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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE: UMA COMPARAÇÃO ENTRE BRASIL, CHINA E JAPÃO

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Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez. 2014 ISSN 2177-3068 - Versão eletrônica Disponível em: <http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo>

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE: UMA COMPARAÇÃO ENTRE BRASIL, CHINA E JAPÃO

Fabio Ytoshi Shibao1 Mario Roberto dos Santos2 Roberto Giro Moori3

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi conhecer como se processa as relações entre dimensões da gestão da cadeia de suprimentos verde (Green Supply Chain Management – GSCM), o perfil ecológico e o desempenho das empresas do ramo químico brasileiro e depois compará-las com as empresas japonesas e chinesas. A pesquisa com as empresas brasileiras foi realizada por meio de uma amostra, constituída de 160 respondentes. O modelo conceitual adotado relacionou as estratégias empresariais de GSCM (práticas internas, práticas externas, investimentos verdes, eco-design e logística reversa), de perfil verde (pró-atividade e reatividade corporativa) e as medidas de desempenho (ambiental, econômico e operacional). Os resultados revelaram que o perfil proativo empresarial nas indústrias químicas brasileiras estava correlacionado com as práticas internas da GSCM e a relação entre GSCM e desempenho se mostrou significante. Pela pesquisa pode-se concluir que as empresas do ramo químico devem gerenciar a cadeia de suprimentos verde (ou ecológica) para além dos benefícios econômicos. As questões sociais e ambientais devem fazer parte de suas preocupações. Comparando-se as práticas da GSCM pelas indústrias químicas brasileiras com as empresas japonesas e chinesas, as brasileiras ficaram próximas das empresas japonesas e ligeiramente superior as das companhias chinesas.

Palavras-chaves: Gestão Ambiental. Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde. Indústrias Químicas.

GREEN SUPPLY CHAIN MANAGMENT: COMPARISON AMONG BRAZIL, CHINA AND JAPAN

Abstract

The aim of this research was to understand how the relationship among dimensions of green supply chain management is handled (GSCM), the ecological profile and performance of the Brazilian chemical companies and then compare them with the Japanese and Chinese companies. The Brazilian research carried out in companies used a sample consisting on 160 respondents. The conceptual model adopted business strategies related to GSCM (internal practices, external practices, green investments, eco-design and reverse logistics), green profile (corporate proactively and reactivity) and performance measures (environmental, economic and operational). The results showed that the proactive business profile in Brazilian chemical companies was correlated with the internal GSCM practices; moreover, the relationship between GSCM and performance was significant. Therefore, we can conclude that companies in the chemical sector must manage the green suplly chain beyond the economic benefits. Social and environmental issues should be part of the concerns. Comparing the GSCM practices performed by Brazilian chemical companies with Japanese and Chinese companies, the Brazilian and the Japanese were slightly close above the Chinese companies.

Key-words: Environmental Management. Green Supply Chain Management. Chemical Industry.

1

Doutor em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor e pesquisador do Programa de Mestrado Profissional de Administração em Gestão Ambiental e Sustentabilidade (GeAS) da Universidade Nove de Julho – UNINOVE. E-mail: fabio.shibao@gmail.com

2 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Administração pela Universidade Nove de Julho - UNINOVE 3 Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP. Professor e pesquisador do

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INTRODUÇÃO

No contexto dos negócios, o meio ambiente passou a ser um fator estratégico para a empresa. A responsabilidade se estendeu para além de suas fronteiras, no que diz respeito a seus processos e produtos, e envolveu um relacionamento compartilhado com fornecedores, sociedade e consumidores, no que tange à prevenção da poluição e à proteção dos recursos naturais. Outro fator foi o crescimento de acessos a novos mercados, diante de países que demonstram valorizar produtos produzidos dentro de padrões que respeitem o meio ambiente.

Ao mesmo tempo, a consciência pública ambiental tem aumentado via canais formais e informais de educação ambiental. Dadas essas mudanças sociais e políticas, os fabricantes têm implantado práticas ambientais, tais como: produção mais limpa, certificação da NBR ISO 14001, Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade (SASSMAQ) e normas como a RoHS (Restrição do Uso de Substâncias Perigosas). As organizações exigem e estendem as suas práticas ambientais aos seus fornecedores e clientes. Como resultado dessa abordagem sistemática, surgiu a gestão da cadeia de suprimento verde (Green Supply Chain Management – GSCM), que integra as preocupações ambientais na gestão da cadeia de suprimento incluindo o design de produto, a seleção de fontes (fornecedores) e materiais, a manufatura, a entrega do produto final aos consumidores, bem como a gestão do produto após a sua vida útil (SRIVASTAVA, 2007) e têm sido cada vez mais aceitas e praticadas por organizações com visão de futuro (ZHU; SARKIS, 2004).

Portanto, a análise da sustentabilidade tende a ser estendida para toda a GSCM, isto é, as companhias podem ser responsabilizadas não apenas pelo que ocorre no ambiente intra-organizacional, mas também por práticas ambientais, empregatícias e comerciais, como a imposição de cláusulas leoninas nos contratos dos parceiros que fornecem produtos e serviços de forma direta ou indireta, segundo Andersen e Skjoett-Larsen (2009) e Tate, Ellram e Kirchoff, (2010).

O objetivo geral desta pesquisa foi conhecer como se processa as relações entre dimensões da gestão da cadeia de suprimentos verde, o perfil ecológico e o desempenho das empresas do ramo químico brasileiro e depois compará-las com as empresas japonesas e chinesas. Os objetivos específicos foram: (i) construir um instrumento de pesquisa por meio da revisão bibliográfica e das entrevistas em profundidade com profissionais atuantes na gestão da cadeia de suprimentos verde; (ii) refinar e validar o instrumento de pesquisa com

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especialistas da área de gestão da cadeia de suprimentos verde; e (iii) verificar se alguma variável que compõe o construto gestão da cadeia de suprimentos verde é o que mais interfere no desempenho das empresas químicas brasileiras.

O segmento químico brasileiro foi considerado relevante para este estudo devido ao histórico de diversas catástrofes do setor, bem como por gerar grande valor de receita no segmento industrial, com o faturamento mundial atingindo, em 2011, US$ 4.998 bilhões, e identificar o Brasil como 6º lugar no ranking da indústria química mundial com US$ 157 bilhões. O faturamento líquido da indústria química brasileira, em 2012, alcançou US$ 153 bilhões, segundo dados divulgados no site da Associação Brasileira da Indústria Químicas (ABIQUIM).

Dentro desse contexto, a competição em cadeias de suprimento torna-se cada vez mais acirrada, consolidando um modelo em que as mercadorias se tornam obsoletas mais rapidamente, ampliando a intensidade de consumo material e de energia e aumentado a quantidade de resíduos pós-consumo na economia global.

Assim, emergiu o problema de pesquisa: As melhorias de desempenho ambiental,

econômico e operacional são alcançadas por meio da GSCM?

Para concluir esta investigação, além desta introdução, a seção dois apresenta a fundamentação teórica, a seção três apresenta os procedimentos metodológicos, a seção quatro descreve os resultados da pesquisa e, finalmente, a seção cinco traz as considerações finais.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção, será apresentada uma breve revisão da literatura sobre Práticas de GSCM, Desempenho de GSCM e o modelo conceitual e as hipóteses para as indústrias químicas brasileiras.

2.1 Práticas de Green Supply Chain Management – GSCM

A cadeia de suprimentos representa uma rede de organizações, por meio de ligações nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de bens e serviços que são disponibilizados ao consumidor final. Foi definida, por Mentzer et al. (2001), como um conjunto de três ou mais entidades (organizações ou indivíduos), diretamente envolvidas nos fluxos ascendentes e descendentes de produtos, serviços, recursos

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financeiros e/ou informações de uma fonte de matéria-prima até o consumidor. No entanto, não há uma preocupação de forma integrada da gestão ambientalmente correta em toda a cadeia. Sendo este um conceito emergente, faz-se necessário um debate sobre os conceitos de GSCM, como uma forma de incorporar em todos os processos atuais, uma visão de gestão ambiental na cadeia de suprimentos.

Os benefícios da GSCM foram estudados na década de 1990, como, por exemplo, os trabalhos de Porter e Van der Linde (1995a, b) e Lamming e Hampson (1996), que definiram a GSCM como iniciativas competitivas, em que a ‘ecologização’ pode ser a economia de recursos por meio da eliminação dos desperdícios e da melhoria na produtividade. Porém, Lamming e Hampson (1996) alertaram que o atendimento das legislações ambientais pode representar um aumento de custo para a empresa. Tornando, assim, os custos e os benefícios da GSCM difíceis de ser quantificados e mensurados, sendo inevitável que eles tenham um balanço desigual entre as empresas.

Portanto, GSCM compreende um conjunto de práticas ambientais que melhoram o desempenho ambiental de duas ou mais empresas de uma mesma cadeia de suprimentos (VACHON; KLASSEN, 2006), promovendo eficiência e sinergia entre os parceiros de negócios, reduzindo desperdícios e obtendo economias de custo (RAO; HOLT, 2005). Essas práticas vêm sendo estudadas por pesquisadores da área de gestão de operações e produção (ZHU; SARKIS 2006; ZHU; SARKIS; LAI, 2007a; ZHU; SARKIS; LAI, 2007b; ZHU; SARKIS; LAI, 2013).

As empresas estão conscientes quanto à importância das questões ambientais, mas ainda não estão adotando todo potencial da GSCM (THUN; MÜLLER, 2010), por exemplo, a gestão do fornecedor é crucial para o sucesso da GSCM (YANG et al., 2010), ou as práticas externas de GSCM, como compras verdes e cooperação com consumidores, estão atrasadas, ou seja, são menos implantadas quando comparadas às práticas internas de GSCM (ZHU; SARKIS; LAI, 2007a; ZHU; SARKIS; LAI, 2007b).

Outro fator a ser estudado é o eco-design, porque os produtos precisam ser eliminados e/ou reciclados após a sua utilização, eles devem conter cada vez mais materiais biodegradáveis e materiais recicláveis (ZHU; SARKIS; LAI, 2012). Além disso, o projeto deve facilitar a desmontagem de produtos para reutilização e reciclagem (SHI et al., 2012). A empresa juntamente com os seus parceiros da GSCM deve conduzir a análise do ciclo de vida

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dos seus produtos ao avaliar os seus impactos ambientais por meio das várias fases do ciclo de vida (SHI et al., 2012).

Além disso, as empresas devem aumentar também os investimentos verdes, adquirindo equipamentos que diminuem o consumo de energia elétrica, de água, de matéria-prima e, também, implementando atividades que recuperam os investimentos como a venda do excesso de estoques de materiais, sucatas e materiais usados ou equipamentos depreciados (ZHU; SARKIS, 2004).

Apesar de as pesquisas se dedicarem a compreender as práticas de GSCM que vêm sendo adotadas pelas empresas e os efeitos dessas práticas no desempenho ambiental, econômico e operacional das empresas (GREEN et al., 2012; ZHU; SARKIS; LAI, 2007a), ainda existem lacunas de pesquisas, como a relação entre gestão ambiental e desempenho seja ambiental, econômico ou operacional em diferentes segmentos industriais de diferentes países.

2.2 Desempenho da Green Supply Chain Management- GSCM

Desempenho econômico é tipicamente o mais importante indicador para as empresas que desejam implantar práticas de gestão ambiental. Tem sido argumentado que o sucesso no tratamento de questões ambientais pode representar novas oportunidades para a concorrência, além de novas maneiras de agregar valor ao core business (HANSMANN; KROGER, 2001).

Alvarez, Jimenez e Lorente (2001) indicaram que a gestão ambiental na GSCM tem uma relação positiva com o desempenho econômico da organização. No entanto, Bowen et al. (2001) sugeriram que o desempenho econômico não é muito visível e não será convertido em lucratividade ou desempenho das vendas em curto prazo. Os mesmos autores advertem que, apesar desse fato, há evidências que sugerem que abordagens proativas na GSCM podem preparar as empresas para o desempenho superior de longo prazo por intermédio de uma melhor gestão dos riscos ambientais e do desenvolvimento de capabilidades para a melhoria contínua. Segundo Teece, Pisano e Shuen (1997) o termo capabilidades enfatiza o papel da gestão estratégica empresarial em adaptar, integrar e reconfigurar as competências internas e externas da organização, recursos e competências funcionais para corresponder as exigências de um ambiente em mudança.

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A pesquisa de Schoenherr (2012) mostrou um efeito positivo dos investimentos em práticas ambientais na vantagem competitiva de uma empresa e no desempenho operacional. Shi et al. (2012) propuseram que as práticas ambientais intra e interorganizacionais estão positivamente relacionadas ao desempenho operacional e econômico.

As pesquisas, ainda que limitadas, indicaram uma relação positiva entre a gestão ambiental e o desempenho operacional. Szwilski (2000) e Tooru (2001) argumentaram que um sistema de gestão ambiental é uma política inovadora ambiental e uma ferramenta de gerenciamento de informações da indústria para melhorar o desempenho operacional da organização.

As razões para a variação desses resultados podem ser devido à heterogeneidade dos tipos de práticas de gestão ambiental adotados pelas indústrias (WAGNER, 2005).

2.3Modelo conceitual e hipóteses para a indústria química brasileira

O modelo conceitual, aqui adotado, relacionando estratégias empresariais de GSCM (práticas internas, práticas externas, investimentos verdes, eco-design e logística reversa), de perfil verde (pró-atividade e reatividade corporativa) e as medidas de desempenho (ambiental, econômico e operacional) é mostrado na Figura 1.

Figura 1- Modelo do foco do estudo com as hipóteses

Fonte: Os autores.

As principais hipóteses que sustentaram o modelo foram:

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O processo de fabricação e a ‘ecologização’ dos fornecedores são necessários para o funcionamento da GSCM, caso isso não ocorra, mesmo que a empresa foco alcance a excelência no desempenho ambiental, os seus produtos continuarão a ser produzidos em um processo ambientalmente não amigável (RAO, 2002).

H1: Existe uma relação significativa entre a empresa que possui adequada gestão

da cadeia de suprimentos verde e o seu desempenho (ambiental, econômico e operacional).

2) Gestão da cadeia de suprimentos verde e perfil verde

As aplicações do conceito da GSCM nas operações da empresa são muitas e passam das razões reativas aos regulamentos para a estratégia proativa e razões de vantagem competitiva (SARKIS, 1999). Essa iniciativa é distinta das iniciativas ambientais, nas quais as empresas se comprometem a melhorar o seu próprio desempenho ambiental, o respeito, a vantagem competitiva etc., e decorre pelo fato de os stakeholders nem sempre traçarem uma linha delimitando entre a empresa foco e seus fornecedores (RAO, 2002), tornando a preocupação com o desempenho ambiental dos fornecedores uma característica de uma prática empresarial responsável.

H2: Existe uma relação significativa entre a empresa que realiza adequada gestão

da cadeia de suprimentos verde e o seu perfil verde.

3) Perfil verde e desempenho

Sharma e Vredenburg (1998) citaram que uma abordagem pró-ativa do ambiente corporativo promove o desenvolvimento de capabilities, o que, com o tempo, ajuda a desenvolver uma melhor compreensão do problema e possíveis soluções necessárias para poder implantar soluções ambientais.

H3: Existe uma relação significativa entre o perfil verde da empresa em questões

ambientais e o seu desempenho (ambiental, econômico e operacional).

3 PROCEDIMENTOS METODÓLOGICOS

Nesta seção é apresentada a amostra selecionada para a pesquisa e a operacionalização das variáveis.

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3.1 Seleção da amostra

Os dados foram coletados por meio de questionários semiestruturados, aplicados junto a uma amostra de empresas do ramo químico, sujeitas ao licenciamento ambiental.

O ajuste final do questionário se deu em três etapas, na primeira etapa foi desenvolvido um estudo exploratório com o objetivo de conhecer com mais profundidade as peculiaridades e as práticas de gestão ambiental das empresas químicas. Os dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade junto a oito gestores ambientais.

Após essa fase, desenhou-se a primeira versão do questionário e, em uma segunda etapa, o questionário foi submetido um teste piloto com sete especialistas para identificar e eliminar potenciais problemas relativos a aspectos gerais do questionário como conteúdo das assertivas, o enunciado, a sequência, o formato, o layout e as dificuldades e instruções, e, assim, estabelecer o protocolo de pesquisa.

Avançou-se para a terceira etapa, em que se deu a construção do questionário composto de seis blocos e 50 assertivas. Os dois primeiros blocos referiram-se ao perfil demográfico dos respondentes e das empresas da amostra. Os quatro últimos referiram-se às Práticas Internas de GSCM, Práticas Externas de GSCM, Eco-design, Recuperação de Investimentos, Desempenho Ambiental, Desempenho Econômico e Desempenho Operacional. Cada um dos constructos foi composto de cinco assertivas. Para os quatro constructos os respondentes foram solicitados a assinalar, com um 'x', o grau de concordância em uma escala que variava entre Discordo Totalmente (DT = 1) e Concordo Totalmente (CT = 6), para as respectivas assertivas.

O questionário construído nessa etapa foi enviado para cinco empresas listadas no guia da Indústria Química, para testar o protocolo da pesquisa e possíveis ajustes. Esses cinco questionários não foram utilizados na pesquisa, foram descartados. Após essa etapa, o questionário não sofreu mais mudanças.

Os questionários foram enviados, ao longo do primeiro semestre de 2011, para as empresas do ramo químico, composto de 1.107 fábricas. Retornaram 160 questionários válidos. Os questionários foram enviados por meio de e-mails, associados a uma carta explicando os propósitos da pesquisa. Também foram realizadas ligações telefônicas para aumentar a taxa de retorno dos questionários.

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O perfil demográfico dos respondentes e das empresas é mostrado na Tabela 1, na qual

n representa a quantidade de respondentes ou empresas.

Tabela 1 - Perfil dos respondentes e empresas

Aspectos n Porcentagem (%)

Funções

Administrativas (Diretores e Gerentes) 52 32,5 Média gerência (Engenheiros e supervisores) 108 67,5

Total 160 100

Porte (SEBRAE)

Pequeno: até 99 empregados 78 48,7 Médio: entre 100 e 499 empregados 62 38,8 Grande: acima de 500 empregados 20 12,5

Total 160 100,0 Tipo de Produção Contínua 40 25,0 Por lote 78 48,8 Sob pedido 42 26,2 Total 160 100,0 Ramo de Atividade

Produto Químico Industrial 74 46,2

Sabões e detergentes 7 4,4

Produtos farmacêuticos 4 2,5 Tintas, esmaltes e vernizes 8 5,0 Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos 7 4,4

Defensivos agrícolas 7 4,4

Adubos e fertilizantes 2 1,2 Outros (Óleos, gorduras, resinas e colas) 51 31,9

Total 160 100,0

Fonte: Dados da pesquisa.

4 ANÁLISE DOS DADOS

A validação de construtos se deu por meio da análise da estrutura dos dados coletados, constituída de 50 variáveis representando as nove dimensões do modelo teórico inicial. Foi utilizada a técnica multivariada da fatorial exploratória, o método dos componentes principais, para analisar a estrutura das correlações entre as variáveis e, assim, definir um conjunto de variáveis latentes comuns, denominado de fatores, obtido pelo método de rotação Varimax, que forneceu uma clara separação entre os fatores, buscando um menor conjunto possível de fatores, conforme Malhotra (2006).

O índice de KMO/MSA resultou no valor de 0,879, e o de esfericidade de Bartlet mostrou significância estatística (α ≤ 0,0001). Esses resultados denotaram a adequação da

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amostra à aplicação da técnica e à existência de correlações entre as variáveis. Todos os fatores apresentaram eigenvalues maior do que 1, explicando, juntos, 71,5% das variações das medidas originais. Observou-se, ainda, que somente sete fatores possuíam confiabilidade, dado pelo α-Cronbach, maior do que 0,6, considerado como aceitável, segundo Hair Jr et al. (2005b).

Foi observada, nessa análise, a junção do constructo Perfil Pró-atividade Corporativa com o constructo Práticas Internas da GSCM. Além disso, reduziu-se o número de assertivas de 50 para 26 medidas. Essa redução se deveu ao fato das variáveis estarem isoladas nos constructos, elas pertenciam a fatores de confiabilidade menor do que 0,6, decorrentes da baixa correlação entre seus indicadores ou por entender que as variáveis poderiam ter sido respondidas de maneira equivocada.

Assim, após a remoção dessas variáveis e a incorporação do constructo Perfil Pró-atividade Corporativa com o construto Práticas Internas da GSCM, procedeu-se uma nova análise fatorial, agora sob a perspectiva confirmatória, para extrair os sete fatores ou componentes principais obtidos na análise fatorial exploratória.

O agrupamento das medidas não ocorreu como era previsto. As assertivas A06 e A31 ficaram isoladas, foram descartadas e se procedeu uma nova análise fatorial confirmatória para extrair os sete fatores.

Observou-se, que o índice KMO/MSA igual a 0,878 e o nível de significância estatística do teste de Bartlett foi igual a 0,000, ambos os resultados denotaram os dados como adequados à aplicação da análise fatorial e a presença de correlações não nula entre as variáveis. Percebeu-se, ainda, uma estrutura fatorial com eigenvalues maior do que 1, variância explicada de 69,8%. Dessa forma, a análise fatorial continuou válida, pois nessa nova análise os valores apresentados foram de carga fatorial acima de 0,4 e Alpha de Cronbach acima de 0,6, o que está de acordo com os parâmetros considerados por Hair Jr et al. (2005a) e Hair Jr et al. (2005b) respectivamente.

4.1 Hipóteses testadas

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Tabela 2 - Dados estatísticos

Relacionamento Estrutural Coeficiente Estrutural Erro Padrão Estatística t Valor-p(*) Hipó teses Decisão (α ≤ 05) GSCM → Desempenho 0,552 0,038 14,552 0,000 H1 Suporta GSCM → Reatividade 0,670 0,018 37,477 0,000 H2 Suporta

Reatividade → Desempenho 0,054 0,039 1,391 0,165 H3 Não Suporta Fonte: Dados da pesquisa.

(*) Os valores de p foram calculados na planilha Excel, [função = DISTT (Célula; 999; 2)], bicaudal e bootstrap com amostra de 160 casos e 1000 reamostragens.

Assim, concluiu-se que, em relação às hipóteses aqui testadas:

H1: Existe uma relação significativa entre a empresa que possui adequada gestão

da cadeia de suprimentos verde e o seu desempenho (ambiental, econômico e operacional).

Foi confirmada, com bom índice de correlação e de explicação. Portanto, fica evidenciado que o conceito de GSCM evoluiu abrangendo muitas fontes, como compras, marketing, logística, relacionamento com clientes e fornecedores, desenvolvimento de produtos, o que permite caminhar no sentido da filosofia de redução na fonte de poluição e melhorar o desempenho ambiental, a vantagem de marketing, a imagem corporativa e o desempenho financeiro, para que a empresa passe para o status de classe mundial (SARKIS, 1999).

H2: Existe uma relação significativa entre a empresa que realiza adequada gestão

da cadeia de suprimentos verde e o seu perfil verde.

Também foi confirmada com bons índices de consistência interna e validade. Assim, nas operações da empresa, ainda se percebe que são muitas as razões reativas aos regulamentos, enquanto as estratégias proativas que envolvem o trabalho de forma colaborativa com os fornecedores e clientes em projetos de produtos verdes são percebidas pelos respondentes como práticas internas de GSCM, em virtude dos stakeholders nem sempre traçarem uma linha delimitando entre a empresa e seus fornecedores (RAO, 2002).

H3: Existe uma relação significativa entre o perfil verde da empresa em questões

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A hipótese foi rejeitada, devido aos baixos índices de impacto apresentados e de consistência interna detectada.

4.2 Resultados comparativos entre as empresas brasileiras, chinesas e japonesas

O resultado desta pesquisa foi comparado com o estudo de Zhu e Sarkis (2004) sobre organizações chinesas e com o trabalho de Zhu et al. (2010) sobre as nove principais organizações japonesas. Para compreender a situação geral da prática e desempenho GSCM, foram calculadas as médias de cada dimensão de prática e desempenho.

Na Tabela 3, pode-se observar que as empresas químicas brasileiras têm implantado as Práticas Internas de GSCM nos níveis ligeiramente superiores ao das nove organizações japonesas e a um nível significativamente mais elevado do que os fabricantes chineses. Também vale destacar que, tanto na Cooperação com fornecedores para uma prática ambiental adequada como na Cooperação com os clientes para uma produção mais limpa, as indústrias brasileiras são bem superiores às japonesas e às chinesas. Para outras práticas GSCM, as indústrias químicas brasileiras implantaram em níveis semelhantes, comparadas com as organizações japonesas e chinesas.

Como se tratou de uma pesquisa com as empresas químicas brasileiras e, nos outros dois países, as pesquisas envolveram vários segmentos industriais, os resultados apresentados, no caso brasileiro, por esse motivo, podem ter melhores médias em comparação com os outros dois trabalhos.

Tabela 3 - Comparativo das práticas de GSCM

Práticas de GSCM Média Brasil Desvio Padrão Média China Média Japão

Gestão Ambiental Interna

Comprometimento da alta administração 5,07 0,209 3,97 4,89 Suporte a gerentes e supervisores 4,69 0,245 3,77 4,56

Gestão ambiental atuante 4,69 0,258 3,82 4,78

Controla conformidade ambiental 4,15 0,412 3,91 4,89

Gestão Ambiental Externa

Exigência ambiental para compras 3,74 0,444 3,53 3,33

Cooperação com fornecedores 4,43 0,325 3,25 3,71

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Exige ISO 14001 dos fornecedores 2,59 0,717 3,18 4,00 Coopera produção limpa nos clientes 4,60 0,289 3,22 2,00

Eco-design

Produtos que reduzem consumo de material 3,97 0,421 3,86 3,33 Evita uso de materiais perigosos 4,67 0,308 3,79 4,17 Logística reversa no design do produto 3,89 0,421 3,35 2,80

Recuperação de Investimentos

Venda de sucatas e materiais usados 5,17 0,224 3,50 4,00

Fonte: Dados da pesquisa, Zhu e Sarkis (2004) e Zhu et al. (2010)

Na Tabela 4, é mostrado que os esforços da GSCM trouxeram melhorias de desempenho ambiental e econômico para as indústrias químicas brasileiras nos mesmos patamares das organizações japonesas, e superiores às organizações chinesas. Para o desempenho operacional, organizações japonesas ganharam melhorias de desempenho quando comparadas às empresas chinesas e às indústrias químicas brasileiras. Uma análise mais aprofundada revela que todos os meios de desempenho ambiental e econômico são mais de 4,67 para as organizações japonesas e de 4,31 para as brasileiras. Para as organizações chinesas, as maiores médias de desempenho ambiental e econômico são 3,82 e 3,28, respectivamente. Para a melhoria do desempenho operacional, para as organizações japonesas e chinesas é a promoção da qualidade do produto com 5,00 e 3,93 respectivamente, enquanto que para as brasileiras é o melhor uso dos recursos produtivos com 4,22.

Tabela 4 - Comparativo dos desempenhos GSCM

Desempenho GSCM Média Brasil Desvio Padrão Média China Média Japão Desempenho Ambiental

Reduziu poluentes nos 2 últimos anos 4,49 0,344 3,72 5,00 Reduziu uso água nos 2 últimos anos 4,31 0,389 3,70 4,67 Reduziu resíduos sólidos nos 2 últimos anos 4,40 0,358 3,57 4,78 Reduziu frequência de acidentes nos 2 últimos anos 4,60 0,375 3,82 4,89

Desempenho Econômico

Reduziu custo de energia nos 2 últimos anos 4,63 0,295 3,28 4,89 Diminuição da taxa de resíduos nos 2 últimos anos 4,34 0,354 2,99 4,78 Reduziu a descarga de resíduos nos 2 últimos anos 4,35 0,350 2,99 4,78

Desempenho Operacional

Diminui sucatas nos 2 últimos anos 4,04 0,396 3,48 4,62 Melhorou a qualidade nos 2 últimos anos 4,09 0,391 3,93 5,00 Melhorou uso dos recursos produtivos 2 últimos anos 4,22 0,391 3,78 4,78

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Em comparação com organizações japonesas, as empresas químicas brasileiras estão equiparadas e um pouco melhores do que as organizações chinesas, que estão defasadas para a maioria das práticas GSCM. No entanto, as organizações chinesas também têm implantado muitas práticas internas de gestão ambiental e, como foram pesquisadas primeiro, provavelmente, se realizada atualmente uma nova pesquisa com as empresas chinesas, as mesmas poderão apresentar resultados mais animadores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi o de conhecer como se processa as relações entre as dimensões da gestão da cadeia de suprimentos verde, o perfil ecológico e o desempenho das empresas do ramo químico brasileiro, e compará-las com as indústrias chinesas por meio do estudo de Zhu e Sarkis (2004) e com as organizações japonesas conforme a pesquisa de Zhu et al. (2010).

Para as empresas químicas brasileiras buscou-se responder a questão de pesquisa: As

melhorias de desempenho ambiental, econômico e operacional são alcançadas por meio da GSCM?

Notou-se que existe uma tendência de que a boa prática da GSCM pode gerar um bom

desempenho, que não é, necessariamente, somente o ambiental, o econômico ou o operacional, podendo ser todos ou uma combinação entre eles.

Pela pesquisa aqui realizada pode-se concluir que as empresas do ramo químico devem gerenciar a cadeia de suprimentos verde (ou ecológica) para além dos benefícios econômicos. As questões sociais e ambientais devem fazer parte de suas preocupações.

A pesquisa de Zhu e Sarquis (2006) sobre a indústria chinesa mostrou que os fabricantes chineses sofrem fortes pressões para implementar a GSCM, especialmente para aqueles que tentam estabelecer relacionamentos de longo prazo com os clientes estrangeiros, como a indústria automobilística, ou com empresas com altas pressões regulatórias, tais como usinas térmicas, ou, ainda, com indústrias de produtos de exportação, como eletrônica / indústria elétrica. Algumas empresas chinesas têm reconhecido a importância da GSCM e tentaram colocá-la em prática, mas a maioria delas não possuíam experiências, bem como as

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ferramentas necessárias e técnicas de gestão. A indústria de automóveis tem pressão mais forte que as demais para implementar GSCM, mas a prática é menor, o que também poderia ser ao contrário, já que esses drivers e pressões são importantes para esta indústria porque têm algumas práticas GSCM implantadas.

Com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), as empresas chinesas tendem a ter uma maior consciência ambiental, o que pode resultar em adoção das práticas GSCM mais rapidamente. Ao aprender com as experiências internacionais de empresas líderes nos países desenvolvidos, as empresas chinesas esperavam implementar melhor a GSCM e pensavam que seriam úteis para estabelecer relações de longo prazo com empresas estrangeiras na China e exportar mais produtos.

O estudo de Zhu et al. (2010) sobre as indústrias japonesas relata que os grandes fabricantes japoneses implementaram ativamente todos os itens dentro do conjunto de práticas de gestão ambiental interna. As empresas também implementaram compras verdes,

eco-design e investimentos em práticas para recuperação. Os esforços dos grandes fabricantes

japoneses trouxeram melhorias significativas de desempenho ambiental e econômico. As leis e as políticas japonesas sobre reutilização, reciclagem e recuperação são os principais motivadores e mecanismos para implementação das práticas de GSCM. No entanto, mesmo para esses grandes fabricantes japoneses, não há nenhuma extensão significativa ou exigências de suas experiências ambientais a seus fornecedores e clientes. Essa falta de cooperação externa e de difusão pode impedir seriamente melhorias de desempenho operacional para essas organizações em suas práticas de GSCM. Para incentivar a implementação da GSCM, o governo japonês introduziu conceitos como Responsabilidade Extendida do Produtor. Mais esforços por parte dos governos japoneses e empresas ainda são necessários para promover a implementação GSCM para fora dos limites do um fabricante e, assim, alcançar toda a cadeia de fornecimento de produtos.

Ainda segundo Zhu et al. (2010), uma implicação do estudo é que as experiências GSCM entre os grandes fabricantes japoneses podem ser disseminadas entre os fabricantes em países em desenvolvimento, como a China e o Brasil. Fabricantes chineses estavam na fase inicial de implementação GSCM e tomaram um caminho semelhante para a sua prática GSCM. Com a globalização, as empresas chinesas exportam seus produtos para os países desenvolvidos, especialmente para os países vizinhos, como o Japão. Ao mesmo tempo, um número crescente de empresas japonesas iniciou operações de fabricação na China. Sob tal

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situação, uma estratégia “ganha-ganha” pode existir entre as empresas japonesas e chinesas, especialmente para aquelas que operam nas mesmas cadeias de suprimentos industriais, por meio da implementação das muitas práticas de GSCM que ainda não tinham sido implantadas na China.

Apesar de as comparações aqui realizadas não serem dentro de um mesmo setor empresarial, para o caso brasileiro, setor químico; no caso chinês, setores automobilistico, geração térmica de energia e eletroeletrônico; e, no caso japonês, setores químico, petroquímico, eletromecânico, elétrico e uma alimentício, pode-se inferir também para o caso brasileiro a mesma implicação existente na interação entre os mercados chineses e japoneses, visto o grande interesse brasileiro pela exportação dos produtos nacionais.

Existem várias limitações e direcionamentos a investigações futuras para este estudo. Em primeiro lugar, como um estudo exploratório inicial, têm-se apenas empresas do segmento químico brasileiro no conjunto de dados, porém os resultados da pesquisa são consistentes e, assim, ela produziu resultados úteis. No entanto, é necessária uma pesquisa maior com um maior conjunto de respostas. Em segundo lugar, para realizar a estratégia “ganha-ganha”, mecanismos de difusão devem ser estudados. Além disso, os grandes fabricantes japoneses são pioneiros na prática ambiental e suas experiências na GSCM podem ser aprendidas por pequenos fabricantes japoneses, indústrias chinesas e indústrias químicas brasileiras. Terceiro, fabricantes japoneses obtiveram melhora econômica por meio da redução de custos. Com o reforço da cooperação com os clientes e fornecedores, pode-se aumentar o valor agregado por meio do marketing verde.

Recebido em julho de 2014. Aprovado em outubro de 2014.

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