ESTADO DO PARÁ
CÂMARA MUNICIPAL DE REDENÇÃO
PODER LEGISLATIVO
Av. Guarantã nº 450 - Redenção – Pará
JULGAMENTO DE RECURSO ADMINISTRATIVO DECISÃO DO PREGOEIRO
PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 004/2017 PREGÃO PRESENCIAL N° 002/2017
OBJETO: Locação de veículos para serem utilizados na execução das atividades da Câmara Municipal de Redenção – PA, exercício 2017.
RECORRENTE: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48
RECORRIDO: Comissão Permanente de Licitação da Câmara Municipal de Redenção-PA.
Trata-se da análise do recurso administrativo interposto tempestivamente pela empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48, contra a decisão do Pregoeiro em declarar a mesma INABILITADA no Pregão Presencial nº 002/2017, que tem como objeto Locação de veículos para serem utilizados na execução das atividades da Câmara Municipal de Redenção – PA, exercício 2017.
DOS FATOS:
A Câmara Municipal de Redenção-PA abriu Processo administrativo Nº 004/2017 a fins de deflagrar licitação na modalidade PREGÃO PRESENCIAL Nº. 002/2017, tendo como objeto: Locação de veículos para serem utilizados na execução das atividades da Câmara Municipal de Redenção – PA, exercício 2017, com abertura prevista para o dia 13/02/2017 as 10:00 hs. O referido processo foi publicado no Mural da Câmara Municipal de Redenção-PA, no dia 30 de janeiro de 2017 e no site da Câmara Municipal de Redenção http://www.cmr.pa.gov.br, no Diário Oficial da União, nº22 seção 3, pagina nº147 no dia 31 de janeiro de 2017 no Diário Oficial do Estado do Pará – IOEPA, sob o numero nº33305, pag nº72, no dia 01 de fevereiro de 2017. No horário fixado pela comissão o senhor pregoeiro declara aberta a sessão, recebe os envelopes e
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credenciamento das empresas presente e faz constar aprovação do credenciamento das empresas: CVRA CONSTRUTORA VALE DO RIO ARAGUAIA EIRELI – EPP, CNPJ: 13.819.633/0001-78; HIPER LIMPO SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 11.570.099/0001-83; ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48. Logo em seguida inicia a fase de lances onde consagra – se vencedora a empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48. Em seguida é feita analise dos documentos de habilitação da empresa vencedora, onde representantes das empresas presentes faz questionamentos sobre os documentos de habilitação da empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48, com as seguintes alegações: o representante da empresa: CVRA CONSTRUTORA VALE DO RIO ARAGUAIA EIRELI – EPP questiona dizendo que a empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME deixou de apresentar o livro diário e termo de abertura e encerramento junto ao balanço patrimonial, conforme solicitado no item 7.3.1 - Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Ultimo Exercício, já exigível e apresentado na forma da Lei, devidamente assinado pelo contador responsável, comprovando através de publicação ou cópia do Livro Diário, inclusive termo de abertura e encerramento, onde conste o n.º de páginas, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios (Art. 31 – I). O representante legal da empresa apresentou defesa e argumentos contra os fatos esclarecendo a situação acima mencionada, conforme ata. Neste momento o senhor pregoeiro após analisar os fatos, consultar a controladoria interna da casa e assessoria jurídica, decide pela inabilitação da empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48, onde o representante da empresa declara seu interesse de interpor recurso contra a decisão ora proferida, o senhor pregoeiro suspende a sessão para analise do recurso e contra razão apresentado, fazendo constar que a empresa ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48 protocolou recurso administrativo no protocolo geral desta Câmara Municipal no dia 16/02/2017 as 11:20, conforme recurso em anexo.
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A empresa recorrente apresentou recurso dentro do prazo regimental estipulado pelo edital e pelo Artigo 11, inciso XVII do Decreto Federal nº3.555/2000:
DO RECURSO:
Alega a recorrente em síntese que o DECRETO Nº8.538/2015, obriga a sua empresa que se enquadra como microempresa apresentar o balanço patrimonial somente por ocasião da assinatura do contrato.
DA ANALISE:
O Edital do pregão Presencial nº002/2017 no seu item 7.3.1 - QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA - Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Ultimo Exercício, já exigível e apresentado na forma da Lei, devidamente assinado pelo contador responsável, comprovando através de publicação ou cópia do Livro Diário, inclusive termo de abertura e encerramento, onde conste o n.º de páginas, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios (Art. 31 – I);
Atualmente as micros e pequenas empresas encontram dificuldades na participação de licitações quando se esbarram com a exigência da apresentação do balanço patrimonial.
Criou-se esta controvérsia devido a Lei 9317/96 dispensar as pequenas empresas na elaboração do balanço patrimonial e a Lei 8666/93 regrar sobre a exigibilidade da apresentação do balanço como condição para participação nas licitações públicas, vejamos:
Dispõe o § 1º do artigo 7º da Lei 9317/96:
§ 1º A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes:
Dispõe o inciso I do artigo 31 da Lei 8666/93:
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I – balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;
Neste cenário, criou-se o entendimento que do ponto de vista tributário as pequenas empresas tem a faculdade de elaborar o balanço patrimonial. Porém, do ponto de vista Administrativo, no que se referem às compras governamentais, as pequenas empresas deverão apresentar o balanço em cumprimento ao inciso I do artigo 31 da Lei 8666/93. No entanto, a Lei 9317/96 foi totalmente revogado pela Lei 123/2006. Assim, o intitulado Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte não reproduziu o aludido na lei anterior. O referido diploma legal, em seu artigo 27, regrou da seguinte forma:
Art. 27. As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor.
A partir daí, gerou-se a dúvida sobre o que englobaria a “contabilidade simplificada” que veio, inicialmente, a ser sanada pela Resolução Nº 1.115/07, que aprovou a NBC T 19.13 – Escrituração Contábil Simplificada para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.
O item 7 da referida norma disciplina que:
7 A microempresa e a empresa de pequeno porte devem elaborar, ao final de cada exercício social, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado, em conformidade com o estabelecido na NBC T 3.1, NBC T 3.2 e NBC T 3.3.
Note-se que a Resolução ora em comento já estabelecia que as “pequenas empresas” deveriam elaborar o Balanço Patrimonial. Contudo, em 2011 esta Resolução foi
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Nesta toada, em 2012 a Resolução CFC N.º 1.418 aprovou a ITG 1000 – Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte que em seu item 26 estabeleceu que: A entidade deve elaborar o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado e as Notas Explicativas ao final de cada exercício social. Quando houver necessidade, a entidade deve elaborá-los em períodos intermediários. (Grifei e negritei)
Destarte, diante do exposto acima, concluímos que não há dispositivo legal que dispense as pequenas empresa da apresentação do balanço patrimonial.
Acerca do assunto, o jurista Sidney Bittencourt leciona:
Situação sui generis ocorre no caso de microempresa, principalmente em função do tratamento diferenciado a ela conferido pelo art. 175 da Constituição Federal, vigindo, para essa, o Estatuto das Microempresas, que afasta a necessidade de possuírem demonstrações contábeis, o que não impede que o edital exija essas demonstrações referentes ao último exercício social, de modo a permitir uma avaliação das condições financeiras para arcar com o compromisso. De outra forma, entendendo a Administração licitadora que o objeto é simples e facilmente executável, poderá não exigir a demonstração no edital.
Carlos Pinto Coelho Motta versou:
As microempresas e empresas de pequeno porte devem, igualmente, elaborar o balanço patrimonial, considerando que, nesse aspecto, a LNL não foi derrogada pela LC 123/06. (in Eficácia nas Licitações e Contratos. 11ª ed. rev. E atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, 389)
Ao cabo, não podemos deixar de citar o Decreto 6.204/2007 que regulamentou o tratamento diferenciado às pequenas empresas no âmbito da administração pública federal. O artigo 3º do referido diploma legal reza que:
Art. 3º Na habilitação em licitações para o fornecimento de bens para pronta entrega ou para a locação de materiais, não será exigido da microempresa ou da empresa de pequeno porte a apresentação de balanço patrimonial do último exercício social.
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Diante do dispositivo legal, podemos dizer que há uma exceção que dispensa às pequenas empresas na apresentação do balanço, que é nas licitações realizadas pela Administração Pública Federal cujo objeto seja para “fornecimento de bens para pronta entrega ou para a locação de materiais.”
Abro parêntese, para salientar que o decreto criou uma possibilidade não estabelecida pela Lei complementar 123/2006. Digo isto, porque somente a lei pode obrigar ou vedar, o decreto só pode regulamentar a lei. Fecho parêntese.
Não obstante às considerações apresentadas, o Poder judiciário já se manifestou no sentido da ilegalidade de exigir balanço patrimonial das pequenas empresas nas licitações públicas. Ou seja, há uma pequena corrente defendendo este posicionamento, a saber:
“MANDADO DE SEGURANÇA – Licitação – Modalidade de Concorrência – Impetrante que foi inabilitada por não cumprir determinação do edital próprio, relativa à apresentação de balanço patrimonial e demonstrativo contábil do último exercício social – Ilegalidade – Impetrante que é microempresa optante do “SIMPLES” que. a teor do disposto na Lei 9.317/96 dispensa a obrigatoriedade de apresentação de balanço patrimonial e demonstrativos contábeis – Ordem concedida” (ap. n° 389.181.5/1, São Paulo, rei. DES. ANTÔNIO C. MALHEIROS, j . 18.03.2008).
“MANDADO DE SEGURANÇA – Licitação – Renovação de cadastro para viabilizar participação em procedimentos licitatórios – Admissibilidade – Empresa de pequeno porte – Dispensada legalmente da representação do balanço patrimonial e demonstrações contábeis – Lei n” 9.317/96 (regime tributário de micros e pequenas empresas) e artigo 179, da CF. – Ordem confirmada – Recurso não provido”(Apelação n° 275.812.5/6-00,Campinas, rei. DES. SOARES LIMA, j . 15.05.2008)
MANDADO DE SEGURANÇA – Licitação – Exigência de apresentação de balanço patrimonial para comprovação da qualificação econômico-financeira – Microempresa – Escrituração simplificada por meio de Livro Diário – Inexigibilidade de apresentação do balanço – Sentença concessiva da segurança mantida – Recursos não providos – Permitido à microempresa a escrituração por meio de processo simplificado, com
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utilização de Livro Diário, registrado na Junta Comercial, torna-se dispensável a apresentação de balanço patrimonial, aja confecção traria despesas extraordinárias à microempresa, podendo impossibilitar sua participação na licitação (Relator(a): Luis Ganzerla, Julgamento: 26/01/2009, Órgão Julgador: 11ª Câmara de Direito Público Publicação: 26/02/2009)
Todavia, com a devida vênia, entendemos que os julgados supra não devem ser seguidos eis que fundamentaram-se na Lei 9.317/96 que, como já mencionamos, foi revogada pela Lei 123/2006.
DA DECISÃO:
Considerando os fatos acima expostos e em atenção ao recurso impetrado pelo Recorrente, além das contra razões e parecer jurídico, decido pelo INDEFERIMENTO do recurso apresentado em sua totalidade.
Mantendo decisão inicial, ou seja, pela INABILITAÇÃO da empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48, no referido certame.
Desta maneira submetemos a presente decisão à autoridade superior para apreciação e posterior ratificação.
Redenção-PA, 20 de Fevereiro de 2017.
Advaldo Rodrigues da Silva Pregoeiro
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OBJETO: Locação de veículos para serem utilizados na execução das atividades da Câmara Municipal de Redenção – PA, exercício 2017.
RECORRENTE: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48.
RECORRIDO: Comissão Permanente de Licitação da Câmara Municipal de Redenção-PA.
Após análise do Recurso Administrativo, decido pelo INDEFERIMENTO do recurso interposto pela empresa: ETE PRESTADORA DE SERVIÇOS LTDA – ME, CNPJ: 04.801.096/0001-48, bem como pela manutenção da decisão proferida pelo Pregoeiro em ata de julgamento.
A tempo que determino o prosseguimento da sessão de julgamento, bem como convocação de novos licitantes, obedecendo ordem de classificação conforme termo de ata e lei 10.520/2002.
Redenção - PA, 23 de Fevereiro de 2017.
Ver. Leonardo Pereira da Costa Presidente da Câmara Municipal