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Coordenação-Geral de Tributação

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Academic year: 2021

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Coordenação-Geral de Tributação

Solução de Consulta nº 110 - Cosit

Data 22 de abril de 2014

Processo

Interessado

CNPJ/CPF

ASSUNTO:IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS -IPI

A imunidade religiosa não alcança o IPI incidente sobre veículo automotor adquirido no mercado interno, ainda que utilizado para atividades pastorais de Igreja, visto que o contribuinte desse tributo, na espécie, é o industrial ou comerciante que promove a saída do mesmo.

Dispositivos Legais: CRFB/1988, art. 150, inciso VI, alínea “b” e § 4º; Código Tributário Nacional, art. 9º, inciso IV, alínea “b” e § 1º.

ASSUNTO:PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

Não merece conhecimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil a consulta que versar sobre tributo de competência estadual.

Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 1996, arts. 48 e 49; Decreto nº 70.235, de 1972, arts. 46 a 53; Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 2013.

Relatório

Examina-se consulta interposta pelo bastante representante legal da organização religiosa em epígrafe. Inicialmente, o peticionário colaciona o art. 150, inciso VI, alínea “b”, da Constituição Federal. De seguida, afirma que a imunidade prevista naquele dispositivo atinge não somente o espaço físico da celebração do culto, senão também a entidade religiosa, incluindo, destarte, seu patrimônio, renda e serviços relacionados com suas finalidades essenciais. Nesse sentido, chama à baila o entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito da espécie.

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2. Requer seja reconhecida a imunidade tributária relativa ao IPI incidente sobre a aquisição de veículo, que se incorporará a seu patrimônio, com vistas a atividades intrinsecamente ligadas às finalidades do ente em apreço.

3. Alega fazer jus inclusive à imunidade pertinente aos impostos indiretos, dos quais cita como exemplos o ICMS e o IPI, aduzindo o posicionamento do Pretório Excelso no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) nº 3.421. Ressalta que o mencionado preceito constitucional não faz qualquer distinção entre os impostos. Assim sendo, requer a imunidade tributária referente ao IPI e ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), para aquisição de veículo. A final, presta as declarações de que cuida o art. 3º, § 2º, inciso II, da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013. Em apertada síntese, é o relatório.

Fundamentos

4. Preliminarmente, forte no disposto na Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 48 e 49; no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, arts. 46 a 53, e na referida IN RFB nº 1.396, de 2013, declara-se a ineficácia desta consulta no que se refere ao IPVA, tributo de competência estadual, que, por óbvio, não é administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

5. Inobstante, no que diz respeito ao IPI, a vertente consulta preenche os requisitos de admissibilidade delineados na legislação de regência pertinente, donde merecer ela conhecimento.

6. Reza a Constituição:

DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI - instituir impostos sobre: (...)

b) templos de qualquer culto; (...)

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

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7. Disposição semelhante àquela acima transcrita é encontrada no art. 9º, inciso IV, alínea “b” e § 1º, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN). 8. Lado outro, sabe-se que, quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico-financeiro, os tributos classificam-se em diretos e indiretos. O festejado doutrinador Ricardo Alexandre leciona:

São indiretos os tributos que, em virtude de sua configuração jurídica, permitem translação do seu encargo econômico-financeiro para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. A definição aqui exposta inclui apenas os tributos que já foram tecnicamente concebidos como aptos à transferência do encargo, visto que, sob o ponto de vista econômico, a translação se verifica em praticamente todo tributo. São diretos os tributos que não permitem tal translação, de forma que a pessoa definida em lei como sujeito passivo é a mesma que sofre o impacto econômico-financeiro do tributo. (...) Há a repercussão econômica do tributo, mas não o que se poderia chamar de repercussão jurídica, somente verificada nos casos em que há previsão normativa da oficial transferência do encargo. O tributo é considerado direto. Os economistas, baseados na indiscutível tese de que praticamente todo tributo tem a possibilidade de ter seu encargo econômico repassado para o consumidor de bens e serviços, afirmam que a classificação dos tributos como diretos ou indiretos é irrelevante. Não obstante tal entendimento, existe uma profunda relevância jurídica na classificação quando se comparam as regras relativas à restituição de tributo direto com aquelas referentes aos tributos indiretos. Ademais, a inaplicabilidade de critérios econômicos para qualificação de um tributo como direto ou indireto é

ponto pacífico da Jurisprudência do STJ (Resp. 118.488).1

9. Entre os impostos federais, o IPI é classificado como indireto. No âmbito dessa espécie de tributo, pode ocorrer o fenômeno da repercussão ou translação econômica do imposto entre o contribuinte de direito e o contribuinte de fato. Aquele recolhe o valor do imposto ao Erário, enquanto este sofre o impacto do tributo. Na interpretação de cunho formal do fenômeno sob exame2

, a figura do contribuinte de fato é estranha à relação jurídica tributária, razão por que não lhe é cabível invocar a imunidade para elidir o pagamento de impostos indiretos, visto que apenas o contribuinte de direito (vendedor dos bens ou prestador dos serviços) integra tal relação, ao lado do Fisco.

10. Como esclarece Hugo de Brito Machado3, o argumento de que o IPI não incidiria na saída de produtos que o particular vende a uma entidade religiosa, porque o ônus financeiro respectivo recai sobre esta, não tem qualquer fundamento jurídico. Pode ser válido no âmbito

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da Ciência das Finanças, mas não no Direito Tributário. A relação tributária instaura-se entre o industrial, ou comerciante, que vende, e por isto assume a condição de contribuinte, e a Fazenda Pública, credora do tributo. Entre a entidade eclesiástica compradora do produto e o industrial, ou comerciante, que o fornece, instaura-se uma relação jurídica inteiramente diversa, de natureza contratual. O ente religioso paga simplesmente o preço do produto adquirido, não o tributo. Este pode estar incluído no preço, mas neste também está incluído o salário dos empregados do industrial, ou comerciante, e nem por isto se pode dizer que há no caso pagamento de salários. Tal inclusão pode ocorrer, ou não. É circunstancial e independe de qualquer norma jurídica. Em última análise, no preço de um produto poderão estar incluídos todos os seus custos, mas isto não tem relevância para o Direito, no pertinente à questão de saber quem paga tais custos.

11. Em aresto histórico, da relatoria do saudoso Ministro Bilac Pinto, o Pretório Excelso assentou que não é possível opor à forma jurídica a realidade econômica, porquanto o contribuinte de fato é estranho à relação tributária, não podendo alegar, a seu favor, a imunidade (RE nº 68.741-SP, 2ª Turma, julgado em 28 de setembro de 1970).

12. Nesse diapasão, o STF editou a Súmula nº 591, de 1976, segundo a qual “A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do IPI.”. Destarte, a entidade compradora, ainda que imune, não o será nas aquisições, no mercado interno, de bens de vendedores, quando estes se colocarem como contribuintes de direito do imposto4

.

13. De remate, aduza-se que a Adin nº 3.421-PR, colacionada pelo requerente, foi julgada improcedente pelo STF em 5 de maio de 2010, pelo que é despicienda sua invocação.

4 Cfr. SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. pp. 305-311 e 333-334;

CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2008. pp. 348-349.

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14. Em face do exposto, conclui-se que a imunidade religiosa não alcança o IPI incidente sobre veículo automotor adquirido no mercado interno, ainda que utilizado para atividades pastorais de Igreja, visto que o contribuinte de direito desse tributo, na espécie, é o industrial ou comerciante que promove a saída do mesmo. Nessa conformidade, fica respondida a consulta.

À consideração superior.

(assinado digitalmente)

ROBERTO PETRÚCIO HERCULANO DE ALENCAR

Auditor-Fiscal da RFB

De acordo. Encaminhe-se ao Coordenador de Tributos sobre a Produção e o Comércio Exterior (Cotex).

(assinado digitalmente)

ISABEL CRISTINA DE OLIVEIRA GONZAGA

Auditora-Fiscal da RFB - Chefe da Disit04

De acordo. Ao Senhor Coordenador-Geral da Cosit, para aprovação.

(assinado digitalmente)

JOÃO HAMILTON RECH

Auditor-Fiscal da RFB – Coordenador da Cotex

Ordem de Intimação

Aprovo a Solução de Consulta, da qual se conhece parcialmente, na forma acima descrita. Encaminhe-se [...], para fins de ciência da decisão ao interessado e demais providências a seu cargo.

(assinado digitalmente)

FERNANDO MOMBELLI

Referências

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