• Nenhum resultado encontrado

UMA INTERVENÇÃO URBANA PROPOSTA PARA A CIDADE DE UBERLÂNDIA-MG: BAIRRO CAMPO ALEGRE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UMA INTERVENÇÃO URBANA PROPOSTA PARA A CIDADE DE UBERLÂNDIA-MG: BAIRRO CAMPO ALEGRE"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

UMA INTERVENÇÃO URBANA PROPOSTA PARA A CIDADE

DE UBERLÂNDIA-MG: BAIRRO CAMPO ALEGRE

SILVA, Cecília Azevedo (Unitri, ceciliaaazsilva@gmail.com)

ROSA, Maria Luiza Rodrigues (Unitri, marialuizargds.arq@gmail.com)

Orientadora: PAULA, Ana Flávia Ferreira de Castro (Unitri, anaffc@yahoo.com.br)

RESUMO

A grande crescente das cidades obriga a população de classes mais baixas a deixarem seus lares e buscarem na periferia recomeçarem suas vidas. O processo de gentrificação tem como uma das principais consequências a ocupação de áreas irregulares, que sem um planejamento, faz com que o crescimento da malha urbana aconteça de forma desordena. Como a maioria das cidades, a cidade de Uberlândia-MG sofreu e continua a crescer de forma desenfreada e sem plano de ação. Os bairros estão cada vez mais afastados dos centros urbanos, tornando as distancias cada vez maiores. Este artigo aborda o projeto do bairro multifuncional Campo Alegre no setor sul na cidade de Uberlândia. Desta forma, o objetivo deste bairro é suprir as necessidades de seus moradores, e assim proporcionar por meio do urbanismo qualidade de vida e priorizar o viver em comunidade. Sendo assim, foram realizados diversos estudos e levantamentos para verificar as carências urbanas e as condicionantes do local como topografia, hidrografia e entorno entre outro, e paralelo a isso desenvolver um bairro humanizado onde o pedestre seja a grande prioridade.

Palavras-chave: Bairro multifuncional; Bairro Planejado; Planejamento urbano.

INTRODUÇÃO

As cidades do Brasil têm tido seu crescimento urbano de forma desordenada, originando diversos problemas como segregação social, pobreza, ocupação de áreas irregulares e criação de vazios urbanos. Com a falta de um bom planejamento urbano novas glebas são ocupadas de forma irregular, e se torna caótico o crescimento da malha urbana.

A cidade de Uberlândia, segundo fontes do IBGE (2016), é a segunda cidade mais populosa do estado, atrás apenas de Belo Horizonte. No ranking nacional, está no 12º lugar entre as cidades do interior com maior população. O grande aumento populacional se dá devido ao crescimento econômico da cidade, que está em posição de destaque na região. Tal desenvolvimento fez com que a cidade crescesse de forma desenfreada, e a população de baixa renda, através do

(2)

processo de gentrificação, se viu obrigada a deixar seus bairros e se instalarem nas periferias da cidade.

De acordos com dados do Banco de Dados Integrados (BDI) de 2011 da Prefeitura Municipal de Uberlândia:

“Uberlândia é uma cidade que, por suas condições de localização geográfica e topológica, pôde experimentar, nas últimas décadas, um crescimento populacional e econômico impar em relação ao contexto geral de Minas Gerais e do Brasil. Tal crescimento se deve, basicamente, à busca constante da Administração Pública na busca de novos investidores em todos os setores da economia. Como decorrência do aumento dos investimentos, Uberlândia tornou-se, também, um polo atrativo de migração de populações de regiões cada vez mais diversificadas, fazendo com que o crescimento da população decorresse não somente de fatores naturais. ” (UBERLÂNDIA, 2011, p.3)

Bairros, mais do que a divisões do munícipio para um melhor controle urbano e administrativo, são parcelas da cidade fragmentadas em que cada qual detém riquezas sociais e econômicas próprias, valores sociais e culturais únicos. Na concepção de Kevin Lynch, na sua obra A Imagem da Cidade, bairros são:

“partes razoavelmente grandes da cidade na qual o observador “entra”, e que são percebidas como possuindo alguma característica comum, identificadora.” (LYNCH, 1960, p. 66).

Sendo assim, os bairros são uma riqueza para seus moradores e é dever do arquiteto urbanista a busca por preservar suas memórias e enriquece-las. Em um estudo realizado por Sousa (1987) sobre o povoamento do interior do estado de São Paulo, o pesquisador ressalta que os elementos físicos e os laços afetivos estão intimamente ligados à população do bairro. Em um dos seus relatos, coloca que:

[...] “além de determinado território, o bairro se caracteriza por um segundo elemento, o “sentimento de localidade” existente nos seus moradores, e cuja formação depende não apenas da posição geográfica, mas também do intercâmbio entre as famílias e as pessoas, vestindo por assim dizer o esqueleto topográfico. [...] O que é bairro? - perguntei certa vez a um velho caipira, cuja resposta pronta exprime numa frase o que se vem expondo aqui: - Bairro é uma naçãozinha. - Entenda-se: a porção de terra a que os moradores têm consciência de pertencer, formando certa unidade diferente das outras.” (Sousa 1987, p. 57-65)

Uma nova vertente dentro do urbanismo vem sendo muito empregada na atualidade, os chamados bairros multifuncionais. Este conceito surge como forma de controlar e ordenar o crescimento urbano, através da busca de uma melhor qualidade de vida e sustentabilidade, abrigando diversas atividade em um único local. Segundo Ernst Cassirer (1925), o espaço e o tempo são a estrutura em que toda a realidade está contida.

(3)

Diante deste pressuposto, este é um projeto de bairro autossuficiente, criado para abrigar moradia, lazer e trabalho, e condensar as necessidades do homem, reduzindo as distâncias e unindo as necessidades diárias em um único local. O projeto em questão é a criação de um bairro multifuncional para a cidade de Uberlândia em Minas Gerais, na zona sul, caracterizado pelo processo de ocupação desordenada e pela segregação social do mesmo. Fazendo fronteira com o bairro Shopping Park, o objetivo vai além de possibilitar a diversão, o trabalho e a moradia, mas trazer uma melhor qualidade de vida para os bairros já existentes circundantes da área em que será implantado este novo.

Por conseguinte, o artigo apresenta a implantação de um bairro multifuncional na Zona Sul da cidade, as dificuldades e peculiaridades da área, o conceito e partido, suas virtudes e usos urbanos.

DIAGNÓSTICO DA ÁREA

Para entender as necessidades que o bairro planejado, faz-se necessário o diagnóstico da ocupação da zona sul, sua história, e seus aspectos socioeconômicos. A partir da análise torna possível averiguar o programa de necessidade que o projeto deve cumprir.

Com o crescimento urbano da cidade e consequentemente a ele a especulação mobiliária, as famílias de baixa renda se veem obrigadas e deixarem os centros urbanos e se instalarem nas áreas mais afastadas. Com tamanho aumento, o plano diretor vê-se obrigado a aumentar o limite da área urbana da cidade. A partir de então, são criados novos loteamentos, como o Bairro Shopping Park (bairro que limita a área do projeto), iniciando seu processo de ocupação na década de 80.

Na busca de lotes e casas baratas, o bairro Shopping Park, bem como grande parte do setor sul, foi sendo povoado. Durante muito tempo os bairros não contavam com a infraestrutura básica: rede de água e esgoto, rede elétrica e até mesmo asfalto.

Nos anos 2000, a cidade passa a receber investimentos neste setor, com a instalações de duas universidades da rede particular, de um shopping center e de condomínios privados. Embora investir no setor sul era de extrema importância para sua economia e desenvolvimento, trouxe consigo um aumento na segregação social.

O bairro multifuncional tem como necessidade inicial suprir a lacuna nos setores comerciais e institucionais que estão desfalcados nos bairros vizinhos. A

(4)

intenção não é somente suprir os moradores do novo bairro, mas deste ser apoio para toda a zona sul. Outro ponto importante é a criação de áreas institucionais tanto na área de lazer, quanto na área institucional.

Figura 1: Localização da área do bairro na cidade de Uberlândia. Fonte: Prefeitura de Uberlândia (2012).

O BAIRRO CAMPO ALEGRE

Conceito e partido

Um dos grandes desafios dos urbanistas é o processo de movimentação de pessoas em cidades, denominado mobilidade urbana que se tornou um fator crítico nos centros urbanos em todo o mundo, em virtude da crescente dificuldade de deslocamento, independente do meio de transporte utilizado.

Segundo Ferraz &Torres (2004), o planejamento dos sistemas de transportes públicos deve ser realizado em conjunto com o planejamento urbano (uso e ocupação do solo, sistema viário, localização de serviços públicos básicos etc.), pois se faz necessário contemplar dois aspectos cruciais, que afetam a qualidade de vida da população: a acessibilidade e a mobilidade. Ainda de acordo segundo os autores, acessibilidade diz respeito à condição de um indivíduo se deslocar e atingir um destino desejado, dentro de suas capacidades individuais, isto é, realizar qualquer deslocamento através do caminhar, com total autonomia e em condições seguras. Já a mobilidade urbana, é um atributo das cidades, relativo ao deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano, utilizando para isto veículos, vias e toda a

(5)

infraestrutura urbana e que diferentemente de acessibilidade este inclui os meios de transporte.

Sendo assim, a redução da mobilidade tem sido consistente, com sérias implicações negativas para a economia, o meio ambiente e a qualidade de vida dos brasileiros.

Partindo deste pressuposto, o conceito adotado surge paralelo a este grande dilema; o projeto visa criar um bairro multifuncional para Uberlândia, focando nos fluxos e conectividades dos moradores no meio em que estão inseridos. Um bairro em que o fluxo favoreça os pedestres, ciclistas e transporte coletivo, e assim permitir que o de se deslocar seja fácil e prazeroso.

“[...] pouco a pouco, tomou-se consciência de que poder caminhar sem obstáculos e com segurança nas ruas da cidade ou percorrer um território sem restrições de trajetos e horários são, antes de mais, exercícios de liberdade. Que fazê-lo de uma forma sustentável é alargar a todos e fazer perdurar no tempo as oportunidades abertas por essa mobilidade. E que ser impedido de fazer, é ser privado de um direito básico e ser colocado numa situação de desigualdade. [...]” (PROJETO EM TRANSITO, 2004: 17)

Como materialização do conceito, o partido arquitetônico faz referência às linhas de metro e suas estações, onde cada qual irá ligar diferentes pontos, mas sempre se encontrando em lugares determinados. No projeto, as linhas de metro simbolizam o sistema viário, bem como o caminho a ser percorrido pelos moradores. Assim como no metro, diversas vezes linhas diferentes irão se encontrar em estações e, desta forma estes são pontos de encontro que une a comunidade e permite as trocas de experiências e criação de vínculos.

Baseando-se na teoria de Kevin Lynch (1960), as “estações” (encontro de vias) serão praças, parque, boulevard, áreas institucionais, que se tornarão os Pontos nodais. Lynch - Imagem da cidade.

Figura 2: Esquematização do partido. Fonte:WMapa e complemento autoras

(6)

Nesse sentindo, mesmo em uma sociedade com grandes diversidades sociais e culturais, a troca de experiências e a vivencia em comunidade se torna possível e ponto essencial para o planejamento do bairro, caracterizando o bairro Campo Alegre em um bairro para as pessoas, para o pedestre.

Intenções projetuais

Conforme dito anteriormente, o projeto surge em resposta a diversas carências da cidade de Uberlândia, se materializando em uma proposta de intervenção urbana através do bairro multifuncional Campo Alegre, localizado no setor sul em uma área de aproximadamente 400 hectares, entre o Rio Uberabinha e o Córrego Campo Alegre.

Através do conceito “fluxos e conectividade”, a principal premissa para o projeto é o pedestre. Desta forma, foi desenvolvido um bairro para pessoas local onde o pedestre e a ocupação dos espaços públicos e a grande prioridade. Assim o projeto cria locais de permanência e elementos estratégicos para otimizar e tornar prazeroso o deslocar dos indivíduos, que consequentemente passaram mais tempo nos espaços públicos, e estes por sua vez se tornam locais mais seguros, interessantes e inclusivos.

De acordo com Jan Gehl (2016), a verdadeira arquitetura deve ir além da forma e levar em conta a escala humana e a interação com a vida. “Primeiro pessoas, depois espaços e prédios. Qualquer outra maneira nunca funcionará”.

As condicionantes e intervenções do projeto

Nesse sentido, a gleba foi primeiramente setorizada e projetada considerando as diversas condicionantes impostas como, por exemplo: entorno, sistema viário atual, solo, hidrografia, topografia, vegetação, ventos dominantes entre outros.

Para projetos de bairro, um dos grandes desafios é a relação do novo com o velho, ou seja, a implantação de um bairro e a maneira com que este se conecta com os demais bairros já existentes. Com isso, foi mantido o prolongamento de duas vias: Avenida Boulanger Fonseca e Rua Castorina Eduarda dos Santos, como já previsto para um futuro projeto e assim se tornar duas vias de importante ligação entre os demais bairros e principalmente com o bairro Shopping Park.

(7)

Um outro fator decisivo no projeto foi a questão hidrográfica e topográfica do local, conforme Figura 3, uma vez que o bairro é circundado pelo Rio Uberabinha na parte sul e pelo córrego Campo Alegre ao lado leste da gleba, e mesmo a gleba sendo uma área considerada plana, nestas zonas é notória uma média depressão decorrente da hidrografia nesta área.

Figura 3: Mapa Topográfico. Fonte: Autoras

Paralelo a isso, foi projetado um parque linear (Figura 4) com a APP (Área de Preservação Permanente), que margeia todo o rio e o córrego. Diante do exposto, além de preservar estas águas teria também a função de fornecer qualidade de vida aos moradores, através das áreas verdes e da criação de áreas de lazer no parque, utilizando como exemplo, a implantação de dois poliesportivos, sendo um ao lado oeste para atender tanto os moradores do bairro Campo Alegre e também do Shopping Park, e o outro localizado ao lado leste da gleba onde também está localizada uma habitação de interesse social. Sendo assim, os moradores da HIS possuiriam acesso a áreas de lazer próximo a suas residências e de forma gratuita.

(8)

Figura 4: Mapa equipamentos do Parque. Fonte:Autoras

Outra condicionante relevante é o Anel Viário do Setor Sul, que circunda todo o lado norte do bairro, e para otimizar a via, esta deu lugar ao projeto de um eixo verde, inspirado na linha verde implantado no ano 2002 de em Curitiba -Paraná, que substituiu a antiga BR-116, ligando as regiões Norte e Sul. “Com isso, a Linha Verde supera a ideia de ser apenas um corredor viário, e funciona como um projeto de desenvolvimento sustentável, que inclui aspectos urbanísticos, alternativas de habitação e outros modais de transporte.” Fábio Scatolin.- Secretário de planejamento de Curitiba.

Figura 4: Mapa de Hierarquia de Uberlândia, cor marrom marcando o Anel Viário. Fonte:Município de Uberlândia (2013)

(9)

Desta forma, o Anel não seria mais uma barreira urbana, mas sim como um elemento que permite fluxos e conexões através da mudança na estrutura da via e também na implementação de faixas elevatórias e rotatórias que tem a finalidade de diminuir a velocidade do tráfego local e mais uma vez priorizar o pedestre.

Concepção do desenho urbano

Como já foi dito anteriormente, o bairro Campo Alegre é desenvolvido pensando no pedestre e na ocupação de espações públicos. Desta forma, o traçado também foi elaborado para este público, através de um desenho orgânico das vias arteriais e coletoras, o que colabora para a maior atenção do motorista nas curvas ao longo da via e assim obriga o condutor do veículo a diminuir a velocidade.

Sendo assim, a hierarquia viária do bairro é composta por duas arteriais, Arterial tipo 1 (Eixo verde) e tipo 2 e vias coletoras, sendo que ambas as vias contem calçadas largas, rain Garden para a drenagem de águas pluviais, árvores de médio e grande porte, faixa exclusiva de ônibus, ciclovias, parklets, estacionamento, e leito carroçável, já as vias locais contendo calçadas largas com rain garden e árvores de pequeno e médio porte e leito carroçável estreito.

Figura 6: Mapa de Hierarquia Viária. Fonte: Autoras

Um dos grandes diferenciais do projeto acontece também no sistema viário, com a criação de dois corredores verdes como forma de extensão do parque adentrando o bairro, permitindo ser mais um local de contemplação e permanecia

(10)

para a população. Para a fundamentação desta implementação, foi realizado um estudo de caso, e a grande inspiração esta nos corredores verdes da cidade planejada pelo arquiteto Norman Foster, para projeto da Masdar City. Estes corredores “cortam” o bairro de norte a sul, composta por ciclofaixas, calçada central e grandes áreas verdes, conforme ilustrado na Figura 6.

Outras duas estratégias projetadas é a implantação de woonerfs e praças internas. As woonerfs ou vias compartilhadas, inspirada e desenhada aos moldes holandeses, é uma via em que a prioridade é o pedestre, portanto é uma via orgânica, arborizada com paginação de piso em pedras ou piso intertravado que na maioria das vezes não ha divisão entre rua e calçada, e tem por objetivo a moderação do tráfego e índice de limites de baixas velocidades, Figura 7.A segunda estratégia é as praças internas que acontecem no meio das superquadras, circundadas pelas woonerfs, lugar este que possibilita locais de permanência como academia ao ar livre, quiosques e espaço de contemplação.

Figura 7: Perfil das vias arterial 1, arterial 2, coletora, eixo verde e woonerf. Fonte: Autoras.

(11)

Diante de todos esses artifícios o bairro Campo Belo tem como objetivo atender as carências da população local e ser um bairro capaz de melhorar a qualidade de vida em função de um projeto elaborado para as pessoas.

Zoneamento e usos

Como já dito, o conceito de bairro multifuncional é contemplar, em um único lugar, as necessidades do dia a dia do homem, e permitir reduzir as distancias entre seus deslocamentos. Partindo deste pressuposto, o desenho urbano busca uma distribuição estratégica das zonas, de forma a melhor distribuí-las na gleba. Faz-se necessário recorrer ao estudo da área para que os equipamentos a ser instalados sejam locados de forma a respeitar os fatores como tráfego, traçado urbano, topografia e demais condições naturais.

No ponto mais alto, limitado pelo Eixo Verde, instalou-se o Polo Empresarial. A criação do mesmo se torna muito importante, não apenas para o seu bairro, mas para o alavancar toda a economia do Setor Sul da cidade. A criação de um bairro planejado é um atrativo para investidores, mostrando a importância de se criar o polo para empresas se instalarem ali. Além de receber tais investimentos, ela cumpre com o papel de ser um gerador de empregos para a população. Por fim, a escolha do local se dá unindo o fato do bairro ser delimitado pelo anel viário e receber grandes fluxos, tornando deste ponto negativo para a criação de um bairro, um ponto importante para distribuir os seus usos, Figura 8.

Para distribuir os demais usos na gleba, o planejamento utilizou de algumas premissas como: reduzir os gabaritos, aumentar os recuos frontais, arborizar as vias, tudo para contribuir com a criação de cidades para as pessoas. Segundo Jan Gehl, um dos idealizadores do urbanismo na escala humana:

“O corpo humano, seus sentidos e mobilidade são a chave do bom planejamento urbano para todos. Todas as respostas estão ali, encapsuladas em nosso corpo. O desafio é construir cidades esplêndidas ao nível dos olhos [...]” (GEHL, J. Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2015, P.59)

Os lotes nas vias arteriais e coletoras tem a dimensão de 15x35. Sua dimensão maior visa prever nos centros urbanos do bairro um recuo frontal maior para que as empresas de comércio e serviço criem espaços públicos para os usuários, com áreas de descanso, lazer, bicicletário, que tornem o caminhar mais valorizado.

(12)

Figura 8: Mapa de Zoneamento Fonte: Autoras.

Junto ao Polo Empresarial, cria-se um Polo Tecnológico com foco em pesquisas para universidades, Figura 9. A cidade de Uberlândia conta com 11 instituições de ensino superior, sendo duas no setor sul, mas em sua maioria, não tem campo para pesquisa, e seus universitários se tornam carente nesta vocação. Sendo assim, o bairro planejado visa a sua criação para suprir a lacuna existente e consequentemente atrair mais moradores, Figura 10.

Figura 9: Perspectiva Polo Empresarial Fonte: Autoras.

(13)

Figura 10: Perspectiva Polo Tecnológico Fonte: Autoras

O lado oeste da área contempla superquadras com projeção de edificações, com o objetivo de criar ali uma maior densidade, próximos aos polos empresarial e tecnológico, Figura 11. Essas edificações terão uso misto, com o térreo de comércios e serviços locais, como padaria, farmácia e academia, e os demais andares residenciais. O conjunto das quatro superquadras se tornam uma Unidade de Vizinhança, conceito amplamente difundido no início do século XX, onde o objetivo é a autonomia das áreas residenciais que abrigariam todas as necessidades dos homens, que vem a unir com o conceito de bairros multifuncionais. Segundo Benamy Turkienicz, além da obrigatoriedade dos edifícios residenciais, as superquadras deveriam ser equipadas com uma escola primária e serviços básicos, como banca de jornal, sendo que 85% da sua área deveria ser espaços livres permitindo que o pedestre encolha por infinidade de caminhos (Turkienicz & Comas, 2012).

Figura 11: Perspectiva Superquadras Fonte: Autoras

Para finalizar o zoneamento, seguindo o que já era proposto pela prefeitura de Uberlândia, foi criada uma Zona de Interesse Social que receberá 300 unidades de moradia. Uma mescla de casas térreas e edificações em andares, o principal

(14)

destaque é que esta segue todo o conceito aplicado na escala do bairro. Um conjunto de 16 unidades unifamiliares recebem uma praça central, onde os moradores podem descansar, contemplar e conviver com seus vizinhos. Já as 4 edificações de 4 pavimentos recebem uma grande praça, com mobiliários como bancos, pista de skate, quadras de esporte, etc. Próxima a área do parque que contém o maior número de equipamentos, a área foi pensada para que dentro da HIS seja criado laços, culturas e uma identidade, Figura 12.

Figura 12: Perspectiva Habitação de Interesse Social

Fonte: Autoras

Por fim, o zoneamento utilizado de forma estratégica fez com que houvesse a divisão de forma a favorecer os seus moradores. Para a delimitação de cada zona pensa-se nas condições naturais, como topografia, ventos e insolação, e também, nas necessidades de diminuir as distancias entre as necessidades básicas do homem, o incentivando a se deslocar caminhando, de bicicleta ou transporte público. Unindo um traçado viário que valoriza o pedestre e ciclistas a um zoneamento eficiente, que valoriza e adequa os usos a área do loteamento, o bairro cumpre com seu papel de proporcionar um lugar para lazer, viver e trabalhar, Figura 13.

Figura 13: Perspectiva Praças Internas Fonte: Autoras

(15)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresenta o Bairro Campo Alegre como forma de intervenção urbana as carências da cidade de Uberlândia – MG, com enfoque no setor sul. Diante do exposto, pode-se verificar a necessidade de se projetar um urbanismo cada vez mais voltado para a população e para a ocupação dos espaços públicos.

Com uma proposta de um bairro humanizado e planejado para pessoas, o bairro Campo Alegre conta com diversas estratégias projetadas com base nos estudos das carências e condicionantes do local. Sendo assim um projeto inovador, que através destas estratégias é capaz de ordenar o crescimento urbano, na busca de uma melhor qualidade de vida, mobilidade urbana e sustentabilidade.

REFERÊNCIAS

CASSIRER, E. (1925) A Filosofia das formas simbólicas – o pensamento mítico. Tradução de Cláudia Cavalcanti. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FERRAZ, A. C. P. e TORRES, I. G. E. Transporte público urbano. São Paulo, Rima, 2004, 410p.

GEHL, J. Cidades para Pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2015, p.59

GEHL, J. A boa arquitetura é sobre a interação entre a vida e a morte. Disponível em: https://www.fronteiras.com/entrevistas/jan-gehl Acesso em: 25 ago.2018

LYNCH, K. The image of the city. Cambridge: The M.I.T. Press, 1960, p.66

PATRICIOS, N. N. (2002). Urban design principles of the original neighbourhood concepts. Urban Morphology, 6(1), 21-32.

PROJETO EM TRANSITO, 2004: 17

SOUSA, Antônio Candido de Mello e. Os tipos de povoamento. In: Os parceiros do rio Bonito. São Paulo: Duas Cidades, 1987, p. 57-65

TURKIENICZ, B., & Comas, C. E. (2012). Brasília, história e análise. In A. Xavier, & J. Katinsky (Orgs.), Brasília - antologia crítica (p. 384-354). São Paulo: Cosac Naify.

UBERLÂNDIA, Banco de Dados Integrados, vol.1, 2011. Disponível em: http://www.uberlandia.mg.gov.br/uploads/cms_b_arquivos/1428.pdf. Acesso em: 20 de agosto, 2012

Referências

Documentos relacionados

O Plano de Manutenção dos Monumentos é uma ferramenta de gestão e de conservação preventiva que tem os seguintes objetivos: melhorar a gestão de recursos (reduzindo custos a

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação

Para Souza (2004, p 65), os micros e pequenos empresários negligenciam as atividades de planejamento e controle dos seus negócios, considerando-as como uma

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

In this study clay mineral assemblages, combined with other palaeoenvironmental data, were studied in a core recovered from the outer sector of the Ria de Vigo, a temperate

Dessa forma, a partir da perspectiva teórica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o presente trabalho busca compreender como a lógica produtivista introduzida no campo

Para analisar as Componentes de Gestão foram utilizadas questões referentes à forma como o visitante considera as condições da ilha no momento da realização do

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-