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ANÁLISE DE ÍNDICES CLIMÁTICOS EXTREMOS PARA AS CAPITAIS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL. PARTE II: TENDÊNCIAS DE TEMPERATURA

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DE ÍNDICES CLIMÁTICOS EXTREMOS PARA AS CAPITAIS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL. PARTE II: TENDÊNCIAS DE TEMPERATURA

Wagner de Aragão Bezerra¹, Fabrício Daniel dos Santos Silva², Josefa Morgana Viturino de Almeida ³

1

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Mestrando da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) –wagner.bezerra@inmet.gov.br

² Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Doutorando da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) –fabricio.silva@inmet.gov.br

³ Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Mestranda da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) –morgana.almeida@inmet.gov.br

RESUMO: O objetivo deste trabalho é disponibilizar informações sobre as tendências de temperatura nas nove capitais da Região Nordeste do Brasil (NEB). Foram utilizados dados diários de temperatura do ar máxima e mínima das estações convencionais do INMET, que na sua totalidade apresentaram um período de mais de 30 anos de dados. O software utilizado no processamento e controle de qualidade dos dados foi o RClimdex (Zhang, X. et al, 2004). De forma geral, observaram-se tendências de aumento no que se refere à amplitude térmica, máximas temperaturas máxima e máximas temperaturas mínimas na maioria das capitais da Região Nordeste do Brasil.

Palavras-Chave: Mudança Climática, Temperatura, RClimdex.

ABSTRACT:

The objective of this work is to provide information on the trends in the temperature in the nine capitals of the Northeast Brazil (NEB). Were used daily data of the maximum and minimum’s air temperature of the INMET conventional stations, all which has had a period of more than 30 years of data. The software used in processing and quality control of the data was RClimdex (Zhang, X. et al, 2004). Overall, the results show an increasing trend in daily temperature range, the maximum temperature maximum and minimum air temperature in most capitals of the Northeast Brazil (NEB).

Keywords: Climate Change, Temperature, RClimdex.

INTRODUCÃO

Atualmente, as discussões sobre variação climática e possíveis mudanças no clima têm sido evidenciadas em todos os campos da sociedade. Sobretudo, porque os impactos provenientes destas alterações poderão afetar diretamente todos os ramos da economia e traz insegurança até mesmo á vida. O último relatório do “Intergovernmental Panel on Climate

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(IPCC)” (2007), indica que nos próximos vinte anos, a temperatura média no globo deverá aumentar aproximadamente 0,2°C por década para uma faixa de cenários de emissões do RECE (Relatório Especial sobre Cenários de Emissões). Ainda segundo as projeções do IPCC (2007), a temperatura média no ar no Brasil poderá aumentar até 4 ºC acima da média climatológica do período 1961-90 para o ano de 2100. Por outro lado, vários pesquisadores indicam que a temperatura no planeta está passando por mudanças cíclicas e naturais. De acordo com Molion (2007 e 2001) entre 1920 e 1945, a temperatura média global do ar próximo à superfície aumentou 0,37 ºC, entre 1945 e 1978 diminuiu 0,14 ºC e entre 1978 e 1999 voltou a aumentar 0,32 ºC. Portanto, ainda existem muitas incertezas sobre as mudanças climáticas e suas conseqüências, daí porque é preciso ter cautela em avaliar os diversos trabalhos científicos. quer sejam os que abortam o nível local ou regional e os de enfoque global. De forma geral, as mudanças climáticas locais, são analisadas sob a ótica das tendências temporais das séries históricas de variáveis meteorológicas, como, por exemplo, temperatura do ar e precipitação. Com a finalidade de padronizar tais análises, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) criou um grupo de trabalho “Expert Team on Climate Change Detection Monitoring and Indices (ETCCDMI)”, que elaborou 27 índices de detecção de mudanças climáticas, dos quais 11 estão relacionados com a precipitação e 16 referem-se à temperatura do ar (Zhang e Yang, 2004). Recentemente, vários estudos utilizando estes índices tem sido publicados, a exemplo de Vicent et al (2005), Haylock et al (2006), que apresentaram resultados para todo o globo. Em estudo enfocando o Estado da Bahia, Silva e Azevedo (2008) evidenciaram tendências regionalizadas sobre o Estado, observando que em grande parte da região, houve aumento no número de dias com temperaturas elevadas, aumento nas temperaturas mínimas diárias e aumento na intensidade das chuvas. Diante do exposto, prover mais informações sobre as possíveis mudanças climáticas é de fundamental importância. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo apresentar os índices climáticos extremos relacionados com a temperatura do ar nas capitais da Região Nordeste do Brasil (NEB).

METODOLOGIA

Neste trabalho foram utilizados dados diários de temperatura máxima e mínima do ar oriundos das séries históricas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) nas 9 capitais do NEB. Na maioria das capitais o período de estudo corresponde aos anos de 1961 a 2010, as exceções são Salvador-BA e São Luís-MA, onde o período de estudo é de 1963 a 2010 e 1971 e 2010, respectivamente. Todos os dados passaram por um controle de qualidade, que incluiu a consistência espacial e temporal das observações diárias utilizadas. Para a geração dos índices de detecção de mudanças climáticas foi utilizado o software BR-Climdex, uma adaptação do software livre original R-Climdex as condições brasileiras. O BR-Climdex fornece para cada

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índice dados estatísticos, como, por exemplo, tendência linear calculada pelo método dos mínimos quadrados, nível de significância estatística da tendência (valor p), coeficiente de determinação (r²), erro padrão de estimativa e todos os gráficos das séries anuais. Os índices utilizados neste trabalho estão descritos na Tabela 1 e, foram considerados como possíveis mudanças climáticas, aqueles que apresentaram tendências lineares (positivas ou negativas) superior ao erro padrão de estimativa e com alta significância estatística (p<0,05).

Tabela 1– Descrição dos índices climáticos utilizados. RR ≥ 1,0 mm indica dias úmidos e RR< 1 mm indica dias secos.

Sigla Nome do Indicador Descrição Unidade

DRT Amplitude Diária da Temperatura Diferença média mensal entre

Temperatura máxima e mínima

°C

SU25 Dias de verão Número de dias em um ano em que

a TX (temperatura máxima diária) > 25ºC

Dias

TR20 Noites tropicais Número de dias em um ano em que

a TN (temperatura mínima diária) > 20ºC

Dias

TNN Mínimo de Temperatura Mínima Valor mensal mínima da

temperatura mínima diária TN

°C

TNX Máximo de Temperatura Mínima Valor mensal máximo da

temperatura mínima diária TN

°C

TXN Mínimo de Temperatura Máxima Valor mensal mínima da

temperatura máxima diária TX

°C

TXX Máximo de Temperatura Máxima Valor mensal máximo da

temperatura máxima diária TX

°C

RESULTADOS

Na sequência das Figuras 1(a) a 1(g) observa-se a distribuição espacial das tendências temporais, dos índices de extremos climáticos referentes à temperatura para as nove capitais do NEB. Em relação à amplitude térmica diária (Figura 1a), observou-se que a maioria das capitais, exceto João Pessoa e Recife, apresentara tendência de aumento e, que apenas Teresina, Natal e Recife não foram estatisticamente significativas. Este resultado indica que a diferença entre as temperaturas máximas e mínimas estão diminuindo. Notou-se ainda que, as máximas temperaturas máximas e mínimas (Figuras 1e e 1g) apresentaram tendência de aumento. No caso do índice TXX, todas as capitais apresentaram tendência de aumento, exceto João Pessoa. Natal e Aracaju foram às únicas que não foram estatisticamente significativamente. Quanto ao índice TNX, todas as capitais apresentaram tendência de aumento, exceto Aracaju e Maceió. No que diz respeito aos índices de menores temperaturas máximas e mínimas (Figura 1d e 1f), estes

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também apresentaram tendência de aumento. Embora em Fortaleza e nas capitais mais ao sul, o índice TNN tenha apontado tendência negativa, apesar de que não foram estatisticamente significantes. Quanto ao número de dias aonde a temperatura máxima foi superior ao 25°C (Figura 1b), a maioria das capitais apresentou tendência de aumento. Já em relação ao número de dias aonde a temperatura mínima foi superior aos 20 °C (Figura 1c), não se evidenciou homogeneidade espacial nas tendências.

(a) (b) (c)

(d) (e)

(f) (g)

Figura 1 – Comportamento dos Índices Climáticos: as setas  na cor azul representa as tendências positivas, as setas na cor vermelha as tendências negativas e, os símbolos ( na cor azul e  na cor vermelha) representam as tendências estatisticamente significante, ou seja com o p-valor < 0,05.

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4. CONCLUSÕES

De forma geral, observaram-se tendências de aumento no que se refere à amplitude térmica, máximas temperaturas máxima e máximas temperaturas mínimas na maioria das capitais da Região Nordeste do Brasil. Quanto as mínimas temperaturas mínimas (TNN), notou-se que em Fortaleza e nas capitais mais ao sul da região, o índice apontou tendência negativa, apesar de que em nenhuma delas ocorreu significância estatística. Vale ressaltar que, São Luís foi a única capital que apresentou significância estatística em praticamente todos os índices analisados neste trabalho, a única exceção foi o índice TR20. Recomenda-se analisar cada capital separadamente e avaliar o quanto as alterações urbanas poderiam influenciar os índices apresentados neste trabalho.

REFERÊNCIAS

IPCC Fourth Assessment Report. (IPCC AR4) 2007: Climate Change 2007: Synthesis Report. Haylock, M.R. et al. 2006. Trends in total and extreme South American rainfall 1960-2000 and links with sea surface temperature. . J Clim. 19: 1490–1512.

MOLION, L. C. B. Aquecimento global: Fato ou Ficcao?. Ação Ambiental, v. 4, n.18, p.19-21, 2001.

MOLION, L. C. B. Aquecimento global: Natural ou Antropogênico?. Disponível em: www.alerta.inf.br/files/Molion_aquecimento_natural_ou_antropogenico.doc. Acesso em 12 nov. 2007.

SILVA, G.B.; AZEVEDO, P.V. Índices de tendências de mudanças climáticas no Estado da Bahia. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia, Vol. 5, Nº 3, 2008.

VINCENT, L. A.; PETERSON, T.C.; BARROS, V.R.; MARINO, M.B.; RUSTICUCCI, M.; CARRASCO, G.; RAMIREZ, E.; ALVES, L.M.; AMBRIZZI, T.; BERLATO, M.A.; GRIMM, A.M.;MARENGO, J.A.; MOLION, L.; MONCUNIL, D.F.; REBELLO, E.; ANUNCIAÇÃO, Y.M.T.; QUINTANA, J.; SANTOS, J.L.; BAEZ, J.; CORONEL, G.; GARCIA, V.J.; TREBEJO, I.; BIDEGAIN, M.; HAYLOCK, M.R.; KAROLY, D.J. Observed trends in indices of daily temperature extremes in South America 1960-2000. Journal of Climate, v.18, p.5011-5023, 2005.

ZHANG, X., YANG, F. RClimdex (1.0) User Guide. Climate Research Branch Enviroment Canada. Downsview (Ontario, Canada), 2004, 22p.

Referências

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