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VALORAÇÃO AMBIENTAL: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE NAS PRAIAS DA CIDADE DE PALMAS/TO.

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Marcus Vinicius Alves Finco (primeiro autor)

MSc. em Desenvolvimento Rural (UFRGS). Docente da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e pesquisador do Instituto Ecológica (IE – Palmas/TO).

CPF: 945308310-00

End: 501 sul, conjunto 01, lote 07, casa 04. CEP:77.000-000. Palmas/TO Email: finco@uft.edu.br.

Tel: (63) 8405 7552

Waldecy Rodrigues

Dr. em Ciências Sócias (UnB). Docente da Universidade Federal do Tocantins (UFT). CPF:500288981-68

End: 110 norte, alameda 5, lote 38 Email: waldecy@terra.com.br. Tel: (63) 8405 7553

Silvia Cecília Secato Rodrigues

Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins (UFT). CPF: 006341069-96

End: 108 sul, alameda 06, lote 20 Email: silvia_csr@yahoo.com.br

Tel: (63) 9997 3947

Gislane Ferreira Barbosa.

Acadêmica do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Tocantins (UFT). CPF: 994961351-53

End: 504 sul, alameda 12, lote 27 Email: gislaneb@bol.com.br

Tel: (63) 9979 3647

Eneida Carvalho de Souza

Acadêmica do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Tocantins (UFT). CPF: 978362901-82

End: 806 sul, alameda 05, lote 16 Emai: eneidacarvalho@uol.com.br

Tel: (63) 214 4779

Grupo de pesquisa 6: Agricultura e meio ambiente

Forma de apresentação: Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor

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VALORAÇÃO AMBIENTAL: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE NAS PRAIAS DA CIDADE DE PALMAS/TO.

RESUMO

O presente trabalho mostra a utilização de um método de valoração econômica como ferramenta para a preservação/conservação dos bens e serviços gerados por recursos naturais. O estudo utiliza o método de valoração contingente como meio de captar o valor de uso gerado pelas Praias da Graciosa e do Prata, ambas situadas na cidade de Palmas, estado do Tocantins. Com a coleta de dados realizada através de questionário específico, a disposição a pagar (DAP) pela preservação das amenidades ambientais foram estimadas e, com elas, os valores de uso das praias. Os resultados empíricos mostraram que a disposição a pagar dos turistas pela preservação ambiental é positivamente correlacionada com o nível de renda e negativamente correlacionada com o grau de escolaridade dos mesmos. Os valores de uso estimados foram de R$ 474.000,00 e R$ 691.333,00 por mês, no agregado, para as Praias da Graciosa e do Prata, respectivamente, mostrando que a incorporação do valor de uso pode ser significativo na valoração econômica de bens e serviços gerados pelos recursos naturais e ambientais.

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VALORAÇÃO AMBIENTAL: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE NAS PRAIAS DA CIDADE DE PALMAS/TO.

1. Introdução

Os recursos naturais e ambientais geram diversos bens e serviços que são refletidos, sobretudo, no bem-estar geral dos indivíduos. Alguns desses benefícios podem ser valorados com certa facilidade por estarem relacionados de alguma forma com o sistema de mercado (produção de alimentos, minérios, por exemplo). Porém, outros bens e serviços gerados pelo meio ambiente, como recreação/turismo, por não possuírem preços de mercado, são extremamente difíceis de serem mensurados monetariamente através da teoria econômica “tradicional” (Pearce, 1993).

A dificuldade encontrada em valorar monetariamente alguns benefícios gerados pelo meio ambiente advém do fato dos recursos naturais serem considerados bens públicos e apresentarem algumas características como o de serem recursos comuns, de livre acesso e de direitos de propriedade não definidos (Randall, 1987). Várias dessas características fazem com que o mercado deixe de ser eficiente e comece a operar com falhas. Nos casos em que é possível estabelecer o preço de mercado para as amenidades ambientais, este geralmente é menor do que o preço considerado eficiente, fazendo com que haja uma sobreexploração do recurso natural e, conseqüentemente, sua exaustão.

Com a ausência de um mercado real que serve de parâmetro, o estabelecimento de um preço ou de um valor monetário para esses benefícios fica prejudicado, e uma das soluções utilizadas para suprir essa dificuldade é a implantação de métodos de valoração ambiental, que captam e atribuem valores para os bens e serviços gerados pelo meio ambiente. No caso de atividades recreacionais e turísticas como a praia, por exemplo, isto pode ser feito via estimativa da função de disposição a pagar (DAP) dos usuários/turistas pela preservação/conservação desses benefícios.

Assim sendo, estudos sobre a demanda por turismo incorrem no conhecimento do perfil dos usuários da amenidade ambiental, bem como dos seus respectivos níveis de bem-estar com os bens e serviços providos por essa amenidade, o que torna possível uma realocação de recursos, visando a otimização na oferta e utilização dos mesmos. Tal conhecimento, além de contribuir para o planejamento de atividades turísticas, serve também para estimar os benefícios e/ou malefícios derivados da utilização do meio ambiente (FINCO E ABDALLAH, 2002).

Desse modo, é de extrema importância que os valores (uso, opção e de não-uso) dos recursos naturais sejam estimados, tornando possível fornecer aos órgãos competentes e aos tomadores de decisão (decision makers) instrumentos que sirvam como base para a implantação de políticas de conservação/preservação dos recursos naturais e ambientais. O valor estimado dos recursos naturais pode servir como parâmetro para a determinação do valor de taxas e/ou multas por danos ambientais causados ao meio ambiente, caso venham a acontecer.

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1.1 Relevância do estudo

A cidade de Palmas foi planejada e fundada em 20 de maio de 1989 para ser a capital do Estado do Tocantins, situado na região Norte do Brasil. A cidade esta situada entre as serras do Carmo e Lajeado, e a margem direita do rio Tocantins que, atualmente, corresponde à margem do lago da Usina Hidrelétrica (UHE) Luis Eduardo Magalhães.

No contexto da realidade atual da cidade de Palmas, muitas são as alternativas econômicas que apresentam capacidade de compartilhar desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Apesar da inquestionável magnitude de seus atrativos naturais e culturais e de possuir 320m² de área verde por habitante, Palmas recebe hoje uma parcela mínima do fluxo nacional de turistas, o qual corresponde a um montante superior a 41 milhões de viajantes (AMATUR, 2002).

Dentre os muitos atrativos turísticos da cidade de Palmas, as praias localizadas as

margens do lago da UHE Luis Eduardo Magalhães são de grande importância - econômica e ambiental - por estarem situadas dentro do plano diretor da cidade, e por apresentarem fácil acesso de visitação. As praias propiciam diversas opções de lazer para a prática de esportes náuticos, competições de canoagem, wind surf, mergulho, jet ski e pesca esportiva. Além disso, pode-se admirar a paisagem sobrevoando o lago ou mesmo fazendo um passeio de barco. Na primeira opção, além de se observar a magnitude do lago, é possível localizar, também, ilhas artificiais formadas por grandes bancos de areia. Futuramente, essas ilhas servirão como grandes balneários com atracadouros, área de camping e restaurantes.

Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo valorar ambientalmente as praias da Graciosa e do Prata - ambas localizadas no município de Palmas -, a fim de fornecer instrumentos e subsídios a formulação de políticas publicas de fomento a atividade turística, como forma de gerar emprego e renda concomitantemente a preservação do meio ambiente local.

2. Metodologia

Devido ao notável incremento no estudo e, principalmente, na literatura específica sobre valoração ambiental, vê-se que, atualmente, são muitos os métodos possíveis de serem utilizados visando a obtenção de objetivos similares. Contudo, a escolha do método a ser utilizado em cada estudo dependerá, sobretudo, de uma análise minuciosa do que pretende-se avaliar, e do bom senso do pesquisador (FINCO E ABDALLAH, 2002). Como o objetivo do presente estudo é a estimativa do valor de uso de uma área de praias, optou-se por utilizar o método de valoração contingente, por ser um método apropriado na captação desse tipo de valor.

Após a definição do método e da parcela de valor a ser estimado – valor de uso – optou-se pela disposição a pagar (DAP) como ferramenta de medida de valoração, em detrimento da disposição a aceitar (DAA) devido, sobretudo, às críticas inferidas a confiabilidade das estimativas de DAA (Tisdell, 1991; Pearce, 1993; Kula, 1994).

Para o presente estudo, foram aplicados questionários testes por uma semana – primeira semana de novembro de 2004 – na Praia da Graciosa e do Prata, respectivamente, de modo a testar a confiabilidade dos mesmos. Após os testes, os questionários foram aplicados

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durante o período que compreende os dias 15 e 20 de novembro de 2004 (baixa temporada) na Praia da Graciosa e do Prata, resultando em uma amostra de 186 indivíduos entrevistados (93 indivíduos na Praia da Graciosa e 93 na Praia do Prata).

Os questionários consistem de questões que objetivam a coleta de variáveis sócio-econômicas dos indivíduos amostrados, bem como de opiniões pessoais sobre os bens e serviços providos pelas praias. Optou-se por utilizar a forma aberta de eliciação (open ended

questions) - onde o entrevistado declara sua máxima disposição a pagar pela

preservação/conservação das praias -, e estratificar os intervalos de disposições a pagar em séries que variavam de R$0,01 a R$50,00 mensais1.

Numa segunda etapa, após coletados os dados, estes foram elaborados e organizados, para que fossem analisados e dessem início ao processo de especificação das variáveis e do modelo respectivo ao método de valoração ambiental.

E, para finalizar, numa terceira etapa, foram estimadas regressões a fim de avaliar o grau de participação das variáveis independentes na formação do valor econômico das Praias da Graciosa e do Prata.

O modelo econométrico adotado foi o seguinte:

DAP = a0 + a1Ri + a2Ii + a3S.i + a4Ei + e (01)

Onde:

DAP = disposição a pagar pelos serviços gerados pelo recurso natural em questão; Ri = nível de renda dos indivíduos;

Ii = idade dos indivíduos;

Si = sexo dos indivíduos;

Ei = grau de escolaridade dos indivíduos;

e = erro

2.1 Estimativa do valor de uso das Praias da Graciosa e do Prata

Segundo Seroa da Motta (1998), a estimativa do valor de uso (DAPT) de uma área recreacional - realizada através da forma aberta de eliciação - pode ser obtida multiplicando-se a disposição a pagar média (DAPMi) pela população encontrada na área recreacional no

período da pesquisa. Essa proporção é calculada baseada na percentagem de entrevistados que se mostraram dispostos a pagar uma quantia dentro do intervalo i correspondente a DAPMi.

Com base nisso, a forma funcional descrita por Eutrirak & Grandstaff (apud Seroa da Motta, op. cit) foi assumida no presente estudo, a fim de obter o valor de uso das Praias da Graciosa e do Prata, a saber:

1

Para que houvesse aleatoriedade, homogeneidade e representatividade de amostragem dos usuários da praia, os questionários foram aplicados em intervalos de três minutos de caminhada, excluindo menores de idade ou indivíduos que mostrassem não estarem aptos ou não quisessem responder o questionário.

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DAPT = ( / )( ) (02) 1 X N ni i DAPM y i

= Onde:

DAPM = disposição a pagar média;

ni = número de entrevistados dispostos a pagar DAPM; N = número total de pessoas entrevistadas;

y = número de intervalos relativos às respostas quanto a DAP; i = um dos intervalos relativos às respostas quanto a DAP;

X = número de habitantes estimado na área recreacional durante o período em estudo.

3. Resultados e discussão

3.1 Estimativa da função de disposição a pagar pela preservação ambiental das Praias da Graciosa e do Prata

Devido à falta de determinação, por parte da literatura específica, da forma funcional e das variáveis exógenas que devem ser utilizadas em trabalhos e estudos sobre demanda por recreação, optou-se por formular modelos econométricos nas seguintes formas funcionais: linear, logarítmica na variável dependente, logarítmica nas variáveis independentes e logarítmica nas variáveis exógenas e endógena. Em seguida, os métodos foram analisados para que fosse escolhida a forma que melhor se adequasse aos objetivos propostos.

O método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) foi utilizado para estimar os modelos de equação de disposição a pagar. Como a comparação de modelos com variáveis distintas não pode ser feita pelos R2, essa comparação foi feita através do nível de significância dos parâmetros, isto é, através do teste “t” de Student, onde o modelo que apresentar o maior número de variáveis significativas, a um dado nível de significância, é escolhido.

O teste de variance inflation factors (VIF)2 foi aplicado sobre os modelos, visando confirmar se havia ou não multicolinearidade elevada, isto é, se havia valores superiores ou iguais a 5. Considerando-se que os valores ficaram abaixo de 5, constatou-se que não havia multicolinearidade nos modelos escolhidos.

Dessa forma, com base em todo o processo anteriormente descrito, foi escolhida a forma funcional que apresentou o melhor ajuste. No presente estudo, a forma logarítmica nas variáveis exógenas e endógena foi escolhida por apresentar os resultados mais significativos, tanto na Praia da Graciosa quanto na Praia do Prata.

Os resultados obtidos podem ser vistos a seguir:

2

A variance inflation factors para uma variável independente Xi pode ser calculada pela seguinte fórmula:

VIFi = 1/(1 – R2i)

Onde: R2i é o coeficiente de determinação que é obtido quando é feita uma regressão da variável Xi contra todas

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Tabela 01: Estimativa dos parâmetros da função de disposição a pagar pela preservação/conservação dos bens e serviços gerados pela Praia da Graciosa, nov – 2004, forma logarítmica nas variáveis exógenas e endógena

Variáveis explicativas Coeficientes de regressão Teste “t” de Student

Constante -0,86221*** -1,68 Renda 0,29739* 3,20 Idade 0,84130* 2,47 Sexo -0,0538NS -0,68 Escolaridade -0,24754NS -0,89 Coeficiente de determinação (R2) 0,21 Valor da estatística F (6,227) 4,93*

Fonte: Resultados da pesquisa (2005). Nível de significância: * significativo a 1% *** significativo a 10%

NS não significativo

Tabela 02: Estimativa dos parâmetros da função de disposição a pagar pela preservação/conservação dos bens e serviços gerados pela Praia do Prata, nov – 2004, forma logarítmica nas variáveis exógenas e endógena

Variáveis explicativas Coeficientes de regressão Teste “t” de Student

Constante -0.44959NS -0,67 Renda 0,26719** 2,12 Idade 0,55232*** 1,56 Sexo 0,08816NS 0,95 Escolaridade -0,12907NS -0,56 Coeficiente de determinação (R2) 0,14 Valor da estatística F (6,227) 2,22**

Fonte: Resultados da pesquisa (2005). Nível de significância: * significativo a 1% ** significativo a 5%

*** significativo a 10% NS não significativo

Com base nos resultados, constatou-se que em algumas formas funcionais houve um grande número de variáveis explicativas significativas. Os valores dos coeficientes de determinação (R2) encontrados foram baixos, em todos os modelos. No entanto, era de se esperar tal situação, visto a enorme variação existente em dados cross-section.

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Com isso, a função disposição a pagar pela preservação/conservação dos bens e serviços gerados pela Praia da Graciosa e pela Praia do Prata foram expressas da seguinte forma, respectivamente:

Modelo log-log

lnDAP = -0,86221 + 0,29737 ln Ri + 0,84130ln Ii – 0,0538 Si – 0,24754ln Ei (03)

lnDAP = -0,44959 + 0,26719 ln Ri +0,55232ln Ii + 0,08816 Si – 0,12907ln Ei (04)

Analisando o comportamento das variáveis explicativas nos modelos escolhidos, constatou-se que o mesmo apresentou variáveis com influência significativa sobre a disposição a pagar dos turistas, exceto a variável sexo e escolaridade (para a Praia da Graciosa – equação 3) e sexo, escolaridade e a constante (para a Praia do Prata – equação 4).

O coeficiente da variável idade apresentou sinal que não está de acordo com o assumido no presente estudo, tanto para as Praias da Graciosa quanto para a do Prata3. Uma das explicações para esse fato é a extrema dificuldade em captar, separadamente, o valor de uso, do valor de opção (option value), e o valor de herança (bequest value), fazendo com que o resultado seja, de alguma forma, viesado.

A variável escolaridade não foi significativa nos modelos escolhidos, e o sinal do coeficiente de regressão a ela associada também não está de acordo com a teoria econômica, isto é, no presente estudo constatou-se que quanto maior o grau de escolaridade do turista menor a sua disposição a pagar pela conservação da amenidade ambiental, sinalizando que os turistas mais instruídos estariam, a priori, menos preocupados com a preservação das amenidades ambientais.

Quanto a variável renda, esperava-se que quanto maior a renda dos turistas, maior seria a disposição a pagar pelos serviços ambientais. Realmente essa hipótese foi confirmada, tanto pelo sinal positivo dos coeficientes, como pela sua significância.

Como a forma funcional escolhida foi a forma logarítmica nas variáveis exógenas e endógena – em ambos os modelos -, o coeficiente elasticidade-renda pode ser descrito como sendo 0,29 para a Praia da Graciosa e de 0,26 para a Praia do Prata, ou seja, um incremento de 10% na renda do turista, aumentará em 2,9% e 2,6% a disposição a pagar pela conservação/preservação dos bens e serviços gerados pela Praia da Graciosa e do Prata, respectivamente (ceteris paribus).

Tais resultados encontrados sinalizam para uma inelasticidade-renda, tanto na Praia da Graciosa como na Praia do Prata, mostrando uma tendência já diagnosticada em outras praias do Brasil, como o encontrado na Praia do Cassino/RS por Finco e Abdallah (2002), que foi de 0,34.

3

Assumiu-se no trabalho que pessoas com mais idade estariam menos dispostas a pagar pela preservação do atributo ambiental, para utilização no presente e para possível utilização futura.

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3.2 Valor de uso da Praia da Graciosa e da Praia do Prata

No sentido de calcular o valor de uso de um atrativo turístico como a praia, por exemplo, fez-se necessário calcular a disposição a pagar total (DAPT) através da média das disposições a pagar individuais (DAPi).

Na Praia da Graciosa, dos 93 questionários amostrados, 79 apresentaram resposta positiva quanto à disposição a pagar pela preservação/conservação dos bens e serviços gerados pela praia, e 14 apresentaram resposta negativa, isto é, não se dispuseram a pagar pela preservação da amenidade ambiental, conforme pode ser visto na tabela (03).

Tabela 03: Intervalo das séries de disposição a pagar, média das DAP, número de pessoas entrevistadas e população total da Praia da Graciosa na baixa temporada (nov/2004)

Intervalo (R$/mês) Média (DAP/ni) Pessoas (ni) % (ni/N) População total*

(1) 0,00 0,00 14 15,1

(2) 0,01 – 5,00 3,7 35 37,6

(3) 5,01 – 25,00 12,1 42 45,1

(4) 25,01 – 50,00 40,0 2 2,2

TOTAL 93 100 10.000

Fonte: Resultados da pesquisa

*população estimada para a Praia da Graciosa durante a baixa temporada (nov/2004)

Já na Praia do Prata, dos 93 questionários amostrados, 61 apresentaram resposta positiva quanto à disposição a pagar pela preservação/conservação dos bens e serviços gerados pela praia, e 32 apresentaram resposta negativa, isto é, não se dispuseram a pagar pela preservação da amenidade ambiental, conforme tabela (04).

Tabela 04: Intervalo das séries de disposição a pagar, média das DAP, número de pessoas entrevistadas e população total da Praia do Prata na baixa temporada (nov/2004)

Intervalo (R$/mês) Média (DAP/ni) Pessoas (ni) % (ni/N) População total*

(1) 0,00 0,00 32 34,4

(2) 0,01 – 5,00 4,5 19 20,4

(3) 5,01 – 25,00 11,6 36 38,7

(4) 25,01 – 50,00 36,6 6 6,5

TOTAL 93 100 20.000

Fonte: Resultados da pesquisa

*população estimada para a Praia do Prata durante a baixa temporada (nov/2004)

Portanto, conforme a equação (02) utilizada para o cálculo da estimativa do valor de uso das Praias da Graciosa e do Prata, tem-se que:

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DAPT = ( / )( ) (05) 4 1 população N ni i DAPM i

=

Com base na equação acima, o valor de uso da Praia da Graciosa foi estimado em R$ 474.000,00, por mês, no agregado. Já o valor de uso da Praia do Prata foi estimado em R$ 691.333,00 por mês, no agregado. Os valores de uso encontrados no presente estudo são um pouco menores dos encontrados por Finco e Abdallah (2002) para a Praia do Cassino/RS, que foram da ordem de R$ 711.282,00 por mês, no agregado.

Porém, os valores de uso encontrados para as amenidades ambientais pode estar de certa forma relacionado com o valor de opção. Uma forma de evitar essa relação entre os diferentes valores econômicos do recurso seria aplicar o questionário em indivíduos que, no presente, não utilizam o recurso mas que apresentam vontade de utilizá-lo no futuro.

Um pequeno viés estratégico foi notado nas respostas de DAP dos entrevistados. Uma forma de reduzir ou eliminar esse tipo de viés seria aplicar o questionário sob a forma de eliciação de jogos de oferta (bidding games), ou sob a forma de referendo (dichotomous

choice).

Quanto aos outros possíveis vieses dos valores estimados, esses foram, a priori, descartados, visto que a pesquisa foi realizada por pesquisadores capacitados minimizando, dessa forma, o efeito das limitações pertinentes ao método de valoração contingente.

Devido ao significativo valor encontrado – cerca de meio milhão de reais para a Praia da Graciosa e mais de meio milhão para a Praia do Prata – a incorporação do valor de uso pode ser significativo na valoração econômica de bens e serviços gerados pelos recursos naturais e ambientais, como as Praias da Graciosa e do Prata, por exemplo.

4. Conclusões

Analisando os resultados, verificou-se que um número expressivo de variáveis explicativas não foi significativa, bem como os valores dos coeficientes de determinação (R2) em todos os modelos propostos foram baixos. Isso se deve ao fato de serem dados

cross-section, e já era de se esperar que ocorresse, visto que há uma enorme variação em dados

dessa natureza.

O valores de uso estimados para as Praias da Graciosa e do Prata foram de R$ 474.000,00 e R$ 691.333,00, respectivamente, por mês, no agregado. Como a forma de eliciação escolhida para a aplicação de questionário foi a forma aberta (open ended questions), o resultado estimado pelo método de valoração contingente pode ser tendencioso (viés estratégico). Porém, a priori, qualquer outro tipo de viés está descartado, visto que o questionário foi aplicado por pessoas treinadas, justamente a fim de que as limitações do método fossem minimizadas.

O coeficiente de elasticidade-renda calculado na função de disposição a pagar pode ser considerado inelástico, já que um aumento de 10% na renda dos turistas (ceteris paribus) gera um incremento de 2,9% na disposição a pagar pela conservação/preservação dos bens e serviços gerados pela Praia da Graciosa, e de 2,6% para a Praia do Prata.

Sabendo-se que o valor econômico total de um recurso natural é composto pelo valor de uso, valor de opção e pelo valor de não-uso, os benefícios gerados pelas Praias da Graciosa

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e do Prata não podem ser estimados na sua totalidade pelo presente estudo. Porém, é de extrema importância e relevância que trabalhos como esse sejam desenvolvidos a fim de estimar o valor econômico dos recursos naturais e, com isso, atingir a condição de sustentabilidade na utilização/consumo dos mesmos. A sobreexploração do recurso tem como conseqüência a degradação da qualidade dos serviços gerados pelo meio ambiente, e a queda do nível de bem-estar dos indivíduos envolvidos.

Como esse trabalho foi executado com dados coletados no período de baixa temporada (novembro de 2004), a equação de disposição a pagar não pode ser projetada para outros períodos do ano, sobretudo, para a alta temporada (meses de julho a setembro), visto que estas estimativas podem ser subestimadas. Com isso, sugere-se que estudos sejam feitos durante diferentes períodos do ano a fim de obter conhecimento sobre a demanda em cada período, bem como estimar o valor econômico total para o recurso natural em questão.

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