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FATORES LIMITANTES DA PRODUÇÃO DE FRUTAS NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

1 FATORES LIMITANTES DA PRODUÇÃO DE FRUTAS NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

NIRALDO JOSÉ PONCIANO (1) ; FERNANDO RODRIGUES MOREIRA (2) ; HENRIQUE TOMÉ DA COSTA MATA (3) ; JANETE GOLINSKI (4) .

1,2,4.UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

RIBEIRO, CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ, BRASIL; 3.UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, SALVADOR, BA, BRASIL.

ponciano@uenf.br POSTER

AGRICULTURA FAMILIAR

Fatores limitantes da produção de frutas na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro

Grupo de Pesquisa 7: Agricultura Familiar Resumo

Objetivou-se neste trabalho avaliar os fatores que afetam a viabilidade econômica da produção de frutas na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Aplicaram-se questionários aleatóriamente buscando identificar o perfil tecnológico, econômico e social dos produtores. Para facilitar a analise dos dados, dividiu-se a informação coletada em três partes, referentes às características dos produtores e de sua produção, aos aspectos de manejo da fruticultura e aos aspectos gerenciais e administrativos. Os produtores apresentaram elevado nível escolar, fato que não foi associado com a realização dos controles dos custos, onde apenas 54% os realizam. O cadastro de fornecedores e compradores é realizado por pequena parcela dos produtores. As práticas de irrigação, adubação e controle de pragas e de doenças estão presentes na maioria das propriedades, porém é pequeno o número de produtores que as realizam de forma correta de acordo com os critérios agronômicos. Apesar da produção ser escoada individualmente, grande parte dos produtores possui interesse em realizar vendas em conjunto com outros produtores. Constataram-se problemas na qualidade fitossanitária das mudas, que é perpetuado para todo o ciclo das culturas. Dentre as culturas analisadas a produção de abacaxi e de maracujá foram as que apresentaram os melhores indicadores de viabilidade econômica. Apesar da produção de coco e de goiaba apresentarem baixos indicadores econômicos, de maneira geral, a produção de frutas dessa Região apresenta-se viável economicamente. Esses indicadores podem ser melhorados mediante ajustes de manejo e de gerenciamento.

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2 Palavras chave: Produção de frutas, gerenciamento dos custos, viabilidade econômica,

perfil dos produtores.

Limitantes factors of the production of fruits in the region the Northwest of the State of Rio de Janeiro

Abstract

It was objectified in this work to evaluate the factors that affect the economic viability of the production of fruits in the region the Northwest of the State of Rio De Janeiro. Questionnaires searching to identify the technological, economic had been applied randomly and social profile of the producers. To facilitate it analyzes it of the data, one divided it information collected in three parts, referring to the characteristics of the producers and its production, to the aspects of handling of the production of fruits and to the managemental and administrative aspects. The producers had presented high pertaining to school level, fact that was not associated with the accomplishment of the controls of the costs, where only 54% carry through them. I register in cadastre it of suppliers and purchasers are carried through by small parcel of the producers. The practical ones of irrigation, fertilization and control of plagues and illnesses are gifts in the majority of the properties, however the number of producers is small that in accordance with carry through them of correct form the agronomy techniques. Although the production to be flowed off individually, great part of the producers possesss interest in carrying through sales in set with other producers. Problems in the aim health resort quality of the changes had been evidenced, that is perpetuated for all the cycle of the cultures. Amongst the analyzed cultures the production of pineapple and passion fruit had been the ones that had presented the best pointers of economic viability. Although the production of coconut and guava to present economic indicating basses, in a generalized manner, the production of fruits of this Region is presented economically viable. These pointers can be improved by means of management and handling adjustments.

Words key: Production of fruits, management of the costs, economic viability, profile of

the producers.

1. Introdução

O Estado do Rio de Janeiro possui uma pequena extensão territorial (cerca de 0,5% do território nacional), elevada densidade populacional e índices relativamente favoráveis de renda média familiar “per capita”. São fatores que contribuem para que o Estado apresente-se como o segundo maior mercado consumidor do País, atrás apenas do Estado de São Paulo. A Região Sudeste consome 48% das frutas produzidas no País, sendo o Estado de São Paulo o maior consumidor seguido do Rio de Janeiro (Fernandes, M. S., 2006). Atividades que combinem rentabilidade em pequenas propriedades representam-se como as mais apropriadas. Isso vem ocorrendo no Estado do Rio de Janeiro, uma vez que um número considerável de pequenos produtores tem explorado a fruticultura como alternativa de diversificação da produção e otimização de renda em suas propriedades (Ponciano et al., 2002).

A produção brasileira de frutas chegou a 39.106 Mg em 2005 (5% da produção mundial), atrás apenas da China e da Índia (IBRAF, 2005). Essa produção abrange 2,3

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milhões de hectares (ha), produzindo uma receita de US$ 1,1 bilhão/ano (Instituto Agronômico de Campinas, 2006). Os Estados do Pará, Bahia, Sergipe, São Paulo e Minas Gerais, são responsáveis pela liderança brasileira na produção mundial da fruta (Meletti, L. M. M., et. Al., 1999, Brucker, C. H., et al, 2001).

A fruticultura brasileira apresenta elevado potencial de expansão. Dentre as várias espécies de fruteiras com possibilidade crescimento no Brasil, encontramos a cultura do coqueiro, do abacaxizeiro, goiabeira e do maracujazeiro (Planeta Orgânico, 2006). Na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro predomina-se clima com temperaturas favoráveis ao desenvolvimento das fruteiras; facilidade de obtenção de água; e proximidade de grandes mercados consumidores de frutas como as regiões metropolitanas de Vitória/ ES e do Rio de Janeiro são favoráveis para o crescimento da fruticultura na região (Ogliari, J, 2001).

A cultura do coqueiro consiste da palmeira mais importante cultivada no mundo e se destaca na produção de fibras em diversos países. O Brasil apresenta condições de solo e clima favoráveis ao seu cultivo. A expansão da área plantada deve-se principalmente ao aumento da demanda de água do fruto verde. A produção nacional está se expandindo na região Sudeste, onde se encontram os maiores centros consumidores. O Brasil é o quarto produtor mundial de coco (3.106 Mg e área colhida de 280,8 mil ha), com 6% da produção mundial. O Estado do Rio de Janeiro apresenta uma área colhida de 5.303 ha, sendo a região Norte Fluminense a maior produtora do Estado (Toda Fruta, 2006).

O Brasil é um dos maiores produtores de goiaba do mundo. Segundo dados do IBGE, em 2004 o Brasil produziu cerca de 408,283. 106 Mg de goiaba em 18,778 mil ha, destacando-se como um dos principais produtores mundiais dessa fruta. Sua produção concentra-se nos Estados de São Paulo, Pernambuco e Bahia que juntos respondem por mais de 80% do volume produzido no País. A Região Sudeste possui 6.600 ha de goiaba, sendo que o Estado do Rio de Janeiro cultiva 630 ha (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004).

O Brasil é o primeiro produtor mundial de maracujá. Sua produção alcançou a cifra de 491.619 Mg em 36.576 ha. Merece destaque a Região Nordeste (209.401 Mg em 2004), seguida da região Sudeste (200.839 Mg). No Sudeste o Estado de São Paulo foi o maior produtor em 2004 com uma produção de 46.917 Mg, seguida por Minas Gerais (45.477 Mg) e Rio de Janeiro (27.265 Mg) (IBGE, 2006). Dentre as fruteiras com grande potencial econômico para o cultivo no Brasil, o maracujazeiro é uma das que apresenta melhores possibilidades para se desenvolver. A produção brasileira destina-se principalmente ao mercado interno, com destaque para o consumo na forma in natura.

Segundo Cabot (1989), o abacaxizeiro é uma planta de clima tropical originário do Brasil. Os cultivares de abacaxi mais conhecidos do mundo são classificados em cinco grupos, sendo que a cultivar “Smooth Cayenne” do grupo Cayenne, e “Pérola” do grupo Pernambuco são aquelas que se destacam nos plantios comerciais brasileiros. O fruto é utilizado tanto para o consumo in natura quanto na industrialização. A produção mundial de abacaxi gira em torno de 12,8 milhões de toneladas. O maior produtor é a Tailândia, seguido de Brasil e Filipinas, esses três países concentram 40% da produção (GONÇALVES, 2000). A produção brasileira de abacaxi é de (1,62.106 Mg, em 57.986 ha), o que equivale a 12,6% da produção mundial (Cunha, G. A P., et al, 2004). No Brasil, a cultura do abacaxi assume grande importância econômica, sendo a terceira fruteira em área colhida, com plantio difundido em todo território nacional, sendo cultivada, sobretudo, nas regiões Sudeste (39%) e Nordeste (33%). Os Estados de Minas Gerais (523.800 Mg), Paraíba (333.100 Mg) e Pará (177.900 Mg) são os maiores produtores de

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abacaxi, cujas produções, somadas, representam mais de 60% da produção brasileira (Instituto Agronômico de Campinas, 2006). O Estado do Rio de Janeiro, apesar de participar apenas com cerca de 5% da produção brasileira de abacaxi, apresenta um perfil adequado e bastante propício ao seu cultivo.

A expansão da área plantada com fruteiras no Brasil e na região Noroeste Fluminense tem gerado uma demanda por conhecimento e tecnologias de produção mais adequadas, capazes de elevar a produtividade e a rentabilidade dos pomares. Nesse contexto, a utilização de mudas de qualidade, o manejo adequado de plantas daninhas, adubação, e controle gerencial ao longo do ciclo da cultura, quando corretamente aplicadas, são práticas altamente recomendadas por influenciar direta e positivamente na produtividade. Entretanto, a falta de informações sobre manejo das culturas pode levar a obtenção de baixa produtividade e ineficiência dos recursos de produção. Outro problema que os produtores de frutas convive está relacionado com a comercialização e com o controle gerencial do custo de produção.

Pouco se sabe sobre a realidade dos fruticultores da região Noroeste Fluminense. Essas informações limitadas dificultam as tomadas de decisões sobre a implementação de programas de melhoria das atuais condições dos produtores. A análise dos fatores que interferem no setor de produção de frutas na região e trabalhos que forneçam informações sobre a realidade dos mesmos são importantes por gerar subsídios para futuras pesquisas nesta atividade de fruticultura. Assim, objetivou-se neste trabalho caracterizar a produção de frutas na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro e analisar os principais aspectos socioeconômicos, bem como os fatores que afetam a viabilidade econômica dos fruticultores locais.

2. Metodologia

A pesquisa foi desenvolvido na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Os dados utilizados são de origem da aplicação de questionários com 68 produtores de frutas. Os questionários foram preenchidos na propriedade, permitindo assim, uma visão mais detalhada dos produtores. Encontraram-se 31 produtores de maracujá, 15 de goiaba, 15 de coco e 07 de abacaxi. Para facilitar a análise dos dados, o questionário foi dividido em três partes. A amostra foi calculada com erro de 5%.

Abordaram-se na primeira parte características dos produtores rurais e da atividade da fruticultura. Foram as questões referentes à área total da propriedade; ocupação profissional atual; nível de escolaridade dos produtores; origem da principal fonte de renda; principais atividades da propriedade; participação da produção da fruticultura dentro da receita bruta; área total ocupada pelo cultivo de frutas e a produtividade das culturas.

Identificou-se na segunda parte os aspectos de manejo da fruticultura. Questões referentes ao tipo de adubação realizada e quais as bases para a programação da adubação; o percentual de perdas pós-colheita e quais os principais fatores relacionados com essas perdas e aos sistemas de irrigação utilizados e controle do turno de rega.

Na terceira parte buscou-se caracterizarem os aspectos gerenciais e administrativos. Essas questões são referentes à quantidade de produtores que realizam o controle dos custos de produção; produtores que gostariam de realiza-los; previsão de falta ou sobra de recursos financeiros; áreas de interesse em treinamentos; utilização das informações para calcular preço de venda; forma de comercialização da produção; destino do produto; sistemas de preços adotados e forma de pagamento, entre outros.

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Para a análise da viabilidade econômica foi realizada a construção dos fluxos de caixa. Estes representam as estimativas de entradas (receitas) e saídas (despesas) de recursos monetários em um determinado projeto produtivo ao longo do tempo. O resultado líquido desses fluxos pode ser calculado subtraindo-se das receitas as despesas. Nesse processo, foi utilizado, como referência, um único momento no horizonte de tempo para o qual todos os valores são atualizados por meio de fórmulas financeiras de acumulação ou desconto de juros. Entre estas estão o VPL e a TIR.

Para verificar a viabilidade econômica dos sistemas agrícolas geralmente utiliza-se o VPL, para taxas de juros entre 6% e 12% ao ano. Segundo o critério do VPL usa o momento inicial do projeto como referência temporal para o cálculo segundo a equação:

=

+

+

=

n J j j

i

FC

FC

VPL

1 0

)

1

(

em que:

VPL = valor presente líquido;

FCj = valores dos fluxos líquidos (diferença entre entradas e saídas); j = período de análise (1,2,3,...n);

n = vida útil do projeto; i = taxa de desconto; FC0 = fluxo de caixa inicial.

Como critérios de decisão, aceitam-se os investimentos com VPL positivo e rejeitam-se conseqüentemente os investimentos que resultem em VPL negativo. Na comparação entre dois projetos ou alternativas de um projeto, aceita-se o de maior VPL (Casaroto Filho, et al, 2000). Pode-se deduzir da expressão para cálculo de VPL que projetos com duração definida terão VPL positivo, quando o valor presente das receitas (primeiro termo na subtração) for maior que o valor presente dos custos. Esse princípio torna evidente o fato de que VPs (Valores Presentes) menores e até negativos são esperados conforme se aumenta o valor da taxa de desconto. Essa fórmula, entretanto, serve apenas para avaliar fluxos de caixa com duração definida.

A taxa Interna de Retorno (TIR), por definição, é a taxa que torna o VPL de um fluxo de caixa nulo ou igual a zero (Kreuz, 2005). Nesses termos, um projeto será tanto mais desejável quanto maior for sua TIR, pois maior será o retorno ao capital investido. Pode-se determinar o valor da TIR utilizando-se a seguinte expressão:

n

1

j

j

j

0

(

1

i

)

0

FC

FC

=

=

+

FCj = valores dos fluxos líquidos (diferença entre entradas e saídas); j = período de análise (1, 2, 3,...n);

n = vida útil do projeto; i = taxa de desconto;

FC0 = fluxo de caixa inicial.

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6 3.1. Características dos produtores rurais e da fruticultura

Nessa primeira parte discute-se o perfil dos produtores rurais da região Noroeste Fluminense, em 2006. Procura-se caracterizar o tamanho total das propriedades e a área ocupada pela atividade da fruticultura, assim como caracterizar o nível de escolaridade dos produtores, o grau de importância da fruticultura e sua participação na receita bruta da propriedade. Busca-se determinar a condição desses produtores, como sendo proprietários, arrendatários ou parceiros e o tempo de trabalho com o cultivo de frutas.

As propriedades variam muito em tamanho, mostrando uma desigual distribuição de terras entre os fruticultores da região. Encontraram-se propriedades com áreas totais que variam de 2,5 à 1.176,12 ha. Dentre essas propriedades, as áreas exploradas com a fruticultura variam de 0,18 à 24,2 ha. A fruticultura é explorada por pequenos produtores que buscam reter a mão-de-obra familiar e por grandes produtores rurais como forma de diversificar suas produções.

Entre os produtores, cerca de 58% apresentam-se como produtores rurais e os demais se apresentam como comerciantes e/ou profissionais de nível superior. Assim, pode-se visualizar a participação crescente de profissionais urbanos, na estrutura de produção de atividades agropecuárias, como forma de investir seus capitais em novas atividades.

A avaliação do nível de escolaridade é importante para demonstrar a realidade do aspecto. Esse dado indica a facilidade dos produtores diante de treinamentos técnicos e gerenciais. Os produtores da região apresentam elevado grau de escolaridade, conforme mostra a tabela 1.

Tabela 1 – Nível de escolaridade dos produtores na região Noroeste Fluminense, em 2006

Grau de Escolaridade Freqüência

Sem Escolaridade -

Primário Incompleto 8,83%

Primário Completo 7,36%

Primeiro Grau Incompleto 4,41%

Primeiro Grau Completo 10,29%

Segundo Grau Incompleto 5,89%

Segundo Grau Completo 35,29%

Superior incompleto 7,35%

Superior completo 16,17%

Pós-Graduação 4,41%

Total 100,00%

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Constata-se que mais da metade dos produtores (em torno de 63%) apresentam escolaridade acima de segundo grau, incluindo superior incompleto, superior completo e pós-graduação. Não se verifica produtor sem escolaridade entre os entrevistados. Assim, o nível de escolaridade identificado revela o grande potencial de aprendizagem desses produtores.

Verifica-se que em torno de 54% dos produtores tem na atividade agropecuária sua principal fonte de renda e para cerca de 36% a fruticultura é a principal atividade da propriedade. Para esse último grupo, 75% tem na pecuária bovina a principal fonte de renda da propriedade. Assim, nota-se que parte considerável dos produtores da pecuária tem diversificado a renda da propriedade por meio da produção de frutas.

A fruticultura possui relevância na renda dos pequenos produtores. Esse fato é evidenciado na distribuição da receita bruta da atividade agropecuária. Para cerca de 29% a fruticultura representa até 10% da receita bruta e para 25%, representa de 11 % a 30% da receita bruta. Menos da metade dos produtores retiram da fruticultura receita bruta acima de 31%. Esses fatos mostram que médios e grandes pecuaristas da região utilizam-se da fruticultura como alternativa para diversificar suas fontes de renda rural. Na tabela 2 visualiza-se a distribuição da participação da fruticultura na receita bruta agropecuária.

Com relação ao cultivo de fruteiras nas propriedades, encontram-se um pouco mais de 86% dos entrevistados na condição de proprietário e cerca de 13% na condição de arrendatário ou parceiro. Outro ponto a ser analisado é a condição das pessoas que trabalham em cada propriedade. Verifica-se que em torno de 55% das pessoas empregadas estão na condição de funcionários da propriedade. A outra parcela divide-se em mão-de-obra terceirizada (empreitada), meia e diarista e pessoas da família, que muitas vezes não são consideradas como trabalhadores assalariados impedindo uma real análise dos dados de rendimento final da cultura.

Tabela 2 – Distribuição da receita bruta em relação à fruticultura, Noroeste Fluminense, 2006

Receita Bruta da Fruticultura Freqüência

Até 10% 29,41%

De 11% a 30% 25,00%

De 31% a 50% 11,76%

De 51% a 70% 8,82%

Acima de 71% 20,59%

Não sabe / não quis responder 4,41%

Total 100,00%

Fonte: Cálculo da pesquisa.

O tempo na produção de frutas entre os produtores também é fator relacionado com as facilidades e sucesso de qualquer cultura trabalhada. Observa-se na tabela 3, que 92% dos produtores cultivam goiaba ou coco há mais de 5 anos. Na faixa entre 2 e 1 ano à faixa entre 5 e 4 anos prevalece o plantio de maracujá. Os plantios entre 2 á 1 ano são divididos

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igualmente entre abacaxi e maracujá. Constata-se que 36,76% dos produtores de frutas da região cultivam fruteiras a mais de 5 anos. Os que cultivam entre 5 e 4 anos e entre 4 e 3 anos são 16,17% e 27,94% respectivamente. Os que cultivam a menos de 3 anos representa 19,13% do total. Mostra-se o tempo de cultivo de frutas na tabela 3.

Tabela 3 – Tempo de cultivo de frutas dos produtores, região Noroeste Fluminense, 2006

Tempo de cultivo de fruteiras Freqüência

Mais de 5 anos 36,76% Entre 5 e 4 anos 16,17% Entre 4 e 3 anos 27,94% Entre 3 e 2 anos 10,29% Entre 2 e 1 ano 8,84% Menos de 1 ano - Total 100,00%

Fonte: Cálculo da pesquisa.

3.2. Aspectos de manejo da fruticultura

Apresenta-se nesse capítulo as características do processo de produção da fruticultura na região Noroeste Fluminense, em 2006. Busca-se desse modo, apontar a qualidade das mudas utilizadas no plantio, o tipo de adubação realizada e os critérios para sua utilização e os sistemas de irrigação utilizados. Procura-se determinar as formas de controle do turno de rega, o manejo fitossanitário, as quantidades de perdas pós-colheitas e o interesse em treinamento.

Constata-se que é baixo o número de produtores que utilizam mudas de qualidade em suas propriedades. As mudas certificadas são plantadas em aproximadamente 39% das propriedades. Verifica-se cerca de 57% dos produtores utilizando mudas sem qualidade fitossanitária e praticamente 3% não sabem suas procedência. Dos produtores que não utilizam mudas certificadas, em torno de 7% as produzem nas suas próprias propriedade, 43% compram de outros produtores da região Noroeste Fluminense e 48% compram de outra região do Brasil, principalmente do Norte Fluminense. A utilização de mudas certificadas é um importante procedimento para obtenção de uma lavoura com bom desempenho produtivo e econômico. Mudas sem origem conhecida, sem qualidade fitossanitária e potencial genético do material propagativo, podem disseminar doenças e pragas e apresentar uma produção abaixo da esperada.

A adubação é prática muito difundida entre os produtores de frutas da região. A adubação mineral de plantio, adubação mineral de cobertura e a adubação orgânica de plantio é praticada pela quase totalidade dos produtores. Apenas cerca de 13% dos produtores realizam a adubação de acordo com conhecimentos práticos. Mais da metade realeza a adubação de acordo com os resultados das análises de solo da propriedade.

A irrigação é praticada por 86% dos produtores. Porém, é grande o número de produtores que a realiza de forma errônea, levando em consideração apenas seus conhecimentos práticos para o controle do turno de rega, o que pode acarretar o uso

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incorreto da quantidade de água exigida para cada cultura, em cada localidade. Essa utilização incorreta da água, encontrada em praticamente 78% das propriedades, poderia ser evitado utilizando-se informações de especialistas. Dos produtores que apresentaram grandes produtividades de coco e maracujá, todos apresentavam sistemas de irrigação. Assim, pode-se relacionar um adequado sistema de irrigação com um aumento na produtividade das culturas. Na tabela 4 visualiza-se o controle do turno de rega entre os produtores de frutas na região Noroeste Fluminense.

Tabela 4 – Controle do turno de rega das frutas, região Noroeste Fluminense, 2006.

Forma de controle do turno de rega Freqüência

Tensiômetro 1,69%

Informações meteorológicas 8,47%

Conhecimento prático 77,98%

Orientação técnica especializada 11,86%

Total 100,00%

Fonte: Cálculo da pesquisa.

O manejo fitossanitário para o controle de pragas e doenças com aplicação de defensivos agrícolas (químicos) é realizado por 97% dos entrevistados, sendo o controle biológico/orgânico, realizado pela minoria. O controle de plantas daninhas de forma manual e química e a combinação de ambas as práticas são realizada por 97% dos produtores.

Verifica-se que é reduzido o número de produtores que utilizam sistema de armazenamento para a produção (cerca de 17%). Isso pode ser melhorado ampliando-se a participação de tais produtores em associações e cooperativas, com a utilização em comum de estruturas adequadas para o armazenamento. Assim, fica demonstrada a incapacidade de cerca de 86% dos produtores em estocar seus produtos, esperando melhores preços para sua venda.

Outro fator analisado neste estudo foi o nível de perda pós-colheita, que indica se o produtor conseguirá recuperar seus investimentos de implantação e manutenção da cultura com a venda do produto. A perda pós-colheita não é encontrada significativamente nas propriedades. Para mais de 65% dos produtores a perda pós-colheita está até 10% da produção. Dentre os fatores analisados, relacionados com o aumento dessa perda, encontra-se a dificuldade de descobrir compradores para comercialização como fator mais prejudicial (29%). Produtos como a goiaba e abacaxi, por exemplo, após atingirem seu ponto de colheita, se não comercializados o mais rápido possível, perdem suas características de cor e firmeza. Assim, é dificultada a comercialização dos produtos fora de um padrão de qualidade.

Verifica-se um baixo nível de mecanização dos produtores. A utilização de tratores é prática pouco comum entre as propriedades analisadas. Apenas cerca de 30% dos produtores utilizam trator no cultivo de frutas. O uso do trator está relacionado principalmente aos preparos do solo, na fase inicial de implantação das culturas. Essa pequena utilização é decorrente do tamanho médio das áreas exploradas por culturas, conforme verificado na goiaba (2,0 hectares), coco (4,33 hectares), maracujá (3,83

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hectares) e abacaxi (5,94 hectares). Outro fator analisado é a grande utilização de pulverizador costal manual, presente em cerca de 70% dos produtores, associado com o grande número de produtores que realizam o controle de plantas daninhas e controle de pragas/ doenças com a utilização de agrotóxicos.

O treinamento dos produtores em relação ao correto manejo das culturas é prática que gera conseqüências positivas para a produção. Pode-se verificar que o interesse em treinamentos para a melhoria das atividades está presente em torno de 69% dos produtores. Apenas cerca de 30% não gostariam de receber qualquer tipo de treinamento. Assim, nota-se que ao nota-se cruzar os dados dos itens pesquisados (escolaridade versus interesnota-se de treinamento para melhoria da atividade), os produtores com maior nível de escolaridade são os mais interessados em recebe-los. Na tabela 5 visualiza-se o cruzamento entre os dois itens analisados.

Nota-se que o maior número de interessados em receber treinamento (63%) encontra-se entre os produtores com escolaridade acima de segundo grau completo. Com isso, pode-se relacionar o grau de instrução escolar dos produtores rurais com interesse em qualificação, o que pode facilitar a implantação de medidas teóricas de manejo das culturas.

Quanto ao questionamento referente às áreas para receber treinamento, cerca de 26% dos produtores estão interessados na área de manejo e controle de pragas e doenças. Os interessados em treinamento em controle de custos de produção estão em torno de 14% e os interessados o manejo de irrigação em cerca de 10%.

Tabela 5 – Interesse em treinamento versus Grau de escolaridade dos produtores de frutas, região Noroeste Fluminense, 2006.

Interesse em treinamento/ Escolaridade S im N ão TOT AL Sem escolaridade 0 0 0 Primário incompleto 3 3 6 Primário completo 1 4 5

Primeiro grau incompleto 2 1 3

Primeiro grau completo 6 1 7

Segundo grau incompleto 4 0 4

Segundo grau completo 1

6 8 24 Superior incompleto 3 2 5 Superior completo 1 0 1 11 Pós-graduação 2 1 3 Total 4 7 2 1 68

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Os trabalhos de assistência técnica ajudam os produtores a se qualificarem em práticas corretas de manejo da produção de frutas. O fornecimento dessa assistência não é muito diversificado na região. Quando se perguntou sobre a forma de busca de informações sobre as atividades da fruticultura, encontrou-se que os produtores, quando precisam de informações, vão buscá-las principalmente junto aos técnicos da assistência técnica pública. Poucos produtores se qualificam buscando informações em revistas e vídeos. Esses produtores continuam com as mesmas práticas realizadas por seus antecessores, o que pode, na maioria das vezes, ser prejudicial para suas práticas agrícolas, conforme informações da tabela 6.

A parceria com centros de pesquisa não é uma prática muito difundida entre os produtores de frutas da região Norte Fluminense. Dentre os entrevistados, apenas 3% apresentam algum tipo de parceria. Nesse caso tem-se o Campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a PESAGRO/ RJ como as instituições de oferecem tais parcerias. Para os 97% restantes, não existem parcerias formais.

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Tabela 6 – Busca de informações em relação à fruticultura, Noroeste Fluminense, 2006

Busca de informação sobre a fruticultura Freqüência

Assistência técnica pública 82,36%

Junto a outros produtores 8,82%

Não costuma buscar informações -

Em revistas especializadas 2,94%

TV / vídeos / livros 1,47%

Internet 2,94%

Assistência técnica privada -

PESAGRO 1,47%

Total 100,0%

Fonte: Cálculo da pesquisa.

Uma visão detalhada das características de manejo da fruticultura é importante em qualquer região produtora, para que se possam saber exatamente em quais áreas os produtores de frutas necessitam de qualificação. Dessa forma, fica-se evidente que na região Noroeste Fluminense, as utilizações dos manejos culturais de acordo com o conhecimento prático são fatores que muito prejudicam o andamento da fruticultura na região. Os dados referentes às características de manejo das culturas são representados na tabela 7.

Tabela 7 – Características dos manejos das culturas frutíferas entre os produtores da região Noroeste Fluminense, em 2006

Características de manejo Freqü

ência

Utilização de mudas certificadas 39,70

%

Adubação de acordo com o conhecimento prático 13,15 %

Propriedades com sistema de irrigação 86,76

%

Irrigação realizada com o conhecimento prático 77,98 %

Controle químico de pragas/ doenças e plantas daninhas 97,05 %

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%

Trabalho com assistência Técnica especializada 64,70 %

Participação da extensão rural de Instituições de Ensino e Pesquisa 2,94%

Fonte: Cálculo da pesquisa.

Uma maior atuação de assistência técnica especializada, assim como a parceria com instituições de pesquisa/ tecnologia, são fundamentais para um bom andamento da fruticultura em qualquer região onde seja implantada. Na fruticultura, todas as etapas de produção devem ser corretamente planejadas e executadas. Com diferença significativa para os cultivos de ciclos curtos, onde os erros podem ser corrigidos no ciclo seguinte, nos cultivos perenes, caso da fruticultura, algum erro pode significar o término do negócio, pela impossibilidade de se começar novamente. Assim, os trabalhos de planejamento de órgãos de assistência técnica devem ser implantados desde a escolha do local, avaliando-se as condições do clima e solo, a utilização de mudas de qualidade e o emprego de tecnologias disponíveis para o cultivo, não esquecendo a qualificação dos executores de cada atividade, no plantio, poda, manejo, controle de pragas e doenças, gerenciamento, entre outros, para que as perdas sejam minimizadas ao longo do ciclo de cada cultura.

Dentre os principais problemas encontrados pelos produtores na região encontram-se a falta de assistência técnica, a dificuldade na comercialização, o baixo retorno financeiro e os problemas com o controle fitossanitário. Ainda é reduzido o número dos que realizam o controle dos custos ao longo do ciclo da cultura, como será mostrado mais adiante. Assim, os produtores não sabem exatamente o quanto está ganhando ou o quanto está deixando de ganhar, fato que repercute, em alguns casos, no desinteresse na continuidade com o plantio de frutas.

Verifica-se que os fatores considerados mais importantes para melhorar o cultivo de frutas na região Noroeste Fluminense, entre os mencionados pelos produtores, encontram-se os referentes à melhoria do sistema de escoamento da produção, à melhoria na tecnologia utilizada e a maior capacitação/ formação dos profissionais diretamente e/ ou indiretamente ligados ao setor de produção. Essas informações sobre os principais fatores que afetam o cultivo de frutas e as principais áreas de interesse em treinamento foram coletadas de acordo com a resposta espontânea dos produtores.

3.3. Aspectos gerenciais e administrativos

Serão apresentados a seguir os aspectos dos produtores rurais referentes à gestão da atividade frutícola na região Noroeste Fluminense, em 2006 Nesse sentido, identificam-se os produtores que realizam controle de custos de produção e àqueles interessados em realizá-los. Determinam os produtores que planejam previsão de falta ou de sobra de recur-sos financeiros. Procura-se caracterizar os produtores que realizam o cadastro de forne-cedores de insumos e os compradores de seus produtos e o local de destino da produção.

Como resultado da pesquisa encontram-se apenas cerca de 54% dos produtores realizando o controle dos custos de produção da atividade. O baixo controle mostra que os produtores não estão gerenciando suas propriedades de forma correta. Dos produtores que não realizam seus controles, em torno de 38% gostariam de realiza-lo.

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Dos produtores que controlam os custos, a maioria os realizam com os registros de insumos comprados, controle de estoque dos insumos comprados, registro do custo de mão-de-obra, registro das vendas realizadas e custo com serviços de terceiros. Desses produtores, aproximadamente 11% realizam o controle de forma informatizada e cerca de 89% o realizam de forma manual. Esse controle está relacionado com o grau de escolaridade dos produtores. Os que apresentam escolaridade superior ao segundo grau, mais de 60% o realiza. Apenas 51% dos que realizam seus controles conseguem ter previsão de falta ou sobra de recursos financeiros. A maioria apresenta rotina nas avaliações dos controles e aproximadamente 11% utilizam as informações geradas para estimar o preço de venda. Esse último fato está relacionado à forma de comercialização realizada pela maioria dos produtores, como será mostrado mais adiante, onde suas produções são comercializadas com atravessadores pessoa física, que estipulam o preço do dia para o produto no ato da compra.

Os dados evidenciam que grande parte dos produtores de frutas da região Noroeste Fluminense não se preocupa em realizar cadastros de seus principais fornecedores e compradores. Isso é mostrado por cerca de 35% possuírem cadastros e informação dos fornecedores e em torno de 38% dos compradores. Observa-se que muitos produtores vendem sua produção de forma individual. O capital próprio dos produtores é a origem dos recursos para os investimentos em aproximadamente 69%. O crédito rural e o programa moeda verde frutificar também estão presentes como sendo outras fontes de recursos para o investimento na atividade da fruticultura.

O destino da produção está concentrado para as agroindústrias (50%) e para os intermediários (26%). A produção é escoada individualmente para cerca de 81% dos produtores. Esse fato mostra que os produtores, não apresentando organização para a comercialização de suas produções, ficam nas mãos dos atravessadores, que colocam o preço do produto abaixo do encontrado em grandes centros de comercialização, como o CEASA/ RJ. Se os produtores se organizarem para levar suas produções aos centros de comercialização e não apenas esperar que os atravessadores cheguem nas propriedades para comprar seus produtos, poderão elevar seus lucros na venda de frutas. Dos produtores entrevistados, em torno de 63% apresentam interesse em realizarem venda em conjunto com outros produtores.

O sistema de preço adotado na comercialização das frutas é o preço do dia (aproximadamente 78% dos produtores). Na comercialização, o dinheiro é encontrado como a maior forma de pagamento. Dentro dessa comercialização, realizada muitas vezes de forma desorganizada, os principais problemas encontrados são os referentes ao transporte, inadimplência dos compradores e a dificuldade de vender e colocar seus produtos no mercado.

Tabela 8 – Características gerenciais e administrativas da atividade da fruticultura no Noroeste Fluminense, em 2006

Características gerenciais e administrativas Freqü ência

Realiza controle dos custos de produção 54,41

%

Dos que não realizam o controle – Gostariam de realizar 38,70 %

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Apresentam cadastro de fornecedores 35,29

%

Apresentam cadastro de Compradores 38,23

%

Produção escoada Individualmente 80,88

%

Interesse em venda em conjunto com outros produtores 63,23 %

Investe com o capital próprio 69,11

%

Produção comercializada com agroindústrias 50% Produção comercializada com atravessadores Pessoa Física 26,47

%

Fonte: Cálculo da pesquisa.

As características gerenciais e administrativas mostram diretamente como os produtores lidam com seus futuros investimentos. O entendimento sobre as formas de controle realizadas e suas conseqüências para todas as etapas do processo de produção e as características da gestão da atividade da fruticultura na região são fatores importantes para a implantação de projetos socioeconômicos. Os dados referentes às formas de controle e gestão da fruticultura na região Noroeste Fluminense são apresentada na tabela 8.

3.4. Análise de viabilidade econômica das culturas

Os indicadores econômicos de Valor Presente Líquido (VPL) para a produção das quatro culturas apresentaram-se favoráveis, conforme valores estimados da Tabela 9. Ou seja, foram positivos para todas as taxas de desconto consideradas, indicando que a fruticultura é uma atividade viável economicamente para a região. Dentre as quatro culturas analisadas, a do abacaxizeiro e do maracujazeiro apresentam os melhores indicadores de viabilidade econômica. Encontra-se em vigor o Programa Frutificar, do governo estadual, que tem linha de crédito específica para essas frutíferas, com recursos emprestados a uma taxa anual de 2%. A taxa interna de retorno(TIR) para abacaxi (34,09%), para maracujá (20,68%), para goiaba (10,32%) e para coco (8,57%), confirmam viabilidades econômicas satisfatórias.

Tabela 9 – VPL e TIR para as culturas da goiabeira, abacaxizeiro, coqueiro e maracujazeiro, região Noroeste Fluminense, 2006

Culturas VPL (6%) VPL (12%) TIR

Abacaxi 5.081,96 3.782,52 34,09%

Maracujá 1.694,07 947,94 20,68%

Goiaba 7.514,68 -1.998,49 10,32%

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TMA – Taxa Mínima de Atratividade; VPL – Valor Presente Líquido; TIR – Taxa Interna de Retorno.

Fonte: Cálculo da pesquisa.

Muito embora, todos indicadores de rentabilidade estimados mostraram-se magnitudes consideráveis para sistemas de produção que adoraram determinado nível de tecnologia. Grande parte dos pequenos produtores de abacaxi ainda não alcançou tal média decorrente de deficiência no sistema produtivo, principalmente com manejo de irrigação, controle de pragas e de doenças, queimadura solar nos frutos e deficiências no gerenciamento de custos de produção. Tudo isso contribui para queda de produtividades e de lucratividade.

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17 4. Conclusão

Conclui-se que a atividade de produção de frutas na região Noroeste do Estado do Rio do Janeiro tem se expandido nos últimos anos e que os pequenos produtores dominam essa atividade. Uma pequena parcela de produtores pecuaristas tem cultivado frutas em baixa escala como alternativa de diversificação de renda a sua principal atividade que é a pecuária bovina. Assim, a busca de atividades com maiores retornos econômicos têm motivado a diversificação das atividades por parte dos produtores da Região. Dessa forma, a produção de frutas tem apresentado como uma das atividades que utiliza forma mais eficiente os recursos disponíveis.

A maioria dos produtores apresenta grau de escolaridade relativamente elevado. Embora, contatou conhecimento deficiente no que se refere ao gerenciamento e comercialização da produção. São poucos os produtores que realizam controles dos custos de produção, fato este preocupante uma vez que essa alienação obscurece a análise dos retornos dos investimentos realizados nestes empreendimentos. Entretanto, os produtores com maiores níveis de escolaridade possuem interesses em treinamentos para acompanhamento dos custos de produção.

As práticas de Irrigação, adubação e controle de pragas e doenças estão presentes na maioria das propriedades, porém é pequeno o número de produtores que as realizam de forma correta de acordo com os critérios agronômicos. A utilização de mudas de baixa qualidade fitossanitária está relacionada com problemas ao longo de todo o ciclo das culturas de maracujá e de abacaxi. Além desses fatores que afetam tecnicamente a produtividade dessas culturas, identificou-se que a comercialização encontra-se desorganizada, onde cada um comercializa individualmente sua safra. Assim, a baixa interação entre os agentes de produção demonstra sua impotência no poder de negociação dos produtores.

Dentre as culturas analisadas a do abacaxizeiro e a do maracujazeiro foram as que apresentaram os melhores indicadores de viabilidade econômica. As analises econômicas indicam que a fruticultura da região Noroeste Fluminense apresenta-se viável economicamente, mesmo apresentando alguns problemas que deverão ser resolvidos para que continuem gerando renda aos produtores. Assim, a assistência técnica, presente em poucas propriedades pode contribuir na melhoria do manejo dessas culturas para aumentar a qualidade dos produtos.

Em síntese, a somatória de deficiências nos manejos produtivos, principalmente nos de irrigação, de adubação, de controle de doenças, de podas e de colheitas têm causado forte redução da produção nos períodos de entressafra. Isso por sua vez, afeta diretamente a lucratividade, pois neste período em que os preços são mais elevados, a produção é escassa. Assim, o efeito da sazonalidade de oferta pode ser minimizado e tornar essa atividade mais viável economicamente. Outro aspecto que poderá contribuir positivamente para o sucesso desses empreendimentos, além do manejo correto, é o acompanhamento dos custos de produção, o gerenciamento e o planejamento da comercialização por meio de associações organizadas.

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18 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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