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Leonardo Egas 1 ; Akemi Ino² CEP São Carlos-SP (Brasil); Tel ; Fax

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Avaliação do ciclo de vida de um sistema de cobertura alternativo em

madeira de

Pinus

mais sustentável para habitação social. Caso

assentamento rural Pirituba II

Leonardo Egas 1; Akemi Ino²

1 Escola de Engenharia de São Carlos / Universidade de São Paulo, Av Trabalhador São Carlense, n

400. CEP13566-520 São Carlos-SP (Brasil); Tel +55 16 33739304; Fax + 55 16 33739304

leoegas@yahoo.com.br

2 Escola de Engenharia de São Carlos / Universidade de São Paulo, Av Trabalhador São Carlense, n

400. CEP13566-520 São Carlos-SP (Brasil); Tel +55 16 33739291; Fax + 55 16 33739304

inoakemi@sc.usp.br RESUMO

Proposta: Atualmente existem poucas alternativas para a construção de sistemas de cobertura que atendam as exigências das habitações sociais no Brasil e que visem uma maior sustentabilidade. Os estudos também não se propõem a criar uma base de dados comparativa onde se abranja todos os impactos causados pelos processos construtivos ao longo da sua cadeia produtiva, impossibilitando uma escolha consciente do sistema de cobertura mais sustentável a ser adotado. O trabalho tem como objetivo analisar parte do ciclo de vida de um sistema estrutural de cobertura em madeira de Pinus. Método de pesquisa: O objeto empírico é o assentamento rural Pirituba II onde foram construídas 36 habitações sociais em regime de mutirão utilizando um sistema de cobertura alternativo. Será feita a definição do sistema, onde são delimitados os objetivos e abrangência do estudo, e levantado o inventário e o balanço de massa–energia, onde são colocadas as entradas e saídas e de cada etapa de todo o processo. Resultados: O trabalho tem como resultado um levantamento completo de todos os insumos consumidos e resíduos gerados. Contribuições: Os dados coletados servirão de base para uma comparação com outros sistemas de cobertura, e também servirá de fonte para uma posterior análise da sustentabilidade desse sistema de cobertura.

Palavras chave: sustentabilidade, avaliação do ciclo de vida, sistema estrutural de cobertura, madeira de Pinus, habitação social.

ABSTRACT

Propose: Recently in Brazil there are not many roof construction systems that attend the social housing needs and provide a good sustainability. Researches don’t intend to create a comparative database that offers all the construction processes´ impacts throughout the productive chain, creating difficulties to make a conscious choice for a sustainable system. This paper intends to analyze part the life cycle of a wooden structural roof system of

Pinus. Methods: The object studied is the rural settlement “Pirituba II”, where 36 houses

were built by self-construction and used an alternative structural roof system. The study’s objectives and coverage will be defined when the inventory and the mass-energy balance are set. Findings: As a result, the study has the complete information concerning to the system’s inputs and outputs. Value: This data will be a comparison source to other structural roof systems and also to future sustainability analysis of this system.

Keywords: Sustainability, life cycle assessment, structural roof system, Pinus timber, social housing.

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1 - Sustentabilidade e habitação social.

Atualmente diferentes autores colocam a necessidade de se buscar habitações mais sustentáveis, principalmente se tratando de edificações para população de baixa renda no caso do Brasil, pois ai se encontra a maior demanda habitacional, como em outros paises em desenvolvimento. Para que isso ocorra é necessário que os engenheiros e arquitetos possam dispor de bons parâmetros para suas decisões projetuais, e que haja uma base de dados para análise e comparação dos materiais e sistemas construtivos a serem utilizados. A introdução do conceito de sustentabilidade, coloca a clara necessidade de se abrir uma discussão sobre a mudança da forma como a construção civil atua no Brasil e em todo o mundo. Segundo CIB (2000) as construções na União Européia são responsáveis por mais de 40% do consumo total de energia, e estima-se que o setor da construção gere aproximadamente 40% de todo o lixo produzido pelo homem, além de ser responsável por cerca de 30% das emissões de dióxido de carbono. Explicitada a grande contribuição desse setor nos impactos ambientais, atualmente amplamente discutidos por ambientalistas, tem-se a necessidade de tem-se buscar uma melhor forma de produzir habitações, e para tanto vê-tem-se necessário conceituar a sustentabilidade para que se possam ter diretrizes de ação.

Tratando-se de uma idéia condicionada por componentes genéricos, nem sempre consensuais ou universalizáveis, a sustentabilidade precisa de uma melhor definição nos contextos em que seja adotada como referência qualitativa, para que se possam explicar as bases sobre as quais se fundamentam a sua utilização (SILVA, 2000). Uma das primeiras definições sobre o desenvolvimento sustentável é colocada pela World Commission Evironment and Development (1987, apud CIB, 2000) como sendo “[...] desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades.”. O mesmo documento ainda coloca as dificuldades de se definir sustentabilidade devido aos diferentes enfoques que podem ser dados por diferentes países. Por exemplo, países com economias em desenvolvimento podem dar prioridade à desigualdade social e econômica, enquanto países com economias maduras darão mais enfoque à criação de um mercado imobiliário mais sustentável, à invenção de novas tecnologias, à renovação e à questão ambiental.

Segundo Silva (2000), a sustentabilidade vai muito além da dimensão ambiental, e a divide em cinco grandes dimensões: ambiental, social, econômica, política e cultural. A autora ainda cita a necessidade de contextualizar o objeto empírico em relação ao tempo e ao espaço, sendo esses itens decisivos para que se possa fazer uma análise global da sustentabilidade.

Essa discussão, colocada na realidade do assentamento rural “Pirituba II” (municípios de Itapeva e Itaberá-sp), se insere no contexto do grande déficit habitacional no Brasil, que em 2002 era de 6,6 milhões de novas moradias (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2002 apud GAVA, 2005, p. 2) e dessas, 81,3% encontra-se em área urbana. Mas de acordo com o mesmo estudo em termos relativos, o déficit habitacional é ligeiramente maior na área rural, com a necessidade de aproximadamente 1,2 milhões de novas moradias, sendo equivalente a 16,5% dos domicílios particulares permanentes contra 14,5% da área urbana.

No atual cenário brasileiro da construção civil, os sistemas de cobertura comumente utilizados nas habitações são feitos com madeiras nativas provenientes das regiões centro-oeste e norte do país, devido à baixa oferta de madeira nativa da região sul e sudeste que tiveram suas florestas nativas devastadas pelo uso irracional (PINHEIRO, 1996). Isso mostra o baixo grau de sustentabilidade dessa prática, tanto ambientalmente (causando grandes danos às florestas) como economicamente (alto custo de transporte).

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A dissertação de Arruda, (2000) intitulada, diretrizes para projeto arquitetônico de habitação social em Pinus sp produzida por mutirão, coloca o Pinus sp de plantios florestais como um material capaz de responder às exigências do desenvolvimento sustentável, e levanta o debate sobre a utilização do mutirão como processo de produção, destacando que essa forma de construir atendeu até hoje, independentemente da forma de gestão, populações de baixíssima renda (nunca antes atendidas por qualquer programa de provisão direta de habitação à população), além de ser uma forma viável, rica, significativa e democrática de se produzir habitações.

Apesar de diversos autores já realçarem a importância da utilização das diferentes dimensões da sustentabilidade na produção de habitações sociais, os métodos de análise da sustentabilidade, que poderiam servir como uma ferramenta para a busca de edifícios mais sustentáveis, ainda estão se concentrando magitoriamente na dimensão ambiental.

2 - Análise do ciclo de vida

Atualmente existe uma grande quantidade de métodos de análise da sustentabilidade, YUBA (2005) levantou 28, porém em sua maioria feitos e adaptados às condições dos paises europeus e norte americanos. A escolha do método adequado para experiência está diretamente ligado a confiabilidade da análise da sustentabilidade que se irá se obter.

Por ainda ser um conceito em debate a sustentabilidade pode gerar diferentes enfoques sobre o mesmo tema, e consequentemente a sustentabilidade possuirá diferentes formas de ser analisada. Já existem trabalhos que procuram comparar as metodologias de análise de Sustentabilidade, segundo Silva (2003) os métodos podem ser divididos em dois grandes grupos os criteria-based, que têm suas estruturas organizadas em função de inputs ou campos em que investidores, projetistas e construtores precisam necessariamente tomar decisões tais como implantação, uso da água e energia, materiais e ambiente interno; e os sistemas LCA-based (Life-Cycle-Assessment) que são organizados pelos impactos ambientais associados a elementos ou características do edifício. Tukker (2000) apud Silva, P. (2003, p. 31) define o Life-Cycle-Assessment (avaliação do ciclo de vida) como:

[...]uma metodologia de avaliação de impactos ambientais associados a produtos, processos ou atividades. Isto, através da identificação, da quantificação e da avaliação de todos as matérias primas e energia consumidas a rejeitos gerados ao longo do ciclo de vida, ou seja, desde a extração da matérias primas até a disposição final dos resíduos.

O método LCA ( ou análise do ciclo de vida, ACV), tem um caráter holístico e de precisão na coleta de dados, em contraposição aos métodos chamados end of pipe (fim do tubo) que só analisam o produto final. Segundo Yuba (2005 p. 157), o LCA é o método mais adequado para a avaliação ambiental no contexto brasileiro, porque apesar de demandar muito trabalho, seria o método que mais estimularia uma criação de base de dados nacional.

O método do LCA é normalizado por um conjunto de normas ISO 14000 e segundo Soares et al. (2006) a aplicação do método de análise do ciclo de vida pode ser feito através de cinco grandes etapas:

A) Definição do sistema. Que é a delimitação dos objetivos do estudo e a abrangência da análise a ser feita.

- Deve-se delimitar com precisão o objetivo do estudo (como o estudo está sendo realizado e quais serão as aplicações dos resultados obtidos);

- as fronteiras do sistema, que especificam sobre quais etapas do ciclo de vida serão realizadas a análise, do berço (extração de matérias-primas) até o túmulo (eliminação do produto);

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-a base referencial ou unidade funcional, que será a unidade que permitirá uma comparação posterior com outras experiências ou produtos. No setor da construção civil, a unidade funcional pode ser representada pelo edifício como um todo ou por apenas um recinto ou área de trabalho, analisado em determinado período.

B) Inventário ou balanço de massa-energia. Considerando a unidade funcional adotada (por exemplo, metro quadrado de cobertura produzida), o inventário deve ser preliminarmente estabelecido para assegurar que o fluxo de entrada de matéria prima (por exemplo, dois metros cúbicos de madeira bruta de Pinus Elliottii) encontre uma saída quantificada como unidade funcional (produz um quadrado de cobertura), rejeitos (produz meio metro cúbico de pó-de-serragem) e subprodutos (cinco peças pré-cortadas para encaixe das vigas). Essa etapa pode ser resumida nas entras (inputs) e saídas (outputs) de cada etapa do processo.

C) Avaliação de impactos ambientais. Esse procedimento visa agregar os fatores de impacto em categorias de impacto (ou critérios de avaliação), através de um modelo apropriado,

de modo a permitir um estudo comparativo das diferentes opções.

D) Definição de uma base de comparação. Essa base será constituída pelos critérios citados anteriormente, um procedimento que permita ponderá-los e um modelo para agregá-los convenientemente.

E) Estudos de sensibilidade e de incerteza de dados. A confiabilidade do resultado depende, sobretudo, da confiabilidade dos valores atribuídos aos parâmetros. Por isso é necessário que haja uma avaliação dos dados coletados, que pode ser realizada através de auditorias ou dos próprios agentes envolvidos na coleta de dados.

Serão adotadas as etapas propostas pelo método da análise do ciclo de vida para a avaliação da experiência de um sistema estrutural de cobertura, utilizado em habitações sociais, que visam uma maior sustentabilidade.

3 – Objetivos

O objetivo deste trabalho é utilizar o método LCA para analisar parte do ciclo de vida de um sistema estrutural de cobertura, que busca uma maior sustentabilidade, e criar uma base comparativa com os dados coletados, para que futuramente diferentes sistemas estruturais de cobertura possam em avaliados como mais ou menos sustentáveis.

4 – Estratégia geral de pesquisa

A pesquisa baseia-se num estudo de caso único, definido por Yin (2001) como uma investigação empírica sobre um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, onde o fenômeno estudado e o contexto não possuem limites definidos. Segundo o autor o método escolhido ainda “[...] contribui para a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos.” e também coloca que para um estudo de caso ter confiabilidade a coleta de evidências (inicialmente colocada como coleta de dados) deve seguir o uso de duas ou mais fontes de evidências, possuir um banco de dados com informações formais de evidências distintas, conclusões elaboradas, e sua análise possuir uma ligação explícita entre as questões levantadas, os dados coletados e as conclusões.

Para tal coleta, o Yin (2001) apresenta uma lista de seis possíveis fontes de evidências, sendo elas: a documentação, os registros em arquivos, entrevistas, observações diretas, observações participantes e artefatos físicos. Nesta pesquisa estão sendo utilizados como fontes de evidências os relatos de reuniões realizadas durante o processo de fabricação dos componentes e construção das habitações (documentação), fotografias dos eventos

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(documentação), registros pessoais (registro em arquivo), lista de nomes (registro em arquivo), observação participante nas várias atividades realizadas e entrevistas.

4.1 Objeto empírico

O objeto empírico escolhido foi o assentamento rural “Fazenda Pirituba” onde o grupo de pesquisa HabiS (Grupo de pesquisa em Habitação e sustentabilidade) da EESC-USP (Escola de Engenharia de São Carlos) e UFSCar (Universidade federal de São Carlos) está desenvolvendo um projeto chamado,“Habitação rural com inovação no processo, gestão e produto: participação, geração de renda e sistemas construtivos com recursos locais e renováveis”. Atualmente estão em construção neste assentamento 42 habitações com recursos do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social – PSH rural, estes recursos são compostos de um subsídio do Governo Federal através da Caixa Econômica Federal e um financiamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, que integrados compõem o valor total da habitação.

Nesse projeto utiliza-se materiais com grande disponibilidade local e que sejam renováveis, como a madeira para cobertura e esquadrias e o adobe como material de vedação. Ele ainda utiliza a mão-de-obra de mutirão, que viabiliza economicamente a construção das casas e tem a possibilidade de capacitação dos moradores para a construção civil (com possibilidade de geração de renda). Das 42 novas habitações, 36 foram construídas com um sistema estrutural de cobertura inovador, também desenvolvido pelo grupo de pesquisa HABIS, para atender os princípios e diretrizes de todo o projeto, que são:

1 – o processo: contando com a participação das famílias assentadas nos processos decisórios e a formação e a capacitação de pessoas nas etapas da produção;

2 - a gestão: a articulação dos diferentes agentes envolvidos na cadeia de produção da habitação e a geração de trabalho e renda nessa produção;

3 - o produto: desenvolvimento de componentes e sistemas construtivos que utilizem recursos locais e renováveis. RELATÓRIO FINAL FASE 2 DE PROJETO DE PESQUISA (2004).

A mão-de-obra que executou a produção dos componentes e sua instalação no canteiro de obras foi de mutirão, participando durante todo o processo não só na sua produção como também na sua gestão. Em um sistema de cobertura de madeira convencional (tesouras, terças, caibros e ripas) existe a necessidade da mão-de-obra especializada de um carpinteiro para sua instalação no canteiro, ao contrário do sistema proposto que procurou priorizar a pré-fabricação dos componentes na marcenaria. Algumas pessoas foram capacitadas para executar trabalhos mais complexos, deixando o mínimo de operações possíveis para serem realizadas no canteiro de obras, facilitando assim a instalação das coberturas nas habitações por pessoas com menos experiências e capacitando pessoas para o ofício da marcenaria, que futuramente gerará trabalho e renda para os capacitados.

Para a escolha do material e desenvolvimento do novo produto foi considerada a disponibilidade da madeira na região, através de um levantamento das serrarias, verificando-se o preço e os tipos de madeiras disponíveis (o grupo de pesquisa Habis deu prioridade às madeiras de Pinus e de eucalipto de florestas manejadas, visto que as madeiras nativas não possuíam certificado). Verificou-se que grande parte da madeira produzida era destinada à exportação, e as madeiras comercializadas no Brasil são de uma qualidade inferior. Porém, verificou-se a disponibilidade de uma madeira de Pinus de 3ª qualidade a um baixo custo e de pequenas dimensões que estava disponível, pois o mercado de exportação não a aceitava. Essas peças possuíam em média 190 centímetros de comprimento por 14 centímetros de largura e 1,2 centímetros de espessura, muita presença de nós e esmoados. Com um projeto adequado foi possível aproveitar as peças que não possuíam valor comercial e agregar valor a elas fazendo com que pudessem ser utilizadas na construção civil e melhorando o aproveitamento das toras que antes eram subutilizadas.

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Figura 01: Corte do sistema de cobertura em vigas laminadas pregadas.

Fonte: Grupo de pesquisa em Habitação e Sustentabilidade.

Figura 02: Vista e cortes de uma viga laminada pregada.

Fonte: Grupo de pesquisa em Habitação e Sustentabilidade.

Figura 03: Pré-fabricação

Da viga laminada pregada na marcenaria.

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS

Figura 04: Sistema estrutural

em Vigas laminas pregadas. Fonte: Grupo de pesquisa HABIS

Figura 05: Sistema de

cobertura finalizado.

Fonte: Grupo de pesquisa HABIS

O sistema estrutural de cobertura procurou, através de suas diretrizes de projeto, buscar uma maior sustentabilidade, porém somente através de uma análise de seus impactos é que se terá uma avaliação passível de classificar como mais ou menos sustentável que outras experiências.

5 – Análise do ciclo de vida do sistema em vigas laminadas pregadas.

Para a aplicação do método será seguida a proposta de Soares et al. da divisão do método em cinco grandes etapas, que estão descritas nos itens: A, B, C, D e E.

A) Definição do objetivo e abrangência da coleta de dados do LCA.

- O objetivo principal é utilizar o LCA como uma ferramenta para a coleta e análise de dados em diferentes etapas da produção do sistema de cobertura, para que com essa base de dados formada a partir do estudo seja possível realizar um estudo posterior onde sejam

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comparadas experiências de diferentes sistemas construtivos de cobertura a fim se definir quais são os mais sustentáveis.

- Para a delimitação da unidade funcional, medida de comparação, tomou-se a unidade de metro cúbico de componentes estruturais instalados em obra por 120 anos. A escolha da base temporal teve como fonte a estimativa de vida útil de sistemas estruturais feita pela Europian Comission, e a unidade metro cúbico foi tomada devido à grande variabilidade de projetos estruturais (dependendo do projeto estrutural se utiliza mais ou menos volume de materiais) e tipo de edificações (construções com utilizações diferentes como um galpão e uma habitação com a mesma área construída terão um volume maior ou menor de materiais utilizados).

-Para delimitação das fronteiras do sistema é necessário haver um prévio levantamento da cadeia produtiva e processos do ciclo de vida que serão estudados. Segundo YUBA (2005) O ciclo de vida das habitações em madeira podem ser divididos da seguinte forma: processo de produção florestal, processo de beneficiamento, processo de construção, operação de uso, operação de manutenção, operação de desconstrução. Foi necessário o recorte da cadeia de produção devido a sua grande complexidade e quantidade de variáveis a serem coletadas em contraposição aos recursos e tempo disponibilizados para a execução do presente trabalho.

Figura 06: Ciclo de vida da estrutura de cobertura em vigas laminadas pregadas.

B) Definição do inventário.

A definição do inventário será feita através de entrevistas, observação direta e através do acompanhamento in loco de todo o processo nas etapas de pré-fabricação e montagem no canteiro (esse acompanhamento in loco foi o que permitiu um estudo detalhado de cada etapa, que resultou em uma decomposição em sub-etapas). Nesse trabalho não serão levantadas as entradas e saídas dos processos de produção florestal e beneficiamento, pois

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isso acarretaria em um grande número de variáveis a serem coletadas, inviabilizando o trabalho pela disponibilidade de recursos e tempo, porém esse levantamento está previsto para uma próxima etapa da pesquisa.

I - Definição do inventário do processo de construção: - Operações pré-fabricação, montagem no canteiro e tratamento.

Os dados coletados nessas operações serão apresentados em um fluxograma de parte do ciclo de vida apresentado na figura 06, em forma de entradas e saídas dentro de cada etapa (pré-fabricação, montagem e tratamento), seguindo a unidade de referência metro cúbico de viga pré-fabricada. Essas entradas, classificadas em: energia, água e matéria prima, poderão gerar até duas saídas por etapa, uma é o produto necessário para que haja a próxima etapa da cadeia produtiva, e a segunda são: emissões e resíduos que não farão mais parte dessa cadeia e portanto serão descartados; ver figura 07.

- Operação tratamento

Devido a essa operação ser pouco complexa não será necessária a sua decomposição em etapas e sub-etapas e sua apresentação através de fluxogramas. Para o tratamento preservativo foram utilizados dois produtos, o ácido pirolenhoso durante o processo de pré-fabricação e o Pentox, após a fase de montagem do sistema em canteiro. Não foi possível comprovar a eficiência do ácido pirolenhoso, e portanto o seu uso foi desaconselhado para aplicações futuras, sendo suficiente a aplicação do Pentox. Foram utilizados 18 litros do produto para aplicação em 2,77 m³ de madeira, portanto é necessário 6,5 litros de pentox / m³ de vigas montadas em obra.

- Operação uso e manutenção.

Assim como na operação tratamento, não será necessária a decomposição em etapas e sub-etapas. Essa operação se constituirá basicamente na manutenção pois o uso só pode ser analisado se a edificação for vista globalmente, e não somente o caso da estrutura de cobertura. A manutenção desse sistema estrutural baseia-se em reaplicar o produto preservativo (pentox) a cada cinco anos, como recomenda o fabricante. Essa atividade poderá ser executada pelo próprio morador, caso possua luvas de borracha, máscara respiratório, óculos protetores e roupas fechadas, além de algum equipamento para fazer a aspersão do preservativo, como uma bomba costal. Para a manutenção será utilizado o horizonte de 120 anos (ver definição do sistema), portanto serão necessárias 24 aplicações do tratamento preservativo, resultando em um consumo total de 156 litros de Pentox. – Operação desconstrução e deposição final

Assim como a operação uso e manutenção a operação desconstrução não será decomposta em etapas e sub-etapas, por ser uma operação de simples execução. A desconstrução se constituirá da retirada das telhas e das vigas simples e compostas do sistema de cobertura. Essa retirada pode ser feita com um martelo, que irá retirar os pregos dos chapuzes e então as vigas podem ser facilmente retiradas. Um dos problemas encontrados nessa etapa é a disposição final dos componentes estruturais, já que esses estarão contaminados com o preservativo pentox. Essa disposição final não poderá se dar de forma a devolver a madeira para o solo diretamente, e só poderá ser lançado em aterros sanitários devidamente preparados.

C) Como terceira etapa as normas e bibliografias sobre LCA tratam das análises dos impactos ambientais. De acordo com a bibliografia é necessário agrupas os dados em algumas classes, que foram escolhidas pelos pontos sugeridos por YUBA (2005) que fez um levantamento dos principais estratégias a serem seguidas para os métodos de sustentabilidade.

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Figura 07: fluxograma das operações de pré-fabricação e montagem com suas entradas e saídas.

Gasto de energia – Toda energia utilizada nas etapas do ciclo de vida utilizadas são provenientes da energia elétrica de concessionárias locais, que no Brasil em quase toda sua

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totalidade são provenientes de hidroelétricas. O levantamento dos gastos em energia foram feitas pelo controle das contas elétricas da marcenaria onde os componentes foram pré-fabricados. O gasto mensal foi de 356 KWA, em um mês onde houve somente a produção de 40m³ de componentes pré-fabricados, 9kwh / m³ de sistema estrutural montado na obra/ 120 anos.

Gasto de água – O sistema estrutural estudado não utiliza água nos processos de seu ciclo de vida analisados. Isso se deve ao fato de ser uma construção seca, onde suas conexões e interfaces são solucionados através de elementos de ligação como os pregos. Porém é necessário salientar que em outros processos ainda poderia ser utilizada água.

Emissões – Não há emissões no ar, terra ou água nos processos estudados do sistema estrutural. A não emissão decorrente da queima de combustíveis pelo transporte rodoviário só foi possível graças à proximidade do local de pré-fabricação e montagem, que permitiu que o transporte das peças fosse feito através de carroças com tração animal. Porém quando outros processos forem analisados será necessário contabilizar as emissões geradas por esses transportes. Também é importante salientar que durante o processo de produção florestal existe uma captura do carbono pelas árvores, que também deve ser computado. Matéria prima utilizada – São utilizados 1,30m³ de madeira de Pinus Elliotti de terceira qualidade, 0,041m³ de madeira de eucalipto, 10,28Kg de prego, 15 parafusos com bucha n° 12, 14m de cabo de aço, 5 chapas de aço, 5 espaçadores e clips de aço, 164 litros do preservativo pentox; para 1m³ de sistema estrutural montado na obra / 120 anos. A maior quantidade de matéria prima, 92%, é a madeira de Pinus de terceira qualidade, que provém de florestas próximas da área onde foram construídas as casas, além de ser um material renovável.

Resíduos gerados – São gerados 0,108m³ de madeira de Pinus Elliotti de 3ª qualidade devido à seleção das peças, 0,22m³ de resíduos entre pó de serra, cepilho, destopos e refilos por m³ de sistema estrutural montado na obra / 120 anos. Todos os resíduos gerados podem ser devolvidos diretamente para o solo, pois são matéria orgânica e biodegradável. Além disso o material pode ter um reuso antes do descarte, tanto no caso das peças inteiras que não passaram pela seleção quanto os resíduos gerados pelo corte da madeira, como o pó de serra ou cepilho, que foram vendidos para granjas que utilizaram o produto como forragem para a criação e depois foi vendido como adubo. Somente a disposição final dos componentes gerará um resíduo que deverá seguir para aterros sanitários devidamente preparados para que não haja emissões no solo.

D) A criação da base comparativa se dará através da unidade funcional levantada anteriormente aplicada nas 5 classes de variáveis, 1 – Consumo de água / 2 – Consumo de energia / 3 – Emissões no ar, terra e água / 4 – Matéria prima utilizada / 5 – Resíduos gerados.

E) A avaliação dos dados coletados pode ser feita através dos métodos de pesquisa onde são apresentadas as diferentes formas de coleta de dados, documentos utilizados e aplicação dos questionários. Como a coleta dos dados foi efetuada por um agente externo a produção, os dados podem ser considerados satisfatoriamente coletados.

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O sistema estrutural de cobertura estudado mostrou que nas etapas estudadas apresenta um bom desempenho nas variáveis relacionadas a consumo de água, emissões e consumo de energia, além de seus resíduos gerarem usos secundários e renda além de não agredirem o meio ambiente (são utilizados como adubo na deposição final no solo). Assim o sistema mostra bons indicativos para uma análise que busca maior sustentabilidade, porém para uma análise de sustentabilidade seria necessário o estudo dos processos ainda não estudados além de uma análise comparativa com outros sistemas estruturais de cobertura. O trabalho se coloca na perspectiva de ser um primeiro levantamento da análise de ciclo de vida de um sistema estrutural de cobertura, para que futuramente outros estudos possam, utilizando a mesma análise, fazer uma comparação das diferentes classes de variáveis e contrapô-las aos principais critérios que devem ser privilegiados em determinado contexto e tempo, chegando assim a uma análise de quais os sistemas mais sustentáveis em cada caso.

Bibliografia

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Dissertação (Mestrado) – Programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo.

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RELATÓRIO FINAL FASE 2 DE PROJETO DE PESQUISA Habitação social em madeira

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Agradecimentos

Ao apoio financeiro da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, para participação no evento.

Referências

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