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Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

Processo: 0282/12

Data do Acordão: 09-05-2012

Tribunal: 2 SECÇÃO

Relator: FRANCISCO ROTHES

Descritores: OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO FISCAL

CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURANÇA SOCIAL PRESCRIÇÃO

Sumário: I - A Lei n.º 17/2000, de 8 de Agosto, entrou em vigor no dia 4 de

Fevereiro de 2001, nos termos do seu artigo 119.º, data com referência à qual há-de determinar-se, relativamente a cada uma das dívidas, qual o prazo a aplicar, elegendo como aplicável o prazo novo, considerado em abstracto, ou seja, sem ponderar a interferência de causas de suspensão ou interrupção da prescrição que possam vir a ocorrer na vigência da lei nova, salvo se o estabelecido na lei antiga, concretamente considerado, primeiro se perfizer, em obediência ao disposto no n.º 1 do artigo 297.º do CC.

II - A interrupção da prescrição derivada da citação de um dos

responsáveis solidários, produz efeitos relativamente aos demais, atento o disposto no n.º 2 do art. 48.º da LGT.

III - O n.º 2 do art. 49.º da LGT – que previa a cessação do efeito

interruptivo para os casos de paragem do processo por mais de um ano por motivo não imputável ao contribuinte e sua degradação em efeito suspensivo – foi revogado pelo art. 90.º da Lei n.º 53-A/2006, de 29 de Dezembro, ressalvando-se unicamente os casos em que em 31 de Dezembro de 2006 se tivesse já completado um ano de paragem do processo por facto não imputável ao sujeito passivo (art. 91.º da referida Lei).

Nº Convencional: JSTA000P14106 Nº do Documento: SA2201205090282 Data de Entrada: 16-03-2012

Recorrente: A...

Recorrido 1: INST DE GESTÃO FINANCEIRA DA SEGURANÇA SOCIAL

Votação: UNANIMIDADE

Aditamento:

Texto

Integral:1. RELATÓRIO

1.1 A…… (adiante Executado por reversão, Oponente ou Recorrente), na sequência da citação que lhe foi efectuada «nos termos e para os efeitos dos artigos 220º e 239º nº 1 do Código de Procedimento e de Processo Tributário» (As partes entre aspas e com um tipo de letra diferente, aqui e adiante, constituem transcrições.), deduziu oposição à execução fiscal que foi instaurada pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS) contra o seu marido para cobrança de dívidas por contribuições para a Segurança Social.

Invocando a prescrição das dívidas exequendas, pediu a extinção da execução fiscal.

1.2 O Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu julgou a oposição improcedente. Para tanto, e em síntese, considerou que a Oponente alegou conclusivamente que a execução fiscal esteve parada por mais de um ano por motivo que não lhe é imputável, bem como que a hipoteca legal recaiu sobre um prédio inexistente, o que não ficou demonstrado. Mais considerou que a prescrição foi interrompida pela citação do marido da Oponente, em 2004 e que a execução fiscal está suspensa por força da constituição da garantia.

1.3 Inconformada com a decisão, a Oponente dela interpôs recurso para o Supremo Tribunal Administrativo, o qual foi admitido, para subir imediatamente, nos próprios autos e com efeito meramente devolutivo.

(2)

«

1. – A dívida exequenda está prescrita, nos termos Art.º 70º da Base da Segurança Social, aprovada pela Lei n.º 32/2002, de 20.12 e Art.º 48º, n.º 1, da LGT».

1.5 O Recorrido contra-alegou, pugnando pela manutenção da sentença.

1.6 Recebidos neste Supremo Tribunal Administrativo, os autos foram com vista ao Ministério Público e o Procurador-Geral Adjunto emitiu parecer no sentido de que seja negado provimento ao recurso com a seguinte fundamentação:

«1. A recorrente foi citada, nos termos dos arts. 220º e 239º nº 1 do CPPT, para requerer a separação judicial de bens, proceder ao pagamento da dívida exequenda e acrescido ou requerer, querendo, o pagamento em prestações ou ainda deduzir oposição (probatório al. E); documento fls. 5 processo de oposição, doc. fls. 121/122 PEF apenso)

Nos casos em que a penhora incide sobre bem imóvel a citação do cônjuge do executado confere-lhe a qualidade de co-executado, podendo exercer todos os direitos processuais atribuídos ao próprio

executado, incluindo a dedução de oposição à execução (art. 864º-A nº 1 CPC)

No caso concreto as dívidas tributárias são da responsabilidade de ambos os cônjuges porque emergem de contribuições para a Segurança Social, devidas pelo exercício de actividade comercial pelo cônjuge da oponente, havendo presunção de proveito comum do casal nas dívidas contraídas (art. 1691º nº 1 al. d) CCivil)

2. Regime de prescrição das contribuições para a Segurança Social Prazos de prescrição (em sucessão cronológica)

a) 10 anos, contados do início do ano seguinte àquele em que tiver ocorrido o facto tributário (art. 53º nº 2 Lei nº 28/84,14 Agosto; art. 27º corpo CPCI; art. 34º nº 2 CPT)

b) 5 anos, a contar da data em que a obrigação deveria ter sido cumprida (art. 63º nº 2 Lei nº 17/2000, 8 Agosto com início de vigência em 4.02.2001, cf. art.119º)

c) 5 anos, a contar da data em que a obrigação tributária deveria ter sido cumprida (art. 49º Lei nº 32/2002, 20 Dezembro)

d) 5 anos, a contar da data em que a obrigação tributária deveria ter sido cumprida (art. 60º nº 3 Lei nº 4/2007,16 Janeiro)

A prescrição interrompe-se por qualquer diligência administrativa, realizada com conhecimento pelo responsável pelo pagamento, conducente à liquidação ou à cobrança da divida (art. 63º nº 3 Lei nº 17/2000, 8 Agosto; art.49º nº 2 Lei nº 32/2002, 20 Dezembro; art. 60º nº 4 Lei nº 4/2007,16 Janeiro) A interrupção inutiliza para a prescrição todo o tempo decorrido anteriormente começando a correr novo prazo, idêntico ao prazo da prescrição primitiva (art. 326º CCivil)

Se a interrupção resultar de citação ou notificação o novo prazo de prescrição não começa a correr enquanto não for proferida decisão que puser termo ao PEF (art. 327º nº 1 CCivil, adaptada à tramitação do PEF)

São aplicáveis subsidiariamente, por inexistência de regras especiais, as causas de interrupção e de suspensão da prescrição, bem como os efeitos desses factos previstos nos arts. 48º e 49º LGT, em conformidade com a vocação deste diploma para a regulação da generalidade das relações jurídico-tributárias (art. 1º nº 1 LGT; Jorge Lopes de Sousa Sobre a prescrição da obrigação tributária Notas

Práticas 2ª edição 2010 pp. 126/127)

3. Aplicando as considerações antecedentes à apreciação do caso concreto:

a) a dívida exequenda emerge de contribuições para a Segurança Social (Novembro 1998/Agosto 2000; Outubro 2000/Janeiro 2004)

b) os prazos de prescrição contam-se a partir do início de cada um dos anos seguintes àqueles a que respeitam as contribuições exequendas (art. 34º nº 2 CPT; art. 48º nº 1 LGT)

c) a citação do cônjuge da oponente em 14.04.2004 interrompeu o prazo de prescrição iniciado em 8.02.2001 (data do início da vigência da Lei n.º 17/2000, 8 Agosto), relativamente a este executado e à oponente, na qualidade de responsável solidária pela dívida exequenda (art. 48º nº 2 LGT)».

1.7 Foram colhidos os vistos dos Juízes adjuntos.

1.8 A questão a apreciar e decidir é a de saber se a sentença recorrida fez correcto

julgamento quando julgou não verificada a prescrição das obrigações que correspondem às dívidas exequendas provenientes de contribuições para a Segurança Social, o que, como procuraremos demonstrar, impõe a determinação do prazo de prescrição e a averiguação da eventual existência de causas de interrupção e ou suspensão da prescrição, tudo tendo em conta as regras de aplicação da lei no tempo.

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* * * 2. FUNDAMENTAÇÃO

2.1 DE FACTO

O Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu deu como provada a seguinte factualidade:

«II I Factos Provados

Compulsados os autos, com relevo para a decisão dão-se como provados os seguintes factos: A)Na execução fiscal nº 180120041002171, instaurada em 12-04-2004, visa-se a cobrança de

contribuições para a SS referentes aos meses de Novembro de 1998 a Agosto de 2000 e Outubro de 2000 a Janeiro de 2004, cfr. fls. 1 e segs. do processo apenso constituído por cópia, conforme o original, do processo executivo, aqui dado por reproduzido, o mesmo se dizendo dos demais elementos infra referidos;

B) O executado, marido da aqui Oponente, foi citado em 14-04-2004, vide fls. 9 e 10 do aludido apenso; C) O executado solicitou, em Maio de 2004, “reavaliação do processo … visto existirem pagamentos de

contribuições em alguns períodos dos que constam da citação ” e foi-lhe respondido, em 06-10-2004,

que “… se mantinha inalterada a dívida…”, cfr. fls. 12 e 26 do apenso.

D) Em Maio de 2005, para garantir a dívida exequenda, procedeu-se à hipoteca legal do imóvel urbano inscrito na matriz sob o n.º 736 e descrito na Conservatória do Registo Central de Lamego sob o nº 1155/20112033, vide fls. 54 e segs. do apenso.

E) A ora Oponente foi citada em 08-02-2007, nos termos dos artigos 220º e 239º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, cfr. fls. 121 e 122 do apenso.

F) Os presentes autos foram instaurados em 08-03-2007, vide carimbo aposto na Petição Inicial correspondente a fls. 3 dos autos.

II II Factos não provados Inexistem».

*

2.2 DE DIREITO

2.2.1 A QUESTÃO A APRECIAR E DECIDIR

Numa execução fiscal instaurada para cobrança de dívidas provenientes de contribuições para a Segurança Social dos meses de Novembro de 1998 a Agosto de 2000 e Outubro de 2000 a Janeiro de 2004, a mulher do executado, citada que foi «nos termos dos artigos 220º e 239º do Código de Procedimento e de Processo Tributário» (Pese embora os termos em que foi efectuada, a verdade é que a citação efectuada nos termos de um e outro dos referidos artigo são realidades que não se confundem, prosseguindo fins diversos. Neste sentido, desenvolvidamente, JORGE LOPES DE SOUSA, Código de Procedimento e de Processo Tributário anotado e comentado, Áreas Editora, 6.ª edição, volume III, anotações 3 e 4 ao art. 239.º, págs. 28 a 30.) veio deduzir

oposição, invocando como único fundamento o previsto na alínea e) do n.º 1 do art. 204.º do CPP: a prescrição das dívidas exequendas.

A sentença recorrida julgou improcedente a oposição, no entendimento de que as obrigações relativas às dívidas exequendas não estão prescritas.

Isto, em síntese, porque o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu considerou que a prescrição se interrompeu em 2004, quando da citação do marido da Oponente, sendo

também que a execução fiscal se encontra suspensa em virtude da garantia constituída por hipoteca legal em 2005.

A Oponente discorda da sentença e, se bem interpretamos as alegações e respectiva conclusão, o motivo da sua discordância assenta, essencialmente, na circunstância de, a seu ver, dever considerar-se que, não obstante a citação do seu marido ter interrompido a prescrição, o processo, depois, esteve parado por mais de um ano por facto que não lhe é imputável, o que acarretou a degradação do efeito interruptivo em efeito suspensivo, sendo que esse período de paragem se tinha já completado antes da revogação do n.º 2 do art. 49.º da Lei Geral Tributária (LGT), operada pela Lei n.º 53-A/2006, de 29 de Dezembro. Nesse pressuposto, a Recorrente conclui que as obrigações correspondentes às dívidas exequendas estão prescritas «nos termos Art.º 70º da Base da Segurança Social, aprovada pela Lei

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n.º 32/2002, de 20.12 e Art.º 48º, n.º 1, da LGT».

A questão a apreciar e decidir é, pois, a de saber se as obrigações correspondentes às dívidas exequendas estão ou não prescritas.

Sem prejuízo de devermos sindicar todo o julgamento, a nossa atenção centrar-se-á essencialmente nos pontos em que a Oponente manifesta discordância com a sentença. 2.2.2 DA PRESCRIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CORRESPONDENTES ÀS DÍVIDAS

EXEQUENDAS

Os factos que deram origem às dívidas exequendas referem-se aos anos de 1998 a 2004, datas em que o prazo de prescrição das dívidas por contribuições para a Segurança Social estava previsto, primeiro, na Lei 28/84, de 14 de Agosto, sendo de 10 anos, nos termos do disposto no seu art. 53.º, n.º 2, e contando-se do «início do ano seguinte àquele em que tiver ocorrido o facto tributário», nos termos prescritos no art. 34.º, n.º 2, do Código de Processo Tributário (CPT), em vigor à data (O Código de Processo Tributário esteve em vigor entre 1 de Julho de 1991 (art. 2.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 154/91, de 23 de Abril) e 1 de Janeiro de 2000 (arts. 2.º, n.º 1, e 4.º, do Decreto-Lei n.º 433/99, de 6 de Outubro, diploma que aprovou o Código de Procedimento e de Processo Tributário)) e subsidiariamente aplicável (Dada a natureza das contribuições para a Segurança Social, é-lhes subsidiariamente aplicável a legislação respeitante às relações jurídico-tributárias.) e, depois, no n.º 2 do art. 63.º da Lei n.º 17/2000, de 8 de Agosto, que diminui o prazo de prescrição para cinco anos e também estabeleceu que a contagem do prazo se faz «a contar da data em que aquela obrigação deveria ter sido cumprida», regime que se manteve, quer quanto ao prazo quer quanto ao termo inicial do prazo, com a Lei n.º 32/2002, de 20 de Dezembro (art. 49.º, n.º 1) e com a Lei n.º 4/2007, de 16 de Janeiro (art. 60.º, n.º 3).

Como é sabido, a determinação do prazo a aplicar, a efectuar nos termos do disposto no art. 297.º, n.º 1, do CC, depende do tempo que falta para a prescrição se completar à face de ambas as leis, considerado o momento da entrada em vigor da lei nova. JORGE LOPES DE SOUSA indica com clareza o método a seguir:

«Neste momento da entrada em vigor da lei nova, à face dela falta todo o tempo que ela prevê, naturalmente. Por isso, apenas é necessário calcular o tempo que, nesse momento, falta para a prescrição à face da lei antiga. Se faltar menos tempo do que o previsto no novo prazo, é de aplicar a lei antiga.

Esta contagem do prazo que falta faz-se considerando tudo o que consta da lei antiga (início, causas de suspensão e de interrupção) como se depreende do texto da parte final do n.º 1 do art. 297.º do CPPT, ao referir que o novo prazo aplica-se «a não ser que, segundo a lei antiga, falte menos tempo para o prazo se completar»; «segundo a lei antiga» significa calcular o prazo de prescrição que decorreu até à data da entrada em vigor da lei nova nos termos que a lei antiga prevê a respectiva contagem» (Sobre a Prescrição da Obrigação

Tributária, Notas Práticas, Áreas Editora, 2.ª edição, págs. 95/96. ). Apliquemos esta doutrina ao caso sub judice:

Tomando as contribuições mais antigas, do mês de Novembro do ano de 1998, o prazo de prescrição de 10 anos do art. 53.º, n.º 2, da Lei n.º 28/84, de 14 de Agosto, iniciou-se, de acordo com o disposto no art. 34.º, n.º 2, do CPT, em vigor à data, em 1 de Janeiro de 1999. Assim, quando em 4 de Fevereiro de 2001 entrou em vigor a lei nova (A Lei n.º 17/2000, de 8 de Agosto, entrou em vigor 180 dias após a data da sua publicação, nos termos do seu art. 119.º. Quanto à data da entrada em vigor desse diploma legal, vide o acórdão da Secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo de 25 de Julho de 2007, proferido no processo com o n.º 359/07, publicado no Apêndice ao Diário da República de 13 de Maio de 2008

(http://www.dre.pt/pdfgratisac/2007/32230.pdf), págs. 1318 a 1321, também disponível em

http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/44a80d0dbc585aae802573160050d2cf? OpenDocument.) – Lei n.º 17/2000, de 8 de Agosto – ainda tinham decorrido pouco mais de dois anos do prazo de dez fixado pela lei velha – a Lei n.º 28/84, de 14 de Agosto –, motivo porque, nos termos do critério exposto, o prazo prescricional a aplicar é o da lei nova, a contar de 4 de Fevereiro de 2001.

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17/2000, de 8 de Agosto, o prazo de prescrição é também o nela previsto.

Assim, o prazo prescricional a considerar relativamente a todas as dívidas exequendas é de cinco anos, sendo que a sua contagem se faz com início no dia 4 de Fevereiro de 2001, relativamente às dívidas que se constituíram antes dessa data, e com início na data em que deveriam ter sido cumpridas as obrigações que as originaram, relativamente às dívidas que se constituíram ulteriormente.

Dito isto, podemos também assentar que, relativamente a todas as dívidas em cobrança coerciva, esse prazo, como aliás aceita a Recorrente, se interrompeu em 14 de Abril de 2004, com a citação do marido da Oponente, em face do disposto no art. 49.º, n.º 1, da LGT. Na verdade, o efeito interruptivo decorrente da citação de um dos responsáveis solidários, produz efeitos relativamente aos demais, como decorre inequivocamente do disposto no n.º 2 do art. 48.º da LGT (Diz o n.º 2 do art. 48.º da LGT: «As causas de suspensão ou interrupção da prescrição aproveitam igualmente ao devedor principal e aos responsáveis solidários ou subsidiários».). Interrupção que tem

como efeito, nos termos do art. 326.º, n.º 1, do CC, a inutilização de todo o prazo decorrido até esse momento.

É certo que a paragem do processo por mais de um ano por motivo não imputável ao contribuinte teria como efeito, desde que esse período se tivesse completado antes da revogação do n.º 2 do art. 49.º da LGT, a degradação desse efeito interruptivo em efeito suspensivo (O art. 49.º, n.º 2, da LGT, dispunha: «A paragem do processo por período superior a um ano por facto não imputável ao sujeito passivo faz cessar o efeito previsto no número anterior, somando-se, neste caso, o tempo que decorrer após esse período ao que tiver decorrido até à data da autuação». No entanto, essa norma legal foi revogada pelo art. 90.º da Lei nº 53-A/2006, de 29 de Dezembro (Lei do Orçamento de Estado para 2007), sendo que a revogação, nos termos do art. 91.º do mesmo diploma, aplica-se a todos os prazos de prescrição em curso, objecto de interrupção, em que, à data da sua entrada em vigor – 1 de Janeiro de 2007 (cf. o seu art. 163.º) – ainda não tenha decorrido o período superior a um ano de paragem do processo por facto não imputável ao sujeito passivo.). No entanto, no caso sub judice, porque não foi dada como provada qualquer paragem do processo, não faz sentido esgrimir esse

argumento, como o faz a Recorrente.

Assim, e porque ainda não se iniciou novo prazo de prescrição, o que só sucederia com o trânsito em julgado da decisão que pusesse termo ao processo de execução fiscal (cfr. art. 327.º, n.º 1, do CC), somos levados a concluir que não estão prescritas as obrigações correspondentes às dívidas exequendas, motivo por que o recurso não pode ser provido. 2.2.3 CONCLUSÕES

Preparando a decisão, formulamos as seguintes conclusões:

I - A Lei n.º 17/2000, de 8 de Agosto, entrou em vigor no dia 4 de Fevereiro de 2001, nos termos do seu artigo 119.º, data com referência à qual há-de determinar-se, relativamente a cada uma das dívidas, qual o prazo a aplicar, elegendo como aplicável o prazo novo,

considerado em abstracto, ou seja, sem ponderar a interferência de causas de suspensão ou interrupção da prescrição que possam vir a ocorrer na vigência da lei nova, salvo se o

estabelecido na lei antiga, concretamente considerado, primeiro se perfizer, em obediência ao disposto no n.º 1 do artigo 297.º do CC.

II - A interrupção da prescrição derivada da citação de um dos responsáveis solidários, produz efeitos relativamente aos demais, atento o disposto no n.º 2 do art. 48.º da LGT. III - O n.º 2 do art. 49.º da LGT – que previa a cessação do efeito interruptivo para os casos de paragem do processo por mais de um ano por motivo não imputável ao contribuinte e sua degradação em efeito suspensivo – foi revogado pelo art. 90.º da Lei n.º 53-A/2006, de 29 de Dezembro, ressalvando-se unicamente os casos em que em 31 de Dezembro de 2006 se tivesse já completado um ano de paragem do processo por facto não imputável ao sujeito passivo (art. 91.º da referida Lei).

* * * 3. DECISÃO

(6)

Face ao exposto, os juízes deste Supremo Tribunal Administrativo acordam, em conferência, negar provimento ao recurso.

* Custas pela Recorrente.

*

Lisboa, 9 de Maio de 2012. – Francisco Rothes (relator) – Fernanda Maçãs – Casimiro Gonçalves.

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