• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS COORDENAÇÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS COORDENAÇÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO"

Copied!
69
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

COORDENAÇÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LUCIANE PEREIRA DOS SANTOS GUILHERME

ESTADO E REFÚGIO: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE INTEGRAÇÃO DO CANADÁ E DO BRASIL.

BOA VISTA – RR 2018

(2)

ESTADO E REFÚGIO: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE INTEGRAÇÃO DO CANADÁ E DO BRAISL.

Monografia apresentada à Universidade Federal de Roraima, junto à Coordenação de Relações Internacionais como pré-requisito para a conclusão do curso de Bacharelado em Relações Internacionais. Orientador: Prof. Dr. Gustavo da Frota Simões.

BOA VISTA – RR 2018

(3)

ESTADO E REFÚGIO: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE INTEGRAÇÃO DO CANADÁ E DO BRAISL.

Monografia apresentada à Universidade Federal de Roraima, junto à Coordenação de Relações Internacionais como pré-requisito para a conclusão do curso de Bacharelado em Relações Internacionais, defendida em 18 de Julho de 2018 e avaliada pela seguinte banca examinadora:

__________________________________________________________ Prof. Dr. Gustavo da Frota Simões (Presidente)

Curso de Relações Internacionais - UFRR

__________________________________________________________ Prof. Msc. Julia Faria Camargo (Membro)

Curso de Relações Internacionais – UFRR

__________________________________________________________ Prof. Dr. João Carlos Jarochinski Silva (Membro)

Curso de Relações Internacionais – UFRR

__________________________________________________________ Prof. Dr. Fabrício Borges Carrijo (Suplente)

(4)

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter me dado saúde e força para não desistir das batalhas que tenho enfrentado, pois com fé e autodeterminação nada é impossível. Ademais essa fé que sinto por Deus é graças aos ensinamentos da minha amada mãe que mesmo nas dificuldades nunca deixou os obstáculos da vida atrapalhar o amor e a fé nos ensinamentos que estão presentes na crença em Deus.

Gostaria também de agradecer ao meu pai que sempre me apoiou nos meus sonhos e que nunca duvidou da minha capacidade de alcançar esses sonhos, tenho muito que agradecer aos meus irmãos pelo apoio e pelas cobranças, a minha vó paterna e ao meu namorado por me auxiliar e por me inspirar durante essa caminhada.

Ao final, porém não menos importante agradeço ao Coordenador do Curso de Relações Internacionais o Prof. Dr. João Jarochinski por não desistir dos alunos e por fazer brotar novamente o sonho de se graduar.

Agradeço ao meu orientador o Prof. Dr. Gustavo Simões pela paciência e sabedoria em cada etapa desse trabalho, pois sem esse apoio não estaria passando por essa etapa agora. Além dos professores que mencionei agradeço a todo corpo docente que fez parte do departamento de Relações Internacionais entre os anos de 2012 a 2017, ao CCH por proporcionar momentos de grande relevância para a vida acadêmica, a UFRR por fornecer meios que possibilitam acesso ao conhecimento de forma crucial para o estudante.

(5)

A fé consciente é liberdade. A fé instintiva é escravidão. A fé mecânica é loucura. A esperança consciente é força. A esperança emocional é covardia. A esperança mecânica é doença. O amor consciente desperta o amor. O amor emocional desperta o inesperado. O amor mecânico desperta o ódio.

(6)

RESUMO

Este estudo objetivou analisar as políticas de integração aos refugiados praticados pelo Canadá e pelo Brasil, bem como compreender o sistema internacional de proteção e acolhimento aos refugiados, entender as políticas e a estrutura de integração aos refugiados adotados pelo Canadá; e estudar as políticas e a estrutura de integração aos refugiados adotados pelo Brasil. Por tanto, foi utilizado para a coleta de dados a pesquisa bibliográfica, por meio do estudo levantado no referencial teórico sobre refúgio e os processos de integração apresentados no Canadá e no Brasil. A partir da análise de dados foi possível perceber a importância do processo histórico para o conceito de refúgio e proteção ao refugiado, bem como o papel do Estado e da sociedade civil para o processo de integração. Enfim, por meio de todo o estudo realizado e das sugestões na construção para integração aos refugiados, foi possível perceber a relevância da cooperação entre os países e as políticas internas voltadas para os mesmos como forma crucial no processo de integração adotado nos países que serviram como objeto de estudo.

(7)

The purpose of this study was to analyze the integration policies for refugees practiced by Canada and Brazil, as well as to understand the international system for the protection and reception of refugees, to understand the policies and the integration structure for refugees adopted by Canada; and to study the policies and the integration structure for refugees adopted by Brazil. Therefore, bibliographical research was used to collect data, through a study based on the theoretical reference on refuge and the integration processes presented in Canada and Brazil. From the analysis of data it was possible to perceive the importance of the historical process for refugee concept and protection, as well as the role of the State and civil society for the integration process. Finally, through all the study carried out and the suggestions in the construction to integrate refugees, it was possible to perceive the relevance of cooperation among countries and the domestic policies directed towards them as a crucial form in the integration process adopted in the countries that served as study object.

(8)

ABONG Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais ACNUR. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

BVOR. Blended Visa-Office Reffered CCS. Catholic Crosscultural Services CIC. Citizenship and Immigration Canada CONARE

CRAI

Comitê Nacional para os Refugiados

Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes DUDH. Declaração Universal dos Direitos Humanos

FHC Fernando Henrique Cardoso

GAR. Government Assisted Refugees

GRSI. Iniciativa Global de Patrocínio para Refugiados IFHP. Interim Federal Health Program

ILP. Programa de Empréstimos para Imigração IOM. International Organization for Migration

IRCC. Imigração, Refugiados e Cidadania do Canadá IRB. Immigration and Refugee Board

IRPA. Immigration and Refugee Protection Act

IRPR. Immigration and Refugee Protection Regulations MJ Ministério da Justiça

OI. Organização Internacional

ONG. Organização Não Governamental ONU. Organização das Nações Unidas

ONUBR Organização das Nações Unidas no Brasil PSR. Private Sponsored Refugees

RAD. Refugee Appeal Division

RAP. Resettlement Assistance Program RPD. Refugee Protection Division

RSTP. Refugee Sponsorship Training Program SAH. Sponsorship Agreement Holders

(9)

FIGURA 1 Os dez principais países de origem ...26

FIGURA 2 A população de refugiados por regiões ...27

FIGURA 3 Os dez principais países de destino dos refugiados...28

FIGURA 4 Número de Refugiados no mundo de 2011 – 2017...28

FIGURA 5 Porcentagem de Imigrantes no Canadá de acordo com a região de origem antes de 1971-2011...32

FIGURA 6 Imigração no Canadá em uma análise entre antes de 1981 até 2016...33

(10)

INTRODUÇÃO ... 10

1 O SISTEMA DE PROTEÇÃO AO REFUGIADO...12

1.1 ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS – ACNUR...14

1.2 A CONVENÇÃO DE 1951 RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS...17

1.3 PROTOCOLO DE 1967 RELATIVO AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS...19

1.4 REFUGIADOS NO MUNDO ENTRE 2011 – 2017...21

2 AS POLÍTICAS E A ESTRUTURA DE INTEGRAÇÃO AOS REFUGIADOS ADOTADOS PELO CANADÁ...30

2.1 LEGISLAÇÃO APLICADA AOS REFUGIADOS NO CANADÁ...31

2.2 A ESTRUTURA GOVERNAMENTAL CANADENSE PARA A INTEGRAÇÃO DE REFUGIADOS...39

2.3 O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NA INTEGRAÇÃO DE REFUGIADOS NO CANADÁ...44

3 AS POLÍTICAS E A ESTRUTURA DE INTEGRAÇÃO AOS REFUGIADOS ADOTADOS PELO BRASIL...49

3.1 LEGISLAÇÃO APLICADA AOS REFUGIADOS NO BRASIL...50

3.2 A ESTRUTURA GOVERNAMENTAL BRASILEIRA PARA A INTEGRAÇÃO DE REFUGIADOS...53

3.3 O PAPEL DA SOCIEDADE CIVIL NA INTEGRAÇÃO DE REFUGIADOS NO BRASIL...57

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...61

(11)

1 INTRODUÇÃO

À medida que o fluxo migratório gerado por guerra, perseguição política, etnia, religião e por outros motivos foram surgindo em grande escala, percebeu-se a necessidade de se estabelecer uma forma de sanar as problemáticas geradas por essa temática no cenário internacional. Com o desenvolvimento e os conceitos gerados sobre os refugiados, foram criadas comissões e direitos para a integração dessa nova concepção migratória no mundo. Construindo o aspecto do conceito de refugiado segundo o ACNUR, são pessoas que estão fora de seus países de origem por fundados temores de perseguição, conflito, violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como resultado, necessita de ―proteção internacional‖.

Com o desenvolvimento e a relevância da temática sobre refúgio, os processos de asilo aos refugiados foi se modificando, com a introdução de novas políticas de proteção, Direito Internacional aos Refugiados e a atuação do ACNUR, a necessidade de um processo de recepção tornaram-se cada vez mais frequentes e os países como Canadá e Brasil, foram adotando medidas para solucionar a problemática em torno do grande número de pedido de asilo e consequentemente adotaram medidas de integração para os mesmo, após a concessão de asilo.

Sendo assim, o estudo de caso apresentado por este trabalho se baseia nas ações realizadas a partir da Convenção de 1951, o Protocolo de 1967, e o papel do ACNUR na construção do processo de integração e reassentamento apresentados pelo Canadá e pelo Brasil, partindo da problemática sobre o refúgio no contexto dos dois países, apontando os principais pontos positivos e negativos da temática tentando construir uma comparação da forma que o Canadá e o Brasil agem sobre o assunto.

A partir dessa base, a forma que podem contribuir para entendermos a temática nesses países se justifica com a compreensão das políticas de integração aos refugiados, sendo relevante o estudo do sistema internacional de proteção e acolhimento no contexto internacional, apontando as principais relevâncias da Conversão de 1951, do Protocolo 1967 e o aspecto político organizacional presente no ACNUR.

Os procedimentos metodológicos utilizados para atingir esse objetivo constituíram-se, principalmente, por pesquisa bibliográfica e coleta de dados junto

(12)

ao ACNUR, da ONU; aos Ministérios brasileiros e canadenses relacionados ao tema e de organizações internacionais relacionadas à proteção e integração aos refugiados com fins exploratórios. A pesquisa bibliográfica realizada, a qual busca expressar o assunto em comento, recorreu a um conjunto de publicações composto de manuais de Direito Internacional do Refugiado, documentos oficiais, tratados, teses, dissertações e artigos internacionais. É oportuno registrar também que, ao longo da pesquisa, a busca por informações atuais a respeito dos refugiados e as politicas de integração adotadas no Canadá e no Brasil foram à base para elaboração dessa pesquisa.

Neste sentido, o trabalho foi dividido em três capítulos. O primeiro capítulo trata do desenvolvimento histórico do Direito Internacional do Refugiando, no qual são destacados somente os principais desdobramentos, desde atuação do ACNUR até os dados mencionados no relatório do ACNUR do ano de 2017 sobre o número de refugiados no mundo, quais sejam: ACNUR, Convenção de 1951, o Protocolo de 1967 e uma pequena análise dos refugiados no mundo entre os anos de 2011 a 2017.

O segundo capítulo trata do processo de integração aos refugiados no Canadá, no qual são destacados somente os principais desdobramentos, a partir da Convenção de 1951 na estrutura interna e externa do país: Legislação aplicada aos refugiados no Canadá, Estrutura governamental canadense para a integração de refugiados e o papel da sociedade civil na integração de refugiados no Canadá.

No terceiro capítulo, são demonstrados os aspectos de integração aos refugiados no Brasil definidos pelas politicas de acolhimento bem como algumas atualidades referentes a eles: Legislação aplicada aos refugiados no Brasil, Estrutura governamental brasileira para a integração de refugiados e o papel da sociedade civil na integração de refugiados no Brasil.

Por fim, nas considerações finais será realizada uma breve comparação da forma que o Brasil se estrutura em relação a forma canadense, tendo assim uma análise geral dos pontos positivos apresentados pelo Canadá na estruturação governamental e social na proteção aos refugiados e as possibilidades de melhoria em relação ao Brasil na estrutura governamental e participação da sociedade civil brasileira para se construir um exemplo de integração e acolhimento aos refugiados sugeridos por pesquisadores brasileiros.

(13)

1 O SISTEMA DE PROTEÇÃO AO REFUGIADO

Este capítulo tem por objetivo apresentar breves apontamentos históricos acerca da evolução do arcabouço jurídico do regime internacional para a proteção e auxílio aos refugiados, elencando os principais eventos que contribuíram para o estabelecimento de conceitos e princípios que se desenvolveram ao longo da história, baseados e regidos pelo ACNUR, dando lugar, posteriormente, a normatização e codificação efetiva da Convenção de 1951, Relativa ao Estatuto dos Refugiados e pressuposto do Direito Internacional dos Refugiados.

O Direito Internacional dos Refugiados é um dos ramos dos Direitos Humanos que consagra a proteção e jurisdição dos refugiados, delimitado no segmento específico e regulamentando diversos outros temas como o apoio antes, durante e depois da concessão do asilo, baseando-se na criação do ACNUR e consequentemente a relação dos acordos e convenções geradas para a temática no cenário internacional, conforme descrito por Jubilut (2007).

Sobre o assunto, Jubilut (2007) aduz que a concepção de proteção aos refugiados, na estruturação da cooperação entre os Estados, foi introduzida, inicialmente, pelas consequências geradas no pós-guerra na metade do século XX, onde os fluxos de pessoas por busca de uma proteção internacional geraram uma grande crise migratória, construindo assim um conceito específico diferenciando os grupos e pessoas que buscavam proteção por consequências geradas pela guerra.

Logo, as normas, regulações, tratados de cooperação aceitos pelos Estados foram consequências do ocorrido. A definição de Refugiado sobre a proteção internacional surgiu baseada nessas concepções do pós-guerra.

O regime internacional para o refugiado é a maneira que o cenário internacional, por meio da ONU com a criação do ACNUR, buscou atuar como forma de assegurar a proteção e auxílio àqueles que não podiam pedir ajuda aos seus países de origem. Tem um potencial relevante para as organizações internas e externas asseguradas pelos acordos internacionais e pelas medidas de integração adotadas por cada Estado.

Conforme se lê em Waldely (2014, p. 18):

A busca por definição da noção de refugiado indica, ao mesmo tempo, uma prática divisora e uma prática de objetivação do sujeito. Afirmar que alguém é considerado refugiado com base em determinadas características implica

(14)

necessariamente dizer que um outro grupo de pessoas não o é, demonstrando a relação entre o estabelecimento de uma definição e da construção de diferenciações. Por conseguinte, são delineados limites para o mandato de proteção do ACNUR e para o escopo de imperiosidade de acolhimento humanitário por parte dos Estados. Assim, não basta que o solicitante apresente inviabilidade de garantir uma vida digna em seu país de origem, ele precisa cumprir alguns requisitos para ser admitido pelo instituto do refúgio. No mesmo sentido, práticas de objetivação permeiam o estabelecimento de uma noção de refugiado por meio da definição. Há construção de uma identidade de ―refugiado‖ que prende o sujeito elegível ao estatuto numa condição de estar e migrar no mundo. Ao ser reconhecido como refugiado, lhe são sujeitados inúmeros direitos, deveres e possibilidades.

Observa-se que a autora supracitada deixa bem claro que as características e conceitos que definem uma pessoa ou grupo na categoria de refugiado, devem estar de acordo com preceitos determinados pelo ACNUR. Esse é o motivo pelo qual é importante frisar esse ponto, uma vez que, uma pequena falha na conceituação pode gerar equívocos para os que necessitam. A única forma é se basear e estar atento as formas apresentadas pelo ACNUR e nos países que adquirem os acordos e os processos de proteção e integração aos refugiados.

Nesta linha, o conceito de Refugiado para o ACNUR (2017):

São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.

Jubilut (2007) esclarece que os desafios da atualidade possui como assunto principal a proteção integral aos refugiados, possuindo maior relevância sobre o cumprimento dos tratados e convenções internacionais que defendem os direitos humanos e os direitos aos refugiados elencados sobre o contexto contemporâneo do fechamento de fronteiras gerado pelo aumento dos deslocados forçados.

Ainda de acordo com Jubilut (2007, p. 113) a ―[...] Convenção de 51 e do Protocolo de 67 foi o estabelecimento de critérios bem-definidos e abrangentes para o reconhecimento do status de refugiado de modo homogêneo no âmbito internacional‖.

No que tange a proteção aos refugiados, Simões (2017, p. 89) leciona que:

Os principais documentos jurídicos do refúgio no âmbito da ONU são a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (Convenção de 51), o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967 e as diferentes

(15)

resoluções aprovadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas que aumentaram o papel do ACNUR.

Nos tópicos que se seguem, pretende-se analisar, de forma breve, porém contextualizada a evolução do processo de codificação do Direito Internacional do Refugiado em três divisões históricas, quais sejam: ACNUR, Convenção de 1951 Relativa ao Estatuto dos Refugiados e Protocolo de 1967 Relativo ao Estatuto dos Refugiados, elencando-se os principais conceitos jurídicos formulados, na medida em que os povos e, posteriormente, os Estados mudavam sua perspectiva em relação ao processo migratório do refugiado e uma divisão de coleta de dados entre 2011 a 2017 referentes ao estudo do perfil, da porcentagem e das características sócio demográficas apresentado pelo relatório anual do ACNUR - Tendências Globais.

1.1 ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS – ACNUR

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU), a qual atua na proteção e no atendimento aos diagnosticados como refugiados. Para tanto, o ACNUR foi criado para assegurar a proteção e o auxílio aos refugiados, contribuindo assim para uma maior responsabilidade do regime internacional para a questão do processo de atendimento aos refugiados.

Criado inicialmente como órgão subsidiário da ONU em dezembro de 1950, o ACNUR recebeu um mandato inicial de três anos e deveria ter sido extinto. No entanto, a Assembleia Geral decidiu estender seu mandato a cada cinco anos (SIMÕES, 2017, p. 92).

Com a criação do ACNUR:

Estabeleceu-se uma nova fase na proteção internacional dos refugiados. Primeiramente, verificou-se a positivação internacional das fontes do Direito Internacional dos Refugiados, com a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados e com o Protocolo de 1967 relativo ao Estatuto dos Refugiados, o que contribuiu para o início efetivo da sistematização internacional de proteção (JUBILUT, 2007, p.27).

No inicio, o ACNUR tinha como objetivo apoiar os refugiados europeus derivados da Segunda Guerra Mundial. Com a criação do protocolo de 1967 foi possível a reformulação da Convenção de 51, tendo com isso o crescimento da

(16)

proteção aos refugiados além das fronteiras da Europa, e após quatro anos da sua criação em 1995, foi designado para a proteção e auxílio dos apátridas em todo contexto internacional.

No ano de 2018 o ACNUR completa sessenta e sete anos, tendo-se desenvolvido bastante neste período, não obstante a importância do seu papel estar sendo cada vez mais reconhecido, como se lê no seguinte relato:

O ACNUR já auxiliou dezenas de milhões de pessoas a recomeçarem suas vidas. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca de 130 países com mais de 460 escritórios. Por meio de parcerias com centenas de organizações não governamentais, o ACNUR presta assistência e proteção a mais de 67 milhões de homens, mulheres e crianças. O ACNUR se mantém por meio de contribuições voluntárias de países, além de doações arrecadadas junto ao setor privado e a doadores individuais. O orçamento anual da agência ultrapassa os US$ 7,5 bilhões (ACNUR, 2018).

Para a atuação do ACNUR no cenário internacional atual, a Organização das Nações Unidas elaborou as Diretrizes que serão à base da sua gestão para o quinquênio 2017-2012 ―Direcciones Estratégicas Del Acnur‖, sendo elas: Proteger, Responder, Incluir, Empoderar e Resolver. Portanto, um dos objetivos desse documento é colocar em destaque as respostas sobre as situações emergências para a proteção aos refugiados.

No que pertine a Direcciones estratégicas del Acnur 2017-2021:

[...] Este describe el enfoque que determinará el trabajo del ACNUR, incluyendo su compromiso de anteponer a las personas, fortalecer y diversificar las alianzas, trabajar en todo el espectro del desplazamiento forzado y proporcionar apoyo práctico y concreto a los Estados para garantizar la protección y las soluciones para las personas refugiadas, las desplazadas internament y las apátridas. Elabora las cinco direcciones principales en las cuales se enfocará el ACNUR: protección; respuesta en situaciones de emergencias y fuera de ellas; promoción de la inclusión y la autosuficiencia, incluso a través de la participación de los actores de desarrollo;empoderamiento de las personas por las que trabaja el ACNUR; y búsqueda de soluciones .[...].1

1

Descreve a abordagem que determinará o trabalho do ACNUR, incluindo seu compromisso de colocar as pessoas em primeiro lugar, fortalecer e diversificar as parcerias, trabalhar em todo o espectro do deslocamento forçado e fornecer apoio prático e concreto aos Estados para garantir proteção e soluções. para refugiados, pessoas internamente deslocadas e apátridas. Elabora as cinco direções principais nas quais o ACNUR se concentrará: proteção; resposta em situações de emergência e fora delas; promoção da inclusão e auto-suficiência, incluindo através da participação de atores de desenvolvimento, empoderamento das pessoas para quem o ACNUR trabalha; e procurar soluções. (CANADÁ. Government-Assisted Refugee Resettlement in Canada. Ottawa: Citizenship and Immigration Canada, 2016).

(17)

Segundo o ACNUR (2017) para alcançar, na contemporaneidade, as cinco diretrizes supramencionadas será necessário ficar mais próximo àqueles que necessitam e que possuem os requisitos de responsabilidade, indicando as formas de se alcançar de maneira concreta em relação às direções que deverá tomar durante o recorte temporal informado.

Logo, a ―proteção‖ como a primeira prioridade se explica pelo motivo de que na época, presente a questão de asilo e acesso, a segurança está sendo analisada de forma rígida. O ACNUR pretende estar mais ativo e presente nos acontecimentos internos e externos participando nas políticas públicas dos Estados, realizando parcerias e buscando maneiras de fortalecer o trabalho desempenhado para socorrer os refugiados (ACNUR, 2017).

Como segunda prioridade, tem a ―resposta‖, pois pretende ser mais eficaz no relacionamento com os refugiados, buscando produzir soluções para as situações de emergência e proporcionar de modo mais forte a relação com os atores nacionais (ACNUR, 2017).

―Incluir‖ é a terceira prioridade, a qual incube na promoção da inclusão dessas pessoas que são, na sua maioria, desprezadas internamente pelo país de destino, buscando mais ênfase na assistência a elas (ACNUR, 2017).

O ―empoderamento‖ como quarta prioridade para assegurar a informação sobre os seus direitos e assim aumentar a sua voz fazendo com que lutem por poder decidir sobre sua vida, e por fim a quinta prioridade como forma de ―impulsionar‖, fortalecer, apoiar, buscar e participar ainda mais na luta a favor dessas pessoas (ACNUR, 2017).

O trabalho do ACNUR se desenvolveu em um nível de grande relevância desde sua constituição até os dias de hoje. Durante seus quase 67 anos de funcionamento o papel desempenhado pela agência se tornou crucial no cenário internacional para o acompanhamento, apoio e proteção às pessoas que por algum motivo foram obrigadas a se deslocar além das fronteiras de suas origens.

Como forma de destacar o alvo de tutela do ACNUR, foi elaborado o conceito das populações sob o mandato do ACNUR, protegendo refugiados no Brasil e no Mundo (2018, p. 08), assim temos:

Refugiados: estão fora de seu país de origem devido a fundados temores

de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como

(18)

também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.

Solicitantes de refúgio: alguém que solicita às autoridades competentes

ser reconhecido como refugiado, mas que ainda não teve seu pedido avaliado definitivamente pelos sistemas nacionais de proteção e refúgio.

Deslocados internos: são pessoas deslocadas dentro de seu próprio país,

pelos mesmos motivos de um refugiado, mas que não atravessaram uma fronteira internacional para buscar proteção. Mesmo tendo sido forçadas a deixar seus lares por razões similares às dos refugiados (perseguições, conflito armado, violência generalizada, grave e generalizada violação dos direitos humanos), os deslocados internos permanecem legalmente sob proteção de seu próprio Estado – mesmo que esse Estado seja a causa de sua fuga. Como cidadãos, eles devem ser protegidos por seus países e têm seus direitos previstos nos tratados internacionais de direitos humanos e do direito humanitário. Civis afetados por desastres naturais também podem ser considerados deslocados internos.

Verifica-se que a migração (forçada ou não) não é um fenômeno novo, a atual situação dos refugiados no mundo desafia demasiadamente as estruturas de governança global. Neste contexto, são cada vez mais relevantes os esforços para o fortalecimento dos mecanismos de tutela aos refugiados e dos direitos humanos, especialmente medidas que objetivem assegurar a cooperação internacional.

1.2 A CONVENÇÃO DE 1951 RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS

No que tange ao tema, Waldely (2014, p. 196) assevera que, ―para se falar da criação da Convenção de 51 devemos primeiramente analisar o contexto histórico no qual ocorreu a elaboração da convenção‖. Segundo a Convenção de 1951, a Segunda Guerra Mundial impulsionou a relevância no cenário internacional sobre os direitos humanos, tendo assim motivado a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) em 1948. Ainda de acordo com a Convenção de 51, em razão dos direitos humanos em ênfase e os aspectos do aumento desenfreado de pessoas que eram forçadas a saírem dos seus Estados de origem, surgiu a discussão da proteção para essas pessoas de forma específica.

Para Jubilut (2007), ao se falar em direito internacional no âmbito de proteção aos refugiados a Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados (também pode ser chamada por Convenção de 1951 ou Convenção de Genebra), foi um fator crucial para a construção de elementares da contemporaneidade que ampara a ONU por meio da atuação do ACNUR para assim, não deixar desamparado àqueles que se encontram forçados a sair dos seus países.

(19)

(1) a sua proposição; (2) a elaboração de versões preliminares pelo Comitê

ad hoc sobre Pessoas Apátridas e relacionadas, dentro do Conselho

Econômico e Social; (3) a sua aprovação pela Assembléia Geral; e (4) a sua aprovação pela conferência de plenipotenciários.

No ponto de vista de Simões (2011, p. 266), ―foi por meio da Convenção de 51 que se introduziu a concepção da proteção atual àqueles que se deslocaram forçadamente dos seus países por consequência da Segunda Guerra Mundial‖.

A Convenção traz em seu texto os princípios que regem o direito internacional dos refugiados. Extrai a preocupação das Nações Unidas e como será buscado a melhor forma possível de atender os direitos humanos e as liberdades fundamentais dessas pessoas.

Para concretizar a seriedade da Convenção de Genebra, foi declarado como objetivo o disposto seguinte:

Notando que o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados tem a incumbência de zelar pela aplicação das convenções internacionais que assegurem a proteção dos refugiados, e reconhecendo que a coordenação efetiva das medidas tomadas para resolver este problema dependerá da cooperação dos Estados com o Alto Comissário (CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS, 1951, p. 01).

Sobre o tema, Barichelo (2009) destaca que o Estatuto dos Refugiados implementa os principais fatores que devem ser assegurados e além disso conceitua refugiado e as bases de proteção buscando solucionar os problemas emergências gerados pelo deslocamento forçado.

Ademais, o foco da Convenção de 1951 é a proteção aos refugiados e como forma de garantir que esse acolhimento não seja ameaçado elaborou como um dos principais alicerces a proibição da expulsão ou devolução desse grupo de pessoas ao seu local de origem, além disso a convenção garante as responsabilidades básicas que os Estados de destino devem oferecer (BARRICHELO, 2009).

Nesta toada, Jubilut (2007, p. 17) acrescenta que o ―[...] non-refoulement (ou não devolução), base de todo o direito de refugiados, significa simplesmente que o indivíduo perseguido não pode ser devolvido‖.

Conectados aos alicerces principais objetivados pela convenção estão às garantias e os direitos adquiridos com status de refugiado. Todos os refugiados quando inseridos em um país devem obedecer às leis e todas as demais regras estabelecidas como forma de manter a ordem pública. E quanto ao Estado, este

(20)

deve buscar formas de não haver discriminação de quaisquer formas e a possibilidade do refugiado praticar sua religião, assim como os nacionais do país.

Além disso, é descrito algumas formas de direitos atribuídos para integração dessas pessoas na sociedade de destino, como por exemplo, o direito de propriedade (móvel, imóvel, industrial e intelectual), de associação, direito de estar em juízo (acesso ao sistema judiciário do país), dentre outros.

O Direito de Associação adquirido pelo refugiado é descrito pela Convenção de 51 da seguinte forma, vejamos:

Art. 15 - Direitos de associação: Os Estados Contratantes concederão aos refugiados que residem regularmente em seu território, no que concerne às associações sem fins políticos nem lucrativos e aos sindicatos profissionais, o tratamento mais favorável concedido aos nacionais de um país estrangeiro, nas mesmas circunstâncias.

Por sua vez, a Convenção de 51 ainda orienta sobre temas como: empregos remunerados, os quais são descritos separadamente do artigo 17 ao artigo 19. O emprego ―remunerado‖ e/ou ―assalariado‖, é descrito com algumas restrições como ―está residindo no país por pelo menos três anos‖, ―ser casado com uma pessoa que possua nacionalidade do país de destino‖ e ―possuir ao menos um filho que tenha nacionalidade do país que o acolheu‖. Já em relação ao ―emprego não assalariados‖ e ―profissionais liberais‖, não é mencionado restrições diferenciadas daquelas já inseridas aos estrangeiros residentes no país.

1.3 PROTOCOLO DE 1967 RELATIVO AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS

O protocolo de 1967 na visão de Jubilut (2007, p. 260), ―foi o resultado de um projeto realizado pela Convenção de 51, o qual tinha como base a análise dos principais obstáculos enfrentados para proteção legal aos refugiados‖. Neste sentido, a Assembleia Geral da ONU aprovou o protocolo de 67, por meio da Resolução 2198 (XXI) no ano de 1966, entretanto só entrou em vigor no mês de outubro de 1967.

Quando elencamos a importância da elaboração do protocolo de 67 podemos relacionar a concepção de vários atores. Como base, pode-se citar um deles, trazendo o marco teórico e temporal que levou a aprovação do protocolo, ou seja: ―em 1967, foi editado o Protocolo Adicional à Convenção sobre Refugiados,

(21)

que suprimiu a limitação temporal da definição de refugiado constante originalmente da Convenção.‖ (RAMOS, 2011; RODRIGUES, 2011; ALMEIDA, 2011, p. 26).

Em um cenário marcado pelas problemáticas emergidas pelo surgimento de grupos de refugiados distintas daqueles inseridos pela Convenção de 51, o protocolo de 67 teve como principal relevância a amplitude do conceito de refugiados, porém é importante destacar que o protocolo não trouxe em sua base a definição de refugiados.

Conforme se lê em Jubilut (2007, p. 88):

[...] a adoção do Protocolo de 67 não trouxe à tona a discussão sobre a definição de refugiados, mantendo-se a limitação da sua caracterização por violações de direitos civis e políticos. Tal fato se deveu ao medo dos Estados desenvolvidos de uma ampliação do número de refugiados, o que não atendia aos seus interesses na época, e poderia, de fato, ocorrer uma vez que a Assembléia Geral da ONU era, nesse momento, dominada por Estados em desenvolvimento ou de menor desenvolvimento relativo. Desse modo, optou-se pela aprovação de um documento curto que se limitava a revogar as reservas e que não propiciava a discussão material do tema.

O protocolo de 67 tem seu aspecto introduzido nas bases das diretrizes do Alto Comissariado, e está diretamente relacionado à busca de proporcionar soluções para o direito dos refugiados.

Para isso, o Protocolo traz em seu Estatuto a amplitude do gênero caracterizado como refugiado, bem como as espécies de cooperação entre os Estados membros e a ONU. No aspecto da proteção ao refugiado, de forma mais abrangente, o Estatuto informa o seguinte, in verbis:

Art. 1º - Amplitude do termo Refugiado.

§ 2º. Para os fins do presente Protocolo, o termo "refugiado", salvo no que diz respeito à aplicação do § 3º do presente artigo, significa qualquer pessoa que se enquadre na definição dada no artigo primeiro da Convenção, como se as palavras ―em decorrência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e...‖ e as palavras ―...como consequência de tais acontecimentos‖ não figurassem do § 2º da seção A do artigo primeiro.

§ 3º. O presente Protocolo será aplicado pelos Estados Partes sem qualquer limitação geográfica, com a excepção de que as declarações existentes feitas por Estados já partes da Convenção de acordo com o artigo 1-B (1) (a) da Convenção deverão, salvo se alargadas nos termos do artigo 1-B (2) da mesma, ser aplicadas também sob o presente Protocolo.

Ademais, a relevância da abrangência do termo refugiado aplicado no protocolo juntamente com o compromisso dos Estados-membros em auxiliar a ONU por meio do ACNUR foi um marco de grande relevância no direito do refugiado, pois

(22)

com isso aumentou o grau de responsabilidades dos países em relação ao auxílio e cooperação com a proteção a esse grupo de pessoas que passam por diversas violações dos seus direitos como ser humano.

Conforme se lê no Estatuto do Protocolo de 1967, in verbis:

Art. 2º, §1. Os Estados Membros no presente Protocolo, comprometem-se a cooperar com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados ou qualquer outra instituição das Nações Unidas que lhe suceder, no exercício de suas funções e, especialmente, a facilitar seu trabalho de observar a aplicação das disposições do presente Protocolo.

Logo, a fim de possibilitar ao Alto Comissariado, ou a toda a outros órgãos das Nações Unidas que lhe substituir, expor relatórios às instituições competentes das Nações Unidas, os Estados Membros no Protocolo de 67 devem fornecer, na forma apropriada, as informações e os dados estatísticos quanto ao estatuto dos refugiados, a execução do protocolo, as leis, regulamentos e decretos em vigor pertinentes aos refugiados.

1.4 REFUGIADOS NO MUNDO ENTRE 2011 – 2017

Em um cenário contemporâneo, no qual os conflitos internos, como guerras e perseguições geram um deslocamento forçado e sem controle, e que acabam transformando a questão da segurança e proteção das pessoas vítimas desses deslocamentos, os refugiados, almejam por uma vida segura.

Nesse contexto, é relevante analisar os dados que descrevem os principais países, dados sobre o número de refugiados no mundo e os fatores que mais se destacam sobre refúgio, na tentativa de ajudar essas pessoas.

No levantamento dos aspectos de relevância no cenário internacional em relação aos refugiados, o ano de 2011 foi marcado pelo maior índice de refugiados entre os anos de 2001 e 2011. A crise dos refugiados nesse ano teve como impulsionador os conflitos presentes em quatro países, Costa do Marfim, Líbia, Somália e Sudão fizeram com que surgissem 800.000 mil novos refugiados. Tendo em conta que ao final de 2011 o total de refugiados era 10,4 milhões de pessoas (ACNUR, TENDENCIAS GLOBALES, 2011).

Além desse aumento significativo no número de refugiados, pode-se destacar os principais países de origem dos refugiados. Segundo o relatório do ACNUR (2011), o Afeganistão, por exemplo, foi o país que mais estabeleceu esse

(23)

status aos nacionais (2.664.400 milhões), e em sequência o Iraque (1.428.300 milhões), Somália (1.077.000 milhão), Sudão (1.077.000 milhão, contando com os cidadãos do Sudão do Sul), Republica Dominicana do Congo (491.500 mil), (414.600 mil), Myanmar (414.600 mil, contando com os de situação parecida), Colômbia (395.900 mi, contando com os de situação parecida residente do Equador, Bolívia, Venezuela e Panamá), Vietnã (337.800 mil, sendo que os 300.000 refugiados vietnamitas estão bem integrados e recebem proteção do governo da china), Eritreia (252.000 mil) e China (205.400 mil).

Já os países que mais receberam esses refugiados foram o Paquistão, Rep. Islâmica do Irã, Rep. Árabe Síria, Alemanha, Quênia, Jordânia, Chade, China, Etiópia e os Estados Unidos.

Sobre o assunto, vejamos o que editou o ACNUR no ano de 2011:

Los principales países receptores de refugiados en 2011 fueron los mismos que en 2010, salvo por una excepción: el Reino Unido se desmarcó de la lista de los 10 principales países, dejando paso a Etiopía en el puesto número 9. Estos 10 países en conjunto representaban el 59% de todos los refugiados bajo el mandato de ACNUR (ACNUR, TENDENCIAS GLOBALES, 2011, p13)2

Em 2012 o quantitativo de refugiados era de 15,4 milhões, sendo que 10,5 milhões estão sob o auxilio do ACNUR e 4,9 milhões de refugiados de origem palestina foram apontados pelo UNRWA. Diferentemente de 2011, no ano de 2012 os Estados Unidos saiu da lista dos dez países que mais recebem asilo e no seu lugar entrou a Turquia.

Na lista dos dez países que mais geraram o deslocamento forçado, caracterizam-se como refugiados em ordem decrescente o Afeganistão, Somália, Iraque, Republica Árabe da Síria, Sudão (incluso Sudão do Sul), República Democrática do Congo, Myanmar (incluso pessoas com situações similares aos dos refugiados), Colômbia (incluso pessoas com situações similares aos dos refugiados), Vietnã e Eritreia (ACNUR, 2012).

Quanto aos países que mais acolheram refugiados, o ACNUR (2012) destaca em primeiro lugar o Paquistão, seguido da República Islâmica do Irã,

2

Os principais países receptores de refugiados em 2011 foram os mesmos de 2010, exceto por uma exceção: o Reino Unido declinou da lista dos 10 principais países, abrindo caminho para a Etiópia, no número 9. Esses 10 países juntos representavam 59% de todos os refugiados sob o mandato do ACNUR. (CANADÁ. Government-Assisted Refugee Resettlement in Canada. Ottawa: Citizenship and Immigration Canada, 2016).

(24)

Alemanha, Quênia, Síria, Etiópia, Chade, Jordânia, China e em contraposto de 2011 a Turquia.

Na sequência da linha do tempo ao final do ano de 2013 havia o total de 11.702.900 sob a proteção do ACNUR. Tendo em análise o Paquistão, República Islâmica do Irã, Líbano, Jordânia, Turquia (Refugiados Sírios com dados apresentados pelo governo), Quênia, Chade, Etiópia China e Estados Unidos, sendo esses os 10 principais destinos dos refugiados (ACNUR, 2013).

Tendo em um aspecto relevante ACNUR – Tendencias Globales (2013, p. 11):

Se calculaba que, al finalizar 2013, el número global de refugiados bajo el mandato de Se calculaba que, al finalizar 2013, el número global de refugiados bajo el mandato de ACNUR era de 11,7 millones, alrededor de 1,2 millones más que al término de 2012 (+11%). ACNUR era de 11,7 millones, alrededor de 1,2 millones más que al término de 2012 (+11)3. Na análise estática apresentada pelo Alto Comissário, é mencionado que desde 1992 o número de refugiados não ultrapassavam os 20 milhões. Entre o período de 2013 e 2014 se manteve a cifra de 19,5 milhões de refugiados, já o ano de 2015 foi um marco na história, pois foi a primeira vez que o número de refugiados no mundo chegou aos 20,2 milhões tendo um aumento de 78% em comparação com 2014.

Conforme se lê, ACNUR (2015):

[...] A população de refugiados no mundo, que há um ano totalizava 19,5 milhões de pessoas, chegou a 20,2 milhões de homens, mulheres e crianças em meados de 2015. É a primeira vez, desde 1992, que a marca dos 20 milhões é ultrapassada. As solicitações de refúgio aumentaram cerca 78% (totalizando 993,6 mil casos) em relação ao mesmo período em 2014.

Segundo a cartilha do ACNUR (Tendências Globais: Deslocamentos forçados em 2016), o número de refugiados é o mais alto até então registrado. Na analise estatística, o ACNUR menciona que no final de 2016 o número total de refugiados era de 22,5 milhões, sendo que a esse número estão inclusos 5,3 milhões de refugiados palestinos registrados pela UNRWA (Agência das Nações

3

Estima-se que, no final de 2013, o número global de refugiados sob o mandato do número total estimado de refugiados sob o mandato do ACNUR no final de 2013 era de 11,7 milhões, cerca de 1,2 milhões a mais do que no final de 2012 (+ 11%). O ACNUR foi de 11,7 milhões, cerca de 1,2 milhões a mais do que no final de 2012 (+11). (ACNUR. La agencia de la ONU para los refugiados.

(25)

Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina) no Oriente - e 17,2 milhões de refugiados sobre o mandato do ACNUR.

Entre os anos de 2012 a 2016 a quantidade de refugiados acompanhados pelo ACNUR aumentou 65% em 2016. Essa alta se deve em decorrência do retorno dos refugiados ao seu país de origem, conflitos contemporâneos ou até mesmo conflitos contínuos, porém mesmo havendo essa maximização o crescimento é o mais baixo desde 2012.

Segundo o ACNUR (Tendencias Globales, 2016, p. 13):

En total, la población refugiada bajo el mandato de ACNUR ha aumentado alrededor del 65% en los últimos cinco años. El cambio se debe principalmente al retorno de refugiados a sus países de origen y a los conflictos nuevos o que continúan, que provocan nuevas salidas de refugiados. Pese a que sigue aumentando, el ritmo de crecimiento es el más bajo desde 2012. A lo largo de 2016, la población refugiada creció en 1,1 millón de personas (el 7%), mientras que en 2015 aumentó en cerca de 1,7 millones (el 12%) y en 2014, en casi 2,2 millones (el 23%)4.

O ACNUR (2016) informa que os principais motivos que levam o deslocamento forçado dos refugiados são os conflitos gerados pela violência e pela violação dos direitos humanos.

Ao destacar os principais pontos durante o ano de 2011 a 2016, é possível perceber que os países de origem e destino não são significativamente alterados em exceção aos aspectos de conflitos contemporâneos, os quais fizeram com que surgisse um aumento preocupante em relação ao numero de refugiados no mundo. Por causa das novas hostilidades em regiões derivadas daquelas apresentadas no começo deste recorte temporal, foi surgindo um número maior de refugiados e assim havendo a busca por países antes não buscados em grande escala.

No ano de 2016, por exemplo, a Turquia foi o país que mais recebeu refugiados, enquanto o Paquistão foi o segundo e na Alemanha houve um aumento preocupante em comparação com o número de pedidos dos anos anteriores (ACNUR, 2016).

4

No total, a população de refugiados sob o mandato do ACNUR aumentou cerca de 65% nos últimos cinco anos. A mudança deve-se principalmente ao retorno dos refugiados aos seus países de origem e a conflitos novos ou contínuos, que causam novas chegadas de refugiados. Apesar de continuar a crescer, a taxa de crescimento é a mais baixa desde 2012. Ao longo de 2016, a população de refugiados cresceu 1,1 milhões de pessoas (7%), enquanto em 2015 aumentou cerca de 1, 7 milhões (12%) e em 2014, quase 2,2 milhões (23%).(ACNUR. Relatório tendências globais 2015. Disponível em: < http://www.unhcr.org/5748413a2d9#_ga=2.105080129.312353746.1527624997-1878248960.1527624997 >. Acesso em: 01 de Dezembro de 2016).

(26)

Além dessa presença preocupante, podem ser destacados pontos positivos que ocorreram em 2016. ―Como a continuação da Declaração de Nova York de 2011, e o ACNUR pretende elaborar um Pacto Mundial sobre os refugiados em seu informe anual para a Assembleia Geral em 2018‖. (ACNUR, 2018).

Importante destacar que esse Pacto Mundial sobre os Refugiados vai complementar o trabalho do ACNUR em dois aspectos, senão vejamos:

1. El Marco de Respuesta Integral para los Refugiados, acordado los Estados Miembros en el Anexo I de la Declaración de Nueva York, complementado por el párrafo del preámbulo y el párrafo final;

2. Un Programa de Acción que apoye el Marco e incluya medidas realizables —tanto por Estados Miembros como por otros interesados— para asegurar su completa implementación (ACNUR,2018)5.

Sendo que a Declaração de Nova York em 2016, que tanto abrange as temáticas sobre os refugiados como dos migrantes foi uma maneira que os grandes líderes mundiais encontraram para colocar em pauta a discussão para buscar formas de solucionar os problemas enfrentados na contemporaneidade por essas pessoas: refugiados e migrantes (ONU, 2018).

Atualmente conforme o ACNUR (2018), o número de refugiados é de 25,4 milhões de pessoas (incluindo os 5,4 milhões de refugiados palestinos) 2,9 milhões a mais do que o ano de 2016, tendo como destaque o aumento pelo sexto ano consecutivo com base nos dados de 2017.

No final do ano de 2017 o número de refugiados sírios continuou aumentado e durante o ano de análise pode ser averiguado que houve um aumento de 14% em relação ao ano anterior no número de refugiados sírios. No ano de 2017 a população de refugiados derivadas do Sudão do Sul foi a que mais cresceu, porém o número de refugiados que duplicaram em consideração com aspectos no ano anterior passando da oitava colocação para quinta entre os dez principais países de origem dos refugiados foi o Myanmar e consequentemente houve alterações no número de refugiados oriundo da Somália que diminuíram. Tal fator se justifica pelo acolhimento por outros países, para a análise objetivada do presente trabalho não é relevante

5

1. O Quadro de Resposta Global para os Refugiados, acordado pelos Estados Membros no Anexo I da Declaração de Nova Iorque, complementado pelo parágrafo preambular e o parágrafo final; 2. Um Programa de Acção que apoie o Quadro e inclua acções exequíveis - tanto pelos Estados Membros como por outras partes interessadas - para assegurar a sua plena implementação. (ACNUR.

Relatório tendências globais 2017).

(27)

fundamentar tal mudança e sim os principais países de origem e destino dos refugiados (ACNUR, 2018).

Como forma de melhor representar as mudanças em relação aos refugiados serão apresentadas os gráficos dos dez principais países de origem e de destino dos refugiados.

Figura 1: Os dez principais países de origem

Fonte: ACNUR, Tendencias Globales – 2017.

De acordo com o gráfico acima, verifica-se que o a República Árabe da Síria comanda o ranking dos países que aglomera o maior quantitativo de origem dos refugiados, seguida pelo Afeganistão.

(28)

Figura 2: A população de refugiados por regiões

Fonte: ACNUR, Tendencias Globales – 2017.

A figura acima apresenta o rol da população de refugiados por região, figurando no ano de 2017. Pode-se observar que durante o curso do ano de 2017, os continentes Africano, Europeu e Asiático fora os principais afetados pela variação de deslocamento de refugiados.

E, como aspecto de alteração de países que antes possuíam pouca relevância no recebimento de solicitação de refúgio e sua aceitação com o status de refugiado, pode ser analisado no gráfico que prossegue.

(29)

Figura 3: Os dez principais países de destino dos refugiados

Fonte: ACNUR, Tendencias Globales – 2017.

No ponto de vista do ACNUR (2018), o aumento mais relevante no número de acolhida em comparação com o ano de 2016 foi Bangladesh, o qual teve o número de refugiados triplicado, porém não podemos deixar de destacar o aumento de 44% da população refugiada no Sudão do Sul e de 45% do aumento dos refugiados que buscam a Alemanha como país de destino.

Figura 4: Número de Refugiados no mundo de 2011 – 2017.

Período de Análise Número de Refugiados no Mundo

2011 10,4 Milhões 2012 15,4 Milhões 2013 - 2014 19, 5 Milhões 2015 20, 2 Milhões 2016 22, 5 Milhões 2017 25, 4 Milhões Fonte: ACNUR (2017).

Logo, com os dados apresentados podemos perceber que o número de pessoas que se encaixam na categoria de refugiados aumentou significativamente

(30)

assim como cresceu a importância com o tema, gerando uma preocupação de grande impacto internacional como os países de destino podem desenvolver a integração desses refugiados nas sociedades de acolhida.

Logo, como maneira de demostrar os meios que o Canadá e o Brasil estão agindo com a problemática gerada em torno da integração social dos refugiados, será demostrado no segundo capítulo as principais ações elaboradas pelo Canadá para a solução da problemática em debate.

(31)

2 AS POLÍTICAS E A ESTRUTURA DE INTEGRAÇÃO AOS REFUGIADOS ADOTADOS PELO CANADÁ

O Canadá é um país que tem como base, em termos oficiais a política no processo de integração e bem estar das minorias tendo como característica o multiculturalismo (CASTLES, 2005 p. 132)6. O país faz parte de diversas organizações e tratados internacionais, mas como base de estudo desse trabalho podemos mencionar a Convenção de 1951, o Protocolo de 1967 e o ACNUR relacionados à proteção e integração aos refugiados em contextos internacionais já mencionados no capítulo anterior.

Como é analisado por Simões em sua tese de doutorado (2017, p. 107): A política migratória canadense sofre forte influência da construção histórica do país baseada no multiculturalismo. O governo canadense foca não apenas na entrada do imigrante, mas se preocupa com a sua inserção na sociedade, auxiliando os novos moradores em seu processo de integração.

Atualmente, o Canadá está sendo administrado pelo partido político Liberal, o qual segundo Veloso (2017, p. 30) ―é o partido politico que mais governou no século XX: 69 anos‖. O partido defende a liberdade, responsabilidade e dignidade das pessoas no centro de uma sociedade. O Governo tem se mostrado preocupado com o acolhimento e a integração, e como primeiro marco no contexto de análise aos refugiados, o governo atual recebeu e auxiliou um grande número de refugiados da Síria em 2015.

No presente capítulo serão apresentados os principais programas do governo e do setor privado para o acolhimento e proteção aos refugiados e, também será descrito as principais características presentes no Canadá para a elaboração de políticas públicas do governo para a relação do Estado, a comunidade civil e os setores privados, Organizações não Governamentais (ONG‘s), Organizações Internacionais (OIS), sistema privado para a proteção e acolhimento aos refugiados que já estão no país.

O objetivo desse capítulo, é entender como o Estado canadense age em relação aos refugiados, como é organizado o acolhimento e a integração dessas

6

Conceito presente no artigo A Influência Do Multiculturalismo Na Política Externa Canadense, CÂMARA, 2013: [...] o multiculturalismo significa de um modo geral, a aceitação pública dos grupos imigrantes e minoritários enquanto comunidades distintas, diferenciáveis da maioria da população através da língua, da cultura e do comportamento social, e que tem as suas próprias associações e infraestruturas sociais.

(32)

pessoas na comunidade de forma que não cause hostilidade de forma geral na inserção, no atendimento e acesso à educação, saúde, segurança e outros direitos e garantias asseguradas aos refugiados.

Segundo Simões (2017), podemos compreender que o Canadá para aprimorar a integração e o auxilio aos refugiados adota dois tipos de sistema, o Programa de Reassentamento para Refugiados e Migrantes Humanitários e o Programa para Refugiados que solicitaram o refúgio no território canadense.

Dessa forma, o presente capítulo focará nos Programas de Reassentamento e os meios de solicitação de refúgio, o reassentamento como conceito e relevância descrita no ACNUR (2016):

O reassentamento é uma das estratégias adotadas pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) na busca de soluções duradouras para os refugiados. Ela beneficia aqueles que não podem voltar ao seu país de origem – por temor de perseguição, conflito ou guerra –, nem permanecer no país de refúgio onde se encontram, em virtude de problemas de segurança, integração local ou falta de proteção legal e física. Nestes casos, o ACNUR procura a ajuda de terceiros países que estejam dispostos a receber estes refugiados.

Por fim, pode-se compreender que o sistema de integração aos refugiados no Canadá é visto como um exemplo positivo no cenário internacional e também demostra que a relação dos programas provinciais e privados presente em um Estado para o acolhimento, assessoramento e integração dos refugiados é essencial, pois é preciso ser avaliado, estruturado e implantado de acordo com o contexto apresentado em cada país, além disso, deve ter uma concórdia entre o Estado, sociedade e demais atores para a busca das melhores formas possíveis de uma relação equilibrada em que os refugiados são os principais beneficiários.

2.1 LEGISLAÇÃO APLICADA AOS REFUGIADOS NO CANADÁ

O Canadá tem em seu aspecto histórico uma forte relação com assuntos imigratórios e uma influência predominante do multiculturalismo, como tal pode se destacar a elaboração da lei que destaca essa característica a partir de 1970.

Essa seção tem como objetivo descrever o contexto imigratório no Canadá sobre influência do multiculturalismo, destacar os últimos dois governos, as modificações legais realizadas e destacar os principais pontos da IRPA (Immigration and Refugee Protection Act).

(33)

Segundo BARBOSA DA SILVA (2013) o Canadá foi o primeiro país a destacar o termo multiculturalismo, isso se destaca pela diversidade cultural presente desde sua colonização por ser um dos poucos países colonizados por dois povos (franceses e ingleses). Nesta toada, a ―[...] emergência do enunciado em torno da diversidade cultural no Canadá surge como ‗uma nação multicultural‘, ―uma sociedade multicultural‖ (BARBOSA DA SILVA, 2013, p. 21)‖.

O Canadá é o país declaradamente mais tolerante do mundo em relação aos imigrantes, sendo que o país foi o primeiro a adotar o multiculturalismo na política em 1971. A lei do Multiculturalismo canadense traz em sua abordagem o fundamento à diversidade cultural como forma de preservar a identidade social (CANADÁ, 2016).

Figura 5: Porcentagem de Imigrantes no Canadá de acordo com a região de origem antes de 1971-2011.

Fonte: CANADÁ, Annual Report on the operation of the Canadian Multiculturalism Act 2014 – 2015, p. 8.

(34)

Figura 6: Imigração no Canadá em uma análise entre antes de 1981 até 2016.

Fonte: CANADÁ, 2018.

Porém, não podemos deixar de destacar que o país é federalista e que possui seu Poder Legislativo dividido em duas formas: Federal, que está relacionada a questões de aspecto nacional; e o Provincial, aspectos de interesse local.

O assunto sobre imigração é entendido como de interesse concomitante, ou seja, é de interesse nacional e local. Mesmo a IRPA (Immigration and Refugee Protection Act) e a Lei de Cidadania sendo leis federais, a responsabilidade da maioria dos aspectos relacionados ao reassentamento dos refugiados estão ligados aos governos provinciais e territoriais do Canadá. Podemos citar como exemplo, o acesso à educação ou saúde.

(35)

Neste contexto, o Quebec possui um requisito diferenciado em relação às disposições constitucionais, pois a própria província do Quebec realiza a seleção relacionada aos refugiados reassentados em conformidade com o Governo canadense (GRSI, 2018).

É importante destacar que entre os anos de 2006 a 2015 o país foi governado pelo conservador Halper, o qual demostrava uma constante modificação em relação às politicas de proteção aos imigrantes e refugiados, e atualmente o governo de Trudeau possui uma base mais liberal e uma forte relação com a politica com base no multiculturalismo (SIMÕES, 2017). Sobre o assunto, Barbosa da Silva (2013) destaca que foi graças ao discurso multiculturalista inserido por Trudeau em 1971, na época em que era premier e apresentou o discurso ao parlamento canadense como forma de aprimorar o contexto imigratório da época.

Desta forma, para Simões:

A chegada ao poder do Governo Conservador, em 2006, levou o Canadá a modificar uma série de questões relativas à migração e ao refúgio. O período da administração Harper pode ser definido como restritivo no que diz respeito aos direitos dos migrantes e dos refugiados, além de adotar uma ênfase na criminalidade por meio da detenção e na fraude como regra geral (bogus refugees) (SIMÕES, 2017, p. 119).

Sobre a legislação aplicada aos refugiados no Canadá, pode-se destacar como base a Convenção de 51 e o Protocolo de 1967, sendo que somente em 1969 o Canadá assinou a convenção e, em 2001 elaborou o regulamento que determina as condições de refugiados no Canadá, bem como os direitos e garantias asseguradas pela lei IRPA (Immigration and Refugee Protection Act), o regulamento IRPR (Refugee Protection Regulations), sendo que o IRPA entrou em vigor em 2002 e passou por algumas alterações positivas em 2012 (SIMÕES, 2017).

A Lei da Cidadania do Canadá sofreu algumas alterações inseridas pela Bill C-6 Receives Royal Assent 7 em 2017, sendo que tal modificação possui aspectos relevantes aos que pretendem adquirir a cidadania canadense e consequentemente aos refugiados que visam essa garantia assegurada pela legislação interna canadense.

7

O Royal Assent é a etapa final do processo legislativo, e é esse assentimento que transforma uma lei aprovada por ambas as Casas do Parlamento em lei (MUNROE, 2017).

(36)

Para tanto, será informado apenas às alterações. Ademais, todo o conteúdo foi retirado do site oficial do Governo do Canadá (2018).

Tabela 1: Alterações que entram em vigor imediatamente após a Royal Assent em 19 de junho de 2017.

Lei da cidadania anterior Lei da cidadania com as alterações do projeto de lei C-6

Determinava que os canditatos devessem continuar vivendo no Canadá depois de concedida a cidadania.

Essa seção foi revogada, tornando assim menos problemática à questão dos novos cidadãos que precisam morar fora do país por motivo de trabalho ou pessoais.

Fonte: CANADÁ (2018).

Tabela 2: Alterações para entrar em vigor a partir de 11 de outubro de 2017. Lei da cidadania anterior Lei da cidadania com as alterações do

projeto de lei C-6 Os candidatos tiveram que estar

fisicamente presentes no Canadá por quatro em seis anos, com um mínimo de 183 dias em cada um dos quatro anos, antes de se candidatarem à cidadania.

Os candidatos devem estar fisicamente presentes no Canadá por três dos últimos cinco anos (1095 dias), sem nenhum número mínimo de dias por ano, antes de solicitar a cidadania.

O tempo gasto no Canadá antes de se tornar um residente permanente não conta para a exigência de presença física para a cidadania.

Os candidatos devem estar fisicamente presentes no Canadá por três dos últimos cinco anos (1095 dias), sem nenhum número mínimo de dias por ano, antes de solicitar a cidadania.

Candidatos entre 14 e 64 anos tinham que preencher os requisitos de idioma e conhecimento para cidadania.

Os candidatos entre 18 e 54 anos devem atender aos requisitos de idioma e conhecimento para cidadania.

Fonte: CANADÁ (2018).

O Canadá possui um Sistema de proteção e acolhimento baseado em dois programas e, por meio desses programas estrutura o atendimento e acolhimento aos refugiados que solicitam o auxílio do país.

(37)

Figura 7: Tipos de Programas adotados pelo Canadá.

Fonte: SIMÕES (2017)

De acordo com os dados informados pela IRPA (Immigration and Refugee Protection Act), esta se relaciona com o Immigration and Refugee Board 8 (IRB), o qual possui em sua estrutura organizacional a Refugee Protection Division (RPD), Refugee Appeal Division (RAD), Divisão de Imigração e Divisão de Apelação de Imigração, além da Convenção dos Refugiados, e o Protocolo a essa Convenção.

Em base o RPD (Refugee Protection Division) é uma forma que o Canadá encontrou para melhor assessorar os refugiados, tendo assim como principal objetivo a avaliação das reclamações feitas sobre a proteção e integração dos refugiados no Canadá.

8

Immigration and Refugee Board (IRB), CANADÁ (2018): é o maior tribunal administrativo independente do Canadá. É responsável por tomar decisões bem fundamentadas sobre questões de imigração e refugiados, de forma eficiente, justa e de acordo com a lei. O IRB decide, entre outras responsabilidades, quem precisa da proteção dos refugiados entre os milhares de reclamantes que vêm ao Canadá anualmente (Tradução do Autor).

Sistema canadense de proteção e acolhimento aos

refugiados

Programa de Reassentamento para Refugiados e Migrantes

Humanitários

GAR’s: Financiado pelo Governo;

PSR’S: Financiado pelo setor

Privado

BVOR: Financiamento realizado

em parceria entre o Governo e o setor Privado

Programa para Refugiados que solicitaram o refúgio no

território canadense

Landed in Refugees: Os refugiados landed in são todos aqueles que já se encontram no Canadá ou solicitam seu refúgio no momento de entrada.

Referências

Documentos relacionados

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

Dessa forma, diante das questões apontadas no segundo capítulo, com os entraves enfrentados pela Gerência de Pós-compra da UFJF, como a falta de aplicação de

Versão definitiva da monografia - a versão final da monografia deverá ser entregue ao coordenador do curso com a assinatura de todos os membros da banca examinadora em

Janaína Oliveira, que esteve presente em Ouagadougou nas últimas três edições do FESPACO (2011, 2013, 2015) e participou de todos os fóruns de debate promovidos

A educação em saúde tem papel primordial no processo de prevenção e reabilitação, pois, o diálogo e a troca de informações entre o paciente, o profissional e sua

demonstraram que: 1 a superfície das amostras tratadas com o glaze pó/líquido foram as que apresentaram uma camada mais espessa de glaze, com superfícies menos rugosas; 2o grupo

Sendo assim, o programa de melhoria contínua baseado no Sistema Toyota de Produção, e realizado através de ferramentas como o Kaizen, poderá proporcionar ao