• Nenhum resultado encontrado

Experiência no ensino contábil: uso de práticas inovadoras de ensino, de recursos tecnológicos e de avaliações operatórias

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Experiência no ensino contábil: uso de práticas inovadoras de ensino, de recursos tecnológicos e de avaliações operatórias"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)
(2)

Experiência no ensino contábil:

uso de práticas inovadoras de

ensino, de recursos tecnológicos e de

avaliações operatórias

Wagner da Costa Godoi

É contador e consultor com mais de 18 anos de experiência na Contabilidade. É especialista em Engenharia de Produção pela Unesp e pro-fessor nos cursos de Administração de Empre-sas, Ciências Contábeis, Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos e Engenharia de Produ-ção no Campus São Joaquim do Centro Uni-versitário Salesiano (Unisal), em Lorena (SP), e dos cursos de Engenharia de Produção e Ad-ministração de Empresas na Faculdade Anhan-guera de Pindamonhangaba (SP).

E-mail: prof.wagnergodoi@gmail.com

O

presente artigo relata uma experiência no ensino

e aprendizagem de disciplinas relacionadas à

Contabilidade ministradas a alunos de uma

Instituição de Ensino Superior na cidade de Lorena, interior de

São Paulo. O relato demonstra a utilização de técnicas oriundas

de metodologias ativas de ensino, do uso de tecnologia no

aprendizado e da prática de avaliação por provas operatórias,

bem como os resultados obtidos nas avaliações.

Recebido em 20/12/2016. Distribuído em 21/12/2016. Pedido de revisão em 8/8/2017. Resub-metido pelo autor em 9/8/2017. Aprovado em 10/8/2017, na terceira rodada, por dois mem-bros do Conselho Editorial. Publicado na edição setembro-outubro de 2017. Organização res-ponsável pelo periódico: Conselho Federal de Contabilidade.

(3)

1. Introdução

Cada vez mais, os docentes vêm se preocupando em aplicar algu-ma metodologia ativa de aprendi-zagem, em que o aluno se torna o protagonista de seu próprio apren-dizado. Esses métodos absorvem práticas e tecnologias que, notada-mente, não são recorrentes no en-sino tido como tradicional, em que se pratica a aula expositiva, e o alu-no apenas acompanha o conteúdo ministrado de forma passiva. No en-sino contábil no Brasil, esta preo-cupação com o modo de se opera-cionalizar o aprendizado mostra-se presente, sendo muito destacada por vários autores, a exemplo de Marion (1998, 2009), que, em suas obras, sempre expõe as dificuldades dos alunos quanto ao aprendizado das técnicas e interpretação da in-formação contábil. Da mesma for-ma, outros autores, como Facci e Silva (2005), Marion, Garcia e Cor-deiro (1999), Oliveira e Fernandes (2011), destacam em suas pesqui-sas a importância sobre a inovação na prática do ensino contábil, en-quanto Martins, Espejo e Frezatti (2015) demonstram o uso de meto-dologias ativas no ensino contábil, e Nascimento e Assunção (2016) destacam como o uso da tecnolo-gia pode agregar ao processo de aprendizagem. A preocupação com o ensino, no âmbito contábil, ainda deve considerar a leitura moderna a ser feita sobre o profissional da con-tabilidade, de tal forma que o ensi-no não se limite a somente transfe-rir a habilidade no uso de técnicas de registros, mas, sim, na formação de profissionais e cidadãos capazes de compreender o papel profissio-nal e social que o contador atual-mente deve exercer. Nesse contexto, o presente artigo relata as experi-ências no ensino de disciplinas con-tábeis em uma Instituição de Ensi-no Superior (IES) sediada na cidade de Lorena, no interior de São

Pau-lo, ao tratar do uso de método que aproveita as bases gerais de outras práticas inovadoras de ensino, com-binando-as a uma avaliação contí-nua e operatória. Os resultados fo-ram analisados à luz da evolução do aproveitamento dos discentes, considerando a evolução de notas obtidas durante três semestres.

A experiência relatada neste artigo foi realizada com discen-tes dos cursos de bacharelado em Administração de Empresas, Ciên-cias Contábeis e curso superior em Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos. O método idealizado foi aplicado em disciplinas relaciona-das à introdução do conhecimen-to contábil, como Contabilidade I e II; e em disciplinas intermediárias, como Contabilidade e Estimativas de Custos. A principal característi-ca do método reside na utilização de avaliações com características operatórias e de forma continua-da, embora todo o processo de en-sino seja inspirado em técnicas de aprendizagem consideradas como práticas ativas. O uso da tecnolo-gia à disposição do ensino e nas avaliações é outra característica es-sencial deste processo.

2. Desenvolvimento

2.1 A estrutura das aulas

O processo de aprendizagem é realizado em três tempos didáti-cos: pré-aula, aula e pós-aula. Esta é a estrutura utilizada também pelo método Flipped Classroom (sala de aula invertida). Neste método, há a disponibilização de materiais didá-ticos ao aluno por meio de recursos tecnológicos, para um pré-estudo on-line e, em sala de aula, tra-balham-se os conteúdos pre-viamente estudados.

Consiste a pré-aula na dis-posição de materiais aos alunos por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Nesse espaço

virtual, são disponibilizados mate-riais de apoio, como apresentações de slides e textos ou vídeos para a primeira introdução ao conteúdo, além de recomendações de outras fontes de consulta, de forma espe-cial a bibliografia a ser utilizada.

O encontro presencial, ou seja, a aula, é realizado em duas fases: aula introdutória e aula focada em atividades. A aula introdutória pos-sui características expositivas: é quando se trabalha o conteúdo te-órico e, quando possível, a primei-ra exposição prática, por meio de exercícios realizados passo a passo e em conjunto com os alunos. São programadas para explanações bre-ves, sendo embasadas nos mate-riais de pré-aula. A aula focada em atividades compreende a realização de, no mínimo, um encontro em que um estudo de caso é apresen-tado aos alunos. Esse estudo versa sobre a aplicação do conteúdo mi-nistrado. Em geral, a experiência é baseada em fatos concretos do dia a dia, como em análises de balan-ço, ou em situações simuladas, de forma a ser o mais próximo da rea-lidade, como na aplicação de técni-cas de custeio. Essas atividades são realizadas em grupo e o aluno é in-centivado a explorar a possibilida-de possibilida-de aprendizado com seus pares, de forma que possam compartilhar o que aprenderam em uma lingua-gem comum dos alunos. As ativida-des em grupo são avaliativas. Esta estrutura assemelha-se aos métodos pratica-dos pela Universidade Wharton da

(4)

Pennsylva-e CordPennsylva-eiro (1999), dPennsylva-esPennsylva-envolvPennsylva-eu-sPennsylva-e esta técnica para o ensino contábil, que intercala teoria e prática.

Na pós-aula, ocorre a segunda etapa avaliativa. Semelhante ao es-tudo de caso da aula presencial, é realizada, porém, de forma indivi-dual, em que se aplica o conheci-mento adquirido. É a atividade que, notadamente, gera a maior influên-cia na nota final do aluno.

2.1.2 O uso da tecnologia

O Ambiente Virtual de Apren-dizagem (AVA) adotado pela ins-tituição de ensino é a ferramen-ta Moodle, que é o acrônimo de Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Ambiente Modular de Aprendizagem Dinâ-mica Orientada a Objetos) (SA-BBATINI, 2007). Esse ambiente é utilizado para os trabalhos que envolvem a pré-aula, com a dispo-sição de materiais de leitura pré-via, e pós-aula, pelas atividades práticas individuais e avaliativas.

2.2 O processo avaliativo

atrelado à técnica

O processo avaliativo é realizado de forma operatória, com a contex-tualização e exploração da capacida-de capacida-de leitura, interpretação e escri-ta dos alunos ; realiza-se nas etapas da aula focadas em atividade e na pós-aula. Desta forma, o processo avaliativo se torna conti-nuado. Oferece-se ainda aos alunos um incentivo ao bom aproveitamen-to: a IES estabelece a média 6,0 para aprova-ção e, ainda, uma média 7,0 para premiação aos seus melhores alunos. Nas disciplinas tratadas neste artigo, foi estabe-lecida uma nota de cor-te de incentivo superior à média e uma nota de

veitamento, igual a 7,5 ou superior. Alunos com este aproveitamento su-perior têm sua nota bimestral defi-nida dessa forma. Os demais neces-sitam realizar uma última atividade, em forma de prova, para que essa nota também seja considerada, pela média, para a formação da nota final do bimestre. As avaliações apresen-tam o mesmo peso, quer em grupos, quer nas atividades pós-aula.

As atividades em grupo são sempre protagonizadas pelos alu-nos. Os trabalhos apresentam-se em forma de estudos de caso e são atrelados a algumas variáveis numéricas que tornam as ativida-des únicas para cada equipe for-mada. A atribuição de peso ava-liativo a estas atividades valoriza o esforço dos grupos que se dedi-cam a aprender. Embora seja uma atividade também destinada a avaliações, a função do professor, neste momento, não deve ser a de controlador da sala de aula, mas, sim, de apoio aos grupos, forne-cendo acompanhamento e instru-ções que remetam à execução da atividade e à eliminação de dúvi-das. No entanto, o melhor resulta-do é sempre oriunresulta-do da troca de

tes de cada grupo. O aluno que compreendeu melhor um determi-nado processo torna-se o orienta-dor e transfere o conhecimento em uma linguagem que, muitas vezes, é mais clara e objetiva do que a exposição teórica que cons-ta em literatura, ou mesmo quan-do comparada com a exposição feita pelo docente. As atividades individuais também contam com variantes numéricas que tornam as atividades personalizadas.

2.3 Resultados observados

2.3.1 Absorção do aprendizado Houve considerável variação das notas médias de cada turma em que o método foi aplicado. O Gráfico 1 demonstra os resultados comparados em três semestres. O Semestre “A”, como referência, apresenta uma fase de avaliação tradicional, com apenas uma pro-va final por bimestre. Nos semes-tres seguintes, a prática avaliativa com atividades em grupos e indivi-duais foi aplicada.

Nota-se, ao avaliar os dados expostos no Gráfico 1 que, para a maioria das turmas, ocorre queda

Gráfico 1 - Evolução das notas médias (por turmas) em três

semestres

(5)

da nota média do Semestre “A” para o Semestre “B”, já com o novo mé-todo avaliativo. No entanto, isso pode ter como causa o primeiro im-pacto e a necessidade da adapta-ção do discente ao processo, o que também se faz necessário quan-do há a aplicação de novas técni-cas no ensino e avaliações, além de ser uma fase com conteúdo progra-mático mais complexo, o que pode embasar a queda das médias. Já no semestre seguinte, com as turmas devidamente ambientadas ao pro-cesso, o crescimento das notas em relação ao semestre de controle é significativo. A Turma 2 conseguiu um crescimento superior a 38% em suas médias gerais. A Turma 4, que desde o início apresentou o melhor rendimento, manteve um ótimo aproveitamento, sendo este supe-rior em mais de 5%, se comparado ao semestre de controle. Das quatro turmas avaliadas, apenas a Turma 3 apresentou uma queda de

pou-co mais de 2% na nota média, em comparação ao semestre de contro-le; no entanto, esta mesma turma demonstrou crescimento de cerca de 8% em relação ao semestre an-terior. A análise das notas médias bimestrais dos três semestres de-monstra a evolução do aproveita-mento das turmas. A Turma 1, que foi aquela com pior desempenho médio no Semestre “B”, apresentou evolução de 12% em suas notas no Semestre “C”, quando comparadas ao semestre de controle.

Quando analisados os rendi-mentos de forma individual, per-cebe-se o melhor aproveitamento dos alunos, como pode ser obser-vado pelo Gráfico 2. Nota-se que houve um crescimento considerá-vel das notas de excelência (7,5 ou superior), além de considerável re-dução das reprovações.

As reprovações, como observa-do na Tabela 1, eram sempre su-periores a 10% das turmas. Com

o novo método, este índice decaiu para uma participação inferior a 7% em todas as séries avaliadas. 2.3.2 Trabalhos científicos publicados

O método resultou, ainda, no incentivo à pesquisa. Com três se-mestres de aplicação efetiva, dois trabalhos acadêmicos produzidos por alunos de Ciências Contábeis foram aprovados para a participa-ção da jornada científica realizada por uma instituição de ensino supe-rior, sendo aprovada também a pu-blicação nos anais do evento.

3. Considerações Finais

Observa-se como incontestá-vel a pauta sobre a importância da inovação no ensino superior. Espe-cialmente no âmbito do ensino de disciplinas ligadas à Contabilidade, as práticas devem apresentar uma abordagem dinâmica. Este artigo relata uma experiência na qual as práticas de ensino foram pautadas pelo uso frequente da tecnologia e de métodos de avaliação consi-derados operatórios, portanto, fo-cados em promover a evolução na capacidade de entendimento dos discentes.

Os resultados apresentados demonstraram um considerável avanço nas notas dos alunos em três cursos de graduação (dois ba-charelados e um tecnólogo), com especial destaque ao crescimen-to das notas classificadas como de excelência (iguais ou superio-res a 7,5). A evolução dos métodos de ensino deve ser constante, cons-tituindo-se uma preocupação dos docentes na atualidade. O profes-sor deve se preocupar em como tor-nar dinâmica a transmissão do co-nhecimento. Para tanto, deve levar em consideração diversos aspectos, como a disciplina ministrada, o cur-so e as turmas de discentes.

Gráfico 2 – Percentual de notas de excelência e alunos reprovados

(por semestre)

Fonte: elaborado pelo autor.

Tabela 1 – Percentuais de alunos reprovados frente aos alunos

com nota de excelência

  Semestre A Semestre B Semestre C   % Reprovados % Notas => 7,5 % Reprovados % Notas => 7,5 % Reprovados % Notas => 7,5 Turma 1 10 35,5 13 40,0 3 72,7

Turma 2 16 18,8 19 34,0 2 72,9

Turma 3 12 44,1 10 32,3 7 55,6

Turma 4 - 64,7 18 47,1 - 87,5

(6)

4. Referências

FACCI, Nilton; SILVA, Ângelo Alves da. Proposta de metodologia de ensino para a disciplina Teoria da Contabilidade no curso de Bacharel em Ciências Contábeis. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, v. 5, n.° 155, p.68-81, out. 2005. Bimestral. MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. 210 p.

MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 262 p.

MARION, José Carlos. GARCIA, Elias. CORDEIRO, Moroni. Discussão sobre metodologias de ensino aplicáveis à contabilidade. Revista de Contabilidade do CRC-SP. n.° 8. Jun.1999. P. 48-53.

MARTINS, Daiana Bragueto; ESPEJO, Márcia Maria dos Santos Bortolocci; FREZATTI, Fábio. Problem-Based Learning no Ensino de Contabilidade Gerencial: Relato de uma Experiência Brasileira. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC),[s.l.], v. 9, n.° 4, p.430-452, Out-Dez. 2015. Abracicon: Academia Brasileira de Ciências Contábeis.

NASCIMENTO, Hebert Lecok Freire do; ASSUNÇÃO, Raimunda Monica. O uso de planilhas eletrônicas no auxílio do ensino da Contabilidade nos cursos técnicos do Campus Ifam-Itacoatiara-AM. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, v. 3, n.° 219, p.74-81, jun. 2016. Bimestral.

OLIVEIRA, Vilma Vieira Mião; FERNANDES, Maria Cristina da Silveira Galan. A prática pedagógica do “bom” professor de Contabilidade na percepção discente. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, v. 1, n.° 187, p.6-17, jan. 2011. Bimestral. SABBATINI, Renato Marcos Endrizzi. Ambiente de Ensino e Aprendizagem via internet: a plataforma moodle. São Paulo: Instituto EduMed, 2007. Disponível em: http://www.renato.sabbatini.com/papers/PlataformaMoodle.pdf: Acesso em: 18 dez. 2016.

Referências

Documentos relacionados

Todas as outras estações registaram valores muito abaixo dos registados no Instituto Geofísico de Coimbra e de Paços de Ferreira e a totalidade dos registos

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, de 2007, e a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, instituída em 2009 foram a base

Art. O currículo nas Escolas Municipais em Tempo Integral, respeitadas as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Política de Ensino da Rede, compreenderá

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), criado em 2000, em Minas Gerais, foi o primeiro programa a fornecer os subsídios necessários para que