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LIVRO_Sumário - Trabalho e trabalhadores nas sociedades contemporâneas

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Academic year: 2021

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TRABALHO E TRABALHADORES

NAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS

Outras lentes sobre invisibilidades construídas

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© 2014, Elsevier Editora Ltda.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Copidesque: Isis Batista Pinto

Revisão Gráfica: Adriana Araujo Kramer Editoração Eletrônica: Thomson Digital

Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16 o andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Rua Quintana, 753 – 8 o andar

04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil

Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340

atendimento1@elsevier.com

ISBN : 978-85-352-7940-5

ISBN (versão eletrônica) : 978-85-352-7941-2

Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No en-tanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Aten-dimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.

Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por even-tuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ N243t

Naves, Flavia

Trabalho e trabalhadores nas sociedades contemporâneas: outras lentes sobre invisibilidades construídas / Flavia Naves. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

23 cm.

Inclui bibliografia Referencias

ISBN 9788535279405

1. Trabalho. 2. Trabalhadores. 3. Sociologia do trabalho. I. Título.

14-13065 CDD: 331.1

CDU: 331.1

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[...]

Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia [...]

De fato, como podia Um operário em construção Compreender por que um tijolo Valia mais do que um pão? Tijolos ele empilhava Com pá, cimento e esquadria Quanto ao pão, ele o comia... Mas fosse comer tijolo! E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento Além uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse, eventualmente Um operário em construção. Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia À mesa, ao cortar o pão O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa

– Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. Ah, homens de pensamento Não sabereis nunca o quanto Aquele humilde operário Soube naquele momento! [...]

Foi dentro da compreensão Desse instante solitário Que, tal sua construção Cresceu também o operário. Cresceu em alto e profundo Em largo e no coração E como tudo que cresce Ele não cresceu em vão Pois além do que sabia – Exercer a profissão – O operário adquiriu Uma nova dimensão: A dimensão da poesia.

(Vinícius de Moraes, Operário em construção, 1959)

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Sobre a organizadora

FLÁVIA NAVES

Professora do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras. Doutora pelo CPDA da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. É coordenadora do Laboratório de Estudos Transdisciplinares – LETRA, membro do Núcleo de Estudos em Organizações, Gestão e Sociedade - NEORGS e, atualmente, pesquisadora selecionada pela Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG, no Programa Pesquisador Mineiro (PPM).

Sobre os autores

ALESSANDRO GOMES ENOQUE

Professor do Curso de Administração da Universidade Federal de Uberlândia (Campus do Pontal). Doutor em Ciências Humanas (Sociologia e Ciência Política) pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/ UFMG). Pesquisador Visitante na University of Texas at Austin.

ALEX FERNANDO BORGES

Professor da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutorando em Administração no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (PPGA/UFLA). Pesquisador-líder do Núcleo de Estudos em Organizações - NEOrg (FACIP/UFU). Pesquisador do Núcleo de Estudos em Organizações, Gestão e Sociedade - NEORGS.

ALEXANDRE DE PÁDUA CARRIERI

Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenador do NEOS - Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade. Atua na linha de pesquisa Estudos Organizacionais e Sociedade.

ANDRÉIA DE OLIVEIRA SANTOS

Professora substituta do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET, no curso de graduação em Administração. Professora no curso de Processos Gerenciais do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNIBH. Pesquisadora do Núcleo de Contabilidade - NUCONT da Faculdade Novos Horizontes. Mestra em Administração e bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade Novos Horizontes.

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vi Sobre os autores

CEYÇA LIA PALEROSI BORGES

Professora da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFS e das Faculdades Alto Iguaçu – FAI. Mestre em Administração de Empresa pela Universidade Federal de Lavras. Pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Organizações, Gestão e Sociedade – NEORGS.

CLÉRIA DONIZETE DA SILVA LOURENÇO

Professora do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras. Mestre e doutora em Administração pela Universidade Federal de Lavras. Pesquisadora do Laboratório de Estudos Transdisciplinares – LETRA, do Núcleo de Estudos sobre Organizações, Gestão e Sociedade – NEORGS e tutora do PET Administração.

FERNANDA MITSUE SOARES ONUMA

Professora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas - ICSA, da Universidade Federal de Alfenas, campus Varginha-MG. Doutoranda em Administração pelo PPGA da Universidade Federal de Lavras. Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Organizações, Gestão e Sociedade - NEORGS e do Laboratório de Estudos Transdisciplinares - LETRA, ambos da UFLA.

GUSTAVO XIMENES CUNHA

Professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) e docente do Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública e Sociedade (PPGPS/UNIFAL-MG). Mestre e Doutor em Linguística pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desenvolve pesquisa de Pós-Dou-torado junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos (POSLIN), da Faculdade de Letras da UFMG. Pesquisador do Grupo de Estudos sobre a Articulação do Discurso e do Grupo de Estudos da Oralidade e da Escrita, ambos da UFMG.

JULIANA CRISTINA TEIXEIRA

Professora do Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis da Universi-dade Federal de São João del-Rei. Doutoranda em Administração pelo Centro de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais - CEPEAD/UFMG na linha de pesquisa Estudos Organizacionais e Sociedade. Pes-quisadora do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade - NEOS / UFMG e do Grupo de Estudos sobre Poder em Organizações - GEPO / UFES.

KELY CÉSAR MARTINS DE PAIVA

Professora e Pesquisadora do Departamento de Ciências Administrativas (CAD), Cen-tro de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (CEPEAD), Faculdade de Ciências Econômicas (FACE), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do

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Sobre os autores vii

Núcleo de Pesquisa em Comportamento e Mudança Organizacional (Necom - UFMG), do Núcleo de Estudos Críticos Sobre Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (NEC-GPRT-UFMG), do Núcleo de Relações de Trabalho e Tecnologias de Gestão (Nurteg FNH) e do Núcleo de Estudos sobre Estado, Trabalho e Sociedade (Nets, UFPB). Doutora, Mestre e Bacharel em Administração (UFMG).

KÉSIA APARECIDA TEIXEIRA SILVA

Professora e Coordenadora de Pesquisa no Curso de Administração da PUC Minas Arcos. Doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Lavras, na linha de pesquisa de Organizações Gestão e Sociedade. Pesquisadora dos grupos de pes-quisa NEORG (Núcleo de Estudos em Organizações Gestão e Sociedade) e Letra (Laboratório de Estudos Transdisciplinares) na UFLA.

LILIAN BARROS MOREIRA

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras na área Organiza-ções, Mudanças e Estratégia. Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras. Tem experiência em educação à distância, atuando como tutora dessa modalidade em cursos da Universidade Federal de Lavras e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais. Pesquisadora do Laboratório de Estudos Transdisciplinares – LETRA e do Núcleo de Estudos em Organizações, Gestão e Sociedade - NEORGS, desenvolvendo pesquisas sobre diversidade; pessoas com deficiência (PCDs); Identidade e Cultura.

LUIZ ALEX SILVA SARAIVA

Professor do Departamento de Ciências Administrativas da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisador da linha de pesquisa Estudos Organizacionais e Sociedade. Pesquisador do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade da Universidade Federal de Minas Gerais, do Núcleo de Estudos Organizacionais e Tecnologias de Gestão da Universidade Salvador e do Grupo de Estudos sobre Poder em Organizações da Universidade Federal do Espírito Santo. Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais.

MICHELLE REGINA SANTANA DUTRA

Professora do Centro Universitário de Belo Horizonte - UNI-BH. É membro do Núcleo de Relações de Trabalho e Tecnologias de Gestão (NURTEG). É bolsista de Apoio Técnico da FAPEMIG na Universidade Federal de Minas Gerais. Possui mestrado em Administração na Faculdade Novos Horizontes e experiência na área de Adminis-tração, com ênfase em Organização e Estratégia.

MÔNICA CARVALHO ALVES CAPPELLE

Professora do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras. Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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viii Sobre os autores

Coordenadora do grupo de pesquisa - Núcleo de Estudos em Organizações, Gestão e Sociedade - NEORGS. Coordenadora da Câmara CSA (Ciências Sociais Aplicadas) da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG. Líder do tema Gênero e Diversidade na ANPAD, área de Estudos Organizacionais. Bolsista de Produtividade do CNPq, nível PQ-2.

MOZAR JOSÉ DE BRITO

Professor do Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras. Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Atuou como coor-denador da câmara SHA da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e do Programa de Pós-graduação em Administração. Foi Pró-Reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Lavras.

VALÉRIA REZENDE FREITAS BARROS

Estagiária da Faculdade Novos Horizontes, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Possui graduação em Administração pela Faculdade Novos Horizontes. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Adminis-tração, atuando principalmente nos seguintes temas: educação a distância, docente, competência, empoderamento e gênero.

VIVIANE GUIMARÃES PEREIRA

Professora na Universidade Federal de Itajubá. Doutora em Administração - Desen-volvimento, Gestão Social e Ambiente, pela Universidade Federal de Lavras. Traba-lhou como assessora técnica e política às organizações de trabalhadores rurais no sul e sudeste do Maranhão. No Vale do Jequitinhonha (MG) atuou como assessora aos atingidos por barragens e na articulação de políticas públicas para o desenvolvimento da agricultura familiar.

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Apresentação

Flávia Naves

O objetivo desta obra é apresentar e debater, por meio de diversas pers-pectivas teóricas, metodológicas e empíricas, faces do trabalho na con-temporaneidade, especialmente na sociedade brasileira. Trabalho é tratado aqui como processo e como categoria relacional, não se resumindo ao emprego assalariado, formal, vinculado a empresas ou desenvolvido exclusivamente em áreas urbanas. O trabalho é uma construção his-tórica, uma construção dos sujeitos e de suas subjetividades individuais e coletivas. Dada sua complexidade e diante das mudanças técnicas e sociais contemporâneas, compreender o trabalho é compreender também as sociedades nas quais ele se desenvolve. Castel (2013) defende que com-preender as relações de trabalho para além da prática técnica é elemento fundamental para avaliar os rumos de nossas sociedades.

Ao mesmo tempo, uma visão mais complexa sobre nossas sociedades contribui para revelar um mosaico de possibilidades de compreensão dos processos de trabalho, que nem sempre são legítimos, nem sempre são lembrados, mas são parte das engrenagens que conformam essas mes-mas sociedades. Isso implica, assim como defende Slater (2000, p. 508) , “questionar o socialmente dado”, processo que tem implicações e reflete desafios também para o campo científico.

No campo das ciências sociais, vários autores têm criticado os rumos da produção do conhecimento, defendendo a necessidade de articular ou aproximar tal processo de fenômenos sociais contemporâneos ( Waiz-bort, 2007 ; Reis, 1999 ; Sousa Santos, 2009).

Waizbort (2007) afirma que a sociologia – e poderíamos estender essa afirmação também para outras áreas científicas – precisa atualizar sempre mais sua consciência histórica, para perceber o que há nos tempos que correm que os singulariza em relação a outros tempos e em que medida . Debate semelhante tem surgido no âmbito dos estudos organizacionais, questionando o reducionismo na análise de sistemas sociais e processos de organização ( Ramos, 1981 ); o estreitamento e formalismo das definições de organização ( Misoczky, Flores e Silva, 2008 ); o isolamento que o campo impõe do objeto em relação às condições sociais que o constitui (Carrieri e Paço-Cunha, 2009).

Ora, quantas vezes não assistimos, assim como lembra Chanlat (1999), à ortodoxia e ao fechamento intelectual executarem sua obra de demolição

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x Apresentação

ou de purificação acadêmica? Sempre que essas forças colocam-se em movimento, elas reduzem, na mesma dimensão, o campo dos possíveis. Transformam o universo da reflexão em um campo cujo único objetivo é o de perpetuar o poder e no qual o pensamento verdadeiro desaparece em benefício do que se chama, atualmente, de o pensamento único.

Superar tais simplificações demanda “outras lentes”, outras perspec-tivas, um pouco de estranhamento, uma “desacomodação” em relação às perspectivas dominantes de análise e interpretação dos fenômenos sociais. Rosa (2008) defende que a possibilidade de enxergar outras formas de organizar depende da adoção do pensamento libertário e subversivo.

Vejam que não se trata necessariamente de algo novo – lentes, pers-pectivas ou fatos –, mas de criar condições de visibilidade para processos que estão em curso em nossas sociedades, dinâmicas de trabalho muitas vezes centenárias, ocultadas por perspectivas dominantes.

Embora seja possível identificar nos manuais de empregabilidade requisitos como amplos conhecimentos, aptidões diferenciadas, criativi-dade, iniciativa e grande investimento pessoal, muitas das pessoas que seguem tais manuais não encontram trabalho ou as condições esperadas para o desenvolvimento de suas carreiras, apesar de toda dedicação. Todos estão assustados com o desemprego crescente – dados da Organização Internacional do Trabalho (ONU, 2014) mostram que em 2013 havia mais de 200 milhões de desempregados no mundo. A oferta reduzida de empregos leva trabalhadores qualificados a aceitarem ocupações que demandam pouca qualificação, outros aceitam salários mais baixos ou abrem mão de requisitos mínimos de segurança e higiene para conseguir e manter um posto de trabalho. As relações de trabalho examinadas de perto, para além da técnica e do formalismo, se mostram marcadas por disparidades de poder que podem se expressar de forma mais sutil ou concreta, dependendo da atividade.

Em outras palavras, há um distanciamento entre imagens e expectativas sobre o trabalho (satisfação, realização, dignidade) e o que a maioria dos trabalhadores de fato encontra e vivencia quando passa a fazer parte desse contexto.

Os conflitos e contradições relativos ao mundo do trabalho têm sido enfatizados em diferentes abordagens teóricas. Da Teoria do Processo de Trabalho difundida por pesquisadores como Harry Braverman até a Psicodi-nâmica do Trabalho de Christophe Dejours, várias pesquisas jogam por terra a ficção de que o trabalho, de forma geral, dignifica e realiza os trabalhadores. No contexto capitalista, a categoria trabalho tem sido predominante-mente tratada como sinônimo de emprego. A perspectiva estreita desse

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Apresentação xi

“trabalho-emprego”, legitimado socialmente, que garantiria dignidade e atendimento das demandas daqueles que o executam, representa um grave risco à compreensão de nossas sociedades, à medida que, por um lado, problematiza pouco as condições e relações de trabalho, sobretudo quando se trata de empregos pouco valorizados social, moral ou financeiramente, nos quais a precarização passa a ser tratada como algo natural, inerente à atividade. Por outro lado, exclui ou ignora a diversidade de possibilidades de processos de trabalho – para além do âmbito formal, fora de padrões tidos como legítimos ou desenvolvidos fora do meio urbano – e o elevado número de pessoas que se dedicam a atividades como essas, que não são declarada-mente empregados ou empregadores, até porque seu trabalho estabelece ou lida com outras categorias. Essa perspectiva alimenta uma visão de mundo e imaginário social de que o “trabalho-emprego” socialmente legitimado seria a única forma pela qual o trabalhador encontraria condições adequadas para se realizar e de que todos aqueles que estão fora desse círculo de relações se tornariam, assim como suas práticas, lógicas e estratégias, invisíveis.

“Não nos esqueçamos de que a condição de assalariado, que hoje ocupa a grande maioria dos ativos e a que está vinculada a maior parte das proteções contra os riscos sociais, foi, durante muito tempo, uma das situações mais incertas e, também, uma das mais indignas e miseráveis. Alguém era um as-salariado quando não era nada e nada tinha para trocar, exceto a força de seus braços. Alguém caía na condição de assalariado quando sua situação se degradava: o artesão arruinado, o agricultor que a terra não alimentava mais, o aprendiz que não conseguia chegar a mestre... Estar ou cair na condição de assalariado era instalar-se na dependência, se condenado a viver “da jornada”, achar-se sob o domínio da necessidade”

( CASTEL, 2013 , p. 21) . O trabalhador-empregado, nas sociedades contemporâneas, tem status de mercadoria, mas uma “mercadoria fictícia”, segundo Karl Polanyi (2000) (assim como terra e dinheiro), já que “trabalho é apenas outro nome para a atividade humana que acompanha a própria vida, que, por sua vez, não é produzida para venda, mas, por razões inteiramente diversas, e essa atividade não pode ser destacada do resto da vida, não pode ser armazenada ou mobilizada” ( Polanyi, 2000 , p. 94). Mas, uma vez que prevalecem práticas baseadas nesse significado, o trabalhador, portador dessa mercadoria peculiar sobre a qual não exerce controle, enfrenta vários problemas. Os processos de controle externo sobre o trabalho implicam tentativas de controle da subjetividade do trabalhador, o que acarretaria, segundo Dejours (2006 ), sofrimento no trabalho e perda de identidade.

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xii Apresentação

Nesse contexto de contradições e desafios, dois aspectos precedem e fundamentam as discussões apresentadas nesta coletânea. Primeiro, reafirmamos que as implicações negativas decorrentes da forma como estão configuradas as relações de trabalho e emprego nas sociedades contemporâneas devem ser explicitadas, sobretudo, considerando que tais implicações ultrapassam a esfera estrita das relações produtivas, afetando relações sociais e formas de estruturação de nossas sociedades. Segundo, partimos do pressuposto de que as relações de emprego não são suficientes para resumir as relações de trabalho, sobretudo considerando-se que um grande número de pessoas no mundo sobrevive sem acesso a esse tipo de vínculo. Torna-se importante reconhecer e dar visibilidade a “outros” trabalhos e trabalhadores que habitam as sociedades contemporâneas e resistem às pressões e à invisibilidade decorrentes do não enquadramento ou da não adesão aos padrões dominantes.

À medida que ignoramos pistas sobre a diversidade de processos, conflitos, contradições e iniciativas envolvendo o mundo do trabalho, elas vão sendo apagadas de nosso cotidiano, excluídas do senso comum, e desvalorizadas no campo acadêmico, enfraquecendo nossa capacidade de interpretar e de intervir sobre nossas realidades. É sobre essas “invisi-bilidades construídas sobre os mundos do trabalho” que nos debruçamos nesta coletânea.

Algumas vezes, a invisibilidade não está necessariamente nos traba-lhadores, mas nas relações de trabalho menosprezadas por um discurso hegemônico que aborda exclusivamente aspectos positivos do trabalho: aquele que dá às pessoas condições de fazerem parte da sociedade (ainda que não se questione em que posição). Para tratar de “outros” aspectos que caracterizam relações de trabalho, é preciso ter “outros” protagonistas, nesse caso, os próprios trabalhadores que trazem para o centro da análise suas experiências. A começar pelos jovens.

O trabalho é uma questão que, desde cedo, preocupa os jovens. Seja porque acreditam que a conquista de uma vaga pode transformar suas vidas ou simplesmente porque não há outra alternativa que lhes garanta a sobrevivência imediata. É também motivo de tensão, já que oportunidades de emprego para esse grupo vêm se reduzindo nos últimos anos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (2013), o número de jovens de-sempregados no mundo ultrapassou os 74 milhões em 2013, e deve chegar a uma taxa de 12,8% até 2019. São números que têm levantado o debate sobre a necessidade de políticas públicas voltadas para esse público, cujos empregos envolvem, frequentemente, atividades repetitivas, sobre as quais os jovens exercem pouco controle, estando sujeitos a abusos que, muitas

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Apresentação xiii

vezes, tornam suas experiências iniciais de trabalho um sofrido ritual de passagem para o mercado e para o mundo adulto simultaneamente.

O capítulo intitulado “Estresse ocupacional de jovens trabalhadores” vem jogar luzes sobre as experiências de trabalho vivenciadas por jovens trabalhadores, focalizando especificamente as configurações de variáveis de estresse ocupacional. Por meio de pesquisa quali-quanti, as autoras Kely César Martins de Paiva, Michelle Regina Santana Dutra, Valéria Rezende Freitas Barros e Andréia de Oliveira Santos procuram dar voz a jovens que estão enfrentando, além dos desafios próprios da idade, as dificuldades de entrada no mercado de trabalho. Dentre os fatores de pressão no trabalho, os jovens participantes da pesquisa identificaram o relacionamento com o público, aspecto que, não por coincidência, também surge como crítico no cotidiano dos comerciários, jovens também em grande parte, sujeitos da pesquisa realizada por Cléria Donizete da Silva Lourenço, apresentada no Capítulo 2 .

Intitulado “O cliente ‘não tem sempre razão’: o trabalho precário nas relações entre consumidores e comerciários”, o capítulo busca com-preender o sentido atribuído pelos comerciários ao seu trabalho, com ênfase na relação com consumidores. Por meio de relatos e experiências desses trabalhadores, a autora retrata o cotidiano de trabalho no qual se impõe, como regra, a frase “o cliente tem sempre razão”. Essa premissa, que parece ter dominado o senso comum, tem implicações concretas sobre o trabalho dos comerciários, que se envolvem na exaustiva e imprevisível tarefa de atender às demandas dos clientes e, nesse processo, estão sujeitos a violência e sofrimento.

Tanto o trabalho exercido pelos comerciários (considerado, por eles mesmos, como “última opção”) quanto a primeira incursão de jovens no mercado de trabalho têm em comum a baixa qualificação demandada. Não se trata, portanto, de trabalho especializado, que exige uma formação es-pecífica e complexa, o que, para muitos, justificaria as relações precárias e os efeitos negativos identificados pelas autoras ao tratarem do tema. Apesar de simplista, essa mesma lógica (refletida provavelmente nas expectativas de muitos trabalhadores) poderia levar à conclusão de que trabalhos que demandam maior qualificação (curso superior, pós-gradua-ção etc.) estariam isentos de conflitos, constrangimentos e subordinapós-gradua-ção. Mas será que isso realmente acontece?

A carreira executiva é sonho de muitos dos jovens, estudantes e traba-lhadores; o que mais se aproximaria da “situação ideal” de trabalho. Poder, dinheiro e status caracterizam as imagens de executivos (de sucesso) que estão nas capas de revistas dos mais diversos tipos. Contudo, tais imagens

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xiv Apresentação

podem esconder conflitos e contradições. Em sociedades nas quais as corporações têm maior poder do que os governos, os interesses do capital têm produzido a precarização das relações de trabalho, independentemente do nível hierárquico ou da qualificação.

“Today, however, capital seeks to exploit our very sociability in all spheres of life. When we all become ‘human capital’ we not only have a job, or perform a job. We are the job. Even, when the work-day appears to be over. This is what some have called the rise off bio-power, where life itself is put to work: our sociability, imagination, resourcefulness, and our desire to learn and share ideas”

( CEDERSTROM & FLEMING, 2011 , p. 7) .

Mesmo assim, se jovens trabalhadores em atividades pouco qualificadas e sem perspectivas continuam a se dedicar na realização de seu traba-lho, o que se pode esperar do trabalhador que conseguiu alcançar um patamar executivo? Que tipo de dilemas enfrenta esse trabalhador? O capítulo intitulado “Comportamentos normopáticos no trabalho executivo contemporâneo: uma análise sob a ótica do filme ‘Amor sem escalas ” ’, escrito por Ceyça Lia Palerosi Borges, Mozar José de Brito e Mônica Carvalho Alves Cappelle propõe essa discussão. Utilizando o conceito de normopatia – relativo ao indivíduo que deixa de lado aspectos internos e subjetivos passando a orientar-se exclusivamente por aspectos normativos, concretos, materiais e externos como forma de se adaptar às demandas do trabalho e das organizações –, os autores desconstroem a imagem do executivo traduzida como sucesso, riqueza, poder e realização.

No entanto, estabelecer a diferença entre um comportamento normopá-tico e um comportamento “normal” pode ser algo difícil quando se discu-tem relações de trabalho. Isso porque as empresas têm buscado, nas últimas décadas, consolidar-se partindo de imagens socialmente responsáveis, de discursos de justiça e oportunidade que se opõem ou escondem a precariza-ção de práticas relativas ao meio ambiente, consumidores e trabalhadores.

Na construção dessa imagem de socialmente responsáveis, essas or-ganizações constroem processos discursivos de inclusão a trabalhadores com deficiência, por exemplo, pessoas que têm enfrentado conflitos profundos na sociedade para ter direito ao trabalho. Lilian Barros Moreira aborda essa questão no capítulo intitulado “Similaridades e diferenças no trabalho de pessoas com deficiência no Brasil e nos Estados Unidos”. A autora discute, por meio da análise das legislações e de entrevistas com trabalhadores com deficiência, os processos de inclusão em dois contextos distintos: no Brasil e nos Estados Unidos. Apesar das diferenças históricas,

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Apresentação xv

normativas e culturais dos dois países, as análises revelam como é delicada a questão do trabalho de pessoas com deficiência nos dois contextos, com os vários desafios e dificuldades. A invisibilidade das pessoas com deficiência, construída social e historicamente, aliada às exigências do capital, criam muitos obstáculos para que essas pessoas possam não apenas conseguir espaço no mercado de trabalho, mas também fazê-lo de forma não subalterna.

Algumas vezes, no entanto, é o próprio trabalho que invisibiliza o indivíduo, não apenas por um comportamento normopático (estratégia mais sofisticada de controle e poder), mas também por mecanismos mais concretos e cotidianos de dominação, como acontece com o traba-lho doméstico, abordado no capítulo intitulado “Uma ‘preta sem cor’: a invisibilidade do trabalho doméstico refletida em uma história de vida”, por Juliana Cristina Teixeira, Alexandre de Pádua Carrieri e Flávia Naves. A discussão se constrói na articulação entre a história do trabalho doméstico no Brasil e a história de vida de uma trabalhadora doméstica, processo que ajuda a compreender a invisibilidade desse trabalho. A partir desse capítulo, debatemos trabalhos que se constituem em uma esfera dis-tinta da até então abordada: a esfera alheia ao espaço da organização e/ou empresa tradicional. Apesar dessa distinção, esses capítulos continuam a integrar a colcha de retalhos aqui construída a respeito das invisibilidades construídas sobre o trabalho.

A discussão proposta pelos autores, nesse capítulo sobre o trabalho doméstico, reafirma “as desigualdades acumuladas”, apontadas por Ber-nardo Sorj (2000) , ou seja, o trabalho doméstico precisa ser compreendido em vinculação com questões de gênero, étnicas e sociais.

Aliás, desigualdades acumuladas perpassam vários contextos aqui analisados, como o trabalho doméstico, o trabalho de pessoas com defi-ciência, e estão presentes também no capítulo intitulado “‘Penduradas no tempo...’: representações sociais do trabalho feminino na atividade de corte de cana-de-açúcar”, escrito por Alessandro Gomes Enoque, Alex Fernando Borges e Luiz Alex Silva Saraiva. Nesse capítulo, os autores investigam uma hierarquização do trabalho na produção de cana-de-açúcar (atividade produtiva de destaque na economia nacional), apresentando a figura das “bituqueiras”, mulheres que atuam na coleta dos restos (“bitucas”) da cana, deixados para trás no processo de colheita. Além do trabalho invisível, são também invisíveis a precariedade que caracteriza a atividade, o preconceito e a submissão a que estão sujeitas as mulheres que executam esse trabalho. Assim, o capítulo sobre as “bituqueiras” busca dar voz às mulheres que articulam as vivências de trabalho e as pessoais para tentar compreender

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xvi Apresentação

sua própria identidade. As narrativas dessas trabalhadoras revelam a dureza do trabalho, as condições precárias que enfrentam com coragem, mas que são mais um elemento de desvalorização dessas mulheres pelas comunidades nas quais vivem e que insistem em classificá-las em função do seu trabalho como “mulheres sem vergonha” e “putas”.

No entanto, a descrição do trabalho das “bituqueiras” está muito dis-tante do trabalho desempenhado por prostitutas, discutido no capítulo “A luz ’vermelha’ no fim do túnel: sentidos subjetivos do trabalho na prostituição”, por Késia Aparecida Teixeira Silva, Mônica Carvalho Alves Cappelle e Flávia Naves. As autoras discutem esse trabalho que é socialmente deslegitimado, cuja referência no cotidiano é sempre, como revelam as “bituqueiras”, uma forma de ofensa. Mesmo assim, a pros-tituição é uma das atividades que mais cresce no mundo, seja como opção individual de trabalho ou como resultado da violência sobre mulheres e crianças (na maioria das vezes) que são obrigadas a entrar para a atividade. Vinculada ao comércio de bebidas e ao tráfico de drogas e de pessoas, a atividade gera lucros significativos que raramente ficam com as pros-titutas. Esse trabalho tem sido discutido por diversas perspectivas, muitas vezes contraditórias e indiferentes às percepções das trabalhadoras. Nesse capítulo, as prostitutas ganham voz para falar sobre suas trajetórias e os sentidos de seu trabalho. Em meio à desvalorização, culpa e solidão, seria possível, enfim, identificar aproximações entre prostitutas e “bituqueiras”, mulheres sujeitas às inúmeras faces da desvalorização de seu trabalho.

A essa altura podem surgir, de forma angustiada, algumas perguntas: Será que há mesmo outras possibilidades de trabalho em nossas socie-dades? Será possível construir relações de trabalho diferentes das que predominam na atualidade? No contexto capitalista, assim como vários tipos de trabalhadores e relações de trabalho, mesmo que corriqueiras, são invisibilizados, também as alternativas, as resistências e as lutas são devidamente ocultadas. Mesmo assim, há trabalhadores experimentando e construindo outras formas de relacionamento no e com o trabalho, o que não significa que não enfrentem também dificuldades, restrições e conflitos. Para esses grupos, o maior trabalho é aquele que envolve a resis-tência e a constante reconstrução de relações para manter suas próprias identidades.

Isso fica evidente no penúltimo capítulo desta coletânea, que tem o título “O trabalho de reconstrução e a reconstrução do trabalho: formas de ser, viver e fazer de agricultores tradicionais do Alto Jequitinhonha deslocados para novos ambientes”, escrito por Viviane Guimarães Pereira e Flávia Naves. Nele, os agricultores tradicionais que, em tempo de

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endeusamento de inovações, podem soar ultrapassados, são protagonistas de seu trabalho na construção e transmissão de seus conhecimentos, na definição de suas estratégias, mesmo enfrentando o desafio da recons-trução produtiva e social depois de serem expulsos de suas terras no Vale do Jequitinhonha para edificação de uma hidrelétrica. Ao contrário do comportamento normopático, que separa rigidamente vida e trabalho, priorizando o último, essas instâncias não se separam pela experiência e lógica desses agricultores, e se confundem em suas trajetórias.

Essa percepção sobre a realidade leva os agricultores a se relacio-narem de forma mais intensa e complexa com o meio ambiente em que vivem, não apenas tentando controlá-lo, mas aprendendo, produzindo conhecimentos que permitem conviver em diferentes espaços naturais e sociais. A complexidade das decisões, a busca constante por autonomia e a indissociabilidade entre planejamento e execução do trabalho que não se distingue da vida fazem com que essa narrativa sobre agricultores tradicionais desterritorializados se aproxime do debate proposto no último capítulo – “Sentidos subjetivos do trabalho em uma organização autoges-tionária”, elaborado por Fernanda Mitsue Soares Onuma, Flávia Naves e Gustavo Ximenes Cunha –, que marca o retorno à discussão sobre o trabalho no contexto organizacional, mas não tradicional.

Embora nesse capítulo os autores discutam o trabalho urbano industrial, a narrativa da transformação de uma empresa falida em uma organização autogestionária mostra, mesmo depois de a organização consolidar-se, que os trabalhadores precisam lutar pela sua legitimidade e continuidade num contexto capitalista. As narrativas dos trabalhadores, cheias de emoção, avançam no debate sobre a estreita e prescrita separação entre trabalho e vida. Ao recuperar a complexidade de construção do trabalho, mesmo em sociedades nas quais a autogestão é vista como utopia, os autores não fazem uma nova prescrição; apontam, sim, para a dinâmica incessante dos processos sociais.

De forma semelhante, esta publicação não se propõe a ser normativa, oferecer fórmulas ou respostas. A proposta de usar outras lentes para dis-cutir trabalho nas sociedades contemporâneas pretende mais mobilizar, instigar, sensibilizar os leitores, ampliar e complexificar nosso horizonte do possível, levantando novas ou mesmo trazendo à tona antigas, sim-ples e permanentes questões. Nossa ênfase é no processo, na estrada, no caminhar.

Ao mesmo tempo, não se trata de um conjunto de trabalhos produzidos com o distanciamento, indiferença ou pseudoneutralidade. Cada capítulo é fruto de um trabalho engajado, realizado em diferentes contextos, por

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pesquisadores que viram no cotidiano sinais de que havia algo além da superfície que valeria a pena investigar. Assim, cada capítulo é cons-truído na interlocução entre ideias dominantes no campo de estudos, mas também às margens deste. Nesses processos, os pesquisadores também se transformam, ao permitir que a realidade aponte novas possibilidades de interpretação das relações sociais; ou seja, os relatos aqui são também par-te da (re)construção inpar-tensa dos próprios pesquisadores e de seu trabalho.

Por isso mesmo, não se trata de uma publicação que finaliza um traba-lho. Não é um ponto-final. Esperamos que seja parte de um incessante e estimulante recomeço, de novas trocas, de reconstruções, de aberturas não apenas para nós autores, mas também para e com os leitores.

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Sumário

Sobre a organizadora v

Sobre os autores v

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1. Estresse ocupacional de jovens trabalhadores 1

2. O cliente “não tem sempre razão”: o trabalho precário

nas relações entre consumidores e comerciários 21

3. Comportamentos normopáticos no trabalho executivo contemporâneo: uma análise sob a ótica do filme

“Amor sem escalas” 41

4. Similaridades e diferenças no trabalho de pessoas

com deficiência no Brasil e nos Estados Unidos 61

5. Uma “preta sem cor”: a invisibilidade do trabalho

doméstico refletida em uma história de vida 81

6. “Penduradas no tempo...”: representações sociais do trabalho feminino na atividade de corte

de cana-de-açúcar 101

7. A luz “vermelha” no fim do túnel: sentidos subjetivos

do trabalho na prostituição 121

8. O trabalho de reconstrução e a reconstrução

do trabalho: formas de ser, viver e fazer de agricultores tradicionais do Alto Jequitinhonha deslocados

para novos ambientes 141

9. Sentidos subjetivos do trabalho em uma organização

autogestionária 161

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Referências

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