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Supremo Tribunal Federal

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Academic year: 2021

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AGRAVODE INSTRUMENTO 835.091 RONDÔNIA RELATOR : MIN. LUIZ FUX

AGTE.(S) :SINDICATO DOS TRABALHADORES EM

EDUCAÇÃO NO ESTADO DE RONDÔNIA

ADV.(A/S) :ZENIA LUCIANA CERNOV DE OLIVEIRA E

OUTRO(A/S)

AGDO.(A/S) :ESTADO DE RONDÔNIA

PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERALDO ESTADODE RONDÔNIA

AGRAVO DE INSTRUMENTO.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. GREVE. ENTIDADE SINDICAL. ORDEM

JUDICIAL. DESCUMPRIMENTO.

IMPOSIÇÃO DE PENA DE MULTA.

REALIZAÇÃO DE ACORDO.

PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DA PENA DE MULTA. MATÉRIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL. ABUSIVIDADE DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE. REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO INVIÁVEL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279 DO STF. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL.

1. A repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF). Consectariamente, se o recurso é inadmissível por outro motivo, não há como se pretender seja reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, § 3º, da Constituição Federal).

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simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

3. É que o recurso extraordinário não se presta ao exame de questões que demandam o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, adstringindo-se à análise da violação direta da ordem constitucional.

4. A violação reflexa e oblíqua da Constituição Federal, dependente da análise de malferimento a dispositivo infraconstitucional, torna inadmissível o recurso extraordinário.

5. In casu, o acórdão recorrido assentou:

“Entidade sindical. Greve. Medida liminar. Suspensão. Descumprimento da ordem judicial. Pena de multa. Redução.

Ordem judicial é para ser cumprida e poder-se-á questioná-la somente por recurso próprio; por isso, o desafio de seu comando por descumprimento leva o refratário a suportar as consequências legais.”

6. Agravo de instrumento a que se nega seguimento.

DECISÃO: Trata-se de agravo de instrumento contra decisão que

inadmitiu recurso extraordinário interposto com fundamento no artigo 102, III, “a”, da Constituição Federal, em face de acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, assim ementado:

“Entidade sindical. Greve. Medida liminar. Suspensão.

Descumprimento da ordem judicial. Pena de multa. Redução.

Ordem judicial é para ser cumprida e poder-se-á questioná-la somente por recurso próprio; por isso, o desafio de

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seu comando por descumprimento leva o refratário a suportar as consequências legais.” (fl. 208)

Os embargos de declaração opostos foram rejeitados.

Nas razões de recurso extraordinário, a recorrente aponta ofensa aos artigos 5º, caput, e 37, VII, da Constituição Federal. Sustenta a regularidade da greve, porquanto trata-se de direito constitucionalmente garantido e afirma, ainda, que a aplicação da multa no patamar fixado ofende ao princípio da igualdade, tendo em vista a realização de acordo entre as partes.

O Tribunal a quo negou seguimento ao apelo extremo por entender que a controvérsia posta a desate carece de prequestionamento.

No agravo de instrumento, alega-se que a matéria encontra-se prequestionada, tendo em vista que buscou-se a manifestação da instância de origem.

É o relatório. DECIDO.

Ab initio, a repercussão geral pressupõe recurso admissível sob o

crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF). Consectariamente, se o recurso é inadmissível por outro motivo, não há como se pretender seja reconhecida a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, § 3º, da Constituição Federal).

O recurso não merece prosperar.

De saída, esclareço que a controvérsia atinente à abusividade do movimento grevista possui caráter infraconstitucional e foi decidida à luz dos fatos e provas constantes dos autos.

Ocorre que é inviável a alteração do julgado neste ponto, porquanto requer a análise da legislação infraconstitucional pertinente, providência vedada em sede de recurso extraordinário.

Demais disso, não se revela cognoscível, em sede de recurso extraordinário, a insurgência que tem como escopo o incursionamento no contexto fático-probatório engendrado nos autos, porquanto referida

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pretensão não se amolda à estreita via do apelo extremo, cujo conteúdo restringe-se a fundamentação vinculada de discussão eminentemente de direito. Incide o óbice erigido pela Súmula 279 do STF, de seguinte teor: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

Sob esse enfoque, ressoa inequívoca a vocação para o insucesso do apelo extremo, por força do óbice intransponível do verbete sumular supra, que veda a esta Suprema Corte, em sede de recurso extraordinário, sindicar matéria fática.

Por oportuno, vale destacar preciosa lição de Roberto Rosas acerca da Súmula 279 do STF:

“Chiovenda nos dá os limites da distinção entre questão de fato e questão de direito. A questão de fato consiste em verificar se existem as circunstâncias com base nas quais deve o juiz, de acordo com a lei, considerar existentes determinados fatos concretos. A questão de direito consiste na focalização, primeiro, se a norma, a que o autor se refere, existe, como norma abstrata (Instituições de Direito Processual, 2a ed., v. I/175).

Não é estranha a qualificação jurídica dos fatos dados como provados ( RT 275/884 e 226/583). Já se refere a matéria de fato quando a decisão assenta no processo de livre convencimento do julgador (RE 64.051, Rel. Min. Djaci Falcão, RTJ 47/276); não cabe o recurso extraordinário quando o acórdão recorrido deu determinada qualificação jurídica a fatos delituosos e se pretende atribuir aos mesmos fatos outra configuração, quando essa pretensão exige reexame de provas (ERE 58.714, Relator para o acórdão o Min. Amaral Santos, RTJ 46/821). No processo penal, a verificação entre a qualificação de motivo fútil ou estado de embriaguez para a apenação importa matéria de fato, insuscetível de reexame no recurso extraordinário (RE 63.226, Rel. Min. Eloy da Rocha, RTJ 46/666).

A Súmula 279 é peremptória: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Não se vislumbraria a existência da questão federal motivadora do recurso

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extraordinário. O juiz dá a valoração mais conveniente aos elementos probatórios, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes. Não se confunda com o critério legal da valorização da prova (RTJ 37/480, 56/65) (Pestana de Aguiar, Comentários ao Código de Processo Civil, 2a ed., v. VI/40, Ed. RT; Castro Nunes, Teoria e Prática do Poder Judiciário, 1943, p. 383). V. Súmula 7 do STJ”. (in, Direito Sumular, 14ª ed. São Paulo, Malheiros).

Neste sentido, menciono os seguintes precedentes:

“ACÓRDÃO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, QUE DECLAROU SER ABUSIVA A GREVE E EXTINGUIU O PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO, COM BASE NA PROVA DOS AUTOS E NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL PERTINENTE. Questão circunscrita ao âmbito de interpretação de normas de natureza infraconstitucional, inexistindo espaço, por isso, para seu exame, pelo STF, em sede extraordinária. Incidência, ademais, das Súmulas 279 e 282 desta Corte. Agravo regimental desprovido.” (AI 277.428, Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira Turma, DJ de 02/02/2001)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - LEI Nº 7.783/89 - DIREITO DE GREVE - RECONHECIMENTO JUDICIAL DE ABUSIVIDADE DO MOVIMENTO - AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA AO TEXTO CONSTITUCIONAL - CONTENCIOSO DE MERA LEGALIDADE - RECURSO IMPROVIDO. - O reconhecimento judicial da abusividade do direito de greve e a interpretação do alcance da Lei nº 7.783/89 qualificam-se como matérias revestidas de caráter simplesmente ordinário, podendo traduzir, quando muito, situação configuradora de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, o que basta, por si só, para inviabilizar o conhecimento do recurso extraordinário. Precedentes.” (AI 282.682, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJ de 21/06/2002)

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Outrossim, no que tange à aplicação da multa pelo exercício abusivo do direito de greve, o Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia consignou, verbis:

“A multa aplicada por descumprimento da ordem judicial constitui a forma legal coercitiva a impor efetividade às decisões judiciais, na expressão do § 5º do art. 461 CPC. Na hipótese dos autos, em especial, o fato decorreu do desrespeito à ordem que determinou a suspensão do movimento grevista permitindo às partes negociação pacífica, em tempo razoável ao diálogo entre os interessados, acreditando-se que haveria respeito à ordem durante o prazo estabelecido.

Na decisão em que extingui a cautelar, tomei por razoáveis as razões do agravante e reduzi a multa em 50%, como forma de mitigar o custo decorrente de sua irrazoabilidade sem, no entanto, vulgarizar a decisão judicial, a teor do disposto no § 6º do art. 461 do CPC.” (fls. 210/211)

Desta feita, observo que para chegar a entendimento diverso seria necessário verificar o malferimento a dispositivo infraconstitucional, o que encerra violação reflexa e oblíqua, tornando inadmissível o recurso extraordinário.

A propósito, menciono os seguintes julgados: RE 570.961, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 08/09/2011 e RE 245.239-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 12/03/2012, este último assim ementado:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRABALHISTA. GREVE. DISSÍDIO COLETIVO. RECONHECIMENTO JUDICIAL DE ABUSIVIDADE. RETORNO AO TRABALHO. DESCUMPRIMENTO. FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA. REAPRECIAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. OFENSA INDIRETA. AGRAVO

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IMPROVIDO. I - É inadmissível o recurso extraordinário quando sua análise implica rever a interpretação de normas infraconstitucionais que fundamentam o acórdão a quo. A afronta à Constituição, se ocorrente, seria indireta. II - Agravo regimental improvido.”

Ex positis, nego seguimento ao agravo de instrumento, com

fundamento no artigo 21, § 1º, do RISTF. Publique-se. Int..

Brasília, 13 de agosto de 2012.

Ministro LUIZ FUX

Relator

Documento assinado digitalmente

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