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Multiculturalidade na Escola: (Re)conhecer para integrar

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Academic year: 2021

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Agrupamento de Escolas Viseu Sul

24 de Abril de 2015 - 21h

“Multiculturalidade na Escola: (Re)conhecer

para integrar”

Maria José Casa-Nova

Departamento de Ciências Sociais da Educação,

Instituto de Educação, Universidade do Minho

(2)

ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO

1.Reflexões preliminares sobre a diferença

1.2. A diferença-em-relação”

1.3. A interpretação da diferença

1.4. O conceito de cultura

2.Construção da escola pública de massas

2.1. Incorporação diferenciada e faseada no tempo da pluralidade de

actores sociais

3. Conceito de igualdade

3.1. Integração subordinada e integração emancipatória

4. O grupo socio-cultural cigano em Portugal

5. Estereótipos, racismo, exclusão

6. Educação inter/multicultural

6.1. O conceito

6.2. O/A educador/a inter/multicultural

6.3. Daltonismo cultural, dispositivos de diferenciação pedagógica,

bilinguismo cultural (Stoer & Cortesão, 1999)

(3)

1.Reflexões preliminares sobre a diferença

1.1. Que bom! A diferença veio ter connosco!

(Slogan de uma escola “inclusiva”)

1.2. Que sorte! Ciganos na nossa escola!

(Título de um livro)

Escola como espaço socio-culturalmente territorializado (pertença da

cultura dominante)

1.3. A diferença-em-relação”

1.4. A interpretação da diferença

1.5. O conceito de cultura (características de superfície e

características de profundidade).

A cultura como prática social

(Paul Willis)

(4)

2.Construção da escola pública de massas

Instituição escolar enquanto instituição aberta aos diferentes

actores sociais que constituem as sociedades – uma realidade

socio-histórica recente: início com Marquês de Pombal-1772 (escolas de

«ler, escrever e contar» para os filhos – rapazes - de artesãos

urbanos – Araújo, 1996)

Mulheres: 1790 (entrada em funcionamento em 1815)

Minorias: 2ª metade do Século XX.

Incorporação diferenciada e faseada no tempo das classes

populares, das mulheres e de certas minorias na escola pública

(resultados escolares também diferenciados).

(5)

3. Conceito de igualdade

Igualdade real implica:

a)

a formulação legal dessa igualdade;

b)

o efectivo acesso a ela;

c)

formas de concretização da igualdade;

d)

formas de potenciar oportunidades na vida

(6)

Esta acepção de igualdade, transposta para o campo escolar,

significa a garantia,

por parte do Estado

:

a)

da concretização da igualdade de acesso através de subsídios às

famílias de escassos recursos materiais no sentido de lhes

proporcionar condições de efectiva acessibilidade à escola;

b)

da formulação de políticas que permitam, dentro da escola, a

construção de “uma igualdade de sucessos” e não “de sucessos

centrais e sucessos periféricos”

(Casa-Nova, 2008);

por parte dos actores no terreno:

c)

a consciencialização da importância da “recontextualização

pedagógica” dos alunos, introduzindo-os e socializando-os

adequadamente nos saberes escolares, fazendo a ponte entre a

escola, a família e a sociedade

(Casa-Nova, 2013).

(7)

3.1. Integração (subordinada ou emancipatória)

Integração: participação efectiva de todos e de todas nas mais

diversas instituições da sociedade (dimensão macro) e nas

relações do quotidiano (dimensão micro), numa perspectiva de

reciprocidade e horizontalidade dos processos (e não unilateral e

subordinado), processo esse que é gradativo, complexo e

multidimensional, não se constrói de uma vez por todas e implica o

desenvolvimento de uma consciencialização de que o

reconhecimento da diferença apenas acontece se cada grupo

socio-cultural se perspectivar também como diferente (Casa-Nova,

2002, 2013).

Do ponto de vista da Educação Escolar

Integração não subordinada

: igualdade de acesso e de sucesso

(não de sucessos hierarquizados).

Integração subordinada

: socialização em normas e valores da

(8)

“A igualdade cresceu porque a educação não é mais um bem

raro, beneficiando todos, mas ela se tornou um bem muito

mais hierarquizado quando as barreiras foram substituídas

pelos níveis

(Dubet, 1996:10).

O problema não reside na diversificação das vias de ensino,

mas no desnivelamento entre as mesmas, continuando a

existir um currículo-padrão (que permanece inalterável) a

partir do qual as outras vias são julgadas e hierarquizadas

(Casa-Nova, 2013).

Produção dos “excluídos do interior”

(Bourdieu e Champagne,

1993).

Excluídos do acesso ao que M. Young (2010) designa de

“conhecimento poderoso”

(conhecimento independente do

contexto)

(9)

4. O grupo socio-cultural cigano em Portugal

4.1. País de origem, denominações e Língua

4.2. Primeiro documento escrito conhecido

1510 - Cancioneiro geral de Garcia de Resende

4.3.Políticas seculares de expulsão, reclusão, exclusão,

assimilação

(Adolfo Coelho, 1995 [1892], Eduardo Costa, 1995).

4.4. Políticas dispersas de tentativas de inclusão a partir da

década de 90 do Século XX, com reduzido impacto social

(10)

5. Estereótipos, racismo, exclusão

5.1. Estereótipos

5.2. Racismo de lógica desigualitária e racismo de lógica

diferencialista

(Wieviorka, 1995)

5.3. Exclusão social: a vivência nas “borderlines”

“Os estranhos-próximos que se pretende manter socialmente

distantes”

(Casa-Nova, 2009)

-trabalho;

-habitação;

-saúde;

-locais públicos de sociabilidade

-escola

(11)

A educação escolar de crianças ciganas

Ano lectivo 2003/04: 1º ciclo -

7216

crianças; 2º ciclo -

857

;

3º ciclo –

217

; Ensino Secundário:

34

A diferença cultural transformada em deficiência mental

(Casa-Nova, 2008)

De crianças e jovens analfabetos a sujeitos escolarizados nas

vias de ensino escolar e socialmente desprestigiantes,

negando a possibilidade de mobilidade social ascendente

(PCA, CEF, PIEF, etc.)

(12)

6. Educação inter/multicultural

6.1. O conceito (Casa-Nova, 1999, 2002)

6.2. O/A educador/a inter/multicultural

6.3. Daltonismo cultural, dispositivos de diferenciação

pedagógica, bilinguismo cultural ((Stoer & Cortesão, 1999)

6.4. Educação Inter/multicultural: atenção efectiva à diferença,

“folclorização cultural”, nova uniformização?

(13)

A educação escolar constitui-se numa fonte de poder

. Não

uma educação pensada de forma remediativa, mas uma

educação no saber socialmente valorizado e que, por essa

razão, é potenciadora de uma redistribuição do poder na

sociedade

(Casa-Nova, 2008).

(14)

Para isso:

Importa reflectir mais sobre o papel da educação escolar,

preocupando-nos menos com a aquisição de

“competências para competir”

(Lima, 2004)

e mais com a

aquisição de conhecimentos científicos e o

desenvolvimento de capacidades que contribuam para a

formação de melhores seres humanos, melhores

cidadãos e cidadãs.

Importa que a educação seja intrinsecamente política;

educar o cidadão e a cidadã numa cultura científica e

numa cultura de Direitos Humanos para uma participação

(15)

Bibliografia citada

ARAÚJO, Helena Costa (1996) «Precocidade e “retórica” na construção da escola de massas em Portugal», in Educação, Sociedade & Culturas, 5.

BOURDIEU, Pierre & CHAMPAGNE, Patrick (1999 [1993]) “Os excluídos do interior”. In P. Bourdieu (Coord.) A Miséria do Mundo. Petrópolis: Ed. Vozes, pp. 482-486.

CASA-NOVA, Maria José (2002) Etnicidade, Género e Escolaridade. Lisboa: IIE – Instituto de Inovação Educacional.

CASA-NOVA (2009) Etnografia e produção de conhecimento. Reflexões críticas a partir de uma

investigação com ciganos portugueses. Lisboa: ACIDI.

CASA-NOVA, Maria José (2008) Tempos e lugares dos ciganos na educação escolar pública, in Maria José Casa-Nova & Paula Palmeira (Orgs.) Minorias. Lisboa: Ministério Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.

CASA-NOVA, Maria José (2013a) ”Os ciganos é que não querem integrar-se?”, in J. Soeiro, M. Cardina e N. Serra (Orgs.), Não acredite em tudo o que pensa. Lisboa: Tinta da China

CASA-NOVA, Maria José (2013b) Relatório CNE “Estado da Educação 2012: leituras críticas e desafios, in Actas do Seminário de 23 de Abril de 2013. Lisboa: CNE (no prelo).

DUBET, Francois (2001) As desigualdades multiplicadas, In Revista Brasileira de Educação, 17, pp.5-19.

LIMA, Licínio (2004) Do aprender a ser à aquisição de competências para competir: adaptação, competitividade e performance na sociedade de aprendizagem. Revista Galego-Portuguesa de

Psicoloxia e Educación, nº 9 (vol. 11), pp 9-18.

STOER, Stephen Ronald (1994) “Construindo a Escola Democrática através do campo da recontextualização pedagógica”. Educação, Sociedade & Culturas, 1, pp. 7-27.

STOER, Stephen Ronald & CORTESÃO, Luiza (1999) Levantando a pedra. Porto: Edições Afrontamento.

Referências

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