa de fomentar as práticas esportivas formais e não-formais, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional; IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. § 1º. - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. § 2º. - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º. - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988).

Entre o descobrimento do Brasil e os anos 30, pode-se dizer que o esporte não existia de forma institucionalizada em lugar algum do globo. No Brasil-Colônia (1500-1815), as práticas esportivas e atividades físicas estavam relacionadas ao seu utilitarismo. Os índios e primeiros colonizadores, por exemplo, praticavam arco e flecha, natação, canoagem, corridas e equitação, já que eram atividades presentes no seu cotidiano. O Brasil-Império (1822-1889), por sua vez, teve a capoeira como grande atividade física praticada na época. Associada à própria identidade cultural do país, a capoeira conquistou muitos adeptos no período da escravidão. Já no início do período da República surgiram as introduções do que seriam as primeiras modalidades esportivas no país (TUBINO, 1997).

A institucionalização do esporte no Brasil passou por uma série de transformações. Esta teve início em 1937, com a Lei número 378 de 13/03/37 que criou a Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Em 1970, esta divisão foi transformada em Departamento de Educação Física e Desportos. A Secretaria de Educação Física e Desporto foi criada em 1978 para substituir o antigo departamento e assim permaneceu até 1989. Em 1990, o presidente Fernando Collor de Melo extinguiu a Secretaria vinculada ao Ministério da Educação e cria a Secretaria de Desportos da Presidência da República. Com a saída de Collor, o esporte foi novamente vinculado ao Ministério da Educação com o nome de Secretaria de Desportos (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2013).

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Segundo o site oficial do Ministério do Esporte, uma maior atenção foi dada ao esporte no ano de 1995. O presidente Fernando Henrique Cardoso fundou o Ministério de Estado Extraordinário do Esporte que obtinha auxilio administrativo e técnico da Secretária de Desportos. Ainda em 1995, esta secretaria transformou-se no Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (INDESP), desligando-se do MEC e subordinando-se ao Ministério Extraordinário do Esporte. No final de 1998, Fernando Henrique Cardoso, em seu segundo mandato, criou o Ministério do Esporte e Turismo. Mais recentemente, em outubro de 2000, o INDESP é extinto e dá lugar à Secretaria Nacional do Esporte. Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, separou o Ministério do Esporte e da Cultura, ficando, então, o Esporte com um ministério próprio.

Nos dias atuais, o Brasil tem encontrado espaço na mídia internacional em função do seu desempenho em várias modalidades esportivas. Futebol, vôlei e natação são algumas das modalidades mais populares e consagradas no país. Outros esportes, todavia, também tem conquistado seu espaço e ganhado destaque mundial com o auxílio dos programas de incentivo criados pelo país. Tal fato acarreta no reconhecimento, pela comunidade internacional, da participação brasileira em grandes campeonatos mundiais (BRASIL, 2013).

2.2 ESPORTE, SOCIEDADE E CULTURA

Ao refletir sobre os termos esporte, sociedade e cultura, as intersecções e a complementariedade entre tais conceitos é evidente. A psicologia sócio-histórica aqui se apresenta como um instrumento para auxiliar na compreensão mais aprofundada dessas relações. Inicialmente, faz-se necessário um entendimento acerca do “homem” que constitui essa sociedade, que produz e se apropria dessa cultura e que, por fim, influencia nessas relações. A psicologia de Vygotsky (2003) trata o homem como ser histórico constituído na cultura. Este homem não só organiza os impulsos naturais herdados, mas também proporciona material para o estudo da conduta humana. Assim, o autor entende o desenvolvimento psíquico como desenvolvimento cultural. Fernandes (2005) acrescenta: “o homem é a única espécie que consegue transformar a natureza para criar seu próprio meio em função de objetivos definidos por ele próprio.” Nessa condição, esse homem se transforma e assume o controle da própria evolução e, assim, da história propriamente dita.

Pino (2005) coloca que a diferença primordial entre o ser humano e o animal é esta: é próprio do ser humano conferir a todas as funções um significado e é isso que dá uma dimensão simbólica às atividades biológicas. Atribuir uma significação a algo é produzir cultura

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e tornar esse algo, de fato, humano. A cultura simultaneamente é a condição e a consequência da emergência do homem enquanto ser humano. Dessa forma, percebe-se que a cultura contribui nas mais distintas formas para a constituição do ser humano. Ao acrescentar o elemento “esporte” para essa análise, este, na sua condição de prática cultural, também pode ser considerado como uma componente na formação das subjetividades.

O esporte, mais que uma prática cultural, é uma das mais importantes manifestações culturais do século XX. Trata-se de um fenômeno tipicamente moderno com articulações nas dimensões sociais, culturais, econômicas e políticas. A construção do ideário da modernidade, com seus sentidos e seus significados, apresenta também transversalidades com a prática esportiva no decorrer do tempo. As práticas corporais são parte do patrimônio cultural de um povo e funcionam como importante ferramenta no processo de construção de identidades de classe, gênero, etnia e, ainda, à construção da ideia de nação (PRIORE & MELO, 2009).

É fato que as peculiaridades de cada sociedade em conjunto com suas estruturas econômico-sócio-culturais contribuem para a definição do lugar que o esporte ocupa junto aquela população. Fortes são os indícios de que o esporte encontra-se espalhado por toda a amplitude do globo terrestre, abrangendo as mais distintas sociedades e diferenciando-se conforme a cultura na qual se insere. Na atualidade, é raro encontrar um país que não possua representatividade em eventos esportivos (MACHADO, 1997). Fernandes e Fernandes (2008, p.01) complementam:

Os megaeventos esportivos, em particular, por tratarem de uma área apreciada por um grande número de pessoas, independentemente de idade, sexo, classe social, nacionalidade ou religião, – às vezes – são o único elo em comum entre

povos tão diferentes.

Lima (1981) propõe a existência de uma universalização do esporte como fenômeno social caracterizante de todas as sociedades atuais. Assim, nota-se, dada a importância desse fenômeno, que o esporte dissemina-se por toda a parte à medida que permite o contato de países consideravelmente distintos, mas que confrontam-se obedecendo as regras universalizadas das competições.

Ao pensar nos significados atribuídos ao esporte ao longo dos tempos, Moreno e Machado (2004) o veem como um articulador de subjetividades na vida do ser humano. O esporte, enquanto atividade humana, modifica não só o mundo, como também o homem que o executa. Assim, ao mesmo tempo que o esporte transforma a sociedade em que está inserido, esta mesma sociedade é também por ele transformada.

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A importância que o futebol conquistou dentro da sociedade brasileira, por exemplo, não permite que ele seja desconsiderado enquanto objeto para estudos históricos, sociais e culturais. Os vínculos que a sociedade brasileira construiu com tal modalidade esportiva são consideravelmente fortes para que se desqualifique o futebol enquanto uma experiência cultural repleta de significados. A partir do esporte mais popular do país e que mais adeptos tem no mundo, é possível, então, conhecer um pouco mais sobre a realidade brasileira (NEGREIROS, 2003).

Rinaldi (2000, p. 171) acrescenta:

Nesse sentido, pode-se verificar que o futebol expressa a sociedade, pois o jogo está na sociedade tanto quanto a sociedade está no jogo. Ambos expressam-se mutuamente, principalmente no que se refere à subjetividade das relações estabelecidas dentro do contexto de uma partida de futebol, as transgressões às regras, à ordem e à desordem, o envolvimento da torcida com seu time de coração, chorar ou se alegrar, brigar ou festejar. O futebol teria, assim, uma riqueza simbólica, que poderia expressar a sociedade brasileira.

Ressalta-se aqui a impossibilidade de compreender as manifestações esportivas por meio apenas do entendimento da sociedade. Embora as questões sociais sejam decisivas para o meio esportivo, existe ainda toda uma lógica própria do fenômeno que não pode ser desconsiderada: estabelecimento de regras, aceitação de novas modalidades, tribunais esportivos para a tomada de medidas disciplinadoras, entre outros, não devem ser deixados de lado ao se pensar no fenômeno esportivo em sua totalidade (BORDIEU, 1980; MACHADO, 1997).

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3 PROMOÇÃO INTERNACIONAL

Sabe-se que interdependência entre os países é um fenômeno presente desde os primórdios da civilização. Constata-se, na atualidade, o que há muito já fora debatido: um país sozinho não consegue produzir tudo o que necessita para ser auto-suficiente. Não obstante, a globalização, acompanhada e, ao mesmo tempo, ocasionada pela explosão tecnológica registra grandes avanços para a economia mundial. Diante da importância substancial da existência e da continuidade de boas relações entre os Estados, é imprescindível que os mesmos encontrem maneiras de promoverem-se internacionalmente a fim de fortalecerem laços já existentes e, principalmente, estabelecerem novas parcerias.

A promoção, para Kotler (2000), se refere ao conjunto de ferramentas que possibilitam que uma mensagem chegue a sua audiência alvo e tem como objetivo apresentar aos potenciais consumidores sua empresa e seus produtos, além de criar uma identificação com seus clientes baseada na identidade da marca que se quer projetar. Para Kuazaqui (2007), a promoção diz respeito aos meios de divulgação de um produto a fim de torná-lo conhecido pelos consumidores. Até aqui foram esclarecidas questões referentes à promoção, de forma geral. Quando se fala, mais precisamente, em promoção internacional, simplesmente acrescenta-se à definição de promoção o cenário internacional enquanto locus em que estas relações se estabelecem.

Como apresentado acima, a literatura acerca dos temas “promoção” e “promoção internacional” está frequentemente vinculada ao comércio, seja ele internacional ou nacional, com interesse nas estratégias de inserção das empresas e seus produtos em outros mercados. No presente estudo, a promoção internacional manterá a essência da sua definição, no entanto será dissociada de sua abordagem unicamente comercial. A perspectiva aqui adotada tem maior abrangência, já que diz respeito ao Estado não só em seus aspectos econômicos (comerciais), mas também contempla suas questões políticas, sociais e culturais.

Portanto, neste estudo, a promoção internacional dos Estados está vinculada as estratégias que os países podem fazer uso para valorizarem sua imagem no exterior e, assim, alcançarem, em âmbito internacional, novas alianças que venham a contribuir para o seu desenvolvimento de forma geral. Nesse sentido, entende-se que para um país atrair atenções no cenário internacional, faz-se necessária a realização de investimentos também na divulgação de sua imagem.

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A imagem de um país no exterior se constitui como um importante aliado da promoção internacional, já que a boa divulgação de tal imagem pode ser fundamental para que o mesmo encontre aceitação além-fronteiras e, assim, consiga espaço para se promover. Aspectos culturais, belezas naturais, potenciais econômicos e oportunidades de negócio, por exemplo, quando bem divulgados, contribuem para a elaboração de uma imagem positiva perante os olhos dos outros países.

Para Barich e Kotler (apud SEIXAS, 2007), a imagem diz respeito ao conjunto de crenças, atitudes e impressões de uma pessoa ou grupo sobre um objeto, seja ele uma empresa, marca, produto, lugar ou pessoa. Salientam os autores que essas impressões podem ser verdadeiras ou falsas, reais ou imaginárias. Morgan e Pritchard (1998, p. 30) acrescentam:

O termo imagem é usado comumente para se referir às representações organizadas de um objeto, uma pessoa ou um lugar a partir de um sistema cognitivo de um indivíduo e compreende tanto a definição deste objeto, pessoa ou lugar quanto o reconhecimento de seus atributos. Conseqüentemente, as imagens representam constructos mentais, e objetos, povos e lugares estão todos sujeitos a diferentes imagens (MORGAN; PRITCHARD,1998, p. 30).

Compreende-se, portanto, que a questão da imagem exige devida cautela, já que as percepções, tanto negativas, quanto positivas, estão associadas às diferentes construções mentais que um indivíduo pode fazer acerca de um objeto, lugar, pessoa, etc, baseando-se, para isso, em impressões condizentes ou não com a realidade. Ainda que as definições de imagem, em geral, abranjam pessoa, empresa, marca, produto, entre outros, interessa, nesse estudo em particular, a temática referente à imagem de lugares, já que se está falando de países.

Kotler e Gertner (2004) entendem que as imagens de lugares muitas vezes são apenas simplificações que não necessariamente correspondem à realidade do local. Costumam ser informações desatualizadas, baseadas em exceções em vez de padrões e interpretações em vez de fatos. Uma simples menção ao nome de um país pode trazer à tona essas imagens. Os autores acrescentam ainda que as imagens dos países podem ser duradouras e difíceis de mudar, pois as pessoas tendem a resistir em ajustar suas estruturas cognitivas para formar novas opiniões sobre os fatos, ou seja, não se esforçam para alterar suas visões equivocadas.

Conclui-se aqui que a imagem de um país no exterior envolve uma ampla gama de variáveis que contribuem positiva ou negativamente para elaboração das percepções que as pessoas têm acerca de um determinado objeto, podendo este se constituir de um país. Considerando que essas impressões se fundamentam não somente na realidade dos fatos, faz-se necessário um cuidado ainda maior no que diz respeito à promoção de tal imagem perante

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outros países. Salienta-se, por fim, as contribuições que a promoção de uma boa imagem no exterior podem trazer, como, por exemplo, oportunidades de negócios, novos investimentos, atração de turistas, entre outros.

O contexto esportivo se apresenta aqui como um instrumento promissor para aqueles países que tem interesse em promover uma imagem positiva no cenário internacional, visando seus benefícios.

3.2 PROMOÇÃO INTERNACIONAL POR MEIO DO ESPORTE

O fenômeno esportivo e seus grandes espetáculos atraiam para os estádios, já no fim do século XIX, verdadeiras multidões. Nesse contexto, observa-se o interesse jornalístico em noticiar os resultados dos jogos e, posteriormente, com o sucesso do tema entre os leitores, surgiram também colunas, entrevistas e crônicas. A grande abrangência do esporte chamou atenção dos órgãos governamentais que passaram a se utilizar de suas estruturas (SIGOLI; DeROSE, 2004). Verifica-se aqui que desde o fim do século XIX os Estados já manifestavam algum interesse em usufruir da ampla visibilidade desses eventos. Recentemente, cada vez mais se olha para o esporte como um importante instrumento de promoção internacional, conforme afirma Vasconcelos (2011, p. 16):

As manifestações esportivas internacionais podem revestir função representativa da sociedade brasileira, manifestar a pujança dos setores econômico-industrial e exportador nacionais, promover a entrada de investimentos e a vinda de turistas. Os acontecimentos esportivos constituem válido e consequente instrumento para que qualquer país incuta e irradie melhor divulgação institucional internacional de suas características, qualidades e potencialidades (p.16).

O Esporte, em diversos momentos da história, apresentou uma função vinculada direta ou indiretamente aos interesses políticos e estratégicos dos Estados. A ideia de nação influente, formada por cidadãos fortes e saudáveis fez com que estados totalitários utilizassem o fenômeno esportivo como um meio de promover seus regimes políticos. Um exemplo disso foram os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, que foram utilizados por Hitler como propaganda do Estado nazista alemão, unindo os alemães em torno do sentimento nacionalista do nazismo e divulgando a suposta superioridade da raça ariana (HOLMES, 1974).

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Bracht (1997) pontua as seguintes características que tornam o esporte suscetível à utilização política:

– É uma atividade com regras de fácil compreensão, sendo utilizado como elemento de comunicação de massa e portador de uma linguagem simples. O Estado, por meio desta linguagem, utiliza o elemento de tensão emocional do Esporte para veicular os seus objetivos e ideologias;

– Oferece à população a possibilidade de identificação com o coletivo e com as aspirações patrióticas dando sentido de união nacional;

– É um elemento alienador que permite ao espectador a compensação para as tensões e aflições da vida cotidiana;

– A apropriação do atleta como representante do sistema, os sucessos esportivos fornecem prestígio político;

– O Esporte é reflexo da concepção de valores existentes na sociedade na qual está inserido. Isto lhe confere uma neutralidade interna, permitindo que o direcionamento político seja determinado de fora do seu contexto.

Diversos países e empresas transnacionais tem feito uso do esporte como um instrumento para promoção internacional. A Hungria, por exemplo, patrocinou uma prova do Campeonato Mundial de Fórmula 1 a fim de obter divulgação do país e, assim, atrair fluxos turísticos os quais hoje correspondem a entrada de 15 milhões de visitantes por ano. Os Jogos Olímpicos de Sydney se configuram como outro rico exemplo já que foram responsáveis pelo primeiro superávit comercial da Austrália em um período de três anos. (VASCONCELOS, 2011).

O próprio governo Lula utilizou-se do esporte para promover o Brasil internacionalmente, no que ficou conhecido como a “diplomacia da bola”.Em agosto de2004, por exemplo, realizou-se, no Haiti, o Jogo da Paz. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), atendendo ao pedido do presidente Lula, concordou em realizar um partida amistosa entre as Seleções do Brasil e do Haiti, em Porto Príncipe. A realização da partida teve a finalidade de transmitir, para os haitianos e para todo o mundo, a mensagem de que o governo brasileiro estava disposto a auxiliar na melhora da situação política no Haiti. Assim, a imagem que os haitianos tinham do Brasil e, especialmente, dos militares brasileiros naquele país, mudou de forma positiva (RESENDE, 2010).

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Para Resende (2010), a visibilidade da crise haitiana na mídia internacional teve considerável influência na decisão de se realizar o Jogo da Paz. Esse fato contribuiu para que a partida entre Brasil e Haiti repercutisse nos principais meios de comunicação internacionais e, assim, promovesse não só a diplomacia da bola, como também a nova postura internacional do Brasil pelo mundo.

Diante das proveitosas utilizações do esporte pelos Estados e da difusão do fenômeno esportivo como uma grande ferramenta para a divulgação da imagem de um país no exterior, os megaeventos esportivos surgem, então, como uma interessante oportunidade para aqueles países que pretendem se utilizar do esporte para divulgar e/ou consolidar sua marca no cenário internacional.

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4 MEGAEVENTOS

Para DaCosta e Miragaya (2008), um megaevento pode ser compreendido pelo número de participantes ou pelo “processo”, isto é, os megaeventos possuem curta duração, no entanto exigem um tempo longo de preparação e organização, além de envolverem uma quantidade expressiva de participantes. De acordo com Roche (apud HORNE; MANZENREITER, 2006), os megaeventos são melhores entendidos como eventos culturais de larga escala, com um caráter dramático, apelo popular de massa e significado em âmbito internacional. O megaevento está associado também à criação de infraestrutura e comodidades para a realização do evento. Os megaeventos usualmente apresentam:

[...] grandiosidade em termos de público, mercado alvo, nível de envolvimento financeiro do setor público, efeitos políticos, extensão de cobertura televisiva, construção de instalações e impacto sobre o sistema econômico e social da sociedade anfitriã (HALL, 2006, p. 59).

De acordo com Allen et al (2008), um evento só pode ser considerado como “megaevento” quando sua dimensão permite repercussão internacional e causa significativo impacto econômico e social na região que o sedia. Ansarah (1999) acrescenta que organizar ou sediar eventos tem se tornado uma importante estratégia para os países promoverem a sua imagem e gerarem lucros para a sua cidade ou região anfitriã.

O processo de planejamento de um evento envolve uma quantidade significativa de variáveis. Watt (2004) coloca que um evento deve ser resultado de uma ação cuidadosamente planejada, em que o caminho para o sucesso é identificado e desenvolvido previamente. A Figura 1 apresenta o modelo elaborado pelo autor para demonstrar o planejamento de eventos de forma estruturada.

Nota-se a amplitude de aspectos que envolvem a consolidação de um evento. Quando se fala em “megaevento”, todos esses detalhes atingem uma proporção ainda maior. Eventuais falhas na organização certamente comprometerão a imagem do país anfitrião e das entidades promotoras. Cesta (1997) destaca que a organização fica exposta a diversos públicos e, portanto, é necessário um trabalho profissional e competente com o objetivo de evitar divulgação negativa.

Zanella (2008) aponta que a eficiência na organização de eventos está na demonstração de competência e na disponibilidade de serviços que possam atender todas as necessidades dos participantes, superando as suas expectativas. Para isso, o autor salienta a

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importância de se ter clareza sobre os objetivos do evento, bem como sua amplitude: “Isso significa ter domínio absoluto e integral do ambiente, dos limites de atuação e de todas as etapas de sua execução.” (ZANELLA, 2008, p.21)

Proposta viabilidadeEstudo de objetivosMetas e Necessidadesde implementação

Plano de

implementação Monitoramentoe avaliação

Prática futura Ambiente

interno Ambiente

externo Demanda declientes

Plano corporativo Orçamento de marketing Disponibilidade de recursos Parcerias Equipe de logística Durante e após o evento

Figura 1: Processo de planejamento de um evento. Fonte: Adaptado de WATT, 2004, p.23.

Quando bem sucedido, um megaevento pode projetar uma imagem positiva do seu país-sede, por meio do grande interesse das mídias nacional e internacional em cobrir esses eventos. Fernandes e Fernandes (2008) colocam que os megaeventos podem se transformar em uma espécie de vitrine da cidade ou país-sede, sendo possível enfatizar os seus aspectos positivos internacionalmente. Assim, a longo prazo, é comum que o megaevento proporcione também um incremento em relação ao turismo e a entrada de investimentos no país.

Embora sejam evidentes os benefícios vinculados aos megaeventos, Higham (1999) relata a existência de um crescente número de pesquisas acadêmicas sobre os efeitos negativos ou ambivalentes desses eventos, dos pontos de vista econômico e social. Estas críticas costumam centrar-se no processo de escolha da cidade para o evento, a qual pode estar desviando parte dos benefícios econômicos e sociais da comunidade para atender aos interesses de patrocinadores e organizadores.

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Os megaeventos esportivos podem ser compreendidos como competições internacionais que agregam um grande número de atletas, atingindo a casa dos milhares, em um espaço de tempo curto, de um mês, aproximadamente. Destaca-se o potencial de impacto desse megaevento em diferentes setores da sociedade e que possui significativa carga simbólica (TAVARES, 2011). Tais impactos podem ser observados especialmente nos países que os sediam.

Para Fernandes e Fernandes (2008) os megaeventos esportivos podem ser vistos como uma “gigantesca campanha publicitária” do país, por meio da qual a divulgação da cultura, do idioma, dos atrativos turísticos, dos recursos naturais e culturais e, ainda, de outros acontecimentos programados. A repercussão desse evento é imensa, já que a exposição do país atingirá todo o mundo, em seus mais diversos meios de comunicação, influenciando, então, futuras decisões de potenciais turistas.

As consequências sociais, políticas e econômicas, em especial ao país anfitrião, são amplamente reconhecidas, fato que torna acirrada a disputa pela sede destes eventos. O espetáculo propiciado pelos eventos esportivos como as Olimpíadas, a Copa do Mundo de Futebol e o Super Bowl atraem audiências maciças, levando as grandes empresas a investirem verdadeiras fortunas para terem seu nome e os seus produtos associados a estes eventos. Kellner (2006) constata que a lógica de mercadoria dos espetáculos esportivos está inexoravelmente ligada aos esportes de alto rendimento que os mesmos não existem mais independentes de anúncios de patrocinadores, torcidas, mascotes, sorteios, promoções, entre outros.

Assim como o significado do esporte pode variar de uma para outra sociedade, o significados dos megaeventos esportivos também pode se manifestar de forma diferente. Vasconcellos (2011, p. 07) aponta os significados que os megaeventos podem ter para uma sociedade: “(...)podem significar a superação de limites atléticos e técnicos, recordes esportivos e a comunhão da humanidade, como representar a afirmação do poder do Estado, a competição entre nações, raças e ideologias.”

Em relação a política externa, Resende (2010) coloca que eventos como Copa e Olimpíadas são oportunidades ímpares para a divulgação do País no cenário internacional. O autor acrescenta que não se trata apenas de receber um grande número de turistas estrangeiros e de criar oportunidades para atrair investimentos externos para o país. Os megaeventos esportivos, sobremaneira, colocam o seu país-sede no foco da mídia internacional, resultando, assim, em visibilidade mundial. O autor acrescenta ainda o papel do Itamaraty nesse processo:

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A política externa tem muito do que se beneficiar: a Copa e as Olimpíadas poderão demonstrar, como se pretende, que o Brasil é uma democracia estabelecida e cuja economia cresce sustentavelmente rumo a tornar-se a quinta maior do mundo na próxima década. Apesar da interlocução existente com o Ministério do Esporte, CBF e COB, o Itamaraty deverá esforçar-se para influenciar o processo decisório no qual se determinará qual a imagem do Brasil deve ser divulgada por esses eventos e quais ações devem ser tomadas para que tal imagem repercuta mundialmente (RESENDE, 2010, p.40).

Com a realização de megaeventos esportivos, a sociedade poderá usufruir de construções esportivas (estádios, arenas, e outros), construções de infraestrutura para a cidade (obras de transporte, por exemplo), ocupação de empregos temporários ou permanentes. É comum ainda que com a realização desses megaeventos, haja um aumento na procura de prática de atividades físicas pela população (TAVARES, 2011). Os legados de um megaevento esportivo, no entanto, impossibilitam a precisão de sua mensuração já que não dispõem de metodologia específica para avaliar seus impactos.

Contudo, o interesse de grandes corporações em aproveitar-se de um megaevento esportivo pode trazer efeitos indesejáveis para o contexto esportivo. Esses interesses se relacionam desde à transmissão e os patrocínios até mesmo à localização e ao horário do evento. Conforme colocam Sigoli e DeRose (2004, p. 118):

O volume de capital envolvido nas transações de patrocínio de eventos, de equipes e de venda de direitos de transmissão, gera interesses que ultrapassam as necessidades da prática esportiva. São interesses voltados ao mercado-alvo, horários de transmissão, locais sede dos eventos, oportunidades comerciais. Estes interesses econômicos provenientes das relações entre as instituições esportivas, empresas patrocinadoras e corporações de mídia acabam por influenciar diretamente a realização esportiva, proporcionando mudanças nas regras dos jogos, horários de partidas desfavoráveis à prática esportiva, mas ideais para a audiência televisiva, valorização excessiva do espetáculo e do show em detrimento das características da modalidade esportiva.

Não se pode deixar de considerar, ainda, os riscos e dificuldades para sediar um evento de tamanho porte. Os elevados custos vinculados ao megaevento esportivo, por exemplo, podem acarretar endividamento do país e trazer prejuízos à população. Sendo assim, planejamento e organização são elementos de extrema importância que devem ser priorizados por aqueles países que pretendem sediar um megaevento esportivo.

Neste trabalho, os megaeventos esportivos selecionados para aprofundamento dos estudos foram os Jogos Olímpicos e o Copa do Mundo de Futebol, já que estes serão sediados pelo Brasil nos próximos anos.

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4.1.1 Jogos Olímpicos

Não se pode afirmar com certeza a origem e os propósitos do surgimento dos Jogos Olímpicos, já que mitologia da Grécia Antiga se confunde com a realidade. Acredita-se que as primeiras reuniões olímpicas ocorreram em 1473 a. C., configurando-se inicialmente como cerimônias religiosas e não como festivais esportivos. Não se sabe quando as primeiras competições ocorreram, mas é fato que tais disputas eram realizadas em honra aos deuses. O caráter religioso dos Jogos resultava, então, em um período de paz, pois durante a realização deste festival esportivo, as guerras eram suspensas (HEAL, 1990).

De acordo com os gregos, o caminho da educação integral (paideia), só era possível com a educação física. O esporte, então, exerceu grande influência sobre a constituição do homem grego. Para eles, a ginástica era uma obrigação moral que proporcionaria beleza e força. Os gregos, todavia, não estavam preocupados apenas com os aspectos físicos do ser humano. Era necessário que os homens praticassem ao mesmo tempo esporte e artes para exercitar em conjunto o corpo e alma (RUBIO, 2009).

O gimnasio, um dos edifícios mais importantes da cidade, era o palco das atividades atléticas. Nele, os jovens treinavam para os jogos com objetivo de manter a saúde e desenvolver sua força e velocidade. Os especialistas em ensino dessas atividades aos adolescentes eram o gymnastai e o pedotribai. O primeiro, diz respeito a uma espécie de dirigente que hoje se assemelha aos presidentes de clubes esportivos, enquanto o segundo equivale ao papel de um instrutor ou técnico que supervisionava os treinos, com uma vara em mão para simbolizar sua autoridade. (GODOY, 1996). Verifica-se que os dois cargos apresentados eram dignos apenas de homens honrados e tinham elevado status social. Era um privilégio dos cidadãos gregos pertencentes à elite das cidades-estado.

Os Jogos Olímpicos homenageavam Zeus e ocorriam na cidade de Olímpia. Esta cidade era considerada um centro religioso, portanto cidadãos de diversas cidades-estado gregas se deslocavam até para as competições. Isso somente era possível, pois todas estas cidades reconheciam Zeus como um protetor comum e entendiam os jogos como uma celebração em sua homenagem (RUBIO, 2009). Destaca-se aqui, mais uma vez, o aspecto religioso que estava fortemente vinculado aos Jogos Olímpicos da Antiguidade.

As práticas atléticas gregas eram privilégios dos cidadãos, ou seja, homens livres, nascidos de pais gregos, com o privilégio de possuir propriedades de terras e de gozar de plenos direitos políticos. Podiam praticar a ginástica também, apesar de em outro ginásio, os metecos.

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Esses, eram estrangeiros com permissão para se fixar na Ática, os quais pagavam impostos e prestavam serviços militares, no entanto, não podiam possuir terras e nem participar do governo. Os excluídos integralmente da ginástica eram os escravos e as mulheres. As mulheres não tinham os mesmos privilégios que os homens por não serem consideradas cidadãs, todavia, tinham participação exclusiva nos Jogos Heranos, dedicados a deusa Hera, esposa de Zeus (GODOY, 1996).

Os Jogos Olímpicos na Antiguidade tinham duração de sete dias. Suas competições abrangiam as corridas pedestres e o pentatlo. As corridas pedestres eram provas de velocidade, chamadas de dromo, diaulo ou dólico, a depender da distância a ser percorrida pelos atletas. Já o pentatlo, correspondia a um grupo de cinco competições: lançamento de disco, o salto em extensão, o lançamento de dardo a corrida e a luta que viria a revelar o atleta completo. (RUBIO, 2009).

Em 393 d.C., os Jogos Olímpicos foram extintos por Teodósio I, que era cristão e os considerava pagãos. Cinco anos mais tarde, Teodósio II radicalizou e ordenou a destruição de Olímpia e das instalações esportivas ali encontradas (VASCONCELOS, 2011). Somente em 1893, observa-se o interesse em reativar o evento e, assim, inicia-se a Era Moderna dos Jogos Olímpicos.

A ideia da restauração dos Jogos Olímpicos pode ser atribuída ao interesse do francês Pierre de Coubertin pelas teorias do pedagogo inglês Thomas Arnold, o qual acreditava na possibilidade de se evitar o envolvimento dos jovens com reformas sociais por meio da intensa prática de exercícios físicos. Com o objetivo de conseguir o respaldo político internacional necessário, Coubertin viajou para os Estados Unidos em 1893, buscando apoio dos universitários norte-americanos ao seu projeto. No ano seguinte, viajou para a Inglaterra, todavia não conseguiu despertar o entusiasmo pela adesão ao projeto de reativação das Olímpiadas em nenhum dos países (VASCONCELOS, 2011). Observa-se aqui a resistência e a falta de credibilidade dada ao projeto do francês.

Foi com os gregos, porém, que Coubertin encontrou o apoio necessário para desenvolver seu projeto. A ideia inicial era de que os primeiros Jogos Olímpicos ocorressem em Paris, no entanto, diante do entusiasmo dos gregos, a primeira edição dos jogos aconteceu no berço dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Assim, a cidade de Atenas, na Grécia, foi sede, em 1896, dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Modera. O governo grego, entretanto, não contava com a proporção dos gastos necessários para a realização do evento. Como a infraestrutura para a realização do evento não existia, estes jogos demandaram expressivos gastos para suprir tal necessidade (RUBIO, 2009).

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Coubertin pretendia que os Jogos Olímpicos Modernos se espelhassem no modelo inicial grego e, dessa forma, não poderia ser apenas competições esportivas, deveriam também envolver aspectos culturais, nos quais música, dança e poesia estariam presentes. Além disso, na primeira edição, Coubertin, ainda atento ao modelo grego da Antiguidade e também seguindo a tradição grega do século XIX, proibiu a participação das mulheres nas competições. Em 1900, os Jogos aconteceram em Paris e, dessa vez em diante, as mulheres obtiveram o direito de participar das competições. Lembra-se aqui que a França foi o berço do movimento feminista e, este fato, pode estar associado a esta conquista (COB, 2009). Este fato pode ser apontado como a primeira ruptura com o modelo inicial grego dos Jogos Olímpicos.

Figura 2: Os anéis olímpicos Fonte: Elaborado pelo autor.

O termo “olimpíada” refere-se ao período em que ocorrem as edições dos Jogos Olímpicos. Os jogos modernos, assim como na antiguidade, são realizados de quatro em quatro anos e recentemente dividem-se em jogos de inverno e jogos de verão, alternados a cada dois anos. Até os dias de hoje, os Jogos Olímpicos deixaram de acontecer apenas em três momentos, na VI Olimpíada, em função da Primeira Guerra Mundial (1916) e na XI e na XII Olimpíadas, entre 1940 e 1944, em virtude da Segunda Guerra Mundial (RUBIO, 2009). Salienta-se aqui a existência de mais uma ruptura com o modelo grego da Antiguidade, no qual mesmo que em tempos de guerra, as mesmas eram interrompidas para celebração dos Jogos.

Ao olhar-se para as primeiras Olimpíadas da Era Moderna com as realizadas cem anos depois, observam-se algumas transformações interessantes: aumento bastante significativo no número de modalidades, competidores, países e público; evolução nas técnicas de treinamento, na tecnologia dos equipamentos, nos índices de desempenho atlético; ampliação da participação feminina e na diversidade de raças e etnias (LANCELOTTI, 1996). Essas transformações apontam para uma modernização dos jogos ainda dentro da própria Era Moderna, representando uma desvinculação quase que completa do modelo grego.

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Proni (2008) afirma que se pode observar ainda uma mudança substancial na arquitetura e na dimensão das instalações, além de uma maior complexidade da estrutura organizacional e, especialmente, uma expressiva importância econômica. O autor acrescenta:

Os Jogos atuais são organizados por gestores profissionais especializados em planejamento e marketing; a maioria dos atletas de alto nível tem o esporte como um trabalho relativamente bem remunerado; as imagens do espetáculo são produzidas e simultaneamente transmitidas para todos os continentes; os campeões fazem o papel de garotos-propaganda e os espectadores são tratados como consumidores; os custos operacionais do megaevento são bancados por empresas multinacionais; dezenas de cidades pretendem formalizar suas candidaturas para disputar ferrenhamente o direito de sediar os Jogos na próxima década (PRONI, 2008, p. 03).

Os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna se configuraram simplesmente como encontros de pessoas que praticavam esportes. Quase 20 anos foram necessários para que estes jogos ganhassem dimensões e reconhecimento de um evento internacional. Mais de um século se passou e hoje os Jogos Olímpicos são considerados o maior evento cultural do planeta, participando dele mais de 200 países. O número de países-membros da Organização das Nações Unidas, por exemplo, corresponde, atualmente, a 193, fato que chama a atenção para as proporções de tais Jogos (RUBIO, 2009). Os Jogos Olímpicos Modernos são responsáveis, então, pela propagação do esporte pelo mundo bem como pela sua transformação em espetáculo.

Em 2016, a cidade do Rio de Janeiro será a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Esta será a primeira vez na história em que o maior evento esportivo do mundo ocorrerá na América do Sul.

4.1.2 Copa do Mundo de Futebol

Conhecida também como Copa do Mundo FIFA (Fédération Internationale de Football Association) ou Campeonato Mundial de Futebol, essa é a maior competição internacional de um único esporte e é disputada pelas principais seleções masculinas das 208 federação afiliadas à FIFA. Desde a edição inaugural de 1930, no Uruguai, o evento ocorre a cada quatro anos, com exceção dos anos de 1942 e 1946, quando não ocorreu devido a Segunda Guerra Mundial. O objetivo desse megaevento é sensibilizar o mundo, desenvolver o esporte e construir um futuro melhor (FIFA, 2013).

Apesar de o futebol ter nascido oficialmente com a criação da FIFA em 1904, apenas em 1924, com o Torneio Olímpico em Paris, que esse esporte passou a ser reconhecido

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internacionalmente. De acordo com o site oficial da FIFA, foi a primeira vez que seleções de outros continentes competiram com os países europeus. Mais de 50 mil espectadores assistira a vitória do Uruguai na decisão contra a Suíça. Dado o sucesso do evento, o congresso da FIFA, em 26 de maio de 1928, decidiu que era hora de fundar um novo torneio específico para dar conta do crescimento do futebol em nível internacional.

Como o Uruguai havia sido o campeão do Torneio Olímpico de Paris, este foi o país escolhido para sediar o evento no ano do centenário da sua independência. A primeira edição da Copa do Mundo foi a principal realização do então presidente da federação em 1930, Jules Rimet. O evento foi organizado de uma forma particular: não houve eliminatórias, 13 seleções foram convidadas para participar da competição e o sorteio final foi realizado depois da chegada dessas seleções ao Uruguai (FIFA, 2013).

A primeira Copa do Mundo de Futebol contou apenas com a participação de 13 nações, quatro europeias, oito sul-americanas e uma norte-americana. O público pode apreciar um futebol de alta qualidade durante toda a competição. A primeira edição do evento teve a vitória do país sede, Uruguai, que venceu a Argentina por 4 a 2 no Estádio do Centenário (FIFA, 2013).

Em 1950, o Brasil foi, pela primeira vez, sede da Copa do Mundo e, para isso, construiu o maior estádio do mundo, o Maracanã. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa encontrava-se devastada e não havia um lugar para a Copa do Mundo de 1950 ocorrer. Como a América do Sul não teve consequências físicas do confronto e o Brasil havia participado das três edições anteriores do evento, a FIFA decidiu que a Copa do Mundo de 1950 ocorreria no país. O final da competição, todavia, não foi agradável para o Brasil, que foi derrotado em casa pelo Uruguai diante de 200 mil pessoas, tornando-se o vice-campeão do torneio. Esse acontecimento constitui-se como um grande trauma esportivo para os fanáticos em futebol até os dias de hoje (BRASIL, 2013).

A Copa do Mundo FIFA conta ainda com um evento preparatório para o Mundial que ocorre um ano antes da Copa do Mundo. Segundo o site oficial do Governo do Distrito Federal, a Copa das Confederações trata-se de um torneio de futebol, organizado pela Federação Internacional de Futebol, que é disputado entre os seis campeões continentais, o país-sede e o último campeão mundial, somando oito países participantes. A primeira edição ocorreu na Arábia Saudita, no ano de 1992. Nessa época, o torneio era chamado de Copa Rei Fahd. Somente na terceira edição, em 1997, novamente tendo como país-sede a Arábia Saudita, é que a essa competição passou a ser chamada de Copa das Confederações da FIFA.

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