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Doenças Avanços na tecnologia de aplicação de fungicidas visando ao controle da giberela em trigo

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1 Introdução

A giberela é uma doença de controle difícil tanto pelo melhora-mento genético como pelo empre-go de fungicidas. Segundo Casa et al. (2011), a doença pode causar danos médios de 18,62% e no máxi-mo 30,8%. Por isso, esforços devem ser redobrados na busca da melhora da eficiência do controle. Em curto prazo, é mais provável que a solução seja obtida pelo controle químico, mais do que pelo melhoramento ge-nético.

O conhecimento básico para a racionalização do controle químico da giberela envolve a: (i) identifica-ção dos sítios de infecidentifica-ção; (ii) iden-tificação de fungicida potente; (iii) desenvolvimento de equipamento que deposite o fungicida cobrindo completamente a superfície das es-pigas; e (iv) indicador sustentável do momento para ser aplicado o fungi-cida.

2 Sítios de infecção

Alvo da deposição dos fungi-cidas no patossistema trigo – gibe-rela

A literatura descreve três vias de penetração de Gibberella zeae nos floretes do trigo.

(i) Via anteras (Figura 1).

Inú-meros trabalhos demonstram que os sítios de infecção são as anteras,

principalmente as parcialmente ex-postas (ou presas). Segundo Atana-soff (1920) e McMullen et al. (1997), as infecções de Gibberella zeae, ocor-rem durante e após a antese até o estádio de grau leitoso. O mesmo foi observado por Andersen (1948) e Reis (1988), confirmando que se tra-ta de uma doença de infecção floral (Arthur, 1891).

Strange & Smith (1971) e Strange et al. (1974), observaram a dependência da presença de betaina e colina, nas anteras, para promover o início da infecção e posterior inva-são do fungo ao longo da espiga. No entanto, existe controvérsia quanto à relação destes compostos presentes nas anteras com o processo infec-cioso. Engle et al. (2004) concluiram que esses compostos não têm efei-to sobre a germinação de esporos e crescimento do micélio do fungo e, portanto, com a infecção.

a - deposição dos ascosporos e penetração pelas anteras completa-mente expostas (Paulitz et al., 1996). No entanto, a exposição dessas ante-ras ao inóculo é efêmera num florete, devido a sua deiscência logo após a sua expulsão do antécio (Figuras 1 e 2a).

b - penetração pelas anteras parcialmente, ou presas, com expo-sição ao inóculo por mais tempo (Fi-gura 2b). Zoldan e Reis, (2008) ob-servaram que, em média, 50,67%, 66,67%, 68,67%, 35,44% e 46% das espiguetas infectadas apresenta-ram anteras presas. Nesse trabalho o cultivar BRS 179, 88% das

espigue-Avanços na tecnologia de aplicação

de fungicidas visando ao controle

da giberela em trigo

Erlei Melo Reis1, Ricardo Brustolin2, Roberto Luís De Rosi3 e Walter Boller2

1OR Melhoramento de Sementes Ltda 2Universidade de Passo Fundo, RS

3Universidade Católica de Córdoba, Argentina

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tas gibereladas apresentavam a pre-sença de antera presa.

A presença das anteras presas explica a ocorrência de novas infec-ções após a antese, quando as com-pletamente expostas não estão mais presentes. Esse fato contribui para esclarecer a afirmativa de McMullen et al. (1997), de que a pré-disposição do trigo à giberela pode estender-se até o estádio de grão leitoso. Confor-me ilustrado na Figura 2b, as anteras presas permanecem expostas na es-piga até a colheita.

(ii) Outras vias de penetração:

a - penetração pela abertura entre a palea e a lema durante a ex-pulsão das anteras (Gilsinger et al., 2004)(Figura 3 B). Os ascosporos po-dem penetrar o florete (antécio) por essa abertura. As glumas permane-cem separadas por 12 - 20 minutos, com valores extremos de 8 e 35 mi-nutos. A maior abertura ocorre entre 5 e 15 minutos (De Vries, 1971).

No entanto, esse mecanismo não explica a ocorrência da gibere-la após a floração como regibere-latado por McMullen et al. (1997).

b - penetração pela fissura entre a palea e a lema. Os esporos deposi-tados sobre as glumas germinam for-mando tubos germinativos que não infectam o hospedeiro imediatamen-te, mas originam hifas que crescem e se ramificam na superfície do hospe-deiro. As hifas podem crescer sobre a linha de fissura nas bordas da palea e da lema, alcançando o interior do florete. Essa rede de micélio foi en-contrada dois dias após a inoculação sobre a parede interna da palea e da lema, mas não na superfície externa ou mesmo no ráquis. A penetração dos tecidos ocorre pela infecção das hifas, agora na superfície interna da lema, da palea e da gluma (Kang e Buchenauer, 2000). Portanto, se-gundo esses autores a infecção pode também ocorrer sem o envolvimen-to das anteras.

Se assim fosse, as inoculações antes da antese deveriam resultar na infecção das espiguetas e isso não ocorre.

Se a penetração é pelas ante-ras (completa ou parcialmente ex-postas), pela abertura ou através da fissura entre palea e lema, essas vias, ou sítios de infecção devem ser

pro-tegidos pelo fungicida impedindo a penetração. Em resumo, a superfície das espigas deve ser completamente protegida pelo fungicida.

3 Potência de fungicidas

à Fusarium graminearum.

A segunda fase da estratégia em busca da melhora da eficiência no controle da giberela foi identifi-car fungicida penetrante móvel com alta fungitoxicidade. Essa tarefa foi realizada por Avozani et al. (2011) e Avozani et al. (2013) tendo sido identificados os fungicidas metcona-zol, procloraz, protioconazol e tebu-conazol como os mais fungitóxicos.

O problema maior, portanto, não parece ser a fungitoxicidade, mas sim a necessidade de melhorar a cobertura das espigas. Reis et al. (1996) demonstraram que o carben-dazim, em condições controladas, pode apresentar controle de 93,2% quando o fungicida foi depositado molhando completamente as laterais das espigas na antese. Deduz-se que a eficiência de controle em lavouras pode ser melhorada pela qualidade Figura 1. Ilustração de anteras completamente expostas e parcialmente expostas ou presas.

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da deposição dos fungicidas nos sí-tios de infecção.

4 Dificuldades na

deposi-ção de fungicidas na

superfí-cie das espigas

Tendo-se identificado os sí-tios de infecção e o(s) fungicida(s) potente(s), o passo seguinte deve ser desenvolver tecnologia para a depo-sição do fungicida sobre os órgãos/ tecidos suscetíveis.

No caso de doenças foliares como manchas, ferrugem e oídio, as folhas do trigo são um alvo facil-mente atingível devido a sua área de impacto e posição em relação ao jato da calda (ângulo aproximado do jato-folha de 90o).

Nesse sentido, o alvo da depo-sição visando ao controle da giberela parece ter sido ignorado. O jato da calda não atinge as laterais da espiga que devem ser protegidas, porque aí estão localizados os sítios de

in-fecção. Na realidade com bico leque lançando a calda na vertical atinge somente um lado, o do sentido do deslocamento do pulverizador. O controle resultante nesse caso deve ser de 50%. Portanto, tendo-se fun-gicidas potentes, ainda o controle não é suficiente por deficiência da deposição.

Em trigo e cevada, tem sido usa-do o mesmo equipamento de pulve-rização para o controle de doenças foliares e da espiga. Segundo Derk-sen et al. (2010), há a necessidade se direcionar o jato de acordo com o alvo a ser atingido, pois, quando esses autores usaram ângulo de 30o para frente houve maior cobertura nas espigas do que na folha bandei-ra. Assim, demonstra-se a necessida-de necessida-de ser revisto o direcionamento do jato para atingir alvos na vertical. Se a giberela ocorre em espigas, a ló-gica aponta que os fungicidas devem atingir sua superfície.

Quando o alvo são as folhas, é de fácil acesso. A tecnologia atual de deposição de fungicidas é pou-co eficiente no pou-controle da giberela, considerando a deposição nos sítios a serem protegidos (Figura 4).

Os órgãos a serem protegidos pelo fungicida são as espigas ocupan-do posição vertical, e forma cilíndri-ca com o ápice exposto à deposição, em oposição, por exemplo, as folhas. Tanto a posição quanto o tamanho dos sítios podem explicar a dificulda-de encontrada na dificulda-deposição. Se os sítios não são atingidos, o controle é deficiente. Ao contrário, as folhas se encontram na posição horizontal, o que facilita a deposição pelas pontas tradicionais de cone cheio e leque. Pela realidade exposta se pode infe-rir que o uso de ponta em leque não é próprio para a deposição da calda nas laterais da espiga.

As gotículas da calda têm sido lançadas na vertical e com ponta em leque. Na prática não é o ápice supe-rior das espigas que deve ser atingi-do, mas sim, suas laterais.

Um raciocínio simples aponta que para as laterais da espiga serem atingidas, a direção do jato deve ser perpendicular à espiga, mas de tal Figura 2. Evolução do número de anteras soltas por espiga (no) (A) e curva de

pro-gresso das anteras presas por espiga (no) (B) em função do tempo (dias). Trigo, cultivar Marfim.

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maneira que cubra toda a superfície da espiga. Esse é o raciocínio lógico, a direção do jato tem de ser redire-cionada apontando para o alvo.

Analisando-se a baixa eficácia do controle da giberela, percebe-se que as dificuldades se devem, em grande parte, à deficiência da depo-sição de quantidades adequadas de fungicidas no alvo onde são reque-ridos (as laterais das espigas), carac-terizando um problema que envolve diretamente a tecnologia de

aplica-ção.

5 O desafio à pesquisa

A dificuldade do controle da gi-berela pode ser atribuída ao direcio-namento errado do jato da calda. A tecnologia hoje utilizada na tentativa de controle da giberela foi desenvol-vida para atingir a folhagem, não as laterais das espigas.

O desafio a ser vencido é o re-direcionamento do jato de

pulveriza-ção de modo a atingir os alvos Para se depositar fungicida nas laterais da espiga e no ráquis é necessário alte-rar a direção do jato da calda pulve-rizada.

Ainda cabe à pesquisa esclare-cer se as anteras parcialmente expos-tas absorvem pronta e rapidamente o fungicida (tipo mata-borrão) ou têm natureza hidrofóbica. Esta dúvi-da deve ser esclarecidúvi-da com experi-mentos transformando o fenômeno

Figura 4. Ilustração da posição vertical das espigas de trigo.

Figura 3. A - Florete antes da antese; B - início da abertura da palea e da lema; C - início da emergência das anteras; D - liberação do pólen; E - final do processo com o fechamento do florete. O processo ocorre de 7 a 60 minutos (Reproduzido de Schuster & Ellner, 2008).

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em números.

Em trabalho visando melhorar cobertura das anteras, Brustolin et al. (2005), concluíram que a aplica-ção com volume de calda de 150 L/ha e a combinação do adjuvante Silwet® com a ponta TeeJet® TJ 60-110/02, mostrou-se a mais eficaz na cobertura da superfície das espigas, atingindo as anteras presas, quando comparadas com as pontas TeeJet® XR-110/01 e TT-110/01 com capa normal ou com Twin Cap (duplo le-que).

6 Dados experimentais

O ensaio foi realizado no cam-po experimental da Universidade de Passo Fundo durante na safra de tri-go 2011/2012. Foram avaliadas as aplicações via aérea, terrestre com barra tradicional e terrestre com uma barra dupla com e sem capa proteto-ra do vento (Tabela1).

Foi montada uma barra dupla com o objetivo de direcionar os ja-tos das pontas perpendiculares em direção as laterais da espiga. As duas barras e os bicos ficaram distancia-dos a 0,50 m. Considerando o sen-tido da aplicação a barra 1 (frente) o corpo de bico duplo ficou orientado no sentido norte/sul e o da barra 2 (atrás) ficou no sentido leste/oeste. Buscando reduzir a interferência do vento sobre as gotas finas, a barra dupla foi testada com e sem uma cobertura protetora plástica em sua parte superior, dependendo o tipo da ponta utilizada (no caso da ponta

Micron-HB1 que apresentou gotas fi-nas). O objetivo da proteção da bar-ra foi demonstbar-rar que com maior nú-mero de gotas e o redirecionamento dos jatos para as laterais das espigas, poderiam ser atingidas com cobertu-ra tal que aumentasse a eficácia do controle.

O trigo da cultivar Mirante foi cultivado em parcelas de 20 metros

de comprimento e 4 metros de lar-gura. No oitavo dia após o inicio da floração, foram aplicados os trata-mentos, conforme descrito na Tabela 2.

Foi aplicado o fungicida pira-clostrobina + metconazole (Opera Ultra® na dose de 0,75L/ha) + óleo vegetal Agróleo® 1,0L/ha + adjuvan-te organosiliconado Silwet® na dose de 0,04L/ha).

Para avaliação foram simuladas espigas de trigo utilizando cilindros feitos com tubos de PVC (poli clore-to de vinila) e posicionadas dentro das parcelas de trigo na mesma al-tura das espigas reais. Os tubos de PVC com 1,0 cm de diâmetro foram cortados em segmentos de 10 cm de comprimento e posicionados na vertical nas extremidades apicais de estacas de aço (arames) com diâme-tro de 1,5 mm. Os cilindros foram cobertos com cartão hidrossensível (52 mm x 76 mm)(Figura 5). Para cada tratamento na aplicação terres-Tabela 2. Eficiência de equipamentos aéreo e terrestre e de barras na distribuição de

gotas nas laterais da espiga de trigo, UPF- Passo Fundo/RS Tabela 1. Tratamentos e parâmetros de tecnologia de aplicação

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tre foram distribuídas cinco espigas artificiais, aleatoriamente dentro de cada parcela, na altura das espigas. Na aplicação via aérea, cinco espi-gas artificiais na altura das espiespi-gas reais foram distribuídas ao longo da largura da faixa de trabalho de uma aeronave (Ipanema) composta por atomizadores rotativos que realizou aplicação de fungicidas em lavoura comercial de trigo.

Os fungicidas potentes tem po-tencial para o controle da giberela, porém, a cobertura completa da su-perfície das espigas tem que ser ob-tida.

Após a aplicação dos tratamen-tos, as espigas artificiais foram retira-das e abrigaretira-das em caixas de acrílico (11cm x 11cm x 2,5cm de altura) evitando o seu umedecimento. Pos-teriormente, os cartões foram retira-dos das espigas artificiais e mantidas as marcações do sentido do desloca-mento da barra.

As imagens dos cartões foram digitalizadas com auxílio do software CIR 1.5®. Foi determinado o número de impactos de gotas/cm², diâmetro mediano volumétrico (DMV) e a co-bertura (%) em cada “quadrante” do cartão que foi identificado de acordo com o sentido da aplicação em nor-te (N), sul (S), lesnor-te (L) e oesnor-te (O). Os valores foram tabulados e os da-dos individualizada-dos por barra foram submetidos à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Os resultados representaram a homoge-neidade da distribuição (impactos/ cm2), o diâmetro mediano

volumé-trico (DMV) e a cobertura (%), em cada quadrante da espiga.

As diferentes barras apresenta-ram diferença na uniformidade da cobertura nos quadrantes N (norte), S (sul), L (leste) e O (oeste) da espiga (Tabela 2).

A direção dos jatos de calda lançados pelas pontas acopladas em corpos de bico duplo perpendicular ao alvo na posição vertical mostrou-se eficiente atingindo as laterais da espiga. Com a barra tradicional (jato na vertical) sem inclinação do jato, houve maior cobertura no lado N

e L da espiga, demonstrando que este equipamento não cobre unifor-memente as laterais da espiga. Essa cobertura concentrada pode ser ex-plicada pela ação do vento aumen-tando a deriva no sentido N e L da espiga.

A aplicação via aérea proporcio-nou a cobertura uniforme em todos os lados da espiga, mas com baixa concentração de impactos, devido ao menor DMV das gotas.

Para a barra dupla, indepen-dente do modelo de ponta e com e sem proteção superior, houve cober-tura semelhante em todos os lados da espiga, diferindo no DMV e na quantidade de impactos/cm2. Com

a ponta cone-cheio houve maior número de impactos/cm2 e menor

DMV ao redor da espiga, aumentan-do a chance de atingir o alvo. A qua-lidade da deposição foi semelhante com a ponta de jato-leque montada na barra dupla, reforçando que o di-recionamento dos jatos deve ser per-pendicular às espigas. As pontas de jatos cônicos-cheios (Micron-HB1) apresentaram melhor desempenho com a capa protetora, indicando que necessitam dessa proteção, mesmo em condições de velocidade do

ven-to abaixo de 8 km/h, devido a maior suscetibilidade de deriva das gotas fi-nas que geram, quando comparadas às gotas geradas por pontas de jatos planos simples (XR11001).

Esses são dados preliminares, porém, sustentam a hipótese de que há necessidade de direcionar os ja-tos de calda em direção as laterais da espiga. Para comprovar se a cober-tura obtida de 13 a 15% é eficiente no controle da giberela no campo, estão sendo conduzidos ensaios na Universidade de Passo Fundo.

O direcionamento do jato da pulverização na direção perpendicu-lar a lateral da espiga, atinge toda a sua superfície com maior cobertura e homogeneidade.

A “espiga artificial” é uma fer-ramenta útil para a avaliação da qua-lidade da cobertura das laterais da espiga de trigo, alvo na vertical em relação à liberação do jato da ponta de pulverização.

A barra tradicional, usada atu-almente pelos produtores e a apli-cação via aérea, nas condições do ensaio, não resultaram em cobertura eficiente de toda a superfície lateral da espiga artificial.

A área da superfície coberta foi Figura 5. Espiga artificial utilizada na avaliação da qualidade da deposição de

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menor pelo avião (1,9%), intermedi-ária pela barra tradicional com bico leque (9,5%) e maior pela barra du-pla modificada (14,8%).

Trabalhos da avaliação da de-posição da calda fungicida por dife-rentes pontas de pulverização, numa fase de seleção, podem ser feitos, pri-meiramente, na ausência de plantas de trigo espigadas. Após se obter co-bertura das laterais das “espigas arti-ficiais”, com cobertura, por exemplo, superior a 50%, deve ser conduzido experimentos no campo incluindo a avaliação do controle da giberela [in-cidência em espigas (IE), in[in-cidência em espiguetas (Ie) e severidade (IE x Ie/100)]. Nessa fase se deve dar pre-ferência ao fungicida mais potente como metconazol, protioconazol e tebuconazol em misturas com estro-bilurinas (Avozani, 2011; 2012).

O desafio aos pesquisadores que trabalham no controle da gi-berela é melhorar a cobertura das laterais das espigas do trigo. Nessa tentativa, pesquisador na Nova Ze-lândia, fez a aplicação do fungicida num sentido da parcela experimen-tal com a metade da calda do fun-gicida e, no sentido oposto, com a outra metade. Utilizou pontas Hardi 4100-12 leque, 300 litros/ha e pres-são de 300 kPa.

7 Considerações finais

Os trabalhos de pesquisa com a giberela de trigo iniciaram no Bra-sil em 1957/1958. Os avanços no conhecimento das fases do ciclo da doença foram muito lentos ao longo desses anos. Tem havido progresso na melhoria da reação das cultivares

a doença, porém ainda insuficiente para evitar os danos. Hoje já se co-nhecem os danos causados pela do-ença, mas a eficácia das medidas de controle carece de aprimoramento.

A deposição de fungicidas nas laterais das espigas do trigo ainda é o maior desafio para o controle da giberela.

Fungicidas altamente potentes a F. graminearum tem sido identifica-dos (Avozani et al., 2011).

A United State Wheat and Bar-ley Scab Initiative, sugere para o con-trole da giberela:

• volume da calda de 10 a 20 ga-lões/acre;

• espalhante não iônico Silwet 0,003 a 0,06% v/v;

• pontas de jato duplo Twinjet; • diâmetro das gotas de 275 a

350 µm;

• pulverizar à noite, ou cedo da manhã, para aproveitar o mo-lhamento do orvalho (volume extra de água) e usar gotas me-nores;

• aplicar quando o trigo estiver em ou após a floração e com previsão de chuvas.

Finalmente sumariza-se a con-tribuição da Universidade de Passo Fundo, Faculdade de Agronomia, Laboratório de Fitopatologia - Mico-logia, para a racionalização do con-trole da giberela:

(i) Período de predisposição.

A tecnologia considera o início e o final do período de predisposição do

trigo à infecção. Esse período esten-de-se do início da floração (presença anteras soltas e presas) até o grão leitoso (presença de anteras presas) do (estádio 60 ao 75 de Zadoks et al. (1974). Esse é o período em que as espigas deve ser protegidas pelo fungicida;

(ii) Fungicidas. Aplicar

fungici-da contendo princípio ativo potente (Avozani et al, 2011) (ex. metcona-zol, protioconazol ou tebuconazol).

(iii) Momento da aplicação.

Somente quando houver, durante o período de predisposição, condições de ambiente favorável à infecção por

Gibberella zeae. Nesse sentido, a

apli-cação deve ser feita antes da ocor-rência de chuvas, no período de pre-disposição. Quando ocorrer a chuva, as laterais das espigas já devem estar protegidas. Não ocorrendo chuva não se justifica a aplicação, pois não haverá infecção.

A previsão de chuvas, para 24 - 72 horas é baseada nos relatórios do CPTEC/INPE, (precisão no acerto > 95%);

(iv) Deposição da calda fungi-cida. Utilizar no pulverizador pontas

cujos jatos direcionem a calda para as laterais das espigas (TeeJet®, TJ 60-110/02), o alvo da deposição;

(v) Utilizar o sistema de

avi-so UPF-scabalert para comprovar a

ocorrência de períodos críticos favo-ráveis da chuva (duração do molha-mento das espigas) (s) ocorrente (s) e que a proteção foi efetiva.

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Observação: O controle das doenças foliares (ferrugem, man-chas, oídio) deve ser feito segundo as Indicações da Pesquisa para trigo e triticale (2011). Portanto, segundo essa proposta, o controle da giberela é independente do manejo das do-enças foliares.

8 Referências

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Referências

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