1
IV Simpósio sobre Gestão Empresarial e Sustentabilidade:
Negócios Sociais e seus Desafios
24 e 25 de novembro de 2015 Campo Grande-MS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR: O caso da Universidade Federal da Fronteira Sul –UFFS
ÁREATEMÁTICA:“Estratégias Sustentáveis” TEMA:Indicadores e Sustentabilidade
JOSIANE WEBER
Mestranda em Administração pela UNOESC E-mail:josiweber@yahoo.com.br
NELSON SANTOS MACHADO
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). Atua como Professor e Pesquisador da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc).
E-mail: nelson.machado@unoesc.edu.br 1 INTRODUÇÃO
A discussão acerca da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável tem ganhado cada vez mais espaço na agenda política, tanto em âmbito público quanto privado. Para Viegas e Cabral (2015) isso ocorre principalmente em função dos problemas ambientais que marcaram o final do século XX, destaca-se que estes temas vêm sendo tratados desde os anos 70. A sustentabilidade tem como finalidade harmonizar as questões econômicas, ambientais e sociais (VAN BELLEN, 2006), o desenvolvimento sustentável pode ser definido como “aquele que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender às suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p.9).
Muitas Instituições de Ensino Superior – IES estão focadas no desenvolvimento de ações de sustentabilidade com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável nas regiões nas quais estão inseridas e a capacitação e formação de seus acadêmicos de maneira que consigam promover a mudança necessária na sociedade. Em inúmeros casos, essas ações não são mensuradas, o que prejudica uma correta avaliação por parte destas instituições quanto à eficácia e efetividade de suas iniciativas em prol da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável.
Os indicadores de sustentabilidade são uma ferramenta didática, que auxilia na compreensão do significado operacional do conceito de desenvolvimento sustentável (VAN BELLEN, 2005). Além de servir para verificar o grau de sustentabilidade são uma forma de divulgação e comunicação para os tomadores de decisão e para a sociedade em geral (BRANDLI et al, 2011). Na concepção de Nixon (2002) a avaliação e divulgação da sustentabilidade no Campus Universitário objetiva a compreensão da instituição quanto a sustentabilidade, identificação de áreas estratégicas que contribuam significativamente no desempenho da instituição frente a sustentabilidade e ainda contribuem para a construção de uma cultura organizacional voltada para a sustentabilidade.
Diante do exposto, o tema desta pesquisa refere-se aos indicadores utilizados pelas IESs na gestão da sustentabilidade, auxiliando no acompanhamento, avaliação e divulgação de suas
2
ações. O problema que norteará o desenvolvimento deste estudo consiste em responder a seguinte questão central de pesquisa: quais elementos devem integrar o sistema de indicadores de sustentabilidade para a Universidade Federal da Fronteira Sul, considerando seu contexto interno e externo?
Justifica-se o desenvolvimento desta estudo tendo em vista a relevância do tema Sustentabilidade, bem como a necessidade de verificar se uma IES consegue cumprir o seu papel de contribuir para o desenvolvimento sustentável da região na qual está inserida (BRANDLI et al, 2011), papel este fundamental na atualidade. A partir do registro e da divulgação dos indicadores de sustentabilidade, pode-se avaliar a atuação da organização no que se refere as suas ações em prol da sustentabilidade, considerando os aspectos ambientais, econômicos e sociais conforme preconiza o modelo Tiple Bottom Line – TBL, proposto por Elkignton (2011).
Um relatório de sustentabilidade bem elaborado contribui para otimizar as práticas de gestão da instituição e as questões relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão. No caso da UFFS, em função de sua estrutura multicampi, as ações podem ocorrer de forma isolada, e este documento poderá servir para disseminar as boas práticas em todos os campi da Universidade de forma a institucionalizá-las. As vantagens para a comunidade externa encontram-se no fato de a UFFS poder servir de modelo para outras organizações e prestar contas acerca de suas ações a todos os stakeholders envolvidos direta ou indiretamente em suas atividades. Destaca-se a forte participação dos movimentos sociais desde a implantação da UFFS, a qual tem como parte de sua missão buscar a inclusão social e o desenvolvimento regional integrado, com perfil voltado ao compromisso com o desenvolvimento sustentável, agricultura familiar e respeito à diversidade cultural, visando contribuir no combate às desigualdades sociais (UFFS, 2015).
Apesar das inúmeras ferramentas existentes para medir e divulgar a sustentabilidade nas organizações, percebe-se uma lacuna quando se trata de instrumentos específicos legitimados que atendam as particularidades e a complexidade de uma Instituição de Ensino Superior. Neste intuito, tem-se como objetivo geral propor um sistema de indicadores de sustentabilidade adequado às necessidades da UFFS, considerando seu contexto interno e externo. Para tanto, pretende-se: identificar os sistemas de indicadores de sustentabilidade reconhecidos e legitimados na literatura; elaborar um diagnóstico da sustentabilidade nas práticas de gestão da UFFS; selecionar e validar indicadores de sustentabilidade que atendam às características e necessidades da UFFS; e, por fim, propor um modelo de relatório de sustentabilidade para a instituição em estudo.
2 METODOLOGIA
A pesquisa classifica-se como aplicada, descritiva de abordagem qualitativa, com enfoque no estudo de caso. Os dados serão coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, questionários, grupo focal, pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. O método utilizado para a análise das entrevistas e grupo focal será a Análise de Conteúdo. Foram definidas como categorias de análise os pilares social, ambiental e econômico da sustentabilidade e os indicadores que permitem evidenciar o quanto uma organização adota ações sustentáveis, pondendo ser incluídas outras categorias durante o desenvolvimento do estudo. Os resultados da aplicação dos questionários serão analisados a partir da estatística descritiva, que permite organizar, descrever, analisar e interpretar os dados.
Para definição de conteúdo de um relatório de sustentabilidade, segundo a GRI (2013) deve-se atender a quatro etapas: identificação, priorização, validação e análise. A identificação será desenvolvida por meio das entrevistas e consiste em descrever o contexto da sustentabilidade na organização, identificar os impactos ambientais sociais e econômicos e ainda listar os stakeholders. A fase de priorização, consiste em verificar a materialidade, limite
3
e nível de cobertura dos aspectos relacionados na identificação, que será atendida através dos questionários. A validação consiste em verificar se o relatório descreve de forma razoável e equilibrada a situação da sustentabilidade na organização e permite a avaliação de seu desempenho, que será alcançada a partir do grupo focal. A etapa de análise deve ser executada após a aplicação do relatório em um determinado período, que neste estudo ocorrerá na revisão final do modelo.
A pesquisa foi dividida em sete momentos, conforme demonstrado no quadro 1, que apresenta uma síntese das fases, contendo as técnicas de coleta e análise utilizadas para cada objetivo do estudo.
Quadro 1 – Fases da pesquisa
Fases Técnica de Coleta Técnica de análise Objetivo
1º Momento Pesquisa Bibliográfica e
Documental Análise de conteúdo
Descrever o que existe na literatura sobre o tema, bem como coletar e analisar documentos disponíveis na UFFS.
2º Momento
Entrevista semiestruturadas com o primeiro escalão da UFFS
Análise de conteúdo
Identificar a percepção dos gestores sobre a sustentabilidade, conhecer o que é feito e identificar o interesse deles na implantação de um sistema de indicares de sustentabilidade.
3º Momento Construção de modelo preliminar Para oferecer subsídios à elaboração dos
questionários. 4º Momento Aplicação do questionário
ao nível gerencial
Estatística descritiva
Verificar os dados que são sistematizados e como fazer para sistematizar os demais requeridos no modelo.
5º Momento Revisão do modelo proposto Incorporar as melhorias percebidas na
tabulação dos questionários respondidos.
6º Momento
Utilização de grupo focal com os participantes das entrevistas e três especialistas
Análise de conteúdo
Avaliar a viabilidade do modelo e valida-lo para aplicação futura.
7º Momento Revisão final do modelo Incorporar as melhorias e ajustes
indicados na interação com o grupo focal. Fonte: Os autores (2015)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultado deste estudo espera-se identificar os sistemas de indicadores de sustentabilidade reconhecidos e legitimados na literatura. Prentende-se ainda conhecer as práticas desenvolvidas em outras IESs nacionais e internacionais. Obter um diagnóstico da sustentabilidade nas práticas de gestão da Universidade Federal da Fronteira Sul a partir de entrevistas e análise documental. Selecionar e validar indicadores de sustentabilidade que atendam às características e necessidades da Instituição; e propor um sistema de indicadores de sustentabilidade adequado às necessidades da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, considerando seu contexto interno e externo. Também se espera que este sistema possa ser utilizado por outras Instituições de Ensino Superior, desde que adequados às respectivas realidades.
O principal benefício esperado é que o sistema de indicadores de sustentabilidade a ser criado possa contribuir para a gestão da sustentabilidade na instituição. A avaliação e divulgação da sustentabilidade oferece vantagens como: garantir o sucesso da instituição no longo prazo; atender a legislação; redução de custos; melhoria no ambiente de trabalho e aprendizagem; contribuem ainda para a imagem da instituição e para disseminar as boas práticas entre as instituições (NIXON, 2002).
4
Pretende-se contribuir para que a UFFS avalie o cumprimento de seu papel com a sustentabilidade e com o desenvolvimento sustentável regional. E ainda, que através da comunicação de suas ações possa servir como modelo para outras organizações ao seu entorno. 4 CONCLUSÃO
A crescente preocupação de organizações das mais diversas áreas, do poder público e da sociedade como um todo, em prezar pelo desenvolvimento de forma que contemple a sustentabilidade, põe em evidência a importância de medi-la nas organizações. Neste sentido, estudos que visem elencar indicadores que possam contribuir com a gestão sustentável são extremamente relevantes. Os indicadores podem contribuir para o atendimento da legislação, redução de custos, melhorar a imagem da organização na sociedade, dentre outros.
As IES devem avaliar e divulgar suas ações de sustentabilidade, considerando seu papel como agente formador e ainda sua responsabilidade em fomentar a sustentabilidade e contribuir com o desenvolvimento sustentável das regiões em que está inserida. Diante disso espera-se que o sistema de indicadores a ser proposto possa contribuir para que a UFFS atenda a estes objetivos, que seja incorporado na gestão da instituição e contribuir para fortalecer a política da sustentabilidade da organização.
Em termos de recomendação para estudos futuros, sugere-se a aplicação do sistema de indicadores proposto, afim de testá-lo e implantá-lo na Instituição.
REFERÊNCIAS
BRANDLI, L. L.; et al. Indicadores de sustentabilidade ambiental da Universidade de Passo Fundo. Revista CIATEC – UPF, vol.3n°1, p. 22-35. 2011. Disponível em:
http://www.upf.br/seer/index.php/ciatec/article/view/2188. Acesso em: 10 out. 2014. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – CMMAD. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991.
ELKIGNTON, J. A Teoria dos Três Pilares. In: ELKIGNTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Makron Books, 2001.
GLOBAL REPORTING INITIATIVE - GRI. G4 - Sustainability Reporting Guidelines. 2013. Disponível em: https://www.globalreporting.org/resourcelibrary. Acesso em: 01 dez. 2014.
NIXON, A. Improving the campus sustainability assessment process. (Undergraduate Honors Theses). Western Michigan University, 2002.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – UFFS. A Instituição,2015. Disponível em:
http://www.uffs.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=90&Itemid=822. Acesso em: 01 abr. 2015.
VAN BELLEN, H. M. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
______.Indicadores de sustentabilidade: um levantamento dos principais sistemas de avaliação.Cadernos EBAPE.BR, v. 2, n. 1, p. 1-14, 2005.
5
VIEGAS, S. de F. da S.; CABRAL, E. R. Práticas de sustentabilidade em instituições de ensino superior: evidências de mudanças na gestão organizacional. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, Florianópolis, p. 236-259, fev. 2015. ISSN 1983-4535. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/gual/article/view/1983-4535.2015v8n1p236>. Acesso em: 18 out. 2015.