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Design & complexidade: as dimensões do humano nos processos de design

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO – CCE

Programa de Pós-Graduação em Design Doutorado

Design & Complexidade:

As dimensões do humano nos processos de design

Jorge Elias Dolzan

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para obtenção do grau de doutor de Design. Orientador: Prof. Ricardo Triska, Dr.

Florianópolis

2018

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Dedico este trabalho à minha esposa Renata Thais Segala Dolzan e nossa filha Catarina Segala Dolzan – prioridades em minha vida! Ao grande Prof. Dr. Rodrigo de Souza Mota, meu amigo Kiko – in memoriam

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Conhecer não consiste necessariamente, em

construir

sistemas

sobre

”bases

pré-determinadas” … trata-se –sobretudo… em

dialogar com a incerteza…

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Agradecimentos

Ao Programa de Pós em Design, da Universidade Federal de Santa Catarina e todo seu corpo docente, em especial ao meu orientador Prof. Dr. Ricardo Triska, cuja dedicação contribuiu para minha formação como pesquisador. A Prof Albertina e Prof Marcelo que, assumiram seus nomes me recomendando no processo de seleção. A Estácio que me permitiu, com bolsa de doutorado, aliviar a carga-horária puxada da docência nos três primeiros anos do doutorado. A colega e Prof Adriane Nopes, que em conversas na sala dos professores estimulou e contribuiu na abordagem deste trabalho. A Prof Gisele Merino que qualificou a maneira de abordar a complexidade do tema que decidi tratar. Ao Prof Luiz Fernando Figueiredo que de maneira sistemática contribuiu na organização do pensamento a ser assumido no caminhar da pesquisa. Ao Daniel, secretário do programa que, em nenhum momento, deixou de estar pronto de atender e resolver todos os problemas, e olha que não forma poucos... Obrigado Daniel!!! Aos colegas de turma e de estudo, em especial dois nomes (que representam todos os demais), João Carlos Vela e Eduardo Bridi – profissionais que tive o prazer de compartilhar algumas horas!!! Ao colega e amigo, Thiago Matozo, que contribuiu na fase de testes desta pesquisa. Obrigado, por isso também, à empresa Catarinas Design. As empresas Müller Eletrodomésticos (Sr. Márcio) e Escritório 566 (Altino – meu ex-aluno) que oportunizaram, dentro das possibilidades, a realização da pesquisa. Em especial ao professor, colega e grande referência – Prof Célio Teodorico do Escritório 566; e João Elias Soar (primo) que fez o contato com a Müller. Tio Ézio, tia Dora e João – obrigado pelas diárias em Timbó para a realização da pesquisa. Um agradecimento especial a minha família – meu pai – Alvair; minha mãe – Nadir; meu sogro – Seu Segala; minha sogra – D. Luiza. Minhas irmãs e cunhadas com seus respectivos agregados – Dé e Mano; Beta e João; Sophia e Thiago; Kelle e Rafa; Viviane. Destaco dois pequeninos: Frederico e minha afilhada amada: Pietra. Agradeço meu afilhado Theo e aos seus pais (meus compadres) Kátia e Mussa. E aos compadres Gui; Fábia – Bento e Ana. Aos amigos, todos que de Ipa em Ipa acompanharam com boas energias e boas musicas – “UR-Because” – nem tão boas assim! Aos amigos e colegas da SOL – Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte; que me permitiram pensar com design muitas das ações tomadas, assumindo comigo posturas complexas e situação complexas. Em especial agradeço a Rafael Palmares e Tufi Michreff Neto pela confiança. A Deus, que se faz sentido em tudo que faço.

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RESUMO

DOLZAN, Jorge Elias. Design & Complexidade: As dimensões do humano nos processos de design. 2018. Tese (Doutorado em Design) – Programa de Pós-graduação em Design, UFSC, Florianópolis, 2018. Orientador: Ricardo Triska, Dr.

Consolidado como processo metodológico estruturado racional o design precisa considerar que o conhecimento e a inventividade são resultantes, também, da irracionalidade, aproximando-o da complexidade, do pensamento complexo e das dimensões do humano. Condicionado às dimensões do humano, o design lança mão da previsibilidade e seu pensar considera a complexidade do pensamento devendo, ainda, reconsiderar o gerenciamento de seus processos. O objetivo geral deste estudo é desenvolver, aplicar e avaliar um modelo que permita identificar quais princípios da complexidade são declarados nos processos de design, diagnosticando as dimensões do humano que são assumidas e como elas interagem nesses processos. Quanto à natureza do trabalho, trata-se de pesquisa aplicada, com abordagem quali e quantitativa. Por ser um estudo exploratório e descritivo, foram adotados como procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica, levantamento de dados, estudo de casos múltiplos com aplicação de entrevista estruturada, com base em questionário, os quais permitiram chegar a conclusões como a percepção de que o design se faz na complexidade, com procedimentos dialógicos, recursivos e hologramáticos. Além disso, conclui-se que, uma vez assumido o sujeito cognoscente em seus processos, tem-se uma superação das dimensões racionais do humano, mas com destaque à irracionalidade, principalmente da dimensão do humano – homo imaginarius.

Palavras-chave: Design; Processos e gestão de design; Teoria da

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ABSTRACT

DOLZAN, Jorge Elias. Design & Complexity: the dimensions of the human in design processes. 2018. Doctoral Dissertation – Programa de Pós-graduação em Design, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis, 2018. Adviser: Ricardo Triska, Dr.

Consolidated as a rational structured methodological process, Design, as a field of study, must consider that knowledge and inventiveness are also results of irrationality, bringing it closer to the complexity, complex thinking and the human dimensions. As it is conditioned to the human dimensions, Design relies on predictability and its thinking considers the complexity of thinking, and it must reconsider the management of its processes. The general objective of this study is to develop, apply and evaluate a model that allows to identify which principles of complexity are stated in the design processes, diagnosing the human dimensions that are assumed and how they interact in these processes. As for the nature of the work, it is an applied research, with a qualitative and quantitative approach. As an exploratory and descriptive study, the following technical procedures were adopted: bibliographic research, data collection, multiple case study with the application of a structured interview based on a questionnaire, by which the conclusions were achieved, such as the perception that the design is made through complexity, with dialogic, recursive and hologramatic procedures. In addition, it was concluded that, once the cognoscent subject is assumed in its processes, there is an overcoming of the rational dimensions of the human, but with emphasis on the irrationality, especially of the dimension of the human – homo imaginarius.

Keywords: Design; Processes and design management; Theory of Complexity; Human dimensions; Edgar Morin.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Apex-Brasil Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBD Centro Brasil Design

DMI Design Management Institute

FUMEC Fundação Mineira de Educação e Cultura ICOGRADA International Council of Graphic Design

ICSID International Council of Societies of Industrial Design

IE Instituição de Ensino IMED Faculdade Meridional

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira MEC Ministério da Educação

MESCRAI Modificar, Eliminar, Substituir, Combinar, Rearranjar, Adaptar, Inverter PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

UEL Universidade Estadual de Londrina UEM Universidade Estadual de Maringá UFBA Universidade Federal da Bahia UFC Universidade Federal do Ceará UFES Universidade Federal do Espírito Santo UFF Universidade Federal Fluminense UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFPA Universidade Federal do Pará UFPB Universidade Federal da Paraíba UFPEL Universidade Federal de Pelotas

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UFU Universidade Federal de Uberlândia UFV Universidade Federal de Viçosa UNB Universidade Federal de Brasília

UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNIRITTER Centro Universitário Ritter dos Reis UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos UPM Universidade Presbiteriana Mackenzie USJT Universidade São Judas Tadeu USP Universidade de São Paulo

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas da pesquisa ... 50

Figura 2 – Total de programas de pós-graduação stricto sensu em design no Brasil em 2016 e as linhas de pesquisa relacionadas à gestão ... 55

Figura 3 – Filtros da pesquisa sistemática – levantamento do panorama do tema nas principais bases de dados ... 65

Figura 4 – Esquema de algumas das metodologias de design industrial, gráfico e moda ... 85

Figura 5 – Habilidades necessárias para projetar ... 102

Figura 6 – Linha do tempo do design e da qualidade ... 108

Figura 7 – Os três níveis corporativos do design ... 112

Figura 8 – Os modelos de gestão de design ... 113

Figura 9 – Os níveis de gestão de design ... 114

Figura 10 – Os três momentos que contribuem para o conhecimento ... 120

Figura 11 – Os fenômenos relacionados à complexidade ... 128

Figura 12 – Pentagrama organizacional do pensamento ... 135

Figura 13 – As dimensões do humano ... 147

Figura 14 – Fases da pesquisa ... 151

Figura 15 – Planejamento da coleta de evidências no estudo de caso ... 154

Figura 16 – Principais instrumentos para a coleta de evidências ... 155

Figura 17 – Processo de tratamento das evidências coletadas ... 156

Figura 18 – Fases da pesquisa – definição dos casos e critério à coleta de dados ... 159

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Figura 19 – Pré-teste – Anexo A – Os sete princípios da complexidade ... 166 Figura 20 – Pré-teste – Anexo B – As dimensões do humano ... 166 Figura 21 – Final – Anexo A e B – Os sete princípios da complexidade, e as Dimensões do Humano ... 168 Figura 22 – Pré-teste – Anexo C – Momento e etapas do processo de design ... 169 Figura 23 – Pré-teste – Anexo C – Processo de design explicitado em etapas por cada caso ... 170 Figura 24 – Final – Anexo C – Momento e etapas do processo de design ... 172 Figura 25 – Pré-teste – Anexo D – Dos princípios 4, 5 e 6 ... 173 Figura 26 – Respostas sobre o Nível de autonomia e dependência – Anexo D – Pré-teste ... 174 Figura 27 – Final – Anexo D – Dos princípios 4, 5 e 6 ... 175 Figura 28 – Pré-teste – Anexo E – Do princípio 7 – sujeito cognoscente ... 176 Figura 29 – Final – Anexo E – Do princípio 7 – sujeito cognoscente – Habilidade de Lawson (2011) ... 179 Figura 30 – Final – Anexo E – Do princípio 7 – sujeito cognoscente – Técnicas criativas ... 180 Figura 31 – Pré-teste – Anexo F – Dos princípios 1, 2 e 3 – da complexidade do processo de design ... 181 Figura 32 – Final – Anexo F – Dos princípios 1, 2 e 3 – da complexidade do processo de design ... 182

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Figura 33 – Pré-teste – Anexo G – Das dimensões do humano no processo de design ... 183 Figura 34 – Resultado da coleta do Anexo G – Pré-teste ... 184 Figura 35 – Final – Anexo G – Das dimensões do humano no processo de design ... 186 Figura 36 – Final – Complemento do Anexo C – Momentos e etapas do processo de design ... 188 Figura 37 – As dimensões do humano em cada etapa no processo de design do Caso 1 ... 197 Figura 38 – As dimensões do humano no processo de design do Caso 1 ... 198 Figura 39 – O princípio 4 – da Sistematização no processo de design do Caso 1 ... 200 Figura 40 – O princípio 5 – da Retroatividade no processo de design do Caso 1 ... 200 Figura 41 – O princípio 6 – da Autonomia e dependência no processo de design do Caso 1 ... 201 Figura 42 – As dimensões do humano em cada habilidade de projetar do Caso 1 ... 205 Figura 43 – As dimensões do humano nas técnicas criativas escolhidas pelo Caso 1 ... 208 Figura 44 – O princípio 1 – do Dialogismo no processo de design do Caso 1 ... 209 Figura 45 – O princípio 2 – da Recursividade no processo de design do Caso 1 ... 210

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Figura 46 – O princípio 3 – Hologramático no processo de design do Caso 1 ... 210 Figura 47 – As dimensões do humano no cotidiano de projeto do respondente do Caso 1 ... 212 Figura 48 – As dimensões do humano em cada etapa no processo de design do Caso 2 ... 217 Figura 49 – As dimensões do humano no processo de design do Caso 2 ... 218 Figura 50 – O princípio 4 – da Sistematização no processo de design do Caso 2 ... 219 Figura 51 – O princípio 5 – da Retroatividade no processo de design do Caso 2 ... 220 Figura 52 – O princípio 6 – da Autonomia e Dependência no processo de design do Caso 2 ... 221 Figura 53 – As dimensões do humano em cada habilidade de projetar do Caso 2 ... 225 Figura 54 – As dimensões do humano nas técnicas criativas escolhidas pelo Caso 2 ... 228 Figura 55 – O princípio 1 – do Dialogismo no processo de design do Caso 2 ... 230 Figura 56 – O princípio 2 – da Recursividade no processo de design do Caso 2 ... 230 Figura 57 – O princípio 3 – Hologramático no processo de design do Caso 2 ... 231

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Figura 58 – As dimensões do humano no cotidiano de projeto do respondente do Caso 2 ... 233 Figura 59 – O princípio 1: Dialógico nos Casos 1 e 2 ... 235 Figura 60 – O princípio 2: Recursivo nos Casos 1 e 2 ... 236 Figura 61 – O princípio 3: Hologramático nos Casos 1 e 2 ... 237 Figura 62 – O princípio 4: Sistêmico nos Casos 1 e 2 ... 238 Figura 63 – O princípio 5: Retroativo nos Casos 1 e 2 ... 239 Figura 64 – O princípio 5: Retroativo nos Casos 1 e 2 ... 240

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Total de dissertações e teses que expressam gestão de/do design por IES ... 57 Tabela 2 – Total de títulos dos programas de stricto sensu na Arquitetura e Urbanismo (2011-2015) ... 59 Tabela 3 – Quantidade de referências em gestão de/do design similares nas dissertações e teses dos cursos brasileiros stricto sensu em design ... 61 Tabela 4 – Temas encontrados nas produções relevantes e de alta relevância da análise sistemática ... 67

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Técnicas e ferramentas criativas. ... 89 Quadro 2 – Pressupostos da ciência tradicional e da complexidade . 127 Quadro 3 – Síntese das seis obras O Método de Edgar Morin ... 137 Quadro 4 – Síntese dos procedimentos metodológicos ... 162 Quadro 5 – Grau de concordância das dimensões do humano no processo de design do Caso 1 ... 195 Quadro 6 – Grau de concordância das dimensões do humano nas habilidades de projetar do Caso 1 ... 203 Quadro 7 – Grau de concordância das dimensões do humano nas técnicas criativas do Caso 1 ... 207 Quadro 8 – Grau de concordância das dimensões do humano no cotidiano de projeto do respondente do Caso 1 ... 211 Quadro 9 – Grau de concordância das dimensões do humano no processo de design do Caso 2 ... 216 Quadro 10 – Grau de concordância das dimensões do humano nas habilidades de projetar do Caso 2 ... 223 Quadro 11 – Grau de concordância das dimensões do humano nas técnicas criativas do Caso 2 ... 227 Quadro 12 – Grau de concordância das dimensões do humano no cotidiano de projeto do respondente do Caso 2 ... 232 Quadro 13 – Grau de concordância das dimensões do humano nas habilidades de projetar nos Casos 1 e 2 ... 242

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Quadro 14 – Grau de concordância das dimensões do humano, técnicas similares dos Casos 1 e 2. ... 244 Quadro 15 – Grau de concordância das dimensões do humano na metodologia de design dos Casos 1 e 2 ... 246 Quadro 16 – Grau de concordância das dimensões do humano no processo de design dos Casos 1 e 2 ... 247 Quadro 17 – Grau de concordância das dimensões do humano no cotidiano de projeto dos respondentes dos Casos 1 e 2 ... 248

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quantidade de dissertações e teses que explicitam a Gestão de/do Design ... 56 Gráfico 2 – Quantidade de dissertações e teses que explicitam os termos “complexidade” e “pensamento complexo” ... 58

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Sumário

1. Introdução ... 35

1.1 Questão de pesquisa ... 38 1.1.1 Objetivo ... 44 1.2 Justificativa e motivação ... 44 1.3 Caracterização da pesquisa ... 48 1.4 Delimitação da pesquisa ... 52 1.5 Originalidade e aderência ao programa ... 53 1.6 Estrutura da tese ... 72

2. Referencial teórico ... 74

2.1 Dos processos e da gestão de design ... 75 2.1.1 Os processos de design ... 81 2.1.2 A gestão de design ... 107 2.2 Da teoria da complexidade ... 121

2.2.1 Complexidade e pensamento complexo em Edgar Morin

131

2.2.2 As dimensões do humano (ou do humano complexo, ou

do designer complexo) ... 140

3. Procedimentos metodológicos ... 150

3.1 Fases do procedimento metodológico ... 151

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3.1.1 Revisão de Literatura ... 152

3.1.2 O estudo de casos múltiplos ... 153

3.1.3 Aplicação e validação dos dados coletados ... 158 3.2 Síntese dos procedimentos metodológicos ... 162

4. Resultados ... 164

4.1 O modelo pré-teste e ajustes ... 164 4.2 Aplicação do Modelo ... 191 4.2.1 Caso 1: Escritório de Design (E566) ... 192 4.2.2 Caso 2: MUELLER eletrodomésticos ... 213 4.3 Análise multicasos – Cruzamento Caso 1 e Caso 2 ... 234 4.3.1 Os princípios da complexidade e as dimensões do

humano nos processos de design ... 234 4.4 Análise dos resultados da aplicação do modelo e avaliação da metodologia ... 248

5. Conclusões ... 251

Referências ... 267

Apêndice 1 – Roteiro da pesquisa com ferramenta de coleta de

dados ... 279

Apêndice 2 – Declarações das empresas ... 289

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Apêndice 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

... 291

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1. Introdução

Sexagenário no Brasil e com mais de dois séculos de história, o design vem mostrando carências devido a sua longevidade e pela vida marcada por processos coercitivos que padronizaram o setor em contextos diferentes. Essa padronização se mostrou coerente enquanto o cenário político-ideológico validava posturas hierárquicas, nas quais economias maiores legitimavam comportamentos organizacionais nas menores. Todavia, passada a primeira década do século XXI, a incoerência desse processo vem apresentando problemas no setor. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Centro Brasil Design (CBD), apresentaram em 2014 o Diagnóstico do Design Brasileiro que de forma conclusiva mostra que na melhor idade (aproximadamente 60 anos), o design brasileiro precisa se consolidar como potencial competitividade na agenda estratégica da nossa economia e deve ser requisitado pela nação, em todas as suas esferas, como uma atividade que interfira diretamente na elevação da taxa de exportação. Para isso, o Brasil precisa apresentar um design próprio, estimulador de processos autorais no uso de tecnologias que legitimem inovações de impacto

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local e global, buscando uma auto-eco-organização1 de seus próprios processos.

O estudo realizado pelo CBD (2014) reconhece o design como um ativo para o bom desempenho empresarial, possibilitando afirmar que a gestão de seus processos contribui para a manutenção e conquista de mercados na diferenciação de produtos, promovendo a sustentabilidade e a inovação por onde atua, requisitos cada vez mais em alta nos direcionamentos político-ideológicos das nações, corporações e instituições. Para tanto, é preciso traçar diretrizes claras para que os órgãos dessas nações e as agências de fomento corporativos e institucionais possam alinhar e somar esforços na consolidação e, portanto, num entendimento cada vez maior sobre o design, seus processos e sua gestão – caso da gestão de design2.

Nas primeiras décadas deste século, o design tem se mostrado como propulsor de intervenções de projeto, que coloca o usuário no processo de criação, num campo de imersões que vem sugerindo conceitos como cocriação e processo colaborativo, sustentadas a priori pelos novos processos tecnológicos e sociais de um cenário cada vez mais complexo.

1 O conceito de auto-eco-organização é moriniano e expressa uma maneira de enxergar a indissociabilidade entre o sujeito e mundo, aqui neste trabalho entre os fazeres e seus contextos, permitindo ressaltar a indissociabilidades das partes/etapas de um processo ou de seus atores, por exemplo.

2 Cabe aqui o posicionamento frente ao uso da preposição “de” ou “do”. Como regra trata-se de uma palavra gramatical, invariável, que liga dois elementos de uma frase, estabelecendo uma relação entre eles. Quando é usado o artigo definido “o” ou “a” indica uma instância específica. No caso de “gestão do design”, em que se tem a contração da preposição com o artigo (“de” + “o” = “do”) há uma tendência de tomar o design de forma mais específica. Por outro lado, no uso apenas da preposição “de” há uma generalização para o design, ficando assim: “gestão de design”. Tanto um quanto o outro permite entendimentos similares, mas, para fins de organização, este trabalho usará, quando necessário, a terminologia gestão de design.

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Se o design já opera na sociedade como diferenciador de produtos e serviços, hoje parece querer se consolidar como uma espécie de comportamento organizacional, no qual empresas, instituições, escritórios, comunidades e/ou grupos criativos promovem um pensar design3, colocando um campo profissional, uma ciência que ontologicamente vem se construindo fundamentada em princípios racionais e metodológicos, disponível ao uso de todos, sugerindo princípios irracionais e emergentes em territórios livres.

Este estudo não pretende discutir o designer como conceituador máximo de produtos e serviços nem almeja tirar as possibilidades de outros pensarem, à luz do design, suas intervenções, que de tão coerentes no mercado já se mostram possíveis e garantidas pela própria área. O que se pretende aqui é pensar o que se vem fazendo com o design, tanto no campo profissional quanto no vernacular4 e no senso comum, permitindo-se ver no design e em sua gestão a capacidade de gerenciar processos que o legitime como uma das áreas propulsoras de inovação na sociedade contemporânea.

3 Ao assumir um pensar design é possível relacionar a terminologia design thinking, porém, seu uso está dentro de uma associação maior com as abordagens cognitivas e da noção de distinção entre pensar e fazer. A postura deste trabalho frente a esse termo vai ao encontro do que vem apresentando Bryan Lawson (2011).

4 O termo vernacular é tratado aqui como relacionado ao campo informal, definido pela exclusão do design institucionalizado, formal e erudito, representando, de certa forma, um campo do design não oficial.

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1.1 Questão de pesquisa

A contemporaneidade pode ser compreendida como o período das consequências. Impactados pela ordem política, econômica e social dos dois últimos séculos vemos enfraquecida a ideia de uma sociedade fragmentada. Cada vez mais percebemos que uma ocorrência local pode afetar o global, e vice-versa. Assumimos um comportamento que, aos poucos, minimiza os problemas econômicos, maximizando, por outro lado, problemas universais, o que socialmente se fortifica como crítica velada à racionalização métrica e calculável dos problemas pelos quais estamos passando. Aos poucos, vemos surgir uma economia pluralista que parece perpetrar ações que fazem resistência contra o pensamento de um mundo homogêneo. As sociedades, os seres humanos em suas regiões, assumem uma postura local e, revelando dimensões próprias, defendem suas culturas como garantia da qualidade de vida, promovendo um posicionamento inclusivo, plural e não reducionista, provocando na cultura o que mais a faz viva: mudanças.

Tais mudanças permitem assumir a imersão numa cultura de inovação, uma vez que mudar pode ser compreendido com o desenvolver de novas realidades. Adotar a postura de prover e reconhecer mudanças requer do ser humano uma atitude de antecipador, de projetista. Na ideia básica de que projetar é lançar-se à frente e antecipar é apresentar uma velocidade de reação frente aos acontecimentos do mundo, que garanta um movimento assertivo acerca da direção que o mundo irá tomar, para então, antes do mundo, lá estar, projetar e

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antecipar é, portanto, reconhecer o risco, que cada vez se mostra maior à medida que as mudanças se tornam requisitos de culturas saudáveis e a incerteza legitima sociedades de futuro, nas quais a criatividade e a inovação vêm se tornando diretrizes de gestão de empresas, instituições, organizações, comunidades e grupos criativos.

Essas diretrizes se tornam metas de qualquer negócio, assim como de pessoas que vêm investindo tempo substancial na reformulação da maneira como pensam o mundo e como nele operam. A cultura científica se soma à cultura humanística numa postura na qual o fazer científico se vê modificado por processos dialógicos multidisciplinares, num campo expandido, cuja plástica se faz, inicialmente, na consolidação de processos metodológicos estruturados racionais. E o contexto vem mostrando que o conhecimento e a inventividade são resultantes, também, da irracionalidade, expandindo o campo do design e de sua gestão, auto-eco-organizando seus processos. Uma vez que nestes cenários se descortinam, a racionalidade e a irracionalidade precisando ser trabalhadas em conjunto, não havendo possibilidade de velar uma delas.

Ao expandir o campo, a postura do ser humano passa a ter forte papel nessa auto-eco-organização. Tal postura, complexa, dá conta das dimensões desse ser humano e da maneira como ele organiza seu adágio frente ao mundo. Ao tratar da complexidade, mais especificamente do pensamento complexo, Edgar Morin (2007a) se afasta da visão unilateral do homem como homo sapiens assumindo neste dimensões que o completam racionalmente – homo economicus;

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homo faber; homo prosaicus; homo empiricus – e irracionalmente – homo demens; homo ludens; homo imaginarius; homo consumans; homo poeticus. Racionalidade e irracionalidade completam o ser

humano, mas, culturalmente, existe uma valorização de um lado em detrimento ao outro, fragmentando no humano o que lhe dá a dimensão de ser humano. Assumidas todas as dimensões do ser humano, potencializa-se, neste a capacidade inata de assumir posicionamentos não ortodoxos, contrários aos conceitos vigentes, capacitando-o para a inovação, o que explicita um dos problemas deste estudo, que é o fato de que, no design, o foco na viabilidade, na gerência de risco, na racionalidade do processo, intimida as dimensões irracionais – que em muitos casos se fomentam em técnicas criativas (caso do

brainstorming); mas que, quando questionadas, intencionalmente não

são assumidas pelos profissionais envolvidos. O peso maior em algumas dimensões fragmenta o processo de design, comprometendo a capacidade criativa e inovadora.

Dentro da ideia de que a capacidade de inovação norteia o design e que, para isso, essas dimensões não devem se fragmentar no ser humano à medida que o universaliza, uma das posturas deste estudo é a de reconhecer a universalização complexa dessas dimensões, com base no pensamento complexo, existente nos processos de design, permitindo o mapeamento de tais dimensões, bem como a noção da sua existência, dependendo do cenário de atuação, possibilitando a compreensão do nível de interatividade das dimensões do humano nos processos de design e, consequentemente, a noção de que o design e seus processos

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assumem uma postura complexa, reforçando, sobretudo, o posicionamento de que “[…] o processo de design é complexo e deve ser abordado como tal.”5 (LIMA; MAIA; BARROS NETO, 2011, p. 2).

Se o design vem migrando para processos colaborativos e para um cenário de fusão da cultura científica com a cultura humanista, do racional com o irracional, vernaculando-se à medida que o próprio mundo se apresenta de maneira complexa, faz-se necessário repensar o design, seus processos e sua gestão, considerando a profundidade e as interligações das dimensões do humano com base nos princípios da teoria da complexidade. Promovendo a busca e a clareza a partir da aproximação com a realidade do projeto; entendendo a assimetria das aproximações e articulações de vários campos e linhas de pesquisa e de trabalho; e que tome como máxima o gerenciamento da inclusão; garantindo as competências para que o design seja uma ciência atenta aos problemas sociais e da cultura humana, e que de certo modo proponha a reterritorialização do próprio design, cujo movimento se faz complexo (CANCLINI, 1997).

Outra postura adotada neste estudo é a de que os resultados dos processos de design6 (produto e/ou serviço) pouco se diferem, e seu profissional (o designer) vem perdendo seu papel, tornando-se figurante no processo. “Hoje, o quadro formal do design sistemático é tão profundamente enraizado que os designers são meras engrenagens

5 “[…] the design process is complex and it must be approached as such.” (Tradução livre do autor). 6 A terminologia “processos de design”, neste trabalho, aborda a própria gestão de design, tendo em vista que gerenciar design é promover ações diretamente em seus processos, em quaisquer níveis: operacional, tático, estratégico e/ou filosófico.

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da organização, que já não têm sequer uma visão geral ou entendimento dele, e na verdade não precisam mais.”7 (MASSON; HATCHUEL; WEIL, 2011, p. 227). Marx (1984), por sua vez, afirma que tais processos estão, em muitos casos, abaixo de qualquer intervenção de outro animal, direcionando o foco ao que realmente difere o ser humano das outras criaturas: a capacidade de assumir diversas posturas frente aos problemas, dentro da noção de que esta diversidade está relacionada à capacidade de assumir os princípios da complexidade e as dimensões do humano no fazer design.

Nesse contexto, é preciso considerar que em todo processo criativo, em grupo ou não, as dimensões do humano passam a ser manifestadas intencionalmente, promovendo um “tecer junto” – do complexus moriniano (MORIN; CIURANA; MOTTA, 2013), num processo que, ao articular o todo com as partes, não pode e nem deve ser visto como pensamento holístico (MORIN, 2007b), mas sim inter/trans/multidisciplinar.

Ao assumir a complexidade é preciso levar em conta as retroações entre os departamentos, entre os envolvidos no projeto, entre as dimensões do humano que passam a operar dialogicamente e holograficamente no processo de design. A complexidade está no fato de que não há como explicar inteiramente um nível separado dos outros e a interpretação das suas propriedades na ausência das interações entre eles.

7 “Today, the formal framework of systematic design is so deeply embedded that the designers are

mere cogs in the organization, who no longer even have an overall view or understanding of it, and in fact no longer need to.” (Tradução livre do autor).

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A noção da complexidade passa a ser pertinente neste estudo a partir do momento em que, por mais que se possa dividir empresas, instituições, organizações, comunidades e/ou grupos criativos em departamentos (em partes, em setores), é preciso gerenciá-los dialogicamente, retroativamente e reconhecer a capacidade do todo nas partes e, ainda, que cada parte tenha o todo – do hologramático dentro dos princípios da complexidade moriniana que são abordados durante o trabalho. Por isso, em algumas instituições encontramos momentos de compartilhamentos periódicos (caso de reuniões,

workshops, formação, sistemas de gestão de informação8) que aproximam os departamentos e dão sustento ao sistema como um todo, mas, na maioria dos casos, esses momentos além de burocráticos não causam o efeito necessário. “Ao fazer isso, chamamos a atenção para os tipos de interações que ocorrem no local de trabalho e inicia a sondagem das características destas e como elas constituem um evento de design […]”9 (LUCK, 2015, p. 151), considerando que as “[…] velhas formas de gerir a mudança e envolver as pessoas não estão funcionando […]”10 (TOLCHINSKY; WENZI, 2014, p. 38) e em todos os lugares, as organizações e seus ambientes estão se tornando mais complexas. Considerando-se essa complexidade, o gerenciamento do nível do seu

8 Muitos desses compartilhamentos vêm ganhando força com as novas tecnologias e as possibilidades de comunicação remota.

9 “In doing this we draw attention to the kinds of interactions that take place in the workplace and

begin to probe the characteristics of these and how they constitute a design event […]” (Tradução

livre do autor).

10 “[…] old ways of managing change and engaging people are not working […]” (Tradução livre do autor).

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impacto e do quanto o sistema “aprende” requisitos importantes para o sucesso de toda e qualquer ação corporativa.

A burocracia e a insegurança hierárquica fazem com que muitos desses momentos valorizem as prioridades epistemológicas da regularidade, da ordem e da simplicidade impedindo a caoticidade, a desordem e a complexidade, prioridades também definidoras dos processos inovadores, ou seja, em processos corporativos que desenvolvam projetos de produtos e serviços o design deve se fomentar de posturas complexas, a partir da noção dos princípios da complexidade, potencializando assim as dimensões do humano.

A partir disso, tem-se a seguinte questão norteadora desta pesquisa: Quais são os princípios da complexidade dentro dos processos de design e quais dimensões do humano são declaradas e interagem nesses processos?

1.1.1 Objetivo

Desenvolver, aplicar e avaliar um modelo que permita identificar quais princípios da complexidade são declarados nos processos de design, diagnosticando quais dimensões do humano são assumidas e como elas interagem nesses processos.

1.2 Justificativa e motivação

Este estudo se justifica academicamente a partir do momento em que propõe pensar o ser humano como sujeito ao erro e como produtor de desordem (MORIN, 1991), qualidades que, castradas, priva-o de sua

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essência disruptiva, requisito definidor da inovação (DYER; GREGERSEN; CHRISTENSEN,, 2013), e do design e sua gestão. A compreensão de que somos caracterizados pela sapiência e pela demência nos condiciona a um perfil que deve equilibrar com destreza os sentimentos e as emoções tão necessários à racionalidade, à produção de conhecimento e à fabricação de objetos e utensílios, em que a abordagem do design, de seus processos e de sua gestão passa a ser requisito vital para o sucesso do próprio design.

O que se percebe historicamente é que na busca de uma harmonia social a sociedade legitimou o sapiens em detrimento do demens e o design corroborou o primeiro na estrutura de formação das outras dimensões, caso do homo fabers. O trabalho em questão não se justifica na discussão desse fato como alienação social, mas, sim, por perceber que a massificação da sociedade, o consumismo, o estado-nação, o racionalismo científico, a doutrina religiosa e acadêmica do século passado contribuíram para uma ritualização dos processos de design que, ao se lançar a inovação, o fez de forma moderada.

A noção de que somos resultado de um período programático e paradigmático, no qual existem maneiras “corretas” de gerenciar e processar dentro do design, é importante para a compreensão da sociedade que aos poucos vemos emergir. Sociedade esta que, garantida pela hegemonia de uma realidade global em circuito integral, vem confirmando o ser humano em suas especificidades projetivas, na soma inteligente do sapiens e do demens que, com outras dimensões, dão conta do ser humano.

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Este estudo tem a pretensão de contribuir para a confirmação, à luz do design, de seus processos e de sua gestão, de um novo paradigma11 que vem sendo tratado inicialmente como complexista, mas, que pode, no desenrolar dos anos, apropriar-se de outra nomenclatura.

Em um primeiro momento, é preciso acreditar que tal complexidade vem, de certa forma, constituindo mudanças em conceitos e teorias científicas, inclusive no design, pois, muito do que se vem fazendo não dá conta das necessidades atuais, seja por falta de criatividade seja por força de corresponder às posturas político-ideológicas de atendimento do mercado e de suas demandas, mas principalmente, porque os designers (e aqui cabem: projetistas, artesões, criadores, entre outros) estão distantes das possibilidades, das noções de real e de sua complexidade. Ao design contemporâneo cabe o “sempre mais do mesmo”, por uma condição de cegueira – à luz de Saramago (2013) –, na qual, submisso às diretrizes e normatizações de centro e de líderes de mercado, vem negligenciando os seus problemas reais. Isso não ocorre somente no mercado, mas se confirma também na academia, ainda mais quando ofuscados pela busca de prestígios pessoais e recursos individualistas, o que não apenas declara a “delinquência acadêmica”12, mas contribui igualmente para a traição intelectual da própria área. Muitos estudiosos do design repetem discursos em um

11 A definição de paradigma neste trabalho tem base no posicionamento de Tomas Kuhn (1975) corroborado por Edgar Morin (2005) ao explicitar que “[…] o paradigma instaura relações primordiais que constituem axiomas, determina conceitos, comanda discursos e/ou teorias.” (p. 26).

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“copia e cola” sem sentido. O design precisa alargar seus domínios tradicionais e este estudo pretende contribuir para isso, assumindo uma postura similar à de Nicquevert (2012) que disserta sobre a capacidade de não reduzir a complexidade, mas revelá-la, fazendo com que esta deixe de ser fruto do acaso e passe a operar conscientemente como uma fonte de criatividade. Há o entendimento de que existem crises nos sistemas empresarias que afetam diretamente seus gestores e a gestão de design, como afirma (KRICHEWSKY; FOURCADE, 2011):

Agora podemos distinguir basicamente três níveis de crise empresarial afetando assim, os gestores e, portanto, em princípio, também a sua educação: – Um dos sentidos (visão com o conflito subjacente entre o valor de criação de lucro e respeito pelos valores, isto é, a ética),

– Os laços sociais e as relações de trabalho ([…] parcerias, ação organizada),

– O poder de agir em última análise, para restaurar uma situação geral habitável.13 (p. 88).

Por fim, uma das motivações para realização deste trabalho está relacionada com a pouca atenção dada, na literatura de design e de sua gestão, ao conceito de complexidade, com foco nos princípios morinianos e nas dimensões do humano nos últimos anos nos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu em design e nas

13 “On peut désormais distinguer en gros trois niveaux de crise qui affectent les entreprises, et par

conséquent les managers et donc en principe aussi leur formation: – Celui du sens (de la vision avec des conflits soujacents entre création de valeur-profit et respect des valeurs, c’est-à-dire l’éthique), – Celui des liens sociaux et des relations au travail (…, partenariats, action organisée), - Celui de la puissance d’agir en fin de compte pour rétablir une situation globale vivable.” (Tradução livre do

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principais bases de dados científicas acessadas (vide item 1.5 Originalidade e aderência ao programa).

1.3 Caracterização da pesquisa

Esta pesquisa tem como base metodológica a taxonomia proposta por Gil (2001), classificada em dois grupos: quanto aos objetivos e quanto aos procedimentos técnicos utilizados. Num primeiro momento, realiza-se uma pesquisa exploratória, assumindo o procedimento técnico da pesquisa bibliográfica.

Para problematizar, definir os objetivos e averiguar o ineditismo desta pesquisa, um levantamento preliminar foi realizado, contribuindo para a visualização do panorama do que vem sendo pesquisado e produzido sobre tais assuntos, o que suporta a proposta de abordagem deste estudo. Com o objetivo de “[…] proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses […]” (GIL, 2001, p. 41), o caráter exploratório se mostra justificável. Da mesma forma que a pesquisa bibliográfica, que além da busca em livros e artigos, caracteriza-se como análise teórica sistemática, o levantamento visou a identificação dos estudos na área do design e de seus processos, assim como dentro da teoria da complexidade, a partir dos princípios morinianos com base nas suas dimensões do humano. A triagem feita se deu em dois momentos: o primeiro no banco de teses e dissertações e o segundo em bases de dados, permitindo acessar trabalhos de conclusão de cursos e artigos nacionais e internacionais que se relacionam ao design e à gestão de design, à teoria da

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complexidade, princípios da complexidade e dimensões do humano, permitindo compreender o panorama das abordagens e dos procedimentos utilizados (este procedimento e seus resultados são apresentados no subcapítulo 1.5 Originalidade e aderência ao programa).

A pesquisa também é considerada como aplicada, ao pretender propor, aplicar e validar o modelo desenvolvido, por meio de estudo de caso, com base na pesquisa participante. Classifica-se, portanto, como pesquisa quali-quantitativa. Ao buscar classificar, ordenar e medir variáveis, a pesquisa é quantitativa, ao passo que ao procurar levantar opiniões, crenças e o significado de coisas frente aos participantes da pesquisa, é qualitativa, segundo Vieira (2008). Para Lakatos e Marconi (2007), a pesquisa qualitativa está preocupada com a análise e interpretação de hábitos, atitudes e tendências comportamentais de um determinado grupo ou unidade social. A postura quali-quantitativa está reforçada na postura de Bauer e Gaskell (2007) que afirmam não haver quantificação sem qualificação.

A figura a seguir ilustra as etapas e os passos seguidos para realização da pesquisa.

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Figura 1 – Etapas da pesquisa

Fonte: Elaborada pelo autor.

Em um primeiro momento, a revisão de literatura tem como resultado a aproximação com as definições e posturas conceituais a respeito do tema, permitindo constructos teóricos que relacionem os temas centrais da pesquisa, resultando em procedimentos e ferramentas capazes de dar aplicabilidade ao tratado epistemológico ora pretendido. Em seguida, direciona-se a aplicação de tais procedimentos e ferramentas, validando o modelo de análise por meio de estudo de casos – em princípio, através da observação e coleta de dados em empresas de Santa Catarina14. Nos estudos de casos, diversos são os levantamentos e análises realizados, tal procedimento “[…] refere-se ao levantamento com mais profundidade de determinado caso ou grupo humano […]” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 274), não podendo ser generalizado, por ser contextualmente um caso único (GIL, 2001). Para

14 Com base nos periódicos analisados, o estudo de caso, observação e a coleta de dados foram os procedimentos mais utilizados para a aplicação dos estudos. Objetivou-se buscar empresas catarinenses que vêm apresentando o design como diferencial de competitividade em seu mercado. Etapa 1 •Revisão de literatura Etapa 2 •Desenvolver e testar modelo de análise em estudos de casos Etapa 3 •Definir os estudos de casos finais aplicando o modelo de análise final

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Lakatos e Marconi (2007) esse procedimento visa a descoberta, enfatiza a interpretação do contexto, permite a retratação da realidade de forma ampla, vale-se de uma diversidade de fontes de informação, permite substituições, representa diferentes pontos de vista em situação específicas e tem como característica o uso de uma linguagem simples. Quanto à técnica de observação, esta se realiza por meio do contato direto do investigador com os atores sociais e com o contexto do caso em estudo. O investigador se torna, portanto, o instrumento de pesquisa15. Como técnica de investigação, a observação necessita fazer uso de entrevistas, assim como análise documental (coleta de dados). No que compete às entrevistas, estas podem ser definidas como conversas entre pessoas (os atores) com propósitos claros e específicos. Dos diversos métodos de entrevistas, este estudo, inicialmente propõe o uso de entrevista estruturada e surveys que de certa forma se consolidam em questionários, que para Lakatos e Marconi (2007) são definidos como técnicas de pesquisa elaborada com um conjunto de questões que devem ser respondidas por escrito com ou sem a presença do investigador.

No terceiro momento, aplica-se o modelo testado nos estudos de casos definidos, promovendo a análise e síntese dos dados de cada caso, bem como o cruzamento desses dados, permitindo reflexões acerca dos fatos comprovados ou não em tal abordagem.

15 A escolha da observação in loco servirá para colocar em prática muito do que se pretende defender aqui. A observação é um requisito importante da gestão de design e poderá não só ser medida nos casos como na postura do investigador, que poderá visualizar o que na teoria se pretende assumir.

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1.4 Delimitação da pesquisa

A delimitação institucional desta pesquisa se dá em duas instituições de ensino (IE): o Centro Universitário Estácio de Santa Catarina, onde o pesquisador foi bolsista por três anos durante a realização do doutorado; e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), como doutorando do Programa de Pós-Graduação em Design, na linha de Gestão de Design.

Temporalmente, a Etapa 1 – Revisão de literatura (Figura 1) foi delimitada como um dos primeiros momentos do estudo, quando foram realizados os estudos e as abordagens dentro das disciplinas cursadas, cujas temáticas contribuíram não apenas para um posicionamento teórico-crítico, mas também para uma aproximação de autores e produções pertinentes às áreas de Gestão de Design; Ciências da Informação e Gestão da Informação; Design Thinking, e Gestão da Mídia e Sensorialidade e que foram também as disciplinas que mais contribuíram para o tema da pesquisa. Ressalta-se que alguns autores e propostas não são abordados nesta pesquisa por motivos de tempo e espaço, delimitando-a aos que apresentaram maior relevância, recorrência e reconhecimento no meio acadêmico.

Em se tratando dos temas norteadores desta pesquisa, define-se como fronteiras a gestão de design, mais especificamente o design e seus processos e a teoria da complexidade de Edgar Morin com ênfase nos princípios da complexidade e nas dimensões do humano. Por mais que a aproximação dessas áreas permita uma quantidade considerável de

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abordagens, o que se tem como foco neste estudo é uma abordagem que se vale da ideia de que o ser humano (na condição de projetista, criador – designer) ou uma organização (na condição de organismo produtor de produtos/serviços – empresas de design ou que tenham o design como diferencial competitivo) assumem os princípios da complexidade dentro dos seus processos de design e, de certa forma, estruturam-se pelas dimensões do humano, potencializando uma ou mais dessas dimensões frente ao contexto de projeto. A abordagem desta tese delimita-se ao assumir os processos de design como atividades que impactam no cotidiano das pessoas, em que a complexidade impera, desvelando seus princípios e a noção sobre quais dimensões do humano interagem numa atividade de atender demandas reais. Que, segundo Alano (2015), “[…] requerem atores capazes de lidar com problemas complexos e que, além de deter de conhecimento e recursos, necessitam lidar como situações que emergem da vida real.” (p. 65).

1.5 Originalidade e aderência ao programa

Esta pesquisa se insere na área de concentração de Design, mais especificamente, na linha de pesquisa Gestão de Design que, de acordo com informações do site do Programa: “Reúne pesquisas com base na Gestão de Design, aplicada a organizações de base tecnológica e social, incluindo setores de alto incremento tecnológico e também setores comunitários. Considera os aspectos operacionais, táticos e estratégicos

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bem como sua relação com o desempenho dos processos e a performance nas organizações.”16

A revisão de literatura, na qual foram levantados os saberes e as pesquisas relacionadas com o tema deste estudo, permitiu a aquisição de conhecimento e os ajustes das perspectivas teóricas então definidas (LAVILLE, 1999), tomando como base a análise bibliométrica que permite verificar as características externas das produções literárias de uma área especializada (BUFREM; PRATES, 2005). Tais procedimentos permitiram quantificar as produções e diminuir a subjetividade nas escolhas das produções que ao serem selecionadas foram tratadas como base de dados mais confiáveis, baseadas em protocolos replicáveis e indicadores que sustentam a revisão sistemática como método pertinente às pesquisas científicas.

No primeiro momento, com vistas a identificar quais instituições estão tratando da temática, este trabalho organizou uma pesquisa sistemática nos programas brasileiros de pós-graduação stricto sensu em design, cuja realização se deu nos meses de fevereiro e março de 2016. Dadas as especificidades de cada instituição, a pesquisa foi feita em duas etapas: primeiro, buscando por design e seus processos dentro da gestão de design (tendo como opção de busca também a gestão do design); em seguida, buscando por complexidade e o pensamento complexo. A pesquisa tomou como objetos as dissertações e teses dos programas de pós-graduação brasileiros, partindo-se do princípio de

16 Programa de Pós-Graduação em Design da UFSC. Disponível em: <http://www.posdesign.ufsc.br/doutorado-em-design/>.

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que o que vem sendo defendido é resultado das pesquisas e dos processos em desenvolvimento nesses cursos. Dos 23 programas de pós-graduação stricto sensu em design existentes no Brasil, 21 estão em pleno funcionamento, dos quais 17 são acadêmicos e 4 profissionais, conforme mostra a figura a seguir.

Figura 2 – Total de programas de pós-graduação stricto sensu em design no Brasil em 2016 e as linhas de pesquisa relacionadas à gestão

Fonte: Elaborada pelo autor, com dados obtidos da Plataforma Sucupira – CAPES17 entre 23/02/2016 e 03/03/2016.

A coleta de dados realizada na Plataforma Sucupira nos primeiros meses de 201618, tomou como filtro apenas o período de 2011 até 2015. No período considerado, foram encontradas 744 dissertações e 104 teses, num cenário de 15 programas de pós-graduação, dos quais 6 não tinham nenhuma produção disponibilizada na plataforma, e apenas 5 apresentavam teses. A análise se deu na coleta das palavras-chave, cujo total foi de 3.748 entradas. Das dissertações e teses defendidas em cursos brasileiros de pós-graduação stricto sensu nos últimos 5 anos

17 Plataforma Sucupira CAPES. Disponível em: <https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/listaPrograma.jsf>. 18 Nesse período, muitas plataformas disponibilizavam apenas dados até o ano de 2015.

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estudados, apenas 36 tratam da “gestão de/do design”, de forma explícita.

Gráfico 1 – Quantidade de dissertações e teses que explicitam a Gestão de/do Design

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados obtidos da Plataforma Sucupira – CAPES entre 1º e 16/03/2016.

Observa-se, por meio do gráfico, o crescimento entre 2012 e 2015, por mais que se tenha um salto em 2013, a curva sobe nos 2 últimos anos pesquisados. Dos 36 trabalhos que explicitam a gestão de/do design, grande parte está concentrada na região Sul do Brasil, aproximadamente 86,1%.

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Tabela 1 – Total de dissertações e teses que expressam gestão de/do design por IES

Fonte: Elaborada pelo autor, com dados obtidos da Plataforma Sucupira – CAPES entre 1º e 16/03/2016.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lidera o ranking com mais da metade desses trabalhos, o que reforça a pertinência da abordagem desta tese. Dos 36 trabalhos, 29 foram encontrados e 7 não apresentavam informações no site da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)19, na ocasião da pesquisa, em março de 2016. Com base no título e nome do autor, buscou-se ainda nos sistemas de bibliotecas das próprias IEs, onde foi encontrado mais 1 trabalho, totalizando, assim 30 trabalhos acessados na íntegra, ou seja, 83,33%. Seguindo os mesmos passos, a análise se concentrou na identificação dos termos “complexidade” e “pensamento complexo”. Apenas o primeiro termo aparece explícito, em 2 trabalhos.

19 Disponível em: <http://bdtd.ibict.br/vufind/>.

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Gráfico 2 – Quantidade de dissertações e teses que explicitam os termos “complexidade” e “pensamento complexo”

Fonte: Elaborado pelo autor, com dados obtidos da Plataforma Sucupira – CAPES entre 1º e 16/03/2016.

Dos 2 trabalhos, o de 2012 é uma dissertação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e o de 2013 uma tese da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Bauru. Com a necessidade de afirmar, de forma mais segura a originalidade dos temas “complexidade” e “pensamento complexo”, a pesquisa buscou também trabalhos na área de Arquitetura e Urbanismo, dada a sua completude com o design pela CAPES.

A tabela a seguir apresenta a quantidade de teses e dissertações da área de Arquitetura e Urbanismo defendidas no Brasil, por região, contendo os termos pesquisados nos títulos e palavras-chave.

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Tabela 2 – Total de títulos dos programas de stricto sensu na Arquitetura e Urbanismo (2011-2015) Programas stricto sensu em Arquitetura e Urbanismo Títulos

disponibilizados Total de palavras-chave Total de palavras-chave por região

UFRJ 54 230 Sudeste 3.539 USP 325 1.115 USP-São Carlos 95 442 UFMG 77 331 UFV 0 0 UFF 87 353 UFES 33 147 FUMEC (F) 0 0 UPM 138 573 USJT 26 98 PUC-RIO 4 19 UFRJ (F) 0 0 UNESP-Bauru 0 0 UFU 9 48 UNICAMP 55 183 UNIRITTER 20 74 Sul 1.162 IMED 0 0 UNISINOS (F) 0 0 UFPEL 49 172 UFRGS 47 208 UEL 28* 122* UFSC 63 207 UEM 28 122 UFBA 83 379 Nordeste 682 UFPB-JB 52 209 UFRN 24 94 UFC 0 0 UFRN (F) 0 0 UNB 99 470 Centro-Oeste470 UFPA 51 222 Norte222 TOTAL 1419 5696

Nota: os valores da UEL e da UEM são iguais, assim como os dados disponibilizados na Plataforma

Sucupira. Dessa forma, os dados da UEL foram desconsiderados. O (F) significa curso profissional. Fonte: Elaborada pelo autor, com dados obtidos da Plataforma Sucupira – Capes entre abril e junho de 2016.

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Nessa pesquisa que coletou os títulos pertinentes ao tema e suas respectivas palavras-chave, identificou apenas 3 trabalhos, a saber:

Contribuições do pensamento sistêmico no design contemporâneo

(dissertação de mestrado, de Fabiano Virginio Pereira, 2014) e Projeto e

complexidade. Reflexões sobre um design colaborativo (tese de

doutorado, de Rui Sérgio Dias Alão, 2015), ambas defendidas na Universidade de São Paulo (USP), e Processo de design: complexidade e

meios digitais (dissertação de mestrado, de João Paulo Soares, 2013),

USP-São Carlos.

Em se tratando dos trabalhos de pós-graduação stricto sensu na área de Design é possível afirmar que o tema “gestão de/do design” apresenta uma abordagem crescente e a UFSC é a instituição que mais vem produzindo dentro desse assunto. Já acerca da “complexidade” e do “pensamento complexo” a produção é pouco significativa. Entretanto, por meio das análises, foi possível buscar as principais referências dos trabalhos de conclusão de curso de pós-graduação stricto sensu analisados, e assim verificar quais são os autores mais utilizados em nosso país.

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Tabela 3 – Quantidade de referências em gestão de/do design similares nas dissertações e teses dos cursos brasileiros stricto sensu em design

Quantidade de

trabalhos Referência

26 MOZOTA, B. B. de.; KLÖPSCH, C.; COSTA, F. C. X. Gestão de design: usando o design para construir valor de marca corporativa. Porto Alegre: Bookman, 2011.

23 MARTINS, Rosane Fonseca de F.; MERINO, Eugenio Andrés Diaz. A Gestão de Design como estratégia organizacional. 2. ed. Londrina:

Rio Books, 2008.

15 CENTRO PORTUGUÊS DE DESIGN. Manual de Gestão de Design. Porto: DZ, 1997. ISBN: 84-7752-185-9. 13 BEST, Kathryn. Design management: managing design strategy, process and implementation. Tennessee: AVA Publishing, 2006. 8 BEST, K. Fundamentos da Gestão de Design. Porto Alegre: Bookman, 2012.

7

DESIGN MANAGEMENT INSTITUTE (DMI). What is design

management? 2016. Disponível em:

<http://www.dmi.org/dmi/html/aboutdmi/design_management.ht m>.

7 GIMENO, José María Iváñez. La gestión del diseño en la empresa. Madrid: Mcgraw-hill de Management, 2001. Fonte: Elaborada pelo autor, com dados obtidos das teses e dissertações analisadas durante a pesquisa.

Nota-se que o referencial básico de “gestão de/do design” é base para a maioria das dissertações e teses analisadas. Isso, de certa forma, permite assumir que os pressupostos desses autores norteiam os posicionamentos acerca da gestão de/do design nos cursos brasileiros de pós-graduação stricto sensu em design. Pressuposto este difícil de ser assumido quanto aos trabalhos que declaram a complexidade. Os 2 trabalhos ilustrados na Figura 2, referentes ao design não possuem obras similares, mas um teórico da complexidade aparece nos dois trabalhos – Edgar Morin –, autor este que só não aparece na tese da

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arquitetura, mas é referência base das dissertações que completam os 3 trabalhos da área de Arquitetura e Urbanismo. Reforça-se o fato de que os 5 trabalhos que explicitam a “complexidade” como palavra-chave foram realizados na região Sudeste do Brasil.

No segundo momento, a revisão sistemática foi mais detalhada, revisão esta que, para Sampaio e Mancini (2007), é um tipo de pesquisa que tem como fonte de dados a literatura sobre o tema e que oferece uma síntese das evidências com base nas estratégias de intervenção através da aplicação de métodos sistematizados e explicitados de busca e da apreciação crítica e síntese de toda informação selecionada. Uma vez definido o problema de pesquisa, a busca por evidências assumiu a expressão lógica a partir da seleção de unitermos resultantes das palavras-chave e de operadores booleanos (and, or, etc.). Para a elaboração das palavras-chave, utilizou-se o instrumento Thesaurus Brasileiro da Educação “[…] que reúne termos escolhidos a partir de uma estrutura conceitual previamente estabelecida e destinados à indexação e à recuperação de documentos e informações num determinado campo do saber.” (INEP, [2016]). Para validação desses termos, utilizou-se a bautilizou-se de dados acadêmicos do Google, Google Schoolar20, para a verificação da coerência dos termos, definindo-se portanto a expressão lógica, que ficou assim construída: <<“management design” OR “design management” OR “gestão de design” OR “gestão do design” OR “gestão em design” AND “complex thought” OR “pensée complexe” OR

20 Disponível em: <https://scholar.google.com.br/>.

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“pensamento complexo”>>21, que também foi verificada na mesma base de dados.

O próximo passo foi selecionar as bases de dados, o que foi feito a partir do Portal de Periódicos da CAPES/MEC22. A lista das bases de dados resultantes definiu quais seriam utilizadas para a pesquisa, assumindo 9 bases de dados: OneFile (GALE)®; ProQuest Advanced Technologies & Aerospace Collection®; DOAJ®; Technology Research Database®; Engineering Research Database®; Mechanical & Transportation Engineering Abstractas®; Web of Science®; ScienceDirect Journals (Elsevier)®; e Scopus (Elsevier)®. Além dessas, outras duas bases já haviam sido pré-definidas como bases para a pesquisa: a EBSCO®, pois o autor é bolsista de uma instituição quem tem a esta como base de dados liberada para pesquisas; e a base Google Schoolar® que, como já havia sido utilizada nas verificações, julgou-se coerente considerá-la também nessa etapa. A análise e seleção da pesquisa foram feitas nas bases de dados e dependendo da quantidade de resultados, até 5 filtros foram considerados, conforme listados a seguir:

1. Filtro 1: Período – de 2011 a 2016 (os últimos 5 anos);

2. Filtro 2: Artigos (em algumas bases teses e dissertações foram aceitas neste filtro);

21 Durante a construção desta expressão lógica foi percebido que a inserção das terminologias <<processos>> e <<design>> ampliariam a rede semântica de captação; e que assumida a <<gestão de design>> e <<gestão do design>> semanticamente a expressão lógica identificaria e direcionaria as duas terminologias já com forte ligação ao que se pretendia filtrar.

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3. Filtro 3: Assunto/categoria (como há diferentes denominações, conforme a base, a seleção considerou termos relacionados à expressão lógica);

4. Filtro 4: Classificação (também diferente em cada base de dados, a seleção considerou a pertinência em relação à expressão lógica);

5. Filtro 5: Revisado por especialistas.

Ressalta-se que, das 11 bases de dados selecionadas, 5 utilizaram todos os filtros. Em função da parametrização de cada base ser diferente utilizou-se a ferramenta Mendeley®, um sistema para gerenciamento e compartilhamento de dados e de colaboração nas pesquisas científicas, obtendo critérios similares para as 11 bases, como ilustra a figura a seguir.

(65)

Figura 3 – Filtros da pesquisa sistemática – levantamento do panorama do tema nas principais bases de dados

Fonte: Elaborada pelo autor, com dados obtidos dos resultados das buscas realizadas nas bases de dados acessadas na primeira quinzena do mês de julho de 2016.

Por meio de uma análise criteriosa das 70 publicações, realizou-se a classificação a partir de quatro critérios:

1. As publicações que tratam do assunto (explicitado na expressão lógica) de forma aprofundada, apresentando conceitos e definições consistentes, com base em boas referências, descrevendo modelos de análise e de pesquisa pertinentes; 2. Publicações que assumem o assunto, porém tratam de temas

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