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INFLUÊNCIA DO MEIO FILTRANTE E DA PRESSÃO NA VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO DA ILEX PARAGUARIENSIS

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INFLUÊNCIA DO MEIO FILTRANTE E DA PRESSÃO NA

VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO DA ILEX PARAGUARIENSIS

Luciano Peske Ceron – luciano.ceron@pucrs.br

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia Av. Ipiranga 6681 – 90610-970 – Porto Alegre – RS

Pablo Copes Tonin – pablo.tonin@acad.pucrs.br

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia Av. Ipiranga 6681 – 90610-970 – Porto Alegre – RS

Rachel Lima Lampert – rachel.lampert@acad.pucrs.br

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia Av. Ipiranga 6681 – 90610-970 – Porto Alegre – RS

Thalles Augusto Brutti Marques – thalles.marques@acad.pucrs.br

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia Av. Ipiranga 6681 – 90610-970 – Porto Alegre – RS

Gabriel Bodini Viegas de Oliveira – gabriel.bodini@acad.pucrs.br

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia Av. Ipiranga 6681 – 90610-970 – Porto Alegre – RS

Resumo: Neste artigo foi avaliado a influência no processo de filtração da erva-mate, conhecida

cientificamente por ilex paraguariensis, através de experimentos em três tipos de não tecidos filtrantes de poliéster, avaliados em diferentes condições de pressão com 760, 710 e 660 mmHg e os impactos na resistência do meio filtrante e na velocidade de filtração. As práticas foram realizadas no Laboratório de Processos Ambientais (LAPA) na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Foi observado que existe a influência da pressão e tipo do meio filtrante na velocidade da filtração da erva-mate.

Palavras-chave: Filtração. Erva-mate. Não tecido. Poliéster. Vácuo.

INFLUENCE OF FILTER MEDIA AND PRESSURE IN FILTRATION

SPEED ILEX PARAGUARIENSIS

Abstract: In this paper we evaluated the influence on yerba mate filtration process, known

scientifically by ilex paraguariensis, through experiments on three types of non-filter polyester fabrics, evaluated at different pressure conditions with 760, 710 and 660 mmHg and impacts the resistance of the filter medium and the filtration speed. The practices were conducted in Environmental Processes Laboratory (LAPA) at the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS). It was observed that there is the influence of pressure and type of the media at the speed of yerba mate filtration.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente as empresas têm buscado maneiras de se sobressaírem num mercado onde pequenas atitudes podem fazer uma grande diferença, seja aumentando sua produtividade, ampliando a sua participação no cenário que atuam, ao mesmo tempo em que investem em aspectos como produção limpa, destinação de resíduos e pequenas ações ambientais no processo industrial (SEVERO et al., 2014).

A aplicação correta de filtros de não tecidos em processos de filtração, além de melhor a performance do produto, minimiza a geração futura de um passivo ambiental, portanto, após o uso deve ser dado um destino final para filtros inutilizados, pois são caracterizados como resíduos.

Segundo a NBR 10004 os elementos filtrantes antes da sua utilização, fabricados de não tecidos são considerados resíduos classe III (inertes). Depois de utilizados para filtração da erva-mate continuam com a mesma classificação para descarte, mas devem ser recuperados por lavagem, porém, perdem a propriedade da permeabilidade do meio para filtração. Outra alternativa viável para descarte é a incineração em fornos industriais.

1.1. Erva-Mate

A erva-mate, ilex paraguariensis St. Hil, mostrada na Figura 1, é uma planta nativa originária da Mata Atlântica e pode ser encontrada nas florestas dos três estados do sul do Brasil, no norte da Argentina, Paraguai e Uruguai. É conhecida por suas propriedades estimulantes e digestivas, sendo que o mate pode ser considerado o chá oficial do Brasil, uma vez que além do uso tradicional sob forma de chimarrão ou tererê, também é consumido como chá quente ou chá mate gelado no verão, comum nas praias do litoral brasileiro (CROCE, 2012).

Figura 1 - Erva-mate.

A infusão de erva-mate é rica em polifenóis, contém ainda vitaminas A, tiamina, riboflavina, niacina, vitamina C e E, potássio, magnésio, cálcio, manganês, ferro, selênio, fósforo e zinco. São ainda encontrados na erva-mate 196 compostos voláteis, derivados do ácido cafeico, tal como ácido clorogênico, e flavonóides, ainda apresenta teor considerável de saponinas, cafeína e teobromina (FREDDY, 2012).

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A erva-mate é utilizada na produção de bebidas (chimarrão, chá e refrigerante), mas apresenta potencial para outras aplicações na indústria química, como corante, conservante alimentar, medicamentos, produtos de higiene e cosméticos. Processos distintos que envolvem a filtração durante a produção (MACCARI & MAZUCHOWSKI, 2000).

1.2. Poliéster

A fibra de poliéster possui alta elasticidade e são excelentes pela ótima estabilidade dimensional. São termoplásticas, resistentes à ruptura e ao desgaste. Sua solidez em estado úmido é igual à solidez em estado seco. Apresenta alta resistência às influências da luz e condições climáticas, bem como aos insetos e à formação de bolor. Tem boa resistência aos agentes químicos sintéticos e naturais (SILVEIRA, 2014).

O poliéster é um dos polímeros mais versáteis da atualidade devido à sua vasta gama de aplicações e propriedades, estando presentes como fibras têxteis, não tecidos, plásticos de engenharia, polímeros de alta performance e como filtros em processos de filtração (SKEIST, 1990). A Figura 2 mostra a fórmula molecular do poliéster.

Figura 2 - Estrutura molecular do poliéster.

O meio filtrante mais utilizado para sistemas de filtração é um não tecido de

poliéster permeável também conhecido por feltro, que tem como função reter as partículas

sólidas durante a filtração, formando uma torta e deixando passar o líquido filtrado. O não

tecido é uma estrutura plana com distribuição aleatória, ou seja, sem um entrelaçamento

ordenado e homogêneo das fibras, como mostrado na Figura 3 (MORONI et al., 2005).

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1.3. Filtração

A filtração é a operação unitária que tem como produto a clarificação de um fluído e/ou a separação das partículas da fase sólida, por meio da formação da torta, conforme mostra a Figura 4. Para que essa operação possa ocorrer, necessita de um leito poroso, onde o material a ser filtrado encontra uma resistência e é contido; esse leito poroso visa a formação da torta ou o bloqueio dos sólidos contidos no fluido de trabalho, que pode ser tanto líquido quanto gasoso (CREMASCO, 2012).

Figura 4 - Principio de funcionamento da filtração.

A permeabilidade do meio filtrante é um dos principais controles em aplicações envolvendo a filtração, pois esta propriedade é reduzida pelo depósito de pó residual. Isso leva a uma variação nos valores entre a permeabilidade do não tecido limpo e depois de usado, que é refletida na forma de queda de pressão ao longo do meio poroso (FREITAS et al., 2002). Idealmente, o filtro deveria remover o máximo de impurezas com a mínima resistência ao fluído de arraste. Nas aplicações com não tecidos, baixas permeabilidades implicam em baixas taxas de filtração, o que não é economicamente vantajoso para o processo (INNOCENTINI et al., 2009; MOREIRA & COURY, 2004).

A formação da torta depende das características de operação do sistema e do sólido selecionado como material a ser filtrado (PERRY et al., 1984). Segundo Massarani (2002) de um modo geral o tipo de torta depende da natureza do sólido, da granulometria e das partículas, conforme a filtração é conduzida e do grau de heterogeneidade do sólido.

Uma torta com uma dada espessura oferece uma resistência bem definida ao escoamento do filtrado. Quando a vazão aumenta a resistência da torta diminui, mas como o escoamento no interior da torta é laminar, a queda de pressão deve ser em princípio, proporcional à velocidade. Se a vazão dobrar, a queda de pressão fica duas vezes maior (PEÇANHA, 2014).

Conforme Cremasco (2012) para a identificação da resistência da torta e do meio filtrante, são expressos respectivamente pelos itens "a" e "b" da curva tempo x volume conforme dados (t/v X v) com apresentação linear, identificada na Equação 1.

aV b (1) V

t

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Neste sentido, após determina-se a resistência da torta ( ) e a resistência do meio filtrante (Rm), conforme as Equações 2 e 3. Onde: viscosidade do fluido (µ), concentração do filtrado (C), área

de filtração (A), queda de pressão da filtração (ΔP).

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Em relação as massas úmidas e secas formadas, temos como calcular a concentração do filtrado, pela fórmula proveniente da Equação 4. Onde: concentração da suspensão (Cs), densidade do

fluído (ρ).

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2. METODOLOGIA E MATERIAIS

O filtrado foi preparado com solução de erva-mate Ximango, na concentração de 1g/L de sólidos peneirados previamente em malha de mesh 32, para obter um sólido mais homogêneo. Os materiais auxiliares utilizados foram um Kitassato, Funil de Büchner (diâmetro interno de 11cm), bomba de vácuo e cronômetro.

Os testes foram realizados com três diferentes elementos filtrantes, fornecidos pela empresa Renner Têxtil, conforme não tecidos listados na Tabela 1.

Tabela 1 - Tipos e propriedades dos não tecidos. Material Tipo de fibra

(%) Gramatura (g/m2) Espessura (mm) Permeabilidade (L/min.dm2)

AC-PE 551 50% acrílico + 50% poliéster 550 1,9 150

PE 450 C 100% poliéster 450 2,5 250

PE 50 100% poliéster 250 1,5 500

Os volumes pré-estabelecidos como pontos de estudo foram: 300, 400, 500, 600, 700, 800 e 900 ml, com três pressões diferentes em cada tipo de material: 760, 710 e 600 mmHg. Ao todo foram realizados nove ensaios, gerando dados de massa úmida de torta que foram pesados no término de cada filtração e que, após secagem foram novamente pesados para determinação do peso da torta seca.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As curvas (t/v X v) para cada tipo de elemento filtrante, incluindo os dados experimentais nas diferentes pressões são mostradas na Figura 5.

P

A

C

a

.

.

2

.

.

2

P A R b m   . .

s a umida s C m m C C . 1 1 sec        

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Figura 5 - Curvas tempo/volume X volume.

A influência da pressão e da resistência do meio filtrante em relação a velocidade de filtração, nota-se que para filtração na pressão atmosférica de 760 mmHg ocorreu em tempo bem maior de filtração em todos os materiais, ou seja, uma menor velocidade de filtração, pois não havia auxílio da bomba de vácuo. Já na maior vazão, ou seja, com maior velocidade de filtração, ocorreu na pressão mais baixa de 660 mmHg, para todos os três tipos de não tecidos.

O melhor resultado de filtração ocorreu com PE 50, com menor tempo em relação ao AC-PE 551 e PE 451 C, portanto, com maior velocidade de filtração. A condição inicial de maior permeabilidade do PE 50, com 500 L/min.dm2, provavelmente no inicio, tenha contribuído para maior vazão pelo não tecido até a formação a torta. A melhor condição de pressão no sistema ocorreu em 660 mmHg, para os três tipos de não tecidos analisados.

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Os resultados calculados para as resistências das tortas e dos meios filtrantes são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Resistências dos meios filtrantes e tortas. Material Pressão (mmHg) Rm (m/1) α (m/kg ) AC-PE 551 760 4,61 E+10 2,78 E+11 710 6,84 E+09 1,71 E+10 660 3,16 E+09 7,00 E+09 PE 450 C 760 4,53 E+10 4,64 E+11 710 5,94 E+09 2,56 E+10 660 5,10 E+09 2,38 E+10 PE 50 760 1,04 E+10 3,27 E+09 710 5,17 E+09 1,70 E+10 660 3,55 E+09 7,92 E+09

A resistência do meio filtrante é maior na pressão atmosférica de 760 mmHg, pois o filtrado permanece mais tempo em contato com a superfície do filtro, fazendo com que a própria formação da torta diminua o fluxo do líquido a ser filtrado, dificultando a filtração. Quando a pressão é diminuída para 710 mmHg, com o auxílio da bomba de vácuo, a resistência do meio filtrante diminui devido ao menor tempo de contato com o filtro, em função da ação da força mecânica que está “forçando” o fluido a escoar. Quando da menor pressão de 660 mmHg ocorreu a menor resistência do meio filtrante, pelo mesmo motivo descrito.

4. CONCLUSÕES

Os testes demonstraram de modo geral, que quanto maior a pressão aplicada no sistema maior será a resistência do meio filtrante, devido ao maior tempo de contato entre os meios e em função da formação da torta dificultar a passagem do fluido a ser filtrado. A menor resistência ocorreu na menor pressão, devido a maior força mecânica gerar a aceleração do processo.

A maior velocidade de filtração ocorreu quando da menor pressão no sistema e consequentemente com menor resistência do meio filtrante. Já a menor velocidade de filtração ocorreu em pressões mais elevadas, onde a resistência do meio filtrante é maior.

Concluímos que existe a influência da pressão e do meio filtrante na velocidade de filtração da erva-mate e que os resultados dos ensaios se apresentaram consistentes com a literatura, pois quando a vazão aumenta, ocorre a diminuição da resistência no meio filtrante.

REFERÊNCIAIS

CREMASCO, A. M. Operações Unitárias em Sistema Particulados. Blucher, São Paulo, 2012. CROCE, D. M. Caracterização físico-química de estratos de ervamate (ilex paraguariensis St. Hil.) no estado de Santa Catarina. Ciência Florestal, 2012, n. 2, p. 107.

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FREITAS, N. L.; SALVINI, V. R.; INNOCENTINI, M. D. M.; PANDOLFELLI, V. C.; COURY, J. R. Desenvolvimento de filtros cerâmicos para filtração de gases a altas temperaturas: Estudo da Permeabilidade. In: XIV Congresso Brasileiro de Engenharia Química, 2002, Natal. Anais... Natal, 2002.

GOMIDE, R. Operações unitárias: Separações mecânicas. 3 ed. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 1980. 199 p.

INNOCENTINI, M. D. M.; RODRIGUES, V. P.; ROMANO, R. C.; PILEGGI, R. G.; SILVA, G. M.; COURY J. R. Permeability optimization and performance evaluation of hot aerosol filters made using foam incorporated alumina suspension. Journal of Hazardous Materials, v. 162, p. 212-221, 2009. MACCARI, J. A.; MAZUCHOWSKI, J. Z. Produtos alternativos e desenvolvimento da tecnologia industrial na cadeia produtiva da erva-mate. Curitiba: Câmara Setorial Produtiva da Erva-Mate do Paraná. 2000.

MASSARINI, G. Fluidodinâmica em sistemas particulados. 2 ed. Rio de Janeiro: E-Papers Serviços Editorais, 2002. 152 p.

MOREIRA, E. A.; COURY, J. R. The influence of structural parameters on the permeability of ceramic foams. Braziliam Journal of Chemical Engineering, v, 21, p. 23-33, 2004.

MORONI, L. G.; FILHO, W. T. P.; SAITO, J.; LIMA, C. G. Manual de não tecidos: classificação, identificação e aplicações. n.3, São Paulo: ABINT, 2005.

NBR 10004, Classificação de Resíduos Sólidos.

PEÇANHA, R. P. Sistemas Particulados. 1 ed., Elsevier, Rio de Janeiro, 2014.

PERRY, R. H., GREEN, D. H., MALONEY, J. O. Perry’s chemical engineer’s handbook. 6 ed. New York: McGraw-Hill do Brasil, 1984.

SEVERO, E. A., GUIMARAES, C. F., DORION, E. C., NODARI, C. H. Cleaner production, environmental sustainability and organizational performance: an empirical study in the Brazilian Metal-Mechanic industrial. Journal of Cleaner Production. v. 96, p. 118-125, 2014.

SILVEIRA, S. Manual de Matérias Primas Têxteis. Centro de Formação Profissional para Indústria de Lanifícios. 2014. 104 p.

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