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INTRODUZINDO FÍSICA PARA CRIANÇAS EM IDADE PRÉ- ESCOLAR (3 A 6 ANOS).

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Academic year: 2021

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INTRODUZINDO FÍSICA PARA CRIANÇAS EM IDADE

PRÉ-ESCOLAR (3 A 6 ANOS).

Otávio Augusto Souza Espindola1, Denise Fernandes de Mello2, Pablo

Venegas3

1

Unesp – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”- Campus de Bauru/Faculdade de Ciências/Departamento de Física, otavioespindola@gmail.com

2

Unesp – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”- Campus de Bauru/Faculdade de Ciências/Departamento de Física, dfmello@fc.unesp.br

3

Unesp – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”- Campus de Bauru /Faculdade de Ciências/Departamento de Física, venegas@fc.unesp.br

Resumo

A realização deste trabalho tem como principal motivação o incentivo à alfabetização científica de crianças em idade pré -escolar, que mostram já nesta fase, um grande interesse sobre fenômenos naturais. Foi feito um levantamento com professores e alunos de diferentes instituições de Ensino Infantil, tanto da rede pública como da rede particular, para identificarmos quais são as principais perguntas que são fe itas pelas crianças e que possuem alguma forma de conhecimento físico envolvida para podermos explorar. Para cada tema que as crianças demonstram interesse, propomos uma série de três atividades lúdicas que procura explicitar o fênomeno físico em questão e, através de questionamentos realizados pelo professor, estimular a formulação de hipóteses feitas pelas próprias crianças, ao invés de fornecer respostas prontas. Após a realização das atividades, discussões em grupo são conduzidas pelo professor, confrontando as hipóteses e possibilitando uma compreensão mais próxima do saber científico. Neste trabalho em particular, apresentamos uma série de três atividades que elaboramos, tendo como tema principal o atrito, e que realizamos com crianças com idade entre 3 e 6 anos. Os resultados desta metodologia nos mostraram que as crianças envolvidas conseguiram atingir um certo grau de generalização sobre o tema, ainda que simples, compatível com a idade, demonstrado através de propostas de brincadeiras novas envolvendo o mesmo tema, e discussões feitas pelas mesmas sobre situações relacionadas, vivenciadas por elas no dia a dia. Esperamos assim conseguir contribuir para o desenvolvimento do conhecimento físico e despertar o interesse das crianças pela area de ciências de maneira geral.

Palavras-chave : conhecimento físico, crianças, idade pré-escolar Introdução

Crianças em idade pré -escolar (3 a 6 anos) mostram uma curiosidade muito grande e uma busca por explicações de fenômenos naturais observados e equipamentos de tecnologia atual que as cercam. Porém, nessa busca pelo conhecimento, muitas vezes formulam explicações equivocadas, que se não indagadas levam muitas vezes ao pré-estabelecimento de concepções errôneas do ponto de vista científico. Por outro lado também, educadores infantis na dúvida de como explicar questões ligadas às ciências e tecnologia em geral, respondem às perguntas feitas com frases do tipo: “Isto é muito difícil” ou “Você vai aprender mais

tarde”, o que não contribui para o estabelecimento de um pensamento crítico e

também leva a um desestímulo ao conhecimento científico.

Neste trabalho propomos uma série de atividades lúdicas com objetivos pré-estabelecidos, seguida de discussões orientadas, que visam contribuir para o

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desenvolvimento do pensamento crítico, do conhecimento físico e também para o despertar e/ou estimular do interesse das crianças nas áreas de Ciências e Tecnologia em geral.

Fundamentação Teórica e Objetivos Fundamentação Teórica

Com o intuito de identificar as principais questões feitas por crianças em idade pré-escolar envolvendo conceitos físicos, foi feito um levantamento com 8 professores de diferentes instituições de Ensino Infantil da cidade de Bauru (SP) (Creches e Escolas de Educação Infantil) sobre os principais questionamentos de seus alunos e também observadas as questões feitas com as próprias crianças pertencentes a estas instituições. Abaixo listamos algumas das perguntas mais freqüentes no nosso levantamento:

Por que não tem noite e dia ao mesmo tempo? Como as pessoas entram na televisão?

Por que o forno de microondas é diferente do forno convencional? Por que o céu é azul?

Se eu estiver aqui e alguém do outro lado do mundo, alguém estará de ponta-cabeça?

O que é o vento?

Por que o colchonete de ar não afunda na piscina? Como faz para o carro andar no gelo?

Quem faz a chuva?

Se a chuva cai da nuvem, quem faz os furinhos na nuvem?

Com a finalidade de esclarecer estas dúvidas de maneira satisfatória do ponto de vista científico, propomos a utilização de atividades lúdicas que estimulem a criatividade e que contribuam para o desenvolvimento do conhecimento científico. A escolha desta metodologia é baseada na importância já reconhecida por diversos autores como Wallon, Piaget, Winnicott, Vigostky e ainda mais recentemente Martins (2008), sobre o uso de jogos no Ensino Infantil.

Romera (2007), em um estudo realizado recentemente, vem ainda informar que, mesmo com a existência atual de vários trabalhos ressaltando a importância da prática de ensino através de jogos, esta tem sido pouco utilizada de fato.

Barbosa (2006), em sua dissertação afirma que “jogos utilizados em sala de

aula são importantes recursos que devem ser utilizados pelos professores, a fim de que as crianças assimilem um novo conhecimento, assimilando-o de forma prazeirosa”.

Destacamos a necessidade de criar uma situação simples na qual o conceito, ou pelo menos a parte essencial para o entendimento da questão, fique evidente, respeitando assim a capacidade de raciocínio da criança. Também

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tomamos o cuidado de que a criança participe diretamente na atividade proposta, para que a ação seja feita de maneira concreta sobre o objeto de estudo, isto em decorrência da faixa etária considerada. Acreditamos que tomando essas precauções não será criada uma situação demasiadamente complexa e fora do alcance intelectual das crianças, o que poderia causar o desestímulo.

A elaboração das atividades levou em consideração a possibilidade de que se possa variar o objeto da ação, porém sem perder o foco do conceito a ser trabalhado. Segundo Kamii e Devries (1991), esta possibilidade de variação é essencial para o bom cumprimento da atividade realizada.

Objetivos

• Elaborar atividades para crianças em idade pré -escolar que estimulem o desenvolvimento do racioc ínio crítico através da observação, questionamento e reflexão e que contribuam para o desenvolvimento do Conhecimento Físico;

• Estimular a criatividade e o interesse pela Ciência ;

• Contribuir corretamente do ponto de vista científico, para esclarecer as principais dúvidas que as crianças levantam a respeito dos fenômenos da natureza e tecnologia.

Metodologia

A metodologia sugerida consiste na elaboração e aplicação de três atividades lúdicas que explicitam, de maneira bem clara e simples, um mesmo conceito físico, seguida de uma discussão orientada pelos Educadores Infantis. Buscamos assim fazer com que as crianças tenham um contacto inicial com o fenômeno e/ou conceito em questão, correta do ponto de vista científico. Esperamos assim também que as crianças sejam incentivadas a iniciarem o processo de generalização para entender situações diferentes, mas que envolvam o mesmo conceito.

Analisando um levantamento realizado sobre dúvidas freqüentes apresentadas por crianças desta faixa etária Espindola (2008), descrevemos neste trabalho uma série de três atividades que envolvem o conceito de Atrito. Outras atividades foram desenvolvidas, porém não serão expostas neste trabalho.

O material proposto, assim como a seqüencia das atividades, pode ser adequado de forma a se tornar mais conveniente a realização em função das condições da instituição e do número de crianças onde será realizada a prática.

Primeira atividade

A primeira atividade consiste em utilizar um plano inclinado que pode ser feito facilmente com um pedaço de madeira apoiada em uma caixa ou algum material disponível que sirva de suporte. Sobre este plano inclinado será solta uma pequena bola de gude. Esta bola deverá ser solta várias vezes, sempre de uma mesma altura e com o plano na mesma inclinação. Ao final do plano inclinado a bola irá rolar sobre uma superfície plana que estará nivelada com o chão. Sugerimos que a superfície que ficará no final do plano inclinado seja forrada com diferentes tipos de materiais, a saber: velcro, toalha de banho, veludo, borracha – para que em cada uma das opções, a força resultante atuando sobre a bolinha seja diferente. (Sabemos que a força da gravidade é sempre a mesma, mas a força de atrito será diferente

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dependendo do material utilizado. Essa parte não será discutida com as crianças, é apenas um comentário que faz parte do material de apoio destinado ao Educador Infantil para a realização das atividades.)

Pedimos então que os alunos escolham previamente o tecido que eles acreditam que fará com que a bolinha chegue mais longe.

Ao educador que aplicar esta atividade cabe indagar sobre as escolhas realizadas, procurando saber o motivo que leva o aluno a acreditar que cada uma das superfícies cumprirá a tarefa proposta. Entende-se que é necessário pedir que testem todas as opções, de maneira que possam visualizar a diferença entre uma superfície e outra, para que ao final da atividade, no momento em que for feita a discussão, possam chegar a uma generalização. Também podemos pedir que sugiram outros tipos de superfícies, bem como outros objetos a serem soltos no plano inclinado. No entanto não devemos alterar a inclinação do plano entre um teste e outro, pois isto implicaria na perda do foco da atividade que é o atrito, além de incluir uma variável que poderá confundir as crianças nessa etapa.

Segunda Atividade

Consiste em propor às crianças uma brincadeira com o escorregador, brinquedo este, encontrado nos parques de recreação.

Nesta atividade pedimos às crianças que façam várias descidas pelo brinquedo, cada uma delas sentadas sobre um diferente tecido. Propomos a utilização de um pedaço de feltro ou cetim, um de estopa e um tapete emborrachado (do tipo utilizado em banheiros), pois assim as diferenças serão mais nítidas.

Com o intuito de ajudar na comparação entre os diferentes tecidos, podemos perguntar sobre a velocidade da descida, ressaltando que o termo “velocidade” também não necessariamente deve ser utilizado, mas sim o termo “rápido”. Os tecidos onde o atrito com a superfície for maior, devem levar a um movimento mais lento, mas há de se verificar se esta diferença é perceptível para os alunos. Podemos ainda realizar as perguntas em termos mais simples como: qual deles “segura mais”, dependendo da situação do grupo.

Terceira atividade

Nesta atividade será criada uma competição entre os alunos. Pedimos que os alunos formem duplas para que seja realizada uma corrida. Um dos alunos deve estar sentado sobre um dos tecidos testados na atividade anterior e o outro aluno deverá puxá -lo de um ponto de partida até um ponto final de chegada. Ganhará a corrida a dupla que realizar a tarefa em menos tempo. Os integrantes de cada dupla deverão alternar suas funções para que ambos possam puxar e serem puxados, pois isto garantirá que todos os alunos percebam também a diferença entre a força utilizada para realizar a ação em função dos diferentes materiais utilizados.

Esta atividade, se realizada por último, pode fornecer um bom indicativo do nível de generalização e entendimento a que os alunos chegaram do conceito de atrito abordado nas atividades anteriores. Espera-se que a escolha seja pelo tecido de menor atrito com o chão para que torne a tarefa mais fácil.

Resultados e Discussões

Essas atividades foram inicialmente desenvolvidas com um grupo de crianças com idade variando entre 3 anos e meio e cinco anos. Ficou claro que nas

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3 atividades propostas houve interesse tanto das crianças mais novas quanto das mais velhas. Todas associavam que havia maior facilidade do movimento utilizando os materiais mais “lisos”, citando suas próprias palavras. Algumas crianças na faixa de 5 anos chegaram a utilizar a palavra velocidade, com o seguinte comentário: “com a borracha vai ficar mais difícil, a velocidade lá em baixo será menor” referindo-se ao escorregador.

Surg iram também várias idéias de alterar os objetos que iriam “escorregar” tanto no plano inclinado quanto no escorregador. Como exemplos citamos: uma criança que colocou um boneco de borracha no escorregador, outra criança colocou um punhado de areia, e outra um carrinho.

Em geral as atividades propostas interessaram as crianças e levaram a um diálogo de troca de opiniões bastante rico. Pode-se verificar que na última atividade envolvendo uma criança puxar outra sentada sobre materiais diferentes, todas as crianças explicavam que com o tapete emborrachado ficaria mais difícil realizar a tarefa, pois este “grudava” mais no chão, e assim elas teriam que fazer “mais força”. Encorajadas pelo educador, uma das crianças ao invés de trocar o material onde sentava, sugeriu a troca da superfíce: chão encerado, areia ou grama, e todas responderam que no chão “liso” seria mais fácil. Algumas outras atividades também foram propostas pelas próprias crianças.

Na discussão orientada realizada, as crianças formularam algumas idéias para tentar responder a questão sobre como seria possível um carro andar sobre o gelo. Discutiram também sobre o que acontece quando tem muita água na estrada em dia de chuva forte e outras experiências vivenciadas por elas no dia a dia.

No final das atividades, foi possível mencionar o termo atrito e fazer referência a ele quando as crianças falavam das “brincadeiras” realizadas.

Conclusões

A proposta das três atividades mostrou-se muito interessante, pois foi possível verificar que as crianças distinguem as diferenças e conseguem propôr explicações coerentes sobre o fenômeno apresentado. Isto fica evidente em frases ditas por elas como “com a borracha fica mais difícil escorregar”, e também na escolha dos tecidos “lisos” para a realização da última atividade, confirmando a suposição de que esta última atividade pode ser uma boa forma de se avaliar o grau de entendimento obtido.

Notamos que, ao utilizarmos a metodologia com ênfase na ludicidade, as atividades foram realizadas de maneira espontânea e prazerosa. Percebemos isto durante o desenvolvimento das atividades e também pelas propostas feitas, não só de variação de uma mesma atividade, como também da criação de outras atividades e discussões sobre situações do dia a dia vivenciadas ou observadas por elas.

Observamos também que as crianças se sentiram satisfeitas com as respostas que elas mesmas elaboraram para suas perguntas envolvendo atrito. O diálogo entre as próprias crianças e como umas tentavam explicar para as outras é também uma evidência da importância das atividades propostas para o desenvolvimento geral da criança.

A realização destas atividades nos incentivou a elaborar outras “brincadeiras” que podem ser realizadas com esse público. Esta proposta culminou

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na elaboração de um material didático, ainda em fase de correção final, que deverá ser distribuído em Instituições de Educação Infantil da cidade de Bauru para que sirva de apoio aos professores, visando assim uma contribuição para o processo de alfabetização científica de crianças.

Concluímos com este trabalho, ser possível contribuir para o desenvolvimento do Conhecimento Físico de crianças em idade pré-escolar, através de atividades lúdicas, estimulando o uso da criatividade e com conteúdo científico correto.

Referências

ARCE, Alessandra; MARTINS, Ligia Marcia. Quem tem medo de ensinar na

educação infantil. Editora Alínea, 2008.

ROMERA, Liana. O lúdico no processo pedagógico da educação infantil: importante, porém ausente. Porto Alegre, v.13, n.02, 2007.

BARBOSA, Silvia R. S. Brinquedos e Brincadeiras: Repensando essa prática

pedagógica na Educação Infantil. Campinas, UNICAMP - SP, 2006, Dissertação

(Graduação), Programa Especial para Formação de Professores em Exercício da Região Metropolitana de Campinas, Faculdade de Educação, Universidade de Campinas, Campinas, 2006.

KAMII, Constance; DEVRIES, Rheta. O Conhecimento Físico na Educação

Pré-escolar. Editora Artmed, 1991. p 24.

ESPINDOLA, Otávio Augusto S.. SEMANA DA FÍSICA: UNESP, 10, 2008, Bauru (SP), O que crianças em idade pré-escolar perguntam sobre Física.

Referências

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