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Seleção de projetos de Tecnologia da Informação com enfoque estratégico: um estudo de caso

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Seleção de projetos de Tecnologia da Informação com enfoque

estratégico: um estudo de caso

Fernando José Barbin Laurindo (POLI/USP) fjblau@usp.br Renato de Oliveira Moraes (FEA/USP) renato.moraes@perceptron.com.br

Resumo

As decisões sobre quais projetos de tecnologia da informação (TI) devem ser implementados podem ser determinantes do desempenho empresarial e são capazes não só de mudar o posicionamento estratégico das organizações, mas também de modificar a estrutura de competição de um setor. O papel da TI nas organizações pode variar de simples suporte administrativo até uma situação estratégica em organizações que disputam mercados em crescente competição. Por outro lado, ainda existe discussão sobre as dificuldades de serem obtidas evidências do retorno dos investimentos feitos em TI, embora haja um certo consenso sobre o significativo crescimento dos investimentos em TI na última década. Este artigo procura analisar, através de ume estudo de caso, a seleção de projetos de TI, considerando os diferentes tipos de projetos, os impactos destes projetos nos fatores críticos de sucesso da empresa, custos do projeto, bem como os riscos associados. Contempla, portanto, aspectos de eficiência (uso de recursos) e eficácia (obtenção de resultados positivos para a organização). Palavras-chave: Tecnologia da Informação, Seleção de Projetos, Avaliação Ex Ante

Introdução

As decisões sobre quais projetos de aplicações de tecnologia da informação (TI) devem ser implementados são, freqüentemente, determinantes do desempenho empresarial e são capazes não só de mudar o posicionamento estratégico das organizações, mas também podem modificar a estrutura de competição do setor como um todo, como aconteceu no setor financeiro e de transporte aéreo (Porter & Millar, 1985; Laurindo, 2002).

O papel da TI nas organizações pode variar de simples suporte administrativo até uma posição estratégica (Henderson & Venkatraman, 1993; McFarlan, 1984). A função estratégica da TI tem ocupado uma posição destacada em organizações líderes que disputam mercados em crescente competição (Porter, 2001). Embora haja um certo consenso sobre o crescimento significativo dos investimentos em TI na última década, ainda existe uma importante discussão sobre as dificuldades de se obter evidências do retorno dos investimentos feitos em TI (Brynjolfsson, 1993; Brynjolfsson & Hitt, 1998).

Entretanto, a avaliação da eficiência dos projetos de TI (em relação a prazos, custos e qualidade) ainda é problemática por conta da incerteza e complexidade inerentes a este tipo de projeto. Atingir as metas de eficiência dos projetos envolve uma série de trade offs entre os escopos destes projetos e os recursos disponíveis. Assim, os gerentes de projeto de TI utilizam um conjunto de conceitos, ferramentas e técnicas para melhorar o desempenho dos projetos, a eficácia e a eficiência organizacional (Carvalho et al., 2003; Laurindo et al., 2003).

O impacto estratégico das aplicações de TI e seus efeitos na organização e na industria foi analisado por McFarlan (1984) por meio do Grid Estratégico, que permite a visualização da relação entre a estratégia de TI e a estratégica da organização. McFarlan (1981) também analisou a seleção de projetos de novas aplicações da TI considerando os riscos associados a cada projetos e também os riscos da carteira de projetos. Jiang & Klein (1999) estudaram a

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seleção de projetos de TI considerando as diferentes possibilidades do Grid Estratégico. A abordagem metodológica adotada foi o estudo de caso (Yin, 1991; Claver et al., 2000). Os critérios de seleção do caso foram a existência de um expressivo e diversificado conjunto de projetos de sistemas de informação (SI), e a presença de um processo formal de gestão de projetos na área de TI. A organização selecionada é uma das maiores e mais importantes da indústria de materiais de construção no Brasil que adota uma diferenciação como estratégia de competição. As informações foram obtidas através de entrevistas semi-estruturadas realizadas com vários atores de diferentes níveis estratégicos das áreas de negócio e de TI. Os resultados indicaram para a necessidade de ferramentas que facilitassem o entendimento e disseminação da gestão da carteira de projetos. Este artigo pretende contribuir com uma abordagem ampla e sistemática de seleção de projetos de TI, que considere os aspectos estratégicos, trazendo novos pontos e alternativas para a discussão desta questão de importância crescente na competitividade das organizações.

Projetos de tecnologia da informação e estratégia

Nos primeiros estágios de uso de computadores nas empresas, a capacidade limitada de

hardware e de software restringia de forma bastante intensa as possibilidades das aplicações

de TI. Apenas aplicações mais estruturadas e menos complexas podiam ser implementadas. Com o desenvolvimento tecnológico, o leque de possibilidades foi ampliado e uma gama de novas alternativas de aplicações de TI tornou-se possível, gerando incertezas na decisão sobre a seleção dos projetos que devem ser desenvolvidos e implementados (Laurindo et al, 2001). Uma das primeiras propostas para o problema de seleção e priorização de projetos de TI foi o método dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) proposto por Rockart (1979) e que ainda é amplamente utilizado. Este método foca, principalmente, os sistemas de informação gerenciais e executivas, e está baseado na definição, por parte dos altos executivos, de suas atuais necessidades representadas pelos FCS. Rockart define FCS como as áreas onde um resultado satisfatório “garante o sucesso do desempenho competitivo da organização”. Este autor afirma que os principais FCS podem ser identificados na estrutura do setor, estratégia competitiva, posição da indústria, localização geográfica, fatores ambientais e temporais. Embora tenha sido concebido primariamente para definição de sistemas de informação, este método tem um importante impacto nas práticas gerenciais e de planejamento estratégico Porter (1979, 1996) destacou a importância do posicionamento da empresa em sua indústria, de forma a obter vantagens competitivas sustentáveis através da escolha de uma de três possíveis estratégias genéricas: liderança em custos, diferenciação e foco. A competitividade de uma indústria resulta da ação de cinco forças: clientes, fornecedores, produtos substitutos, novos entrantes e a rivalidade entre os competidores atuais.

McFarlan (1981) analisou a seleção de projetos de novas aplicações de TI considerando os riscos associados com cada projeto e também os riscos da carteira (portfólio) de projetos. Estes riscos incluem custo, prazo, desempenho técnico, superestimação dos benefícios dos SI, e incompatibilidade de hardware e/ou software com o SI. O mesmo McFarlan (1984) propôs o Grid Estratégico que permite a visualização da relação entre a estratégia de TI (atual) e a carteira de aplicações (futuro), definindo 4 regiões, cada qual representando um possível papel para a TI dentro da organização: “Suporte”, “Fábrica”, “Transformação” e “Estratégico” (Figura 1). De forma a avaliar o impacto estratégico da TI, McFarlan indicou a análise do efeito das aplicações de TI nas cinco forças competitivas (Porter, 1979).

Jiang & Klein (1999) estudaram a seleção de projetos de TI considerando as 4 diferentes possibilidades do Grid Estratégico. Empresas classificadas nas categorias “estratégico” e “transformação” são, normalmente, mais dispostas a assumirem riscos e têm controles mais

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rigorosos para os projetos de TI. As empresas classificadas como “suporte” consideram o custo como o principal critério para seleção e condução dos projetos de TI.

FÁBRICA ESTRATÉGICO

ALTO

Impacto Estratégico das Aplicações Existentes

BAIXO

SUPORTE TRANSFORMAÇÃO

BAIXO ALTO Impacto Estratégico da Carteira de Aplicações Futuras

Figura 1: Grid Estratégico do Impacto das aplicações de TI (McFarlan, 1984)

A seleção de projetos de TI deve considerar, simultaneamente, aspectos relacionados à eficiência (uso dos recursos) e a eficácia (obtenção de resultados para a organização), e também analisar seus riscos. Este critério é muito importante em mercados altamente competitivos de uma economia globalizada. Neste artigo, projetos de TI são considerados como projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), e se usa a idéia de gestão de portfólio (carteira). Esta abordagem permite aos gerentes uma visão ampla das alternativas de projetos que maximizem os resultados de toda a carteira (McFarlan, 1981; Carvalho et al., 2001). As incertezas podem ser percebidas de diferentes formas durante o desenvolvimento de um projeto. Neste artigo, serão consideradas as incertezas em relação à obtenção dos resultados esperados em termos de custo, prazo, qualidade do resultado final do projeto e seus impactos na organização. Note-se que segundo Archibald (1976) , as incertezas de projeto diminuem conforme o projeto avança.

Entre várias taxonomias de aplicações de TI, Farbey et al.(1995) propuseram uma classificação em oito tipos: mudanças obrigatórias, automação, sistemas de valor adicionado direto, sistemas de informação gerenciais (SIG) e sistemas de apoio à decisão (SAD), infra-estrutura, sistemas interorganizacionais, sistemas estratégicos, e transformação do negócio. Considerando estes conceitos, a abordagem de gestão de carteira adotada neste artigo está baseada nos seguintes conceitos: FCS, posicionamento estratégico, incertezas, tipo de projeto (em termos de sua complexidade e experiência com a tecnologia associada) prazo e orçamento (Archibald, 1976; Porter, 1979; Rockart, 1979; Farbey et al., 1995).

Estudo de Caso

Conforme anteriormente destacado, a metodologia adotada foi a de estudo de caso (Yin, 1991; Claver et al., 2000). A organização selecionada, doravante chamada de chamada de Empresa ‘A’, é uma das mais importantes na indústria brasileira de materiais de construção (receita de US$ 400 milhões por ano e 6.000 funcionários, aproximadamente). Ela está dividida em 4 diferentes unidades estratégicas de negócio, com características operacionais bastante distintas e geograficamente dispersas. Os dados deste estudo foram obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas com vários atores de diferentes níveis estratégicos das áreas de negócio e de TI. No decorrer dos anos, a Empresa ‘A’ obteve liderança em seus mercados por meio da estratégia de diferenciação (Porter, 1979), uma vez que seus produtos são bem conhecidos pela sua qualidade, design e assistência técnica superiores.

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Na Empresa ‘A’, de acordo com seus executivos de TI da corporação e das unidades de negócio, os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) são: (1) design de novos produtos e prazo de

lançamento no mercado, (2) qualidade de processo e do produto final, (3) imagem de qualidade do produto, (4) serviços de pós venda, (5) custos, (6) flexibilidade e amplitude no mix de produtos, e (7) prazo de entrega dos produtos.

Uma nova cúpula diretiva iniciou, na década de 90, um processo de centralização e de redução de custos nas áreas administrativas, o que levou a uma drástica redução de pessoal na área corporativa de TI (de 200 funcionários em 1990 para cerca de 40 em 2002). A cultura da organização privilegia o desenvolvimento interno de aplicações, mas isto esta lentamente mudando. Alguns pacotes de software têm sido comprados para complementar pontos específicos da arquitetura dos SI. A área corporativa de TI não possui um método sistemático para planejar e controlar seus projetos sob os aspectos custos e recursos necessários, tampouco para avaliar o desempenho das aplicações. Também não há nenhum processo formal ou regular de avaliação ex ante dos projetos de TI, tampouco para avaliar os resultados das decisões sobre a fila de projetos de TI.

O critério adotado pelo CIO para selecionar os projetos de TI a serem desenvolvidos são: o reparo de bugs, modificação de ordem legal, projetos corporativos (diretamente determinados pelo CEO) e projetos das unidades de negócio (ao menos um em cada unidade de negócio). Existem também “projetos tecnológicos” que são iniciativas da própria área de TI. Estes projetos envolvem, principalmente, construção e melhoria da infra-estrutura em TI.

Não existe nenhum fórum ou processo formal que permita ao CIO ou outros gerentes de TI participarem diretamente das discussões sobre a estratégia de negócio da organização. Um resumo das características da área corporativa de TI na Empresa ‘A’ é mostrada na Tabela 1.

ELEMENTO DA TI CARACTERÍSTICA DA EMPRESA ‘A’

ESTRUTURA DA TI Por sistemas

OPERAÇÃO DA TI Decentralizada

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS Centralizada; Interna

RAZÕES PARA DESCENTRALIZAÇÃO DA TI Dispersão Geográfica; Unidades de Negócio, Desejo de Controle

MODELOS DE EFICIÊNCIA Nenhum modelo formal

CONTROLE DOS PROJETOS DE TI 1. Ad hoc

Tabela 1 – Organização da área de TI na Empresa ‘A’ 4. O método proposto para seleção de projetos de TI

Os pontos principais de análise do caso apresentado foram discutidos com o CIO e outros gerentes de TI e de áreas de negócio. Baseado nesta discussão e na abordagem de gestão de portfólio, um novo método para seleção de projetos de TI da carteira a desenvolver foi proposto e testado na Empresa ‘A’.

Inicialmente era necessário classificar os diferentes tipos de aplicações de TI. Uma vez que a classificação dos oito diferentes tipos de projetos propostos por Farbey et al. (1995) foi considerada muito complexa pelos gerentes de TI da organização estudada, uma nova classificação foi proposta, com apenas 4 diferentes tipos de projetos de TI. São eles:

Obrigatórios: são projetos que não possuem alternativas a sua execução. Este foi o caso, por exemplo, das aplicações que tinham problema relacionados como bug do milênio, já que as empresas eram obrigadas a modificar seus SI para evitarem sérios problemas futuros. Alterações legais podem ter o mesmo efeito sobre os projetos de SI.

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Infra-estrutura: neste tipo de projeto os benefícios imediatos são pouco significativos, mas eles criam novas e importantes oportunidades. Exemplos desta categoria são: a implantação de um novo banco de dados corporativo, uma rede local, implantação de intranets ou uma nova estrutura organizacional.

Incremental: são projetos que envolvam uma tecnologia ou processo de negócio bem conhecidos, cujos impactos são facilmente previstos. Eles trazem ganhos incrementais em eficiência e/ou eficácia.

Exploratórios: projetos com grande incerteza intrínseca e que envolvem novas tecnologias (em relação ao conhecimento da organização), novas estratégias de negócio, e/ou novas estruturas/processos organizacionais. Contudo, se forem bem sucedidos, eles podem trazer grandes ganhos (em temos de eficiência e/ou eficácia) para a organização

Conforme convenção adotada na empresa, considerou-se o prazo de desenvolvimento como o tempo decorrido desde o início formal do projeto até o projeto gerar os benefícios esperados. O orçamento planejado relaciona-se com o investimento para a geração destes benefícios. O método proposto enfatiza a necessidade de uma avaliação ampla dos projetos, a consideração dos diferentes tipos de projetos, e a necessidade de alinhamento estratégico (Henderson & Venkatraman, 1993). Embora este método permita a participação de diferentes

stakeholders, ele foi baseado na avaliação subjetiva dos gerentes. Contudo, permite que estes

gerentes reflitam sobre o escopo e os benefícios para a organização de uma maneira mais abrangente e qualitativa. Estes gerentes devem procurar selecionar uma carteira de projetos com a melhor combinação de atendimento aos critérios utilizados, que, freqüentemente, podem tornar-se conflitantes. Este processo permite uma avaliação da importância das diferentes contribuições que a área de TI pode dar a organização.

O método proposto procura inter-relacionar conceitos previamente apresentados. O primeiro passo deste método é listar os projetos candidatos a serem parte da carteira de projetos de TI. O escopo deste projetos podem variar desde a simples manutenção de sistemas existentes ou substituição de hardware até novos e estratégicos SI.. Projetos já em desenvolvimento não devem ser interrompidos. Esta restrição está de acordo com a política interna da Empresa ‘A’ para condução dos projetos de TI.

A primeira lista de projetos de TI, com estimativa de sucesso de cada projeto e sua classificação, é mostrado na Tabela 2. A descrição de cada projeto foi omitida por razões de confidencialidade das informações da Empresa ‘A’. Os gerentes de TI estimaram (subjetivamente) o custo e a probabilidade de sucesso de cada projeto.

Projeto Custo Estimado

Probabi- lidade de sucesso (incerteza)

Tipo Projeto Custo Estimado

Probabi- lidade de sucesso (incerteza)

Tipo A USD 210.000 90% Incremental J USD 320.000 60% Exploratório B USD 320.000 75% Incremental K USD 360.000 75% Incremental C USD 360.000 50% Incremental L USD 280.000 70% Incremental D USD 250.000 90% Incremental M USD 140.000 95% Infra-estrutra E USD 250.000 85% Incremental N USD 70.000 97% Infra-estrutra F USD 280.000 60% Exploratório O USD 30.000 92% Infra-estrutra G USD 250.000 85% Obrigatório P USD 100.000 93% Infra-estrutra H USD 180.000 50% Exploratório Q USD 70.000 98% Infra-estrutra I USD 210.000 40% Exploratório R USD 250.000 70% Infra-estrutra

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A figura 2 mostra a contribuição estimada de cada projeto em termos da melhoria em percentual dos FCS. Estas estimativas também foram feitas pelos gerentes de TI. Deve-se notar que cada projeto pode contribuir para mais de um FCS. Os FCS (2) qualidade de

processo e do produto final e (5) custos, aparentam ser os que sofrerão o maior impacto do

conjunto de projetos. Isto é consistente com a tradição gerencial desta organização. Mas este gráfico não mostra adequadamente o efeito combinado dos projetos sobre os FCS . Para entender os efeitos combinados, o próximo passo foi avaliar o efeito global de cada possível carteira de desenvolvimento. A carteira com a maior contribuição potencial global torna-se, em princípio, forte candidata a ser escolhida. A Figura 3 apresenta o resultado de uma carteira de projetos de TI incluindo todos os projetos da Tabela 1. A área menor representa em torno da grande área central representa os ganhos esperados por uma carteira específica.

0 ,0 0 % 0 ,3 0 % 0 ,6 0 % 0 ,9 0 % 1 ,2 0 % 1 ,5 0 % 1 2 3 4 5 6 7 FC S A B C D E F G H I J K L M N O P Q R

Figura 2 –Contribuição estimada dos projetos de TI em cada para FCS

Outro importante aspecto a ser considerado na seleção dos projetos é o grau de incerteza gerado pelas características dos projetos e dos recursos alocados em seu desenvolvimento (custo orçado). As incertezas podem ser amenizadas através de uma disponibilidade suficientemente grande de recursos, isto é, por um grande orçamento (por exemplo, se uma quantidade maior de analistas é alocada, a incerteza em relação ao cumprimento de prazos tende a ser reduzida). A probabilidade de sucesso (que está relacionada a estas incertezas) dos projetos está relacionada com a classificação apresentada anteriormente, assim, cada projeto foi classificado e sua incerteza foi estimada, como já foi mencionado.

1 2 3 4 5 6 7 Carteira Atual

Fatores Críticos de Sucesso -

Posicionamento atual e com a carteira de TI

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Na Figura 4, os projetos estão classificados de acordo com os 4 tipos propostos (obrigatório, infra-estrutura, incremental e exploratório) e cada projeto é representado por um círculo, onde a área representa o investimento necessário.Este gráfico permite avaliar investimentos de grande incerteza. Um importante pergunta que poderia ser feita é: devemos alocar nossos escassos recursos em projetos de grande incerteza? Os projetos ‘K’ e ‘I’, cujos investimentos representam, respectivamente, US$ 360 mil e US$ 210 mil poderiam representar esta situação. Por outro lado, se estes projetos são considerados importantes por conta de outros critérios, eles deveriam receber mais recursos ou ter seu escopo revisto de forma a poderem atingir seus objetivos com menor incerteza. Da mesma maneira, projetos obrigatórios não devem apresentar grade incerteza, já que seu fracasso traria graves conseqüências. Os

trade-offs deste processo refletem a estrutura da indústria e as competências internas. P ro b . d e S u ce sso x T ip o d e P ro je to x C u sto d o P ro je to 210.000 320.000 360.000 250.000250.000 280.000 250.000 180.000 210.000 320.000 360.000 280.000 140.000 70.000 30.000 100.000 70.000 250.000 0 0,25 0,5 0,75 1 0,5 5,5 10,5 15,5 20,5

T ip o d e P ro je to (O b rig a tó rio , In fra e stru tu ra , In cre m e n ta l, Ex p lo ra tó rio )

Prob de Sucesso

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R

Figure 4 – Incertezas dos projetos de TI, classificados em 4 tipos 5. Conclusão

O estudo de caso mostrou alguns dos problemas enfrentados pelos gerentes de TI na sua busca uma melhor alocação de recursos entre vários projetos. Ele levou a proposta de um método abrangente (que considera questões de eficácia, eficiência e risco) e apresentou potencial para ser aplicado nas organizações. Um dos pontos a ser melhor analisado é a classificação dos projetos de TI, uma vez que a tipologia adotada reflete a situação especifica da empresa estudada e o ponto de vista de seus gerentes de negócios e de TI. A eficiência e a eficácia da gestão dos projetos em desenvolvimento não foi analisada, tampouco o resultado dos projetos já concluídos. Estas duas questões devem ser melhor estudadas em novos estudos. Algumas das dificuldades no uso do método foram causadas pelo fato de ser a primeira vez que os gerentes participaram do processo e não tinham familiaridade com os conceitos utilizados. Uma vez que existem múltiplos objetivos que devem ser satisfeitos pelo processo de seleção da carteira de projetos de TI, algumas técnicas poderiam ser de grande valia, como Analytic

Hierarchy Process – AHP ou Fuzzy Sets (Shimizu et al., 2001). Elas poderiam ser utilizadas,

por exemplo, na avaliação e priorização dos efeitos da TI sobre os FCS. Outro ponto passível de melhoria reside no cálculo do risco de cada projeto, que no caso em questão foi estimado de maneira subjetiva. Finalmente, o impacto de cada aplicação em cada FCS também poderia ser estimado de maneira menos subjetiva.

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Um importante benefício do método foi o auxílio para os gerentes sistematizarem suas idéias e refletissem sobre o processo e os impactos dos projetos de TI selecionados naquilo que é importante para a empresa. Também permitiu que os profissionais de TI e de outras áreas trabalhassem juntos e, conseqüentemente, entendessem melhor as necessidades das partes envolvidas, o que permitiu aumentar o tão desejado alinhamento estratégico.

Finalmente, este artigo pode ser o início de futuras pesquisas que deverão tratar das possibilidades de melhoria mencionadas acima, bem como possibilitar o aprofundamento da discussão acerca da gestão de projetos de TI.

Referências

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Proceedings, p.290-297.

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