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A voz do sino

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

Uicente de Carualho

(Da Academia Brazllelra)

fl DOZ do sino

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Vicente de Carualho

(Da Academia Brazllelra)

fl ÜOZ do sino

(4)
(5)

d suaoe memória

de

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(7)

arde triste e silencioza De üiía de beira-mar: Uma tarde cor de roza Que Dai morrendo em luar. rio lonje, a uarzea scintila

De uns restos de sol poente; dias, por sobre toda a cila — Do morro a que fica rente Desce uma sombra tranqüila — E anoitece lentamente.

(8)

, Dão aparece DiD'aIma. liem rumor da natureza, riem eco de DOZ humana Perturba a infinita calma,

d solitária tristeza

Da pobre üila praiana,

riem se ouüe o mar, lonje, e manso.

d tudo, em redor, inuade

Um ar de mole descanso... 5iIencio.. ümobilidade... Como que, interrompida,

d correnteza da Dida

(9)

De súbito, rumoreja Violentamente o ar: Da torrezinha da igreja Rompe o sino a badalar. Ponho-me, atento, a escutai-o Que diz, alto e repentino, Esse bater de um badalo

(10)

Badalo que assim badalas lio sino que assim resoa, fines, já nenhuma uoa: Dormem; e uais acordai-as

d toa...

Vais espantar quanta moça flhi pelos arredores Depois de um dia de roça, De enxada e de soalheira, Dedica a tarde lijeira

d tarefas bem melhores:

Pelas discretas beiradas De alguma fonte; fiadas Da proteção pitoresca De ramajens, folhas, flores; Que fazem elas 1 Coitadas, Bebem, nas mãos, água fresca, haüam as caras tostadas.. Ou cuidam dos seus amores.. Badalo que assim badalas lio sino que assim resoa, Olha que nais espantal-as

(11)

Badalas. E eu que te falo Hão sei e nem Imajino Que pretendes tu, badalo, fl bater, bater no sino. Tafoez conuoques á ceia Pescadores que, lidando, liem Diram que entardeceu; fllgum se estendeu na areia fl descansar; sinão quando, De cansado adormeceu...

(12)

10

Badala-me assim, badala: Esperta esse dorminhoco; Que ou ele, acordando, abala, Ou fica dormindo — e em troco Da sua madraçaria,

Chegando á caza atrazado ficha no fogo apagado fl caldeirada já fria.

(13)

11

Badalo que assim badalas lio sino que assim atroa, Porque é que tão alto falas

fl toa?

fl andar com menos demora Tafoez tua noz compila Certo rei dos mandriões Encarregado em má hora De, nas trez ruas da üila, Acender os lampeões..

(14)

12

Chamas, tafoez, ao seu posto. Quem? fllgum camaroeiro Retardado e mal disposto fl seguir para o pesqueiro ? Badala-lhe que é sol posto, Que a lua cheia está fora, Que, com pequena demora, Vai a maré a oazar: Para chegar á costeira Tem ele uma légua inteira De caminho a caminhar,

Vencendo-a de combro em combro, De atoleiro em atoleiro,

Com o remo e o puçá no hombro E, na mão, o candieiro.

(15)

13

Ruidozo sino da uiia! E é por couzas tão uulgares Que atroas assim os ares De uma tarde tão tranqüila?

(16)
(17)

II

adaío que assim badalas,.. Que noz de repente soa flcompanhando-íe as falas

fl toa? E' noz de gente que canta... De gente... E parece tanta... Da humilde igreja irradia E para o ceu se aleuanta fl reza da floe, (Daria.

(18)

16

fls nozes e as badaladas Confundem-se... misturadas no feruor da mesma prece, Sobem juntas para o ar Onde a lua resplandece E a noute, imensa, parece Feita do afoor do luar.

(19)

17

Sobre a soleira da porta Da caza pegada á minha, Vejo sentada a nizinha:

(íloça, e bonita. Que importa? Tem nos braços o filhinho; Fala-lhe, toda carinho; Ele ouue; sorri; depois, Responde-lhe, balbucia... E, de mãos postas, os dois (Durmuram a floe, (Daria.

(20)

18

flnte meus olhos perpassa Uma uizão: imajino (Daria, cheia de graça, 3ezu5, louro e pequenino. Uma tarde cor de roza. Uma uila assim modesta, flssim tristonha como e s t a . . . De pescadores, também... Sobre a planicie arenoza Por onde o 3ordão derina Pouza a sombra eüocatiua Das montanhas de Sichem... fl porta de humilde choça, Uma mulher. Quem é ela? É pobre... é jouen.. é bela... E é (Dãi: comoDida, a espaços O seu sorrizo se adoça

O seu olhar se ilumina Para a figura diuina

Do filho que tem nos braços. (Dostra-Ihe, á noute que estréia O ceu e que a terra ensombra, Como a terra é toda sombra, Como o ceu é todo l u z . . . E o filho, enlenado nela, Em extaze balbucia. fl primeira flue, Olaria Quem a rezou foi 3ezus.

(21)

19

Sigo o meu sonho... Smajino Que, por todas essas roças flonde chega a ÜOZ do sino, fl sombra triste das choças Frouxamente se alumia Da uela de cera aceza flnte uma Virjem (Daria Tendo nos braços 3ezus. É a hora augusta da reza.

(22)

20

(Dais, pobres mais andrajozas De filhinhos semi-nus,

no chão de terra ajoelhadas, Dizem couzas misferiozas, Palaüras entrecortadas De magua que se lastima, De suplica, e de esperança,

fl essa outra (Dãi que, lá em cima, na gloria do ceu, descansa

Do que passou neste mundo. Ela que, com o mesmo eterno Requinte do amor materno, Sorriu a 3ezus criança, Chorou 3ezus moribundo, ba, do alto ceu infinito, Olha com olhos de 5anta E de (Dãi que já sofreu Tanto coração aflicto Que se nolta para o seu. na roça a mizerla é tanta... Quanta pobre gente, quanta, Expia o ser mal nascida Cumprindo a pena da uida Como pregada a uma cruz;

(23)

21

E, na angustia que a quebranta, 5omenie espera e antegoza fl proteção milagroza

Da Virjem (Dãi de 3ezus ! . . Da roça a mizeria é tanta.,. E cada choça sombria

Para o claro ceu ícoanta fl reza da floe, (Daria.

(24)

22

não, tu não falas á toa: Errei, confesso-o,, Perdoa, O sino humilde da Dila, Que assim badalas, badalas, na paz da tarde tranqüila; Ó sino, que também rezas, ó sino, que tanto falas fl terra, toda asperezas, Como ao ceu, todo luar,

Chamando, com o mesmo zelo, Cada infeliz — a rezar,

(25)

23

Consolador de tristezas! Semeador de esperanças! flqui nestas redondezas não ha Dida tão bonanças nem cazebre tão remoto Onde quanto o sino diz não abençoe um denoto, não console um infeliz...

(26)

24

Por essas Darzeas tão ermas Onde, perdidas e sós,

5a tantas almas enfermas De desesperos sem DOZ, Onde tanto desdenhado

De Deus, que de certo o ofoida, ViDe, até morrer, Dergado

flo pezo da própria Dida, Vais chamar, em altos gritos Como si fosse a um deuer, Desamparados e aflictos — Para o consolo de crer. E de cazebre em cazebre Onde gente, a Dida inteira, Vine de trabalho e febre, fllorre de fome e canseira, Afirmas á angustia surda Do mizero tabareu

Que o brejo em que eíle chafurda — É um caminho para o ceu. fl cada pobre praiano

Que, na sua dura lida De afrontar o largo oceano ViDe de arriscar a Dida,

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25

Tu, consoladoramente, Falas para lhe lembrar

Que ha quem reze por a gente — E ha ceu por cima do mar...

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26

Da mesma igreja afoadia EDoíam-se as badaladas E a reza da flue, (Daria, EDoíam-se.. misturadas, Sobem juntas para o ar Onde, pálida e sozinha, Tão afoa, que resplandece, Tão só, que Dai a sonhar, Caminha a lua, caminha, E o ceu, imenso, parece Feito de sonho e luar.

(29)

27

Bumilde sino da Dila,

Que assim badalas, badalas, Da paz da tarde tranqüila; não, tu não falas á toa: Percebo o que%^quem falas,,

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BRASILIANA DIGITAL

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