summary
ENGENHARIA
ELECTROTÉCNICA:
ENERGÉTICA
Energia Reactiva
e Gestão de Energia Eléctrica
António
do Carmo
Pereira
Pinto
resumo
A correcção do factor de potência implica que
a maioria da potência reactiva seja gerada jun-to às cargas
consumido-ras, através de conden-sadores colocados em
pa-ralelo. Este apoio à trans-missão de potência reac-tiva na rede, prov
iden-da o aumento da capa-cidade de potência acti-va.
1.
Generalidades
A partir do início do ano de 1990 entraram em vigor as novas condições de facturação de ener-gia eléctrica reactiva. Assim, nas
condições do tarifario nacional os consumidores cuja potência factu-rada é calculada em quilowatt
(kW) e cuja energia reactiva,
me-dida fora das horas de vazio exce-der a corresponden te a tan cp = 0,4
indutiva. será facturada a um pre-ço por q uilov a r-h or a igual a 2$66/kVArh em MT (preços de
1991 ). Até ao início de 1990 ao consumidor com potência
con-tratada em kW só lhe foi factura-da a energia reactiva que excedeu a correspondente a tan cp = 0,6
in-dutiva.
Este novo 1im ite (tan cp = 0,4)
pode acarretar para os
consumido-Eng. Elect. (I.S.T.)
Electricidade de Portugal - [DP
res significativ O aumento da
fac-tura de electricidade.
Define-se tan cp pejo quociente
entre a energia reactiv a medida em determinado penodo e a energia actix a medida nes -e mesmo peno-do. Será considerada indutiva a tan ff correspondente a consumos
de energia reactix a e capacitiva a correspondente a fornecimentos de energia reactix a à rede.
A energia reactiv a emitida para a rede duran te as horas de \ azio sera facturada a um preço 'por quilovar-hora igual a 2S00/kVArh
em MT (preço de 1991).
A EDP serve-se da tan f{J para facturar a energia reactiva. Como se referiu, a partir do início do ano de 1990 o limite pavsou do corres-ponden te a tan cp = 0.6 para ta n cp =
=0,4.
A título e xern plificativo a Fran-ça já utiliza há muito tempo o li-mite correspondente a tan cp = 0,4
e a Alemanha Federal a tan cp =
= 0,2 pelo que se depreende que este último país penaliza bastante o consumo de energia reaotiva.
2.
Compensação de
potên-cia reactiva
Uma rede de energia eléctrica te m corno função transportar a
244
Power factor correc: tion implies that lhe mCL jorit y
oi
the reactivepo-wer is generated close to the load by means oj a shunt capacitor. This re: lieves lhe transmissíon
network of reactive
po-wer, this providing
capa-city for active
power.
potência desde a fon te até aos aparelhos de utilização.
Numa rede de corrente alterna-da, a potência aparente S tem duas componentes: a potência activa P e a potência reactiva
Q
ligadas poruma desfasagem 'T entre a corren-te e a corren-tensão:
s
=
U IQ
tan ç == --p
A primeira (P) é conhecida co, mo útil a outra (Q) aparece como
A· • ••
urna potencia parasita cuja circu-lação pela rede provoca fenóme-nos indesejáveis.
Se se considerar o elemento de rede reduzido à impedância lon-gitudinal Z = R
+
[X, os trânsi-tcs de uma potência activa P e de uma potência reactivaQ
através deste elemento produzem perdas activas da formaVê-se o interesse economico em reduzir a potência reactix a para reduzir as perdas. Corno as cargas alimentadas por uma rede absor-vem ern geral potência reactiva (Q) procura-se compensar esta po-tência através de geradores colo-cadcs perto dos centros de
consu-mo.
Se se considerar de novo o ele-mente de rede simplificado, a que-da de tensão atrax es deste elemen-to é dada pela expressão
RP
_+_À_·_Q+
~n
jX P _ RQ
J!2
~v
=
Põe-se então em evidência que o trânsito da potência reactiva é
uma das componentes da queda de tensão, de tan ta importância que o seu valor é tanto maior quanto
maior for a razão X
I
R. como é o caso nas redes de transporte em muito alta tensão (MA T).A compensação da p o t ê n c ia
reactiva reduz as quedas de tensão e permite obter níveis de tensões elevadas.
É claramente evidente que a
compensação de energia reactiva
Q
e a segurança da tensão estão intimamente ligadas eindissociá-•
\eIS.
Para certas aplicações é neces. sario compensar variações rápidas de tensão prox ceadas pelas cargas de carácter pulsatório (acelerado-res de partículas, os laminadores que têm caracter Intermitente e os fornos de a rco que têm varia-ção aleatória, responsáveis pelo
f'licker).
A poluição da rede pela produ-ção de harmónicas é um
proble-ma preocupante, dada a prolifera-ção da aplicação drs aparelhos e lect rón icos de potência,
essencial-mente rectificadores e ondulado-res. Este' aparelhos comportam-se
como fontev de correntes harmó-nicas, podendo atingir valores im-portantes quando há ressonância na rede ou por sobreposição dos efeitos de variações das fontes de harmónicas. A ressonância apare-ce quando existem condensadores nas redes, para compensação da energia reactiva.
Os e f e itos perturbadores das harmónicas depende do tipo de cargas: aquecimento e perdas nos cabos, maquinas rotativas e con-densadores, defeitos nos aparelhos de regulação e ainda perturbações nos circuitos de telecomunicações vizinhos.
As instalações de electrónica de potência absorvem potencia reac-tiva. Por isso, em certos casos, além da filtragem será necessário prever meios de compensação.
A compensação de energia reac-tiva pode ser feita por maquinas rotatix as ou por condensadores. As máquinas podem ser síncronas ou assincronas compensadas. Actual-mente. salvo raras excepções o em-prego das maquinas rotativas está a ser abandonado pela sua man
u-tenção onerosa. Praticamente uti. lizarn-se os condensadores agrupa-dos em bateriais, que se inserem na rede em paralelo (compensação
shunt) ou em série (compensação serie ).
Como os condensadores têm ele-mentos de \ ariação discreta as
manobras no caso da
compensa-ção shunt não permitem seguir
va-riações rápidas da potência reacti-va. É preciso associar indutâncias
agru padas a transistores para cons-tituir compensadores estatísticos de potência reactiv a (CER) (ver Fig.
4). Estes dispositivos permitem fornecer e absorv er potência reac-tiva com baixos tempos de rev-posta.
No caso de se exceder os limi-tes adrnissn eis de harmónicas. po-de-se reduzir a severidade das
per-turbações prox ocadas por um equi-pamento gerador de correntes har-mónicas. ligando-o a um ponto da rede de potencia de curtocircuito
mais elevada ou mesmo ligando-o a um nivel de tensão superior ou então actuando directamente no equipamento perturbador de modo a modificar as características das correntes harmónicas (modifica-ção da crdem das harmónicas. al-teração da ligação dos
tranforma-dores e o número das fase, dos
rectificadores). Se as soluções an-teriores não poderem ~er utiliza. das então e preciso recorrer à fil-tragem das correntes produzidas.
3.
Compensação
da
ener-gia reactiva
nas redes
industriais
3.1. Tensão, energia reactiva e ins-talações industriais
As mstalações industriais estão
ligadas a rede pública de energia
eléctrica em muito alta tensão MAT (225 kV e 150 kV), em alta tensão AT (60 kV) e em Média Ten~ão MT (30 kV, 15 kV e 10
k V), segundo a sua importancia.
É evulen te que a sua utilização
pelos apare I h os de utilização é
feita na ordem dos 5 kV a 10 kV e em BT (400/230V)
Esquematicamente. há dois
ri-pos de instalações industriais:
• A<; que possuem um transf or. mador IvIAT IMT ou AT IMT
alimentando uma rede de MT onde estão ligados os
rccep-teres:
• A' que possuem um ou vários transformadores de ~1T IBT
alimentando uma ou vária redes de BT pouco extensas. A tensão aos terminais das má-quinas utilizadoras poderá ser re;
EJ.ECTRICIDADE - N," 280 - IL LHO/AGOSTO
gulada por meios diferentes:
• No primeiro caso a tensão da rede de MT pode ser ajustada por acção de um regulador de tensão incorporado no trans-formador A T/~1T segundo a prática da rede pública. É
possível ainda regular a ten-são a mvel da MT dos trans-formadores utilizando as
toma-das em vazio de que geral-mente são equipados;
• No segundo caso o único sis-tema de regulação directa de tensão é constituído pelas to-madas em vazio do
transfor-mador de 11T/BT, que per-mite somente actuar sobre o valor médio da tensão.
A potência reactiva (Q) põe pro-blemas idênticos nos dois tipos de instalação. A circulação desta po-tência reactix a nos
transformado-res e nos condutotransformado-res de circulação acarreta um aumento de perdas por efeito de Joule e quedas de
tensão Para contornar estes in-convenientes, na ausência de me-didas de compensação de potência reactiva, é necessário sobredimen,
sionar os transformadores, os con-dutores e igualmente a aparelha-gem de comando. Uma
visualiza-ção deste problema é sugerida nas figuras ] a 3.
Considere-se o exemplo seguin-te. Uma carga trifásica equilibra-da absorve uma potência activa P
que e alimentada por uma tensão
V" a partir de um transformador e por um cabo cuja resistência e reactância são R e X. Consideran-do um transformador MT /400V
de potência n o m in a I S;
==
200 kV A, resistência e reactância de curtocircuito respectivamente l% e 40/0, que alimenta uma carga de60 kW por intermédio de um cabo de cobre de secção 3 X 50
+
35mm? e de 100m de comprimento e cuja resistência e reactância
li-246 G,25 L. 2,78 2,01. 1,56 1,23 1
®
~®
0
O
@
(0 O
0,4 0,50,6
0,7
0,8
0,9
1 11,11 -Seccc,eI cos ~\ 0,3fig. 1 - Secção relativa a adoptar para os condutores segundo o valor do cos q> para transmitir uma certa potência activa, mantendo
o mesmo valor das perdas de Joule na linha
P IkW)
100 -50
o+---+---,---,----~----~
1 0,8 0,6
o.,
0,2 cos1
fig. 2 - Potência activa disponível so-bre uma dada linha para uma dada po-tência aparente (5) transportada (100 kV A) em função do factor de potência
-
I 98 • . l ~ --!.I t: 97 -I '-:õ) 96 r ~r-,
-,
-1\
\
~ 95 94 93 1 0,6 0,2 COS) 100 60 20 P (kW)Fig. 3 - Variação do rendimento de um transformador trifásico com a po-tência aparente de 100 1..VA utilizado à potência nominal para diversos
fac-tores de potência
near é de 0,36
n/km
e 0,1n/km.
O conjunto do transformador e cabo apresentam uma resistênciaR
==
0,044n
e uma reactânciaX
==
0,042 Q a 400V.Adm itarn-se duas condições: a primeira com uma carga em que
o factor de potência é cos 'PI
==
1 eo 2." condição para cos 'P2
==
0,5;en tão ter-se-à: I,
==
86,6A .lU==
1,65Ofo Pi,==
990W para cos 'P2==
0,5 I,==
211==
173,2A U2==
2)65~V==
4,370/0 Pj]==
4Pjl==
3960W sendo Pj/ e Pj2==
perdas porefei-to de Joule e sU
==
queda deten
-sao.
Daqui verifica-se que as perdas por efeito de Joule são quatro ve-zes maiores e a queda de tensão aumenta consideravelmente quan-do o cos i passa de valor 1 para 0,5.
Pode-se observar ainda que um consumo muito elevado de energia
reactiva pode obrigar a substituir prematuramente um
transforma-dor de alimentação. Isto pode-se explicar esquematicamente da ma-neira seguinte: Seja S, a potência aparente de um transformador, alimentando uma instalação que
absorve uma potência activa P e uma reactiva Q tais que S"
>
>
(P2+
Q2)I,2. Se se instalar umanova máquina com a potência ac-tiva p e uma potência reactiva q
então o conjunto absorve P'
==
==
p+
p e Q'==
Q
+
q então a nova potência aparente da instala-ção é S'==
(P2+
Q'2)1/1 e sejaS'"
>
SI/' Poder-se-à evitar su bsti-tuir o transformador se a com-pensação de potência do tranfor-mador ainda não estiver total-mCJ!1te feita.QUADRO 1
Factores de potência mais correntes
0°0 0,17 5,80
25°'0 0,55 1.52 Motores assincronos, com carga a: 50 °0 0,73 0,94
75~'0 0,80 0,75
1009'0 0,85 0,67
Aparelho cos cp tan cp
---
---Lâmpadas de incandescência Lâmpadas fluorescentes Lâmpadas de descarga Fornos de resistência Fornos de induçãoFornos de aquecimento eléctrico
Máquinas de soldar por resistência
Postos estáticos monofásicos de soldagem a arco
Grupos rotativos de soldagem por arco Transf orrnadores-recti Iu.adores de soldagem
por arco
Fornos a arco
Concluindo: para um utilizador, a energia reactiva absorvida em excesso provoca um aumento no-tavel das quedas de ten ão e um acréscimo nas despesas:
a) No custo inicial: no investi-mento pelo sobre dimensiona-mento da aparelhagem;
b) No custo da exploração:
pe-la diminuição do rendimento (t ransforrnadores e cabos), d imin uição da capacidade de transporte (cabos e transfor-madores) e pela factura de energia reactiva.
1.2. Melhoria do factor de
potên-•
ela
3.2.1. Causas dos fracos valores
do factor de potência (cos 'P) 1 0,5 0,44 a 0,6
o
1.73 2,29 a 1.33 ObservaçõesEstas lâmpadas são geralmente compen-sadas na origem. Ocos fP é então
sa-tisfeito
Salvo se a regulação é feita por tiristores
1
°
Este valor supõe uma compensação por condensadores previstos pelo constru-tor
Salv o se a cornpensacão foi prevista pelo construtor
0,85 0.62
Salv o para os fornos UH P (0.7) 0,8 a 0,9 0.75 a 0,48
3.2.2. Acção directa sobre as
causas do mau [actor de potência (cos cp)
0,5 0,7 a 0,9
1.73 1,02 a 0,48
Do referido é necessário ev itar ns marchas em \ azio ou com fra-ca fra-carga dos motores e dos trans-formadores. Assi m:
0,7 a 0,8 1,02 a 0,75
• Nas instalações novas é ne-cessário dimensionar os equi-pamentos para cargas nom
i-nais, de acordo com a sua es-pecificidade, e dotados de co-mandos manuai e automáti, cos adaptados às situações.
• Nas 1nstalações antigas, q ue r
sejam de motores ou transfor-madores, recorrer a soluções simples e clássicas tais como:
0,8 0,75
o
Quadro 1 dá urna indicação dos valores de cos cp para algunsequipamentos e sua variação con-forme a construção e condições de utilização.
Numa instalação bem dimensio-nada o valor de cos 'f mais con \
e-niente é aquele que cada máquina
tem quando absorve uma potência electnca proxima da potência
no-minal.
A potencia reactiva consumida
, , ,
e apenas a necessaria a sua ma-gnetização, quer seja nos transf'or,
madores ou nas máquinas as Ín-cronas, e que é independente da
potência activa consumida Do quadro \ eri fica-se q ue o factor de potencia (cos 'f) é mau nos trans.
f'orrnadcres e motores assíncronos quando estão em \ azio ou com fraca carga.
t uar u ma regulação de tensão
naquela rede ajustando os trânsitos de potência reactiva. - Para os motores utilizar
uma ligação em estrela em vez de triângulo para fra-cas cargas e de longa dura-ção (sob o ponto de vista de rede a impedância
equi-,
\ alente do motor aSSlncro-no e 3 vezes menor na liga-ção em triângulo do que a ligação em estrela). Outro aspecto e substituir os co,
mandos manuais por
co-mandos automaticos para reduzir o tempo de
f'uncio-.
namento em \ azio.
- Para os transformadores.
poderá recorrer-se ao e\ en-tual emprego de um trans.
formador complementar pa-ra alimentar circuitos
espe-cíficos, por exemplo de ilu-minação. e de segurança, que funcionam nas horas de \ aZIO.
3.2.3. Meios indirectos de me-lhorar os cos <p
.
Consiste em fornecer energia reactiva a carga atrav és de
dispo-sitiv os de compensação que se li-gam a toda ou a parte da
instala
-çao. -a) Dispositiv os de cornpensaçao -Os dispositivos de cornpensaçao são: as máquinas rotativas e os condensadores.As máquinas rotativas são do tipo síncrono e assíncrono
sincro-nizado, mas o seu emprego está a restringir-se cada vez mais, devido aos problemas da sua conserva-ção, que são demasiado onerosos. São os condensadores estáticos que ultimamente têm mais aplica-ção. Estes são reagrupados em série ou em paralelo para consti-tuir baterias de condensadores, po-dendo ser ligados directamente em baixa, média e alta tensão.
Rede
b) Determinação da potência reactiva a compensar
Podem apresentar-se dois casos, ccnfcrme a carga é c o n s t a n t e (uma só máquina) ou variável (vã-rias máquinas).
b 1) Carga constante
Uma máquina absorve a potên-cia activa P e reactiva
Q.
Estes valores pojem ser da dos pelo Construtor ou determinados por medida efectuada por wattimetro, .varírne.tro ou ainda por voltíme-tro, amperímetro, fasírnetro e va-ler de tan tp==
Q/
P. Se a máquinafor compensada per uma bateria de condensadores e a tan tp
dimi-.
-".
nuir para tan 11'1, entao a potencia
da bateria de \ e r á ser
Q(
==
P(tan c; - tan 'rI) .
b2) Carga variável
Este caso é o mais vulgar. Por isso e necessário ter um valor mé-dio da tan f da instalação e que
de vera ser corrigido para um valor desejado. De acordo com o tarifá-rio nacional deve ser tan tp <0,4.
No Quadro II são indicados va-leres de energia activa e reactiva de um determinado consumidor
•
industrial correspondente a CInco meses do ano.
"3.2.4. Escolha do modo de ex-ploração
Cada caso é um caso específico. No entanto é de mencionar que o efeito dos condensadores sobre as
248
Pttl,QttJ
Lt.t.C fR/CIDADE - N," 280 -JULHO/AGOSTO
carga
L
Fig. 4 - Compensador estático de ener-gia reacuva. Princípio (CE R)
P(t) - potência activa no instante t
0(1) - potência reactiva no instante t
Aos condensadores ainda se po-dem associar bobinas indutoras
co-mandados por tiristores, permitin-do realizar sistemas inteiramente estáticos (CER), capazes de produ.
zir e absorv e r potência reactiva de maneira continua entre dois
li-.
mites. A figura 4 ilustra o pnnci,
pio de tal sistema.
O comando dos riristores e do tipo controlo de fase. quer dizer, que em cada meio penedo de on-da on-da tensão de 50 Hz, a passagem da corrente só é autorizada após
um certo tempo, variável
volunta-riamente em certos limites.
Este comando pode ser muito rapido « IO rns) tendo em conta
os fracos valores das constantes de tempo dos circuitos dos t
iristo-res. Pode-se a-sim efectuar em ca-da instante uma compensação op;
rima, pois o sistema pode ser co-mandado por flutuações da potên-cia reactiva absorv ida por um
apa-relho ou por uma instalação.
Dado o preço de um compensa-dor estático ser ainda elex ado só
é utilizado em casos particu lares, tais como:
.
• Quando for necessario agir muito rapidamente para com-pensar \ ariações de potência reactiva, como por exemplo as variações prod uzidas pe 10\
fornos de arco.
• Numa rede de interligação quando for necessário
efec-QUADRO 2
Consumidor industrial durante cinco meses do ano
Energia reac- Energia rcac-Meses Energia Energia tan rp tiva correspon- t iva a
com-activa reactivo médio dente a pensar
lMW} [Mvar ] tan sp
=
0.4 ['vi"ar)Novembro 18 19,4 1,078 7,2 12.2
Dezembro 22 21,2 OJ964 8J8 12,4
Janeiro 25 25 1 10 15
Fevereiro 21 21 0.913 9,2 11.8
Março 22.4 22,4 1,12 8 14.4
perdas e sobre a queda de tensão se faz sentir a montante do ponto de ligação. A figura 5 dá uma ideia do referido. Na figura são indicadas as diferentes possibilida-des e os modos de compensação praticamente realizados.
Distin-guem-se:
o Compensação individual:
Ca-da aparelho é munido do seu condensador individual de p,o-tência apropriada. A
determi-nação desta potência
necessi-ta evidentemente de uma me-dida de potência absorvida por cada aparelho. Tecnica-mente esta solução é a ideal.
• Compensação por grupo: Esta solução pode ser interessante para certas instalações onde o
trabalho realizado é diferen-ciado.
• Compensação global ao nível da baixa tensão e da média tensão: Esta solução convém para as pequenas e por vezes para as grandes instalações, nomeadamente nos casos on-de a bateria on-de conon-densadores é fraccionada em duas ou três partes e em que a ligação dos escalões é feita automati-camente conforme as neces-sidades da potência reactiva absorvida.
• Custo da energia reactiva fac-turada anualmente e o custo anual das perdas
suplernenta-res provocadas pela circula-ção da potência reacriv a nos
elementos da instalação a que diz respeito. Eventualmente será conveniente acrescentar o custo suplementar
prove-niente de um reforço anteci-pado de certos elementos, os
inconvenientes sanados (aque-cimentos suplementares nas máquinas, etc.) e a melhoria da estabilidade da tensão.
• Custo da instalação da bate-ria de condensadores, incluin-do o custo incluin-dos aparelhos ane-xos de comando, protecção, controlo e a sua reduzida ma-nutenção
I r
T
É preciso fazer uma compara-ção actualizada do conjunto destes custos num período de tempo ra-zoável, que se pode estimar entre 5 a 10 anos.
a
-,'11
3.3.1. Cálculo sim pliiicado da amortização de uma ba-teria de condensadores
r c
Seja uma instalação industrial de baixa tensão e de tarifa de lon-gas utilizações com os segum tes consumos mensais:
Energia Activa = 25000 kWh Energia Reactiva = 28500 kvar
b
correspondentes a 200 horas de fun ci onamento. Pretende-se q ue a tan If seja igual a 0,4 o que
corres-ponde a cos 'i
-=
0,928.Como a instalação tem
tan li
=
28500 25000 r c I , 14então a bateria de condensadores necessária é de c r d c r e
Fig. 5-Representação esquemática dos diferentes modos de compensação (C-condensador, M-motor, T-transformador)
a) Sem compensação
b) Compensação individual c) Compensação por grupos d) Compensação global (BT) e) Compensação global (MT)
3.3 .. Aspectos económicos da com-pensação da energia reactiva
o
estudo técnico deve ser com-pletado por um estudo económico permitindo comparar os ganhos realizados pela instalação de con-densadores. O estudo deve ter em conta:baterias de condensadores seja co-mandada por um relé varirnétrico
,
que mede o valor da energia reac, tiva (ver Fig. 6). Numa instalação individual um simples comutadorhorario põe fora de serviço os con-densadores quando as máquinas estão paradas. Na Rede Nacional dos 60 kV, onde normalmente a rede primária liga as baterias de
condensadores, é o interruptor ho-rário que liga as baterias quando os consumos começam a crescer e as desliga quando os consumos co-meçam a diminuir.
25000
Q
==
200 (1 ,14 - O)4)==
==
92,5 kvar.o
custo total aproximado de uma bateria de condensadores em baixa tensão de 100 kvar com 5escalões de 20 kvar, automatiza-da, com rele varirnétrico e de 290000$00.
Sem a bateria pagar-se-ia
(28 500 - 0.4 X 25 000) X 0,3 X
X 8...81
==
48 895S50 a mais. (No-ta: 8S81 corresponde à tarifa dashoras cheias).
Período de amortização aproxi-mado
==
290000$00==
5 93==
648 895$50 ' meses.
(Estes \ alores são de 1989).
3.4 Observações práticas impor-tantes
3.4.1. Condensadores e
harmô-.
nicas
Num projecto de instalação de baterias de condensadores é neces-sário efectuar um estudo, no que se refere ao aparecimento even-tual das ressonâncias nas
frequên-cias superiores a 50 Hz.
Não se deve esquecer que os sis-temas electrónicos de potência (pon tes de rectificadores e ond ula-dores) absorvem correntes muito deformadas. e devem ser conside-radas como geradores de harmóni-cas. Se uma instalação comporta tais equipamen tos, devem ser da-das ao construtor das baterias de condensadores todas as informa-ções dos referidos equipamentos para que possa elaborar um estu-do estu-do risco das ressonâncias e
po-der adoptar a potência das bate-rias de condensadores mais ade-quada.
250
3.4.2. A provação do Distribui-dor Público
Na MT é preciso que o Distri-buidor Público aprove a insta-lação de baterias de condensado-res, para ev itar perturbações na rede pública, sobretudo no que res-peita ao envio para a rede de ener-gia reactiva.
3.4.3. A parelhagem anexa
Os aparelhos de comando
(in-terru ptores, disjuntores, etc.) de-vem ser especialmente concebidos (mais rápidos que 05 normais)
pa-ra estabelecer ou cortar corrente reactix a capacitativa.
Os aparelhos de protecção das
baterias de condensadores e que lhes são exteriores (f usiv eIS, indu-tâncias de carga) devem ser sufi-cientemente dimensionados para evitar disparos intempestivos nos regimes transitórios de corrente ou tensão.
Os aparelhos de controlo podem simplesmente consistir em um am-perímetro e um voltímetro asso-ciados a um dispositivo de contro-lo de tensão para cada uma das fases (1âmpadas testemunho).
3.4.4. Regulação automática de baterias de condensadores
É preciso pôr os condensadores fora de serviço quando a instala-ção não absorve potência reactiv a. Com efeito é necessário evitar, por um lado, para o consumidor, a facturação de energia activa cor-respondente a perdas ocasionais na sua instalação pela circulação da corrente da bateria e, por outro lado, para a rede de distribuição, o reenvio de energia reactiva.
Numa compensação global bas-ta que a ligação e desligação das
4.
Algumas
regras de
se-gurança
Os condensadores devem ser co-locados em recinto de acesso di-recto e bem ventilado.
O pavimento do recinto deve ser realizado de modo que no caso de fuga acidental do dieléctrico não possa poluir as águas superficiais e as toalhas friáticas.
É necessário ligar as baterias e
todos os seus acessórios à terra
equipotencial.
É preciso prever um dispositivo
de descarga eficaz e nunca tocar nas baterias de condensadores en-quanto os seus terminais não esti-verem curtocircuitados e ligados à
terra.
5.
Sobretensões
e
sobre-cargas admissíveis
Segundo as Normas CEI os con,
densadores devem suportar por pe-ríodos longos uma sobretensão da ordem de 1,1 V,I e uma sobrecar-ga na ordem de 1,3 III. sendo VII e
III as tensões e correntes nominais.
6.
Harmónicas
As tensões harmónicas de or-dem 3, 5, c 7 são as mais impor. tantes.
I o
1
I1
MVA.R •1
SG :31
1 SG2I
SG 1 1 00 2 00 t (ho ra s ) TC 6o,,=o-Oc!
3 Cc, Zona de subcompensaçao Zona de sobrecompensaçaoFig. 6 - Ilustração da lei de comando de um relé varimétrico
Q - Potência reactiva absorvida pela rede
O; - Potência reactiva dos condensadores
se},
S02'se
3 e S'G, - quatro partes que constituem a bateriaO relé compara a energia segundo a seguinte lei:
2
2
A existência de tensões harmó,
nicas no ponto de ligação da ba-teria de condensadores pode acar-retar aquecimentos exagerados nos condensadores e por consequên-cia perda nos dieléctricos. Este aquecimento pode ser acentuado se a bateria constituir com as in.
ductâncias da rede (transforma-dor, linhas) um circuito
ressonan-te a uma frequência vizinha de certas harmónicas. A condição de ressonância dum circuito LC para
urna harmónica de ordem n é:
sendo L e C a indutividade e
ca-pacidade do circuito e w a fre-quência a n g u 1a r das grandezas eléctricas.
A fórmula anterior, após o seu tratamento pode apresentar a for-ma
100 S",
Q
==---p n2
Para um transformador de po-tência nominal S; == ] 00 MV A e tensão de curtocircuito p ==10 0/0
a ressonância para a harmónica de ordem 5 é
Q
==4 Mvar.As harmónicas de ordens 5 e 7 são as mais perigosas, dado que a harmónica de ordem 3 é
inof'ensi-4
----,
r---r - --, , Ir---"
'_---.., I I5
~---,
5 ___ J 6'----Fig. 7 - Esquema da instalação de uma bateria de condensadores numa subes-tação MAT/AT
1 - Seccionador de agulhagem
2 - Disjuntor
3 - Seccionador de isolamento com f a-cas de terra
4 - Indutância de choque (e\ entual) 5 - Meia bateria de condensadores 6 - Transformador de corrente
va para as montagens de baterias com o neutro isolado.
7.
Disposições
práticas
Antes da instalação de baterias de condensadores dex e-se verificar se existe algum ponto onde haja tensões harmónicas.
Adoptar para as baterias insta-ladas nas subestações AT/MT uma potência muito afastada da correspondente à ressonância.
Instalar as baterias de MT com o seu neutro isolado, para que as harmónicas de ordem 3 e suas múltiplas não possam circular.
Utilizar bobinas arui-harrnóni,
cas em série com a bateria e a ins-talação desta última deve ser feita num ponto onde as tensões harmó-nicas sejam importantes.
8. Protecção de Baterias
8.1. Baterias na rede de MT (ver Fig. 8)
8.1.1. Protecções de exploração das baterias na rede de
AII
A protecção destinada à segu-rança das pessoas adstritas a ex-ploração pode ser realizada:
• por indutâncias de descarga montadas em V:
• por um dispositix o mecânico que assegura a ligação à
ter-ra das ligações que
curtocir-cuitarn Os term inais da fase e do neutro quando se abre a porta de acesso ao recinto
onde estão montadas.
.Â. protecção contra os defeitos
internos dos elementos de conden-sadores e realizada por um relé de desequilíbrio (Fig. 8b). O relé de-ve ter em conta a tolerância dos condensadores - 5 % a
+
100'0.Quando há mais de um bloco de baterias é de prever protecção contra as harmónicas. Para a so-bretensão o relé deve ter dois es-tádios, um de alarme e outro de disparo.
8.1.2. Protecção contra curto-circuitos
Esta protecção, destinada a iso-lar a bateria do barramento em
MT em caso de curtocircuito, é
constituída por disjuntor equipado
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- - -'- - - .. ---_.J '- _ _ _ _ _ .J L _ - _ _ J bfig. 8 - Dois esquemas da instalação de uma bateria de condensadores em MT em grupo
c -
condensadorD - disjuntor da bateria de condensadores
IG - interruptor de cada grupo da bateria de condensadores IC - indutâncias de choque
com relés de máxima corrente ou por fusíveis de alto poder de corte calibrados de maneira a fundirem durante 1 segundo para corrente compreendida entre 2,5 a 3,5 vezes a corrente nominal da bateria.
8.2. Baterias na rede de BT
Em baixa tensão as baterias são
montadas geralmente em triângu-lo, de modo a se poder utilizar condensadores de tensão nominal o mais elevada possível.
A protecção destas baterias é normalmente feita só para os cur, tocircuitos e é assegurada por um contactor-disjuntor de BT munido de relés directos de máxima inten-sidade regulados para 2 vezes a in-tensidade nominal da bateria.