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2 2 HISTORICO DOS ESTUDOS

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2.2 HISTÓRICO DOS ESTUDOS

Os estudos mais antigos efetuados no rio Tibagi trataram isoladamente de alguns locais passíveis de aproveitamento hidrelétrico. Esses estudos, normalmente parciais e referidos a pequenos trechos do rio, tinham como objetivo atender as necessidades da época em que o Estado do Paraná possuía somente pequenos sistemas isolados.

2.2.1 Estudo de Inventário do Rio Tibagi - CANAMBRA 1965

O primeiro estudo do potencial energético do rio Tibagi data de 1965, efetuado pela CANAMBRA Engineering Consultants, ocasião em que foi feito o Estudo de Inventário do rio Tibagi definindo o aproveitamento do desnível existente através de 9 usinas hidrelétricas com potência instalada total de 809 MW e energia firme de 346 MW médios.

A necessidade de revisão dos estudos da CANAMBRA se tornou evidente com a integração elétrica das regiões Sul e Sudeste, através de interligações pesadas do sistema de transmissão, pelas modificações ocorridas no vale do rio Tibagi com o uso agrícola intensivo de áreas que seriam inundadas e pela necessidade de estudos mais detalhados da influência dos reservatórios sobre as cidades ribeirinhas.

2.2.2 Estudo de Inventário do Rio Tibagi - COPEL 1984

Entre 1983 e 1984 a COPEL elaborou o Estudo de Inventário Energético do rio Tibagi. Das diversas alternativas de divisão de queda e localização dos eixos das barragens, inclusive algumas resultantes de uma adaptação daquela selecionada pela CANAMBRA, esse Inventário recomendou o aproveitamento do potencial do rio Tibagi mediante a implantação de 7 usinas com um desnível total de 436,00 m situado entre as elevações 770,00 e 334,00 m.

Na divisão de queda selecionada, as localizações e níveis d'água máximos de alguns reservatórios foram bastante modificados em relação aos da CANAMBRA, reduzindo-se sua interferência sobre cidades e áreas agrícolas.

O trecho do rio Tibagi, objeto dos estudos de inventário, estava compreendido entre a sua foz no reservatório da usina de Capivara, no rio Paranapanema, nas proximidades da cidade de Jataizinho, e a sua confluência com o rio Imbituva, nas proximidades da cidade de Ponta Grossa, com cerca de 480 km de comprimento.

Para o aproveitamento mais eficiente do potencial energético do rio, admitiu-se o afogamento de duas usinas hidrelétricas: a Usina Presidente Vargas, pertencente à empresa Kablin S.A., com 22,5 MW de potência instalada e geração média da ordem de 20 MW médios, inundada pelo reservatório da UHE Mauá; e, a Usina Apucaraninha, pertencente à COPEL, com 9,0 MW de potência instalada e 6,7 MW médios de geração média, com a inundação da casa de força pelo reservatório da UHE São Jerônimo.

Os estudos energéticos foram efetuados utilizando-se o Modelo de Simulação a Usinas Individualizadas - MSUI, fator de capacidade de 56%, período crítico de maio de 1951 a novembro de 1956 e período histórico de janeiro de 1931 a dezembro de 1970. A energia firme da cascata do rio Tibagi para a alternativa selecionada resultou em 795 MW médios para uma potência instalada total de 1.556 MW, sem descontar os valores das usinas Apucaraninha e Presidente Vargas.

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Os Estudos de Inventário do rio Tibagi de 1984 recomendaram uma divisão de queda que compreendia a UHE Mauá com nível d'água normal do reservatório na elevação 640,00 m e com barragem construída a jusante do Salto Mauá, inundando a Usina Presidente Vargas existente. O aproveitamento situado imediatamente a jusante, São Jerônimo, teria nível d'água normal do reservatório na elevação 535,00 m. Como o nível d'água natural a jusante da UHE Mauá estaria aproximadamente na elevação 510,00 m, haveria uma sobreposição das duas usinas.

O Inventário de 1984 previu que o reservatório da UHE São Jerônimo contaria com um volume útil para a regularização de vazões situado entre as elevações 510,00 e 535,00 m. Quando o reservatório de São Jerônimo estivesse no nível d'água mínimo (elevação 510,00 m), a UHE Mauá poderia gerar com toda a queda disponível. A energia firme da UHE Mauá seria consideravelmente menor do que a que seria obtida sem a sobreposição. Por outro lado, essa maximizaria a soma das energias firmes de todas as usinas situadas na cascata Tibagi-Paranapanema-Paraná que inclui, a jusante da UHE Mauá, os seguintes aproveitamentos: São Jerônimo, Cebolão e Jataizinho, no rio Tibagi, Capivara, Taquaruçu e Rosana, no rio Paranapanema, e Itaipu, no rio Paraná.

Cabe ressaltar que uma das alternativas de divisão de queda analisada eliminava a superposição da UHE São Jerônimo sobre a UHE Mauá.

A alternativa com superposição foi selecionada pelo maior valor total de energia firme, apesar de inundar uma área total 13% maior que a alternativa sem superposição. Esta escolha foi baseada no fato de que o ganho de energia da alternativa com superposição sobre a alternativa sem superposição decorria exclusivamente do aumento do volume útil da UHE São Jerônimo através do aumento da altura de sua barragem e conseqüentes alterações em suas obras civis e na casa de força da UHE Mauá.

Praticamente as duas alternativas poderiam ser obtidas através de mudanças no projeto de uma única usina e com pequenas correções nas potências instaladas das usinas de jusante. Esta flexibilidade favoreceu a escolha, pois, se por qualquer motivo fosse desaconselhável a execução da superposição de quedas, não haveria necessidade de alteração dos locais ou arranjos das demais usinas e a alternativa permaneceria igualmente válida, embora com menor energia firme.

Após o encerramento dos estudos hidrológicos e já na fase final dos estudos de inventário ocorreu, em maio e junho de 1983, uma enchente de grandes proporções na bacia do rio Tibagi. Com os estudos das usinas praticamente concluídos, decidiu-se não rever as vazões de enchente apesar dessa cheia poder alterar as vazões de projeto para dimensionamento dos órgãos de descarga. Foi recomendado que a revisão dessas vazões devesse ser realizada na ocasião do estudo de viabilidade.

2.2.3 Reavaliação dos Estudos de Inventário Energético - COPEL 1994

Diversas mudanças ocorridas após 1984, que influenciam de forma significativa os empreendimentos do setor elétrico, recomendaram uma revisão dos estudos de inventário concluídos naquele ano. As principais mudanças foram:

As alterações na configuração de referência verificadas desde 1983 ampliaram a duração do período crítico e atualmente a configuração prevista para as novas datas de entrada em operação apresenta o período crítico com 90 meses de duração, entre junho de 1949, a novembro de 1956;

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A passagem do critério determinístico de atendimento, baseado no conceito de energia firme, para um critério probabilístico, baseado no conceito de energia garantida, a interligação dos subsistemas Sul/Sudeste/Centro-Oeste e as alterações na configuração do sistema interligado acarretam mudanças nos valores energéticos das usinas;

O banco de dados hidrológicos do sistema interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste, atualizado até 1992, incorpora duas grandes enchentes no rio Tibagi e resulta em redimensionamento das estruturas de desvio do rio, vertedouros e na definição das novas potências instaladas com as conseqüentes alterações nas estruturas do circuito hidráulico;

A partir de 1986, após a elaboração dos estudos de inventário do rio Tibagi, foram emitidas novas resoluções do CONAMA que levam à necessidade de uma atualização do diagnóstico ambiental e das condições sócio-econômicas e culturais da região de influência dos aproveitamentos. Em especial, a alternativa sem superposição de queda, com menor área inundada, apresentava vantagens importantes, pela redução da interferência, particularmente com a terra indígena Mococa na área de influência da UHE São Jerônimo;

Os preços unitários de obras e serviços, anteriormente baseados no Manual de Inventário (ELETROBRAS 1984) e em dados históricos, sofreram significativas alterações nos últimos anos.

Em 1994, a COPEL realizou novo estudo revisando a divisão de queda selecionada nos estudos de inventário. Este novo estudo, intitulado Rio Tibagi - Reavaliação dos Estudos de Inventário Energético, teve os seguintes objetivos:

Atualização do diagnóstico ambiental e das condições sócio-econômicas e culturais da região de influência dos aproveitamentos;

Inclusão de dados de vazão do período de 1981 a 1992;

Atualização dos estudos energéticos de acordo com os critérios de planejamento do setor utilizados na época;

Reavaliação da divisão de queda, levando em conta as atualizações acima relacionadas, a reanálise da superposição de queda entre os aproveitamentos de Mauá e São Jerônimo, as interferências dos reservatórios com áreas indígenas e a atualização dos preços unitários nos orçamentos.

As considerações e critérios incluídos nessa reavaliação resultariam em subsídios para a definição da nova alternativa de divisão de queda e orientariam o início dos estudos de viabilidade.

Entre as principais conclusões dessa reavaliação, destacam-se:

Pelos critérios vigentes na época dos Estudos de Inventário (COPEL -1984), o ganho energético na cascata do rio Tibagi era de 28,3 MW médios de energia firme para a alternativa de divisão de queda com superposição. Com os critérios de cálculo utilizados pelo Setor Elétrico em 1994, o ganho energético foi de 3,6 MW médios de energia firme. Os valores de energia garantida obtidos com e sem superposição, ficaram muito próximos entre si, sendo insignificante o ganho energético de uma alternativa sobre outra;

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O ganho energético na cascata do rio Tibagi e no aproveitamento a jusante foi de 8,2 MW médios de energia garantida para a alternativa com superposição de queda; Sob o ponto de vista ambiental, a alternativa sem superposição apresentou uma área

inundada 36,5 km2 menor que a com superposição. A área atingida do Posto Indígena Apucarana diminuiu 29% em relação à alternativa anterior;

Não deveria haver relocação da população indígena, já que esta ocupa área mais afastada do rio Tibagi;

Ao analisar o aproveitamento do potencial hidrelétrico do rio Tibagi, levando-se em conta os dados e critérios de 1994, concluiu-se pela seleção da alternativa de divisão de queda sem a existência de superposição entre as usinas São Jerônimo e Mauá;

A potência total instalada do rio Tibagi com a nova alternativa selecionada foi de 1.210 MW, 22% menor do que a anteriormente apresentada no Estudo de Inventário; A eliminação da superposição de queda dos aproveitamentos Mauá e São Jerônimo

levou a UHE Mauá a concentrar a regularização de vazões de toda a cascata do rio Tibagi a jusante.

Nessa configuração, a potencia instalada total do rio Tibagi foi estimada em 1.210 MW e a energia garantida em 635,9 MW médios, com a implantação de sete aproveitamentos, denominados de montante para jusante, como: Santa Branca, Tibagi, Telêmaco Borba, Mauá, São Jerônimo, Cebolão e Jataizinho.

A inserção da UHE Mauá se daria no rio Tibagi, em seu médio curso, estando seu eixo situado nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira no estado do Paraná. O nível d'água máximo do reservatório estaria na elevação 640,00 m e corresponderia ao nível normal de jusante da futura UHE Telêmaco Borba e o nível do canal de fuga a jusante coincidiria com o nível d’água normal do reservatório da futura UHE São Jerônimo, previsto, nesse estudo, na elevação 510,00 m. A queda máxima bruta é de 130,00 m e queda média liquida seria de 115,10 m. A casa de força estaria equipada com dois grupos geradores com 194 MW cada um, totalizando a Potência Instalada de 388 MW. No Quadro 2.2.1 são apresentadas as principais características dos aproveitamentos resultantes desse estudo. As modificações propostas em 1994 foram aprovadas pelo então DNAEE.

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Área de Atuação: Energia Página: 57 DIREITOS RESERVADOS CNEC Revisão: 0 Quadro 2.2.1 - Reavaliação dos Estudos de Inventário Energético do Rio Tibagi

Reservatório

Níveis d'Água Volumes

Distância da Foz

Área de Drena-

gem Máximo

Normal Médio Mínimo

Depleção Total Útil Área no N.A. Máx. Normal Nome do Aproveitamento km km2 m m m m 106m3 106m3 km2 Santa Branca 384,6 7.310 770,00 768,20 766,00 4,0 224 99 30,1 Tibagi 355,9 8.550 721,00 721,00 721,00 0,0 69 0 9,4 Telêmaco Borba 315,4 13.400 690,00 690,00 690,00 0,0 233 0 16,5 Mauá 229,7 15.600 640,00 627,00 604,00 36,0 3.700 2.686 112,9 São Jerônimo 168,2 17.800 510,00 510,00 510,00 0,0 1.744 0 60,2 Cebolão 121,7 20.000 425,00 425,00 425,00 0,0 315 0 25,6 Jataizinho 90,7 21.200 383,00 383,00 383,00 0,0 390 0 31,7 Quedas Vazões N.A. Normal de Jusante Bruta Máxima Bruta Média Líquida Máxima Líquida Média Média Longo Termo Projeto Desvio Projeto Verte- douro Nome do Aproveitamento m m m m m m3/s m3/s m3/s Santa Branca 721,00 49,0 47,2 48,0 46,2 137 1.389 3.456 Tibagi 691,30 29,7 29,7 29,6 29,6 160 1.662 4.151 Telêmaco Borba 640,00 50,0 50,0 49,0 49,0 234 2.838 7.180 Mauá 510,00 130,0 115,1 128,3 115,1 266 3.427 8.715 São Jerônimo 425,00 110,0 100,0 83,3 83,3 300 4.051 10.350 Cebolão 383,00 42,0 42,0 41,2 41,2 333 4.709 12.085 Jataizinho 343,30 39,7 39,7 38,9 38,9 351 5.083 13.074 Energias Potências Garan- tida Média Longo Termo de Refe- rência Insta- lada Núm. de Máq. Nome do Aproveitamento MW médio MW médio MW MW - Santa Branca 34,5 41,9 62 67 2 Tibagi 25,3 29,7 47 47 2 Telêmaco Borba 61,8 73,0 112 112 2 Mauá 184,6 234,7 330 388 2 São Jerônimo 158,2 179,3 284 284 2 Cebolão 86,4 98,1 156 156 2 Jataizinho 86,5 98,8 156 156 3

2.2.4 Revisão da Divisão de Queda do Trecho Médio do Rio Tibagi - COPEL 1997

Em 1996, a COPEL desenvolveu os Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental dos aproveitamentos de Jataizinho e Cebolão. Estes aproveitamentos foram

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Área de Atuação: Energia Página: 58 DIREITOS RESERVADOS CNEC Revisão: 0

reavaliados energeticamente, considerando o critério de energia firme: as potências instaladas previstas no Inventário foram aumentadas.

Os Estudos de Viabilidade das UHEs Cebolão e Jataizinho compreenderam também uma revisão da hidrologia da bacia do rio Tibagi, que elevou os valores das cheias de projeto em relação aqueles considerados na Reavaliação dos Estudos de Inventário Energético datado de 1994.

Posteriormente, a COPEL elaborou o estudo Revisão da Divisão de Queda do Trecho Médio do Rio Tibagi, o qual foi entregue ao então DNAEE, em agosto de 1997.

Essa revisão da divisão de queda abrangeu o trecho médio do rio Tibagi no qual está prevista a construção dos três aproveitamentos denominados, de montante para jusante, Telêmaco Borba, Mauá e São Jerônimo. Os estudos realizados concentram-se nos aproveitamentos de Mauá e São Jerônimo, para os quais estudaram-se modificações buscando melhorar o aproveitamento hidrenergético do rio Tibagi.

Na divisão de queda aprovada pelo DNAEE, em 1994, a UHE Mauá estaria definida como uma usina de 388 MW de potência instalada, com uma barragem construída a jusante do Salto Mauá. O nível d'água máximo normal do reservatório estaria na elevação 640,00 m, inundando a Usina Presidente Vargas existente, de propriedade da empresa Klabin S.A. A UHE São Jerônimo estaria definida como uma usina de 284 MW de potência instalada, com operação a fio d'água e nível máximo normal do reservatório na elevação 510,00 m.

A definição da potência instalada foi feita em função de uma energia primária. Aplicou-se a esta energia um determinado fator de capacidade e obteve-se a potência instalada preliminar da usina, a qual foi revista na fase final dos estudos. Observou-se que na época da aprovação da divisão de queda objeto da reavaliação dos estudos de inventário (1994) o cálculo da energia primária baseava-se no critério de energia garantida. Posteriormente este critério foi substituído pela energia firme, associada ao período crítico do sistema interligado. Verificou-se que a mudança de critério no cálculo da energia primária proporcionaria a revisão das potências instaladas dos aproveitamentos do rio Tibagi. As energias firmes teriam valores absolutos mais altos que as energias garantidas. Portanto, mantendo-se constantes os fatores de capacidade adotados, deveriam ser aumentadas as potências instaladas das usinas.

Os Estudos de Inventário do rio Tibagi foram concluídos em 1984 e revisados dez anos depois. A única mudança na divisão de quedas realizada na revisão de 1994 foi a eliminação do volume útil do reservatório da UHE São Jerônimo, justificada pela mudança do critério energético e por problemas ambientais. Com a nova mudança do critério energético, observou-se a oportunidade de rever a eliminação da capacidade de regularização do reservatório do aproveitamento de São Jerônimo.

Além deste aspecto, estudos preliminares realizados pela COPEL mostraram que havia a possibilidade de tornar mais atraente o empreendimento UHE Mauá deslocando-se a barragem do aproveitamento para montante do Salto Mauá.

O Salto Mauá consiste numa série de corredeiras existentes ao longo de uma curva que o rio Tibagi faz para a direita e que termina um pouco a montante da foz do ribeirão das Antas. Os estudos preliminares mostraram que o custo total da UHE Mauá, quando construída a montante do Salto Mauá, pode ser significativamente mais baixo que o da alternativa selecionada nos Estudos de Inventário. Quanto à perda energética causada pela redução do

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Área de Atuação: Energia Página: 59 DIREITOS RESERVADOS CNEC Revisão: 0

volume útil do reservatório, estimativas preliminares mostravam que ela poderia ser compensada pela redução dos custos.

Além disso, ao passar o eixo da barragem para montante, deixa-se de inundar o vale do ribeirão das Antas. Poupar o vale traz um benefício indiscutível em termos ambientais, pois se reduz a área inundada e deixa-se intocado um dos poucos rios despoluídos da região. Contudo, perde-se uma parcela útil de reservatório e, em conseqüência, reduz-se a capacidade de regularizar vazões.

Por outro lado, o reservatório do aproveitamento de São Jerônimo situa-se em um vale encaixado, onde pequenos alteamentos de nível levam a aumentos de volume bem mais significativos que os aumentos de área. Além disso, em função da concepção do aproveitamento, pode-se introduzir uma depleção relativamente pequena a um custo adicional insignificante. Estudos preliminares da COPEL mostram que o problema ambiental mais grave para a UHE São Jerônimo, a inundação de áreas indígenas, praticamente não se alterava com um alteamento relativamente pequeno do reservatório.

Pelas razões expostas acima, a COPEL decidiu fazer a reavaliação da divisão de queda do trecho médio do rio Tibagi, estudando-se modificações nos aproveitamentos de Mauá e São Jerônimo.

As modificações propostas são as seguintes: deslocamento do eixo da barragem da UHE Mauá de jusante para montante do Salto Mauá, alteamento do nível d'água máximo normal do reservatório da UHE Mauá da elevação 640,00 m para a elevação 642,50 m, alteamento do nível d'água máximo normal do reservatório da UHE São Jerônimo da elevação 510,00 m para a elevação 515,00 m e a criação de um volume para regularização de vazões no reservatório da UHE São Jerônimo entre as elevações 505,00 e 515,00 m.

Estas modificações foram propostas pelas seguintes razões principais:

Potencial de redução significativa no custo total do investimento ao modificar o arranjo da UHE Mauá, deslocando-se o eixo da barragem de jusante para montante do Salto Mauá;

Minimização da perda de energia na cascata dos rios Tibagi (Mauá, São Jerônimo, Cebolão e Jataizinho), Paranapanema (Capivara, Taquaruçu e Rosana) e Paraná (Itaipu), provocada pela redução que ocorre na capacidade de regularização da UHE Mauá quando a barragem é deslocada para montante do salto;

Redução da área total inundada pelos aproveitamentos do rio Tibagi e a não inundação do vale do ribeirão das Antas.

Com as modificações propostas, a perda energética está concentrada na UHE Mauá. A UHE São Jerônimo ganharia 6 MW firmes com as modificações realizadas. As energias firmes das usinas de Cebolão e Jataizinho permaneceriam inalteradas.

A redução da energia firme total da cascata, com alternativa proposta, foi avaliada em 11,4 MW médios.

Verificou-se que o valor da energia perdida era inferior ao valor correspondente à redução do custo proporcionado pela alternativa proposta levando-se a concluir que, sob o ponto de vista do órgão regulador, a Alternativa de Divisão de Queda Proposta seria a mais indicada para o rio.

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Nessa alternativa, o nível d'água máximo do reservatório da UHE Mauá está na elevação 642,50 m, correspondente ao nível d'água normal de jusante proposto para a UHE Telêmaco Borba. O nível d'água do canal de fuga a jusante da UHE Mauá coincide com o nível d’água normal proposto nesse estudo para o reservatório da futura UHE São Jerônimo, na elevação 515,00 m.

A barragem situa-se a montante do Salto Mauá, com a casa de força próxima a confluência com o ribeirão das Antas. Possui uma unidade implantada junto ao pé da barragem, a fim de aproveitar a vazão sanitária que deve ser mantida até a casa de força, e permite preservar a Usina Presidente Vargas operando para aproveitar a vazão sanitária e parcela das vazões vertidas do reservatório da UHE Mauá.

A potência instalada total seria de 407,5 MW, com duas unidades de 185,5 MW de capacidade nominal na usina principal, 14 MW de capacidade nominal na única unidade situada junto ao pé da barragem e 22,5 MW da Usina Presidente Vargas na hipótese da mesma ser mantida nessa configuração.

No Quadro 2.2.2 são apresentadas as principais características dos aproveitamentos resultantes do estudo de revisão da divisão de queda do trecho médio do rio Tibagi e no Desenho VMAU/GE.00/DE.0002 é apresentada a divisão de queda do rio Tibagi resultante dessa revisão.

Quadro 2.2.2 - Estudo de Revisão da Divisão de Queda do Trecho Médio do Rio Tibagi Reservatório

Níveis d'Água Volumes

Distân- cia da Foz Área de

Drena-gem Máximo Normal Médio Mínimo

Depleção Total Útil Área no N.A. Máx. Normal Nome do Aproveitamento km km2 m m m m 106m3 106m3 km2 Telêmaco Borba 315,4 13.400 690,00 642,50 690,00 0,0 233 0 16,5 Mauá (principal) 236,0 14.900 642,50 512,50 604,00 38,5 2.633 2.191 96,0 Mauá (complementar) 236,0 14.900 642,50 567,00 604,00 0,0 0 0 -Pres. Vargas - 14.900 565,85 533,00 565,85 0,0 0 0 -São Jerônimo 515 168,2 17.800 515,00 425,00 505,00 10,0 2.000 690 65,0

Quedas Energias Potência

Vazões Bruta Máxima Bruta Mínima de Refe- rência Média Longo Termo Projeto Desvio Projeto Vertedouro Firme Insta-lada Núm. de Máq. Nome do Aproveitamento m m m m3/s m3/s m3/s MW médio MW - Telêmaco Borba 47,5 47,5 47,5 - 2.838 9.085 66,0 118 2 Mauá (principal) 127,5 91,5 99,1 257,5 2.336 10.552 176,2 371 2 Mauá (complementar) 75,5 49,0 63,0 - - - 8,8 14 1 Pres. Vargas 33,0 33,0 30,6 - - - 6,8 22,5 1 São Jerônimo 515 90,0 80,0 80,9 301,3 4.051 13.645 178,0 340 2 Data: 25/11/2004

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Área de Atuação: Energia Página: 61 DIREITOS RESERVADOS CNEC Revisão: 0

No Quadro 2.2.3 é apresentado um resumo dos estudos anteriores realizados na Bacia do Rio Tibagi, referentes ao seu potencial hidráulico, destacando-se as principais modificações propostas ao longo do tempo.

Quadro 2.2.3 - Resumo dos Estudos Anteriores

Estudo Autor Data Conclusão

Inventário CANAMBRA

CANAMBRA 1965 Primeiro Estudo de Inventário do Rio Tibagi. Aproveitamento do desnível existente com 9 usinas hidrelétricas.

Estudo de Inventário do Rio Tibagi

COPEL 1984 UHE Mauá a jusante do Salto Mauá e do ribeirão das Antas, com nível máximo do reservatório de regularização na elevação 640,00 m e nível d'água de jusante na elevação 510,00 m. UHE São Jerônimo com reservatório na elevação 535,00 m. Sobreposição das 2 usinas. Volume útil de São Jerônimo entre as elevações 510,00 e 535,00 m.

Reavaliação dos Estudos de Inventário Energético do Rio Tibagi

COPEL 1994 Mantidas as características da UHE Mauá com reservatório de regularização. UHE São Jerônimo a fio d'água com o reservatório na elevação 510,00 m eliminando-se a sobreposição.

Revisão da Divisão de Queda do Trecho Médio

COPEL 1997 Deslocamento do eixo da barragem da UHE Mauá para montante do Salto Mauá e alteamento de seus níveis d'água de jusante (para 515,00 m) e de montante (para 642,50 m). Alteamento do nível d'água máximo da UHE São Jerônimo para 515,00 m com volume útil entre as elevações 505,00 e 515,00 m.

Referências

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