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Avaliação histológica qualitativa dos efeitos do Sunitinib no tratamento de tumores induzidos em bolsa jugal de hamster sírio dourado

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Academic year: 2021

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Avaliação histológica qualitativa dos efeitos do Sunitinib no 

tratamento de tumores induzidos em bolsa jugal de hamster 

sírio dourado 

Mariana Oliveira de Oliveira 1 , Maria Antonieta Lopes de Souza 1 (orientador) 

Laboratório de Biologia Celular e Tecidual, FaBio, PUCRS 

Resumo 

Intr odução 

As  neoplasias  malignas  da  cavidade  bucal  representam  cerca  de  3  a  5%  de  todas  as  neoplasias  malignas.  O  carcinoma  espinocelular  é  o  mais  freqüente,  representando  cerca  de  90% dos tumores malignos da cavidade bucal. Sua causa é desconhecida, porém vários fatores  predisponentes têm sido indicados, sendo os mais importantes o uso de tabaco, álcool, cirrose  hepática,  exposição  solar,  deficiências  nutricionais,  agressões  dentárias  crônicas,  higiene  bucal precária, infecções virais, entre outras coisas.  Ocorre mais freqüentemente em homens  do que mulheres (2:1), com idade superior a 40 anos. 

Atualmente,  o  câncer  é  uma  das  causas  mais  comuns  de  morbidade  e  mortalidade,  onde  a  cada  ano,  no  mundo,  surgem  10  milhões  de  novos  casos  e  6  milhões  de  pessoas  morrem em decorrência dessa doença. 

O câncer bucal de células escamosas é o oitavo tipo de câncer mais comum no mundo.  Modelos de tumores animais que imitam muito proximamente o câncer bucal humano  são  importantes  para  elucidar  os  mecanismos  da  transformação  neoplásica  além  de  guiar  a  prevenção  química  efetiva.  O  câncer  bucal  de  células  escamosas  pode  ser  induzido  em  hamsters, e esse é um dos sistemas mais utilizados para analisar o desenvolvimento de câncer  oral de células escamosas. 

Malato  de  Sunitinib  (Sutent®)  é  um  antiangiogênico  e  antitumoral,  de  uso  oral.  Sendo  utilizado  em  humanos,  principalmente  em  casos  de  câncer  renal,  está  ligado  ao  crescimento e formação de metástases. Também tem mostrado atividade antitumoral potente  em modelos animais.

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Estudos  de  farmacocinética  mostram  que  o  Sunitinib,  sendo  de  uso  oral,  é  bem  absorvido e a sua biodisponibilidade não é afetada pela alimentação. 

Os  níveis  plasmáticos  de  Sunitinib  atingem  o  seu  pico  entre  6  e  12  horas  após dose  única via oral, e a farmacocinética é linear em doses de 50 a 100mg/dia (Sakamoto, 2004). 

Em  estudos  de  determinação  de  planos  de  tratamento  para  humanos,  ficou  sugerida  como máxima dose tolerada a dose de 50mg/dia e o cronograma preferido foi de 4/2 (quatro  semanas de tratamento e duas de intervalo). 

O Sunitinib tem sido bem tolerado e tem um perfil consistente e previsível. Os efeitos  adversos mais comuns tem sido fadiga, diarréia, náusea, vômito e anorexia. 

Objetivos 

Produzir  câncer  de  células  escamosas  em  bolsa  jugal  de  hamster  com  55  dias  de  exposição ao DMBA, seguindo o protocolo de Oliveira (2008). 

Verificar  a  ação  do  Malato  de  Sunitinib  (Sutent®)  em  câncer  bucal  de  células  escamosas induzido em bolsa jugal de hamster sírio dourado. 

Analisar  os  aspectos  histológicos  entre  os  grupos  tratados  e  não  tratados  com  o  fármaco. 

Mater iais e Métodos 

Este estudo foi realizado no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual da Faculdade  de Biociências da PUCRS. 

O  presente  protocolo de  pesquisa foi submetido à  análise  do  Comitê  de  Ética  para  o  uso de animais (CEUA) da PUCRS e aprovado segundo o protocolo número 10/00171. Todos  os procedimentos envolvendo manuseio, anestesia, analgesia e eutanásia dos animais estão de  acordo com as regulamentações do Conselho Federal de Medicina Veterinária e a Lei 11.794  de 8 de setembro de 2008 sobre uso científico de animais (Lei Arouca). 

Os  hamsters foram mantidos em duplas,  em caixas com maravalha  autoclavadas três  vezes por semana. A manipulação era realizada sempre no mesmo horário, diariamente, a fim  de  diminuir  o  estresse  dos  animais.  A  entrada  de  pessoas  era  restrita  aos  que  realizavam  a  manipulação e também havia controle de iluminação e temperatura, com a mesma finalidade.  Os  animais  eram  alimentados  de  forma  padronizada  e  recebiam  os  mesmos  objetos  para  entretenimento. 

Foram  utilizados  44  hamsters  sírios  dourados,  divididos  em  6  grupos,  conforme  descrito na tabela 1.

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Os animais dos grupos 5 e 6, que eram submetidos à indução tumoral, foram expostos  ao agente  carcinógeno, DMBA (Sigma), 3 vezes por semana. Para tanto, as bolsas jugais do  lado direito dos animais eram pinceladas com DMBA 1% diluído em acetona, com pincel de  pelo de marta.  O peróxido de carbamida (agente clareador dentário) era aplicado nos grupos 3, 4, 5 e  6, duas vezes por semana, com a própria ponta da seringa aplicadora, também apenas na bolsa  direita. 

As  bolsas  jugais  do  lado  direito  dos  grupos  2  e  4  eram  pinceladas  apenas  com  o  veículo do DMBA (acetona), três vezes por semana.  O tratamento foi realizado com Malato de Sunitinib (Sutent®), nos animais do grupo  6, com duração de quatros semanas.  Divisão dos grupos:  Grupos  1  Controle (n=4)  55 dias (Sem manipulação e sem tratamento)  2  Manipulação com aplicação de acetona (n=4)  55 dias (Acetona)  3  Manipulação com aplicação de clareador (n=6)  55 dias (peróxido de carbamida 10%)  4  Manipulação com aplicação de acetona e clareador (n=6)  55 dias (Acetona e Clareador)  5  Indução de câncer com DMBA sem tratamento (n=12)  55 dias (Clareador + Acetona + DMBA)  6  Indução de câncer com DMBA e tratamento (n=12)  55 dias (Clareador + Acetona + DMBA) + 30 dias (Sunitinib)  Tabela 1 

Até  o  momento  não  existem  protocolos  descritos  de  utilização  de  Sunitinib  para  hamsters, por isso a dose utilizada em nosso trabalho foi de 40mg/kg/dia por animal de acordo  com protocolo previamente descrito por Tugues em 2007, para rato, com efeito farmacológico  significativo. 

Durante o tratamento, os animais eram pesados semanalmente e a dose era recalculada  a  cada  modificação  da  média  dos  pesos.  A  diluição  do  medicamento  era  realizada  no

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momento  da  gavagem,  sendo  as  cápsulas  de  25mg  misturadas  com  água  destilada  em  um  agitador magnético e imediatamente utilizada. 

O  tempo  de  tratamento  foi  de  4  semanas,  de  acordo  com  protocolo  semelhante  ao  utilizado nas fases iniciais do tratamento com humanos. 

Após  os  tratamentos,  os  animais  foram  eutanasiados  com  injeção  intraperitoneal  de  100mg/kg  de  pentobarbital  sódico,  sendo  submetidos  à  toracotomia  e  incisão  cirúrgica  do  ventrículo esquerdo, onde foi colocada uma cânula para perfusão transcardíaca de 150 ml de  solução salina,  seguida de 150 ml de  solução de paraformaldeído 4% e  glutaraldeído 0,25%  dissolvidos em tampão fosfato 0,1M pH 7,4. 

As  bolsas  jugais  foram  cirurgicamente  retiradas,  pós  fixadas  na  mesma  solução,  seccionadas  macroscopicamente,  medidas  e  emblocadas  em  parafina,  seccionadas  em  micrótomo  com  espessura  de  10  micrometros  e  coradas  com  hematoxilina  e  eosina  para  posterior observação histológica. 

Resultados 

Previamente  à  aprovação  do  CEUA,  foi  realizada  uma  análise  histológica  de  bolsas  jugais  normais  pertencentes  ao  laminário  do  Laboratório  de  Biologia  Celular  e  Tecidual  da  PUCRS,  o que  nos  serviu  de parâmetro para  as  conclusões  observadas  nos  cortes  obtidos  a  partir de nosso experimento. 

No  estudo  histológico  prévio  foi  observado  que  nas  bolsas  jugais  não  expostas  ao  carcinógeno,  o  epitélio  tem  aspecto  normal,  sem  hiperplasias,  com  suas  camadas  bem  delimitadas  e  uma  discreta  camada  de  queratina.  O  tecido  conjuntivo  apresenta­se  íntegro,  sem infiltrado inflamatório e sem hiperplasia vascular. 

Na  verificação das lâminas produzidas pelo nosso experimento,  foi possível observar  as  alterações  causadas  pela  indução  tumoral  nas  lâmias  expostas  ao  carcinógeno  (DMBA),  quando comparadas aos demais grupos. 

As  células  malignas  mostram  alterações  bioquímicas,  morfológicas  e  funcionais  variadas  que  lhes  conferem  propriedades  importantes.  Como  a  taxa  de  multiplicação  das  células  malignas  é  elevada  (índice  mitótico  alto),  o  câncer  usualmente  tem  crescimento  rápido.  O  mesmo  não  acontece  com  o  estroma  e  os  vasos  sanguíneos,  que  se  desenvolvem  mais lentamente, resultando em degenerações, necroses, hemorragias e ulcerações freqüentes. 

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arquiteturais  ou  histológicas,  pois  as  células  neoplásicas  não  se  organizam  segundo  a  orientação própria do tecido normal. 

Os  aspectos  histológicos  verificados  na  análise  histológica  produzida  por  nosso  experimento obteve os seguintes resultados: 

Gr upos: 1 – Contr ole; 2 – Acetona; 3 – Clar eador ; e 4 – Acetona e clar eador :  Apresentaram o mesmo aspecto microscópico, evidenciando um epitélio estratificado  de poucas camadas, com a camada de queratina com aproximadamente a mesma espessura do  epitélio. A mesma quantidade de tecido conjuntivo, com a Proporção de 1/3. 

A  camada  granulosa  do  epitélio  se  apresenta  bem  nítida.  O  tecido  conjuntivo  tem  aspecto  normal,  sem  infiltrado  linfo­plasmocitário  e  com  o  número  de  vasos  sanguíneos  dentro da normalidade. 

Abaixo  do  tecido  conjuntivo,  verifica­se  uma  camada  de  tecido  muscular  estriado  esquelético  cortada  transversalmente,  que  corre  paralelo  a  extensão  da  bolsa,  só  na  porção  distal da mesma, representando a musculatura distensível da bolsa jugal do hamster. 

Podem ser observadas células adiposas dispostas normalmente no campo.  Gr upo 5 – DMBA: 

Epitélio  estratificado  pavimentoso  queratinizado,  imagens  de  células  epiteliais  com  alteração de núcleos, parecendo birrefringentes. Alteração localizada do tecido epitelial, com  discreto espessamento.  Em algumas regiões,  há  um adelgaçamento do epitélio,  com aspecto  similar à quando está prestes a formar uma úlcera. 

O  tecido  conjuntivo,  em algumas regiões,  aparece  basófilo  e  tumefeito,  com  aspecto  parecido com tecido mucoso. Há um maior número de núcleos no tecido conjuntivo e menor  número de fibras (edema). 

Há  também,  um  aumento  do  número  de  vasos,  com  presença  de  vasos  grandes  e  neoformação vascular. Pode­se observar hemorragia em alguns locais, assim como infiltrado  linfo­plasmocitário. 

Pode­se visualizar degeneração hidrópica pontual no tecido conjuntivo.  Gr upo 6 – DMBA + Sunitinib: 

Nesse grupo, verificamos a grande maioria dos núcleos em tamanho normal. 

O epitélio em  sua  maior extensão apresenta  aparência  normal,  em alguns locais  com  modificações nos núcleos. Discreto espessamento do epitélio em determinadas regiões.

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Em  algumas  lãminas  é  possível  visualizar  hiperemia,  infiltrado  linfo­plasmocitário,  hemorragia,  hiperplasia  epitelial,  aumento  do  numero  de  vasos  sanguíneos,  assim  como  presença de poucos vasos calibrosos localizados. 

Discussão 

Talvez  em  análise  quantitativa,  possamos  precisar  de  forma  mais  correta,  a  diferenciação  entre  os  tecidos  com  indução  tumoral  apenas  e  os  que  receberam  tratamento  com o fármaco apresentado.

Referências

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