• Nenhum resultado encontrado

Insatisfação corporal e consumo alimentar de adolescentes de uma escola pública no interior do Ceará, Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Insatisfação corporal e consumo alimentar de adolescentes de uma escola pública no interior do Ceará, Brasil"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Insatisfação corporal e consumo alimentar de adolescentes

Unitermos:

Imagem corporal. Consumo de alimentos. Adoles-cente. Estudantes.

Keywords:

Body image. Food Consumption. Adolescent. Stu-dents.

Endereço para correspondência: Elayne Cristina Matias Nóbrega

Rua François Loiola, 7 – Tauazinho – Tauá, CE, Brasil – CEP 63660-000

E-mail: elaynenobrega.nutri@gmail.com Submissão:

4 de janeiro de 2016 Aceito para publicação: 17 de março de 2016

RESUMO

Introdução: A maneira como os adolescentes percebem sua imagem corporal pode levar a graves consequências para a saúde física e mental, podendo induzir mudanças de comportamento, tais como alterações nos hábitos alimentares. Portanto, este estudo consiste em avaliar a relação entre a insatisfação corporal e padrão de consumo alimentar de adolescentes de uma escola pública no interior do Ceará. Método: Foram avaliados 260 adolescentes entre 15 e 18 anos de idade, de ambos os sexos, regularmente matriculados em instituição pública de ensino médio do interior do Ceará, Brasil. A insatisfação corporal foi avaliada por meio da Escala de Avaliação da Insatisfação Corporal em Adolescentes, enquanto o consumo alimentar foi avaliado pela análise do Recordatório Alimentar de 24h. Utilizou-se o teste de proporções para duas amostras e o teste de Correlação de Spearman para análise estatística. Consideraram-se estatisticamente significa-tivos os valores de P≤0,05. Resultados: Apenas 7,3% dos estudantes avaliados apresentaram insatisfação corporal. O consumo energético foi considerado insuficiente para 55,6% do grupo masculino, enquanto que, no grupo feminino, 51,8% apresentaram consumo excessivo. Os percen-tuais de macronutrientes encontraram-se dentro dos padrões de recomendação das DRIs, em ambos os sexos. Não houve correlação entre a insatisfação corporal e o consumo de alimentos no gênero masculino, no entanto, verificou-se correlação muito baixa entre estas variáveis no gênero feminino. Conclusões: Os adolescentes avaliados apresentam baixa insatisfação corporal, assim como desequilíbrio no consumo energético. Não há correlação entre consumo de alimentos e insatisfação corporal no grupo masculino, enquanto o feminino apresenta correlação muito baixa. ABSTRACT

Introduction: The way how adolescents perceive their body image can lead to serious conse-quences for the physical and mental health, may induce the behavioral changes, such as alte-rations in eating habits. Therefore, this study consists to evaluate the relationship between body dissatisfaction and pattern of food consumption of adolescents from a public school in the interior of Ceará. Methods: Were evaluated 260 adolescents between 15 and 18 years of age, of both genders, enrolled in public institution of high school within Ceará, Brazil. The body dissatisfaction was assessed using the Scale for Assessment of Body Dissatisfaction in Adolescents, while food consumption was assessed by analysis of 24h food recall. We used the test of proportions for two samples and the Spearman correlation test for statistical analysis. Were considered statistically significant if P values ≤ 0.05. Results: Only 7.3% of students evaluated showed body dissatisfac-tion. The energy consumption was considered insufficient to 55.6% males, whereas in females, 51.8% had excessive consumption. The percentages of macronutrients were within the standard recommendation of DRIs in both sexes. There was no correlation between body dissatisfaction and food consumption in male sex, however, it has been found very low correlation between these variables in female sex. Conclusions: The adolescents evaluated feature low body dissatisfaction, as well as imbalance in energy consumption. There is no correlation between food consumption and body dissatisfaction in males, while the female has very low correlation.

1. Nutricionista formada pela Faculdade Estácio do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.

2. Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Estácio do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. Doutoranda em Ciências Morfofuncionais pela Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.

Insatisfação corporal e consumo alimentar de

adolescentes de uma escola pública no interior do

Ceará, Brasil

Body dissatisfaction and food consumption of adolescents from a public school in within Ceara, Brazil

A

Artigo Original

Elayne Cristina Matias Nóbrega1

Beatriz Aguiar Nogueira1

(2)

INTRODUÇÃO

A insatisfação corporal é caracterizada pelo desejo do indivíduo de que seu corpo seja diferente da forma como o percebe, existindo uma avaliação negativa da sua imagem, e tal percepção varia de forma intrínseca de acordo com

o sexo, índice de massa corporal e nível econômico1. Essa

insatisfação é bastante comum na adolescência, por ser uma fase caracterizada por mudanças físicas significa-tivas, como as alterações na proporção, tamanho e peso corporal, associadas às mudanças emocionais, intelectuais e sociais2.

Em consequência à percepção corporal negativa, muitos passam a apresentar mudanças de comportamento, tais como restrição ao uso de determinadas vestimentas e/ou acessórios, pouca ou nenhuma exposição do corpo em locais públicos, assim como prática exacerbada de exercícios físicos. Diversos motivos são apontados como influenciadores dessa insatisfação, dentre eles estão a estética, autoestima e saúde3,4.

Assim como distúrbios na percepção corporal, verifica-se com frequência uma alteração nos hábitos alimentares e estilo de vida de adolescentes. Tal fato foi investigado por

Lancarotte et al.5, que numa amostra de 2.125 adolescentes

entrevistados, constataram a ausência da prática de esporte (14,4% a 32,1%), grande parcela destes ficava mais de duas horas à frente de TV, videogame ou computador (56,0% a 73,6%); inadequado consumo de frutas e legumes (80%), consumo aumentado de sal (34,9% a 45,3%), consumo excessivo de refrigerante (60,9% a 74,4%), além da preva-lência de sobrepeso (18,7% a 41,6%).

Diante do exposto, observa-se uma tendência cada vez crescente para uma inadequação alimentar associada a hábitos de vida não saudáveis, somados a uma maior predisposição à insatisfação corporal entre adolescentes, oriundos das mudanças físicas e psicossociais predominantes nessa fase. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar a relação entre a percepção corporal e padrão de consumo alimentar de adolescentes de uma escola pública no interior do Ceará, Brasil.

MÉTODO

Tratou-se de um estudo com delineamento transversal descritivo e quantitativo, realizado durante os meses de outubro e novembro de 2013, no qual foram avaliados adolescentes entre 15 e 18 anos de idade, de ambos os sexos, regularmente matriculados em uma instituição pública de ensino médio, localizada no interior do Ceará, Brasil.

Somente participaram do estudo, os estudantes que apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) devidamente assinado pelo responsável. Utilizou-se

para o cálculo da amostragem um intervalo de confiança de 95% e um erro amostral de 5%, sendo necessário avaliar um mínimo de 242 estudantes. Do total de 650 alunos matricu-lados, obteve-se ao todo uma amostra de 260 adolescentes. A insatisfação corporal foi avaliada através da Escala de Avaliação da Insatisfação Corporal para Adolescentes (EEICA) validada para adolescentes brasileiros, do sexo masculino e feminino, na faixa etária de 12 a 19 anos. A escala é composta por 32 questões de autopreenchimento na forma de escala Likert de pontos, com uma variação de seis categorias de resposta: nunca; quase nunca; algumas vezes; muitas vezes; quase sempre e sempre. O escore é calculado pela soma das respostas e varia de 0 a 96 pontos. Quanto maior a pontuação, maior a insatisfação corporal do indivíduo, no entanto, o ponto de corte sugerido para identificar insatisfação corporal situa-se em 39 pontos6.

O consumo alimentar foi avaliado por meio da média da coleta do Recordatório Alimentar de 24h de dois dias, sendo 1 dia do final de semana, e posteriormente analisado quanto aos valores energéticos, de proteínas, carboidratos e lipídios através do software de Nutrição Avanutri Revolution 4.0.

Para cada adolescente foi calculada a necessidade individual de calorias (EER), levando-se em conta a idade, o peso, a altura e o nível de atividade física estabelecido de

acordo com as Dietary Reference Intakes (DRIs)7. A EER foi

comparada com o valor energético total (VET) do recordatório alimentar, sendo o consumo classificado como insuficiente, quando inferior a 90% da adequação para o valor obtido de EER, adequado, entre 90% e 110%, e excessivo quando acima de 110%.

Para análise da adequação dos macronutrientes em relação ao VET obtido no recordatório alimentar, também se utilizou como referência as recomendações das DRIs que considera aceitáveis, para indivíduos de 4 a 18 anos, os seguintes intervalos de distribuição de macronutrientes: 45%-65% provenientes dos carboidratos, 25%-35% dos lipídios e 10%-30% de proteína. Dessa forma, valores infe-riores ao recomendado foram considerados insuficientes e, se acima, excessivos.

Os dados de faixa etária, peso, altura e nível de ativi-dade física, necessários para o cálculo da EER foram individualmente coletados e preenchidos no formulário de dados pessoais utilizado para o estudo em questão. A massa corpórea foi obtida por meio de balança digital portátil Gtech Pro com capacidade até 150 kg e altura, por meio de estadiômetro portátil Sanny, com altura máxima de 200 cm e precisão de 0,1 cm. Os alunos foram pesados e medidos descalços com um mínimo possível de vestimenta e/ou acessórios.

Os dados quantitativos foram submetidos à análise esta-tística descritiva, calculando-se os valores médios, mínimos

(3)

e máximos, além do cálculo de frequências absolutas e percentuais. Para avaliar as possíveis diferenças entre as variáveis contínuas utilizou-se o Teste de proporções para duas amostras e para analisar a correlação linear entre variáveis independentes, ou seja, insatisfação corporal e consumo alimentar utilizou-se o teste de correlação de Spearman. Em ambos os testes, considerou-se estatisti-camente significativos os valores de P≤0,05. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa estatístico Action v.2.5.

Este estudo foi previamente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Estácio de Sá por meio do protocolo 612.937, em conformidade com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Dos 650 estudantes matriculados, obteve-se uma amostra de 260 adolescentes, representando 40% do total de alunos, sendo 90 (34,6%) do sexo masculino e 170 (65,4%) do sexo feminino. A idade média da população em estudo foi de 16,07±0,94 anos.

Em relação à avaliação da insatisfação corporal por meio da EEICA, observou-se uma média de 15,3±9 pontos para o sexo masculino e 17,2±12,8 para o sexo feminino. Entre os gêneros, o grupo feminino apresentou maior nível de insatisfação com o corpo (9,4%) quando comparado ao grupo masculino (3,4%) (Tabela 1).

Analisando os resultados sobre o consumo alimentar, constatou-se que a média de calorias ingeridas para os meninos foi de 2470,75 kcal e para as meninas, 2279,95 kcal. Comparando-se o consumo energético com o valor da EER, verificou-se que 55,6% do grupo masculino apre-sentaram um consumo insuficiente, enquanto que, no grupo feminino, 51,8% apresentaram consumo excessivo, sendo esses valores considerados estatisticamente significativos entre os gêneros (P≤0,05).

Apesar da maioria dos adolescentes ingerirem valores inadequados de calorias, os percentuais de macronu-trientes encontraram-se dentro dos padrões de reco-mendação das DRIs, inclusive, nenhum dos estudantes apresentou consumo protéico insuficiente, o que repre-senta um valor estatisticamente significativo (P≤0,05) (Tabela 2).

Quanto à associação entre insatisfação corporal e consumo de alimentos, observou-se que não houve corre-lação entre as duas variáveis no gênero masculino, no entanto, verificou-se correlação muito baixa no gênero femi-nino, sendo este considerado um resultado estatisticamente significativo (P≤0,05) (Tabela 3).

DISCUSSÃO

Na presente análise, observou-se que apenas 7,3% (n=19) dos estudantes avaliados estavam insatisfeitos com a imagem corporal. O baixo nível de insatisfação corporal evidenciado neste trabalho contradiz resultados da literatura que aborda essa temática, os quais revelam uma prevalência maior para alto grau de insatisfação dos adolescentes em

Tabela 1 – Avaliação da insatisfação corporal segundo gênero. Insatisfação corporal Masculino N (%) Feminino N (%) P valor Sim 3 (3,4%) 16 (9,4%) 0,073 Não 87 (96,6%) 154 (90,6%) 0,073

Tabela 2 – Padrão de consumo alimentar dos adolescentes avaliados, por gênero. Masculino N (%) FemininoN (%) P valor Calorias consumidas em relação à EER Adequado 22 (24,4%) 58 (34,1%) 0,107 Insuficiente 50 (55,6%) 24 (14,1%) 0,000* Excessivo 18 (20%) 88 (51,8%) 0,000* Consumo de carboidrato em relação às DRIs Adequado 78 (86,7%) 145 (85,3%) 0,764 Insuficiente 11 (12,2%) 23 (13,5%) 0,764 Excessivo 1 (1,1%) 2 (1,2%) 0,960 Consumo de proteína em relação às DRIs Adequado 90 (100%) 168 (99,8%) 0,303 Insuficiente ___ ___ 0,000* Excessivo ___ 2 (1,2%) 0,303 Consumo de lipídeo em relação às DRIs Adequado 73 (81,1%) 135 (79,4%) 0,741 Insuficiente 8 (10%) 16 (9,4%) 0,888 Excessivo 9 (8,9%) 19 (11,2%) 0,771

EER = necessidade individual de calorias; DRIs = Dietary Recommendation Intakes; *estatistica-mente significativo (P≤0,05).

Tabela 3 – Relação entre a insatisfação corporal e consumo alimentar de adolescentes entre gêneros.

Feminino

N (170) MasculinoN (90)

R valor - 0,159 - 0,004

P valor 0,038* 0,967

(4)

relação à imagem corporal, atingindo principalmente o grupo feminino8.

Estudo que demonstra elevado índice de insatisfação com a imagem entre adolescentes foi apresentado por Dumith et

al.1 ao avaliarem estudantes entre 14 e 15 anos, os quais

observaram que a insatisfação corporal atingiu 51% dos meninos e 65,6% das meninas. Além disso, os autores conclu-íram que o nível econômico e o estado nutricional estiveram associados com os resultados apresentados. Dessa forma, adolescentes das classes econômicas mais altas fora do peso ideal demonstraram maior insatisfação corporal do que os mais pobres e, independentemente do nível econômico, as meninas estão mais insatisfeitas com o excesso de peso e os

meninos com a magreza. Semelhantemente, Petroski et al.4

observaram uma prevalência de 60,4% de insatisfação entre os adolescentes avaliados em suas investigações.

Entre os meninos existe uma tendência a desejar corpos mais fortes, traçados e definidos, fato explicado pela associação entre força e masculinidade predominantes na sociedade atual. Por outro lado, a maioria das meninas deseja ter um corpo mais magro, delineado e com baixo percentual de gordura, motivadas pela imagem de um corpo perfeito estereotipado em meados do século XX, que preconiza o modelo de mulher com cintura fina, seios fartos e quadris largos3,9.

Apesar das diferenças quanto à imagem corporal alme-jada, conforme Braga et al.9, tanto os púberes do sexo

mascu-lino quanto do feminino desejam possuir um corpo para eles considerado “normal”, pois, segundo suas crenças, esse padrão corporal ajudaria obter sucesso na vida. Ao contrário, não ter o corpo ideal significa estar exposto a situações de exclusão, doenças, desvalorização, infelicidade e até morte.

Uma possível explicação para uma menor prevalência de insatisfação corporal nos adolescentes avaliados neste trabalho consiste na região de domicílio. Evidências indicam que adolescentes que vivem em cidades de pequeno porte possuem baixa incidência de insatisfação corporal quando comparados aos que vivem em grandes centros urbanos.

Entretanto, Glaner et al.10 divergem desse posicionamento

quando relatam que essa insatisfação entre a classe de adolescentes independe do local em que vivem.

Ao analisarem adolescentes de cidades de pequeno porte em Minas Gerais, pesquisadores detectaram entre suas descobertas que houve baixa prevalência de insatisfação corporal nesses indivíduos, sendo que apenas 3,5% dos meninos e 11,5% das meninas manifestaram classificação moderada e grave de insatisfação11.

Um estudo transversal utilizado para estimar a prevalência de insatisfação com peso corporal e os fatores associados em adolescentes demonstrou que 52,9% dos entrevistados estavam insatisfeitos com seu peso. No referido trabalho,

verificou-se que adolescentes residentes na zona urbana mostraram-se mais insatisfeitos com seu peso corporal, tanto em relação ao desejo de aumentá-lo como de diminuí-lo. Diante disso, os autores sugerem que possíveis diferenças entre jovens da zona urbana e rural, no que diz respeito ao acesso e à exposição aos meios de comunicação, consi-derados importantes disseminadores de padrões estéticos, bem como as marcantes diferenças de condições, estilos e percepções de vida e bem-estar geral sejam fatores que contribuem para níveis diferenciados de satisfação corporal12.

Entre os resultados do presente estudo constatou-se um desequilíbrio no consumo energético em ambos os gêneros, com distribuição de macronutrientes em sua maioria dentro dos padrões de recomendação das DRIs, entretanto, não podemos afirmar que, em termos qualitativos, a alimen-tação dos adolescentes avaliados esteja nutricionalmente adequada. Pesquisas envolvendo jovens revelam elevada prevalência de excesso de peso e adoção de padrões alimentares de risco, caracterizados pelo consumo excessivo de açúcares simples e gorduras, associada à ingestão insufi-ciente de frutas e hortaliças, fatores que têm contribuído

dire-tamente para o ganho de peso nesse grupo populacional13.

Dados de um estudo transversal realizado com 268 adolescentes em Blumenau (SC) demonstrou que a alimen-tação caracterizou-se por um consumo energético elevado em ambos os sexos, com distribuição de macronutrientes de acordo com as recomendações, porém 84% e 46% dos mesmos consumiam ácidos graxos saturados e colesterol em excesso, respectivamente14. Portanto, alimentação

inade-quada nesse período pode ser responsável pelo aparecimento futuro de doenças crônicas não-transmissíveis, apesar de adolescentes não perceberem seus hábitos alimentares de

risco como uma prática que pode afetar a saúde15.

Na presente investigação, não houve associação entre o consumo alimentar e a insatisfação corporal no grupo masculino, enquanto que, no grupo feminino, houve correlação muito baixa entre as duas variáveis de forma inversamente proporcional, sugerindo que as garotas que apresentam baixa ou nenhuma insatisfação com a imagem podem ter a ingestão de alimentos alterada, provavelmente para excessos alimentares, como evidenciado nos dados de consumo alimentar.

Corroborando o atual estudo, Souza16, ao avaliar sintomas

de transtorno alimentar, insatisfação com a imagem corporal e consumo alimentar em meninas adolescentes, observou que a insatisfação corporal atingiu 18,7% da amostra avaliada, sendo o consumo total de energia abaixo do recomendado para 57,7% das adolescentes, no entanto, não foi verificada nenhuma associação significativa entre consumo alimentar, sintomas de risco para transtornos alimentares e insatisfação com a imagem corporal.

(5)

Local de realização do trabalho: Centro Universitário Estácio do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.

Sobre essa associação, os achados de Minzon17

permi-tiram concluir que a relação com o corpo pode ser decisiva para o desenvolvimento de alterações no comportamento alimentar, ou seja, a presença de insatisfação corporal pode ser manifesta pelo desejo de ter um corpo diferente da reali-dade, especialmente pelo desejo de perder peso, levando à adoção de práticas alimentares inadequadas. Dessa forma, a insatisfação corporal parece ser uma das principais variáveis que influenciam o risco para comportamentos alimentares inadequados, especialmente entre adolescentes do sexo feminino15.

Postula-se, portanto, que adolescentes que possuem uma alimentação equilibrada são considerados mais satisfeitos com a imagem corporal, ao contrário, aqueles que não consomem as três refeições principais parecem apresentar uma chance 1,79 vezes maior de incidência para insatisfação pelo excesso de peso corporal, afirmando-se a importância de uma alimentação adequada durante essa fase de transição para a vida adulta18.

Diante desse contexto, por ser a adolescência um período de desenvolvimento marcado por transformações biológicas e psicológicas geradoras de certa inquietação e sofrimento, além de dificuldade em estabelecer a própria identidade, autores defendem a necessidade de se trabalhar precoce-mente esse grupo populacional, alertando-os que a busca pelo corpo ideal pode alterar e prejudicar o seu crescimento e desenvolvimento e que, quanto mais rápido se realize ações estratégicas de prevenção e/ou ação, mais efetiva será a possibilidade de revertê-las, promovendo sua saúde

e melhorando sua qualidade de vida9.

REFERÊNCIAS

1. Dumith SC, Menezes AMB, Bielemann RM, Petresco S, Silva ICM, Linhares RS, et al. Insatisfação corporal em adoles-centes: um estudo de base populacional. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(9):2499-505.

2. Radmanović-Burgić M, Gavrić Z, Burgić S. Eating attitudes in adolescent girls. Psychiatr Danub. 2011;23(1):64-8.3. Del Ciampo LA, Del Ciampo IRL. Adolescência e imagem corporal. Adolesc Saúde. 2010;7(4):55-9.

4. Petroski EL, Pelegrini A, Glaner MF. Motivos e prevalência de insatisfação com a imagem corporal em adolescentes. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(4):1071-7.

5. Lancarotte I, Nobre MR, Zanetta R, Polydoro M. Estilo de vida e saúde cardiovascular em adolescentes de escolas do município de São Paulo. Arq Bras Cardiol. 2010;95(1):61-9.

6. Conti MA, Slater B, Latorre MRDO. Validação e reprodutibi-lidade da Escala de Evaluación de Insatisfación Corporal para Adolescentes. Rev Saúde Pública. 2009;43(3):515-24.

7. Institute of Medicine of the National Academies. Dietary refer-ence intakes: applications in dietary planning. Washington: National Academies Press; 2003.

8. Fortes LS, Conti MA, Almeida SS, Ferreira MEC. Insatisfação corporal em adolescentes: uma investigação longitudinal. Rev Psiquiatr Clín. 2013;40(5):167-71.

9. Braga PD, Molina MCB, Figueiredo TAM. Representações do corpo: com a palavra um grupo de adolescentes de classes populares. Ciênc Saúde Coletiva. 2010;15(1):87-95.

10. Glaner MF, Pelegrini A, Cordoba CO, Pozzobon ME. Asso-ciação entre insatisfação com a imagem corporal e indicadores antropométricos em adolescentes. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2013;27(1):129-36.

11. Miranda VPN, Conti MA, Bastos R, Ferreira MEC. Insatisfação corporal em adolescentes brasileiros de municípios de pequeno porte de Minas Gerais. J Bras Psiquiatr. 2011;60(3):190-7. 12. Del Duca GF, Garcia LMT, Sousa TF, Oliveira ESA, Nahas

MV. Insatisfação com o peso corporal e fatores associados em adolescentes. Rev Paul Pediatr. 2010;28(4):340-6.

13. Barbosa Filho VC, Campos W, Lopes AS. Epidemiology of physical inactivity, sedentary behaviors, and unhealthy eating habits among Brazilian adolescents: a systematic review. Ciênc Saúde Coletiva. 2014;19(1):173-94.

14. Chiarelli G, Ulbrich AZ, Bertin RL. Composição corporal e consumo alimentar de adolescentes da rede pública de ensino de Blumenau (Brasil). Rev Bras Cineantroprom Desempenho Hum. 2011;13(4):265-71.

15. Vale AMO, Kerr RLS, Bosi MLM. Comportamento de risco para transtornos do comportamento alimentar entre adolescentes do sexo feminino de diferentes estratos sociais do Nordeste do Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(1):121-32.

16. Souza LD. Sintomas de transtorno alimentar, insatisfação com a imagem corporal e consumo alimentar em meninas adolescentes de Florianópolis, SC [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2012.

17. Minzon JC. Fatores de risco para o desenvolvimento de trans-tornos alimentares entre adolescentes de uma escola pública de Campo Grande - MS [Dissertação de Mestrado]. Campo Grande: Universidade Católica Dom Bosco; 2010.

18. Santos EMC, Tassitano RM, Nascimento WMF, Petribú MMV, Cabral PC. Satisfação com o peso corporal e fatores asso-ciados em estudantes do ensino médio. Rev Paul Pediatr. 2011;29(2):214-23.

Referências

Documentos relacionados

Do tempo 1 para o Tempo 2, quanto à média do ISCRH, identifica-se três situações: de boa estabilidade, no agroecossistema 03, pois manteve nota máxima em todos os aspectos

Quanto à aceitação social relativa à manutenção de casas de prostituição, embora a jurisprudência caminhe fortemente no sentido de não criminalizar tal conduta ainda

dias frente aos prejuízos induzidos pela injeção de 6-OHDA intra-EDL sobre comportamentos relacionados à depressão e ao isolamento social.... Resumo dos resultados

In the short run, for given values of wage rate differential, the labor productivity differential, the distribution of labor extraction strategies, and individual and average

Considerando os elevados índices de acidentes que resultam em TCE, conforme dados estatísticos publicados pelo Departamento de Trânsito da Paraíba (DETRAN\PB) e

Pelo exposto, concluímos que a Administração Pública pode contratar advogados diretamente, mediante o instituto da inexigibilidade de licitação, quando o serviço não for de

Esta pesquisa teve como objetivo analisar o uso e/ou emprego da palavra interdisciplinaridade realizado pelos estudantes de mestrado do Programa de Pós-graduação em