Elementos de Matemática
Cleide Martins
DMat - UFPE - 2018.1
Objetivos
1 Estudar formas sistemáticas de demonstrações
Faremos aqui alguns exercícios envolvendo resultados bem conhecidos acerca de números e conjuntos.
Números Racionais
Assumindo que conhecemos bem o conjunto dos números inteiros Z, apresentamos uma denição para um número racional.
Denição
Dizemos que um número r é racional se existem inteiros a e b com b 6= 0 tais que rb = a. Escrevemos
r = a
Observações
Antes de prosseguir, façamos algumas observações
os números a e b da denição não são únicos. Por exemplo para r = 1
3 temos a = 1 e
b = 3mas temos também
−1.1 3 = −3; 6. 1 3 = 2; 18. 1 3 = 6; etc de fato, se r = a b e m 6= 0 então r = ma mb Dizemos que r = a
b está na forma irredutível se b > 0 e os únicos divisores que a e b têm
em comum são 1 e −1. Isso equivale a dizer que b é o menor inteiro positivo tal que r = a b.
Observações
Antes de prosseguir, façamos algumas observações
os números a e b da denição não são únicos. Por exemplo para r = 1
3 temos a = 1 e
b = 3mas temos também
−1.1 3 = −3; 6. 1 3 = 2; 18. 1 3 = 6; etc de fato, se r = a b e m 6= 0 então r = ma mb Dizemos que r = a
b está na forma irredutível se b > 0 e os únicos divisores que a e b têm
em comum são 1 e −1. Isso equivale a dizer que b é o menor inteiro positivo tal que r = a b.
Observações
Antes de prosseguir, façamos algumas observações
os números a e b da denição não são únicos. Por exemplo para r = 1
3 temos a = 1 e
b = 3mas temos também
−1.1 3 = −3; 6. 1 3 = 2; 18. 1 3 = 6; etc de fato, se r = a b e m 6= 0 então r = ma mb Dizemos que r = a
b está na forma irredutível se b > 0 e os únicos divisores que a e b têm
em comum são 1 e −1. Isso equivale a dizer que b é o menor inteiro positivo tal que r = a b.
Exercícios
Escreva a forma irredutível dos seguintes racionais
1 0, 4 2 1, 5 3 4 2 4 5 −3 5 −6 18
Demonstração por Redução ao Absurdo
Um dos pilares fundamentais da Lógica é o fato
Uma armação ou é verdadeira ou é falsa, não existe meio termo
Para explicar como funciona a técnica de demonstração por redução ao absurdo (ou por contradição) vamos utilisar o símbolo ∼ A para indicar a negação da armação A. Consideremos então duas armações (Matemáticas) A e B. Queremos mostrar, usando redução ao absurdo, que "se A é verdadeira então B também é."
Matematicamente
A ⇒ B
por redução ao absurdo
Quando armamos "se A é verdade então..."
partimos do pressuposto que a armação A é verdadeira.
Na demonstração de A ⇒ B por redução ao absurdo, supomos que a armação B é falsa e montamos uma cadeia de consequências lógicas dessa hipótese até concluir que a armação A é falsa. Como A e ∼ A não podem ser verdadeiras simultaneamente, temos uma contradição que só pode ter sido consequência de assumirmos que B é falsa, logo B tem que ser verdadeira. Esquematicamente
A ⇒ B Prova: Suponha ∼ B
∼ B ⇒ P1⇒ P2⇒ · · · ⇒ Pn⇒∼ A
Absurdo!
Exemplo
Teorema√
2é irracional
Primeiro vamos escrever esse teorema na forma A ⇒ B considerando as armações A: Todo número racional tem uma forma irredutível a
b
B: √2é irracional
Prova: Suponha ∼ B: √2 é racional. Então P1:
√
2 = ab com b > 0 e os únicos divisores que a e b têm em comum são 1 e −1. Então
P2: 2 = a 2 b2. Então P3: a2 = 2b2 (a2 é par). Então P4: a é par (a = 2k). Então P5: a2 = 4k2. Então P6: 4k2= 2b2. Então
Exemplo
Teorema√
2é irracional
Primeiro vamos escrever esse teorema na forma A ⇒ B considerando as armações A: Todo número racional tem uma forma irredutível a
b
B: √2é irracional
Prova: Suponha ∼ B: √2 é racional. Então P1:
√
2 = ab com b > 0 e os únicos divisores que a e b têm em comum são 1 e −1. Então P2: 2 = a 2 b2. Então P3: a2 = 2b2 (a2 é par). Então P4: a é par (a = 2k). Então P5: a2 = 4k2. Então P6: 4k2= 2b2. Então
Exemplo
Teorema√
2é irracional
Primeiro vamos escrever esse teorema na forma A ⇒ B considerando as armações A: Todo número racional tem uma forma irredutível a
b
B: √2é irracional
Prova: Suponha ∼ B: √2 é racional. Então P1:
√
2 = ab com b > 0 e os únicos divisores que a e b têm em comum são 1 e −1. Então P2: 2 = a 2 b2. Então P3: a2 = 2b2 (a2 é par). Então P4: a é par (a = 2k). Então P5: a2 = 4k2. Então P6: 4k2= 2b2. Então
Exemplo
Teorema√
2é irracional
Primeiro vamos escrever esse teorema na forma A ⇒ B considerando as armações A: Todo número racional tem uma forma irredutível a
b
B: √2é irracional
Prova: Suponha ∼ B: √2 é racional. Então P1:
√
2 = ab com b > 0 e os únicos divisores que a e b têm em comum são 1 e −1. Então P2: 2 = a 2 b2. Então P3: a2 = 2b2 (a2 é par). Então P4: a é par (a = 2k). Então P5: a2 = 4k2. Então P6: 4k2= 2b2. Então
Exemplo
Teorema√
2é irracional
Primeiro vamos escrever esse teorema na forma A ⇒ B considerando as armações A: Todo número racional tem uma forma irredutível a
b
B: √2é irracional
Prova: Suponha ∼ B: √2 é racional. Então P1:
√
2 = ab com b > 0 e os únicos divisores que a e b têm em comum são 1 e −1. Então P2: 2 = a 2 b2. Então P3: a2 = 2b2 (a2 é par). Então P4: a é par (a = 2k). Então : a2 2. Então P6: 4k2= 2b2. Então
Exemplo
Teorema√
2é irracional
Primeiro vamos escrever esse teorema na forma A ⇒ B considerando as armações A: Todo número racional tem uma forma irredutível a
b
B: √2é irracional
Prova: Suponha ∼ B: √2 é racional. Então P1:
√
2 = ab com b > 0 e os únicos divisores que a e b têm em comum são 1 e −1. Então P2: 2 = a 2 b2. Então P3: a2 = 2b2 (a2 é par). Então P4: a é par (a = 2k). Então P5: a2 = 4k2. Então P6: 4k2= 2b2. Então
Demonstração do Teorema - Continuação
P7: b2 = 2k2 (b2 é par). Então
P8: b é par (b = 2h). Então
P9: a e b têm um divisor comum, 2, diferente de 1 e de −1. Então
∼ P1 (uma contradição).
Note: Em uma prova por redução ao absurdo da armação "se A então B" assume-se que A e ∼ B são verdades e conclui-se que ∼ A é verdade.
Demonstração do Teorema - Continuação
P7: b2 = 2k2 (b2 é par). Então
P8: b é par (b = 2h). Então
P9: a e b têm um divisor comum, 2, diferente de 1 e de −1. Então
∼ P1 (uma contradição).
Note: Em uma prova por redução ao absurdo da armação "se A então B" assume-se que A e ∼ B são verdades e conclui-se que ∼ A é verdade.
Demonstração do Teorema - Continuação
P7: b2 = 2k2 (b2 é par). Então
P8: b é par (b = 2h). Então
P9: a e b têm um divisor comum, 2, diferente de 1 e de −1. Então
∼ P1 (uma contradição).
Note: Em uma prova por redução ao absurdo da armação "se A então B" assume-se que A e ∼ B são verdades e conclui-se que ∼ A é verdade.
Demonstração do Teorema - Continuação
P7: b2 = 2k2 (b2 é par). Então
P8: b é par (b = 2h). Então
P9: a e b têm um divisor comum, 2, diferente de 1 e de −1. Então
∼ P1 (uma contradição).
Note: Em uma prova por redução ao absurdo da armação "se A então B" assume-se que A e ∼ B são verdades e conclui-se que ∼ A é verdade.
Demonstração do Teorema - Continuação
P7: b2 = 2k2 (b2 é par). Então
P8: b é par (b = 2h). Então
P9: a e b têm um divisor comum, 2, diferente de 1 e de −1. Então
∼ P1 (uma contradição).
Note: Em uma prova por redução ao absurdo da armação "se A então B" assume-se que A e ∼ B são verdades e conclui-se que ∼ A é verdade.
Exercícios
1 Prove que, para todo inteiro n, o resto da divisão de n2 por 4 é 0 ou 1. 2 Se n é um inteiro, quais são os restos possíveis na divisão de n2 por 8? 3 Prove que √35 é irracional.
4 Prove por redução ao absurdo a armação
P: a soma dos quadrados de três inteiros consecutivos não pode deixar resto −1 na divisão por
12
5 Prove por redução ao absurdo que o cubo do maior de três inteiros consecutivos não pode