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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ILHÉUS DECISÃO

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ILHÉUS Processo N° 0001895-70.2010.4.01.3301 - VARA ÚNICA DE ILHÉUS

Nº de registro e-CVD 00061.2016.00013301.2.00622/00032

DECISÃO

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ajuizou AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face da UNIÃO FEDERAL, objetivando, liminarmente, que: a) a requerida elabore, através do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias – INPH, no prazo de 120 dias, estudos para identificação das obras necessárias à contenção da erosão e assoreamento das praias afetadas pelo Porto do Malhado, bem como apresente plano de recuperação das áreas degradadas – PRAD; b) a ré se abstenha de ampliar/expandir o calado do referido porto até que os processos de erosão e assoreamento sejam definitivamente contidos; c) seja aplicada multa diária para o caso de eventual descumprimento de ordem judicial favorável; d) a vistoria da área objeto da lide, por meio de oficial de justiça e servidor do Instituto Nacional do Meio Ambiente – IBAMA, a fim de se verificar eventual descumprimento de ordem judicial por parte da requerida.

Às fls. 15/18, foi prolatada decisão deferindo em parte a liminar para determinar que a União Federal, elabore, através do INPH, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, estudos para identificação das obras necessárias à contenção da erosão e assoreamento das praias afetadas pelo Porto do Malhado, bem como, em sendo identificado nexo entre a atividade e os danos ambientais ocorridos, apresente, em igual prazo, plano de recuperação das áreas degradadas – PRAD, sob pena de aplicação de multa diária que desde já arbitro em R$1.000,00 (mil reais).

Citada, a União ofereceu contestação às fls. 35/44, alegando, preliminarmente, a sua ilegitimidade passiva, falta de interesse de agir e prescrição. Formulou pedido de denunciação à lide da CODEBA – Companhia dos Portos do Estado da Bahia e do Município de Ilhéus. Requereu a extinção do feitos sem julgamento do mérito ou a improcedência total dos pedidos.

O MPF, às fls. 59/65-v, apresentou réplica refutando in totum as alegações da União. Requereu a aplicação da multa no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia, a contar do dia 19/06/2011, data em que a União, através do INPH, deveria ter apresentado estudos para identificação das obras necessárias à contenção e assoreamento das praias afetadas pelo Porto Malhado.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ILHÉUS Processo N° 0001895-70.2010.4.01.3301 - VARA ÚNICA DE ILHÉUS

Nº de registro e-CVD 00061.2016.00013301.2.00622/00032

testemunha; requereu a intimação da União para que informe as medidas adotadas quanto ao cumprimento da liminar; informou que ingressará com a ação de execução da multa devida.

Às fls. 73/79, o Parquet acostou termos de declarações de Luciene Costa Santos e Lúcia Cristina Santos Silva, noticiando que suas casas caíram em razão da invasão do mar no São Miguel, por conta do Porto do Malhado.

Às fls. 82/84, a União arguiu ser incabível a aplicação de multa em face da Fazenda Pública, uma vez que o cumprimento do julgado em um prazo específico é, muitas vezes, incoerente com a realidade administrativa. Requereu, ainda, a concessão de dez dias para a juntada do estudo ambiental. Por fim, pleiteou que o MPF fosse intimado para requerer a citação dos litisdenunciados CODEBA e Município de Ilhéus.

Intimada para regularizar a representação processual (126 e 128-v), a peticionante Associação dos Moradores do Bairro São Miguel quedou-se inerte (fl. 129-v).

O agravo de instrumento interposto pela União às fls. 25/33 foi convertido em agravo retido, conforme decisão de fl. 66, sendo que a parte autora ofereceu sua contraminuta ao recurso às fls. 130/139.

Às fls. 142/145, foi prolatada a decisão rejeitando as preliminares arguidas pela União (ilegitimidade passiva, falta de interesse de agir e prescrição). Na mesma oportunidade, determinou-se: a citação da CODEBA e do Município de Ilhéus; a intimação do IBAMA para dizer se possui interesse em ingressar no feito; e o desentranhamento da petição de fls.122/125, uma vez que a Associação dos Moradores do Bairro São Miguel não regularizou a sua representação processual.

Inconformada, a União interpôs agravo retido às fls. 148/153, contraminutado pelo MPF às fls. 157/159.

O IBAMA, à fl. 161, requereu prazo para se manifestar sobre eventual interesse em ingressar na lide.

A Comissão em Defesa dos Moradores dos Bairros São Miguel, São Domingos e Adjacências juntou a respectiva ata de criação e outros documentos às fls. 169/177.

O Ministério Público Federal, às fls. 179/181, juntou requereu, como medida de efetivação da liminar deferida e sem prejuízo da oportuna execução da

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ILHÉUS Processo N° 0001895-70.2010.4.01.3301 - VARA ÚNICA DE ILHÉUS

Nº de registro e-CVD 00061.2016.00013301.2.00622/00032

multa, a realização de perícia, às expensas da parte ré, com as seguintes finalidades: identificação das obras emergenciais necessárias à contenção da erosão e assoreamento das praias no norte de Ilhéus afetadas pelo Porto do Malhado, que poderão/deverão ser custeadas, solidariamente, pela União, Estado (CODEBA) e Município; apresentação de um Plano de Recuperação das Áreas Degradadas -PRAD, com a especificação das medidas a serem adotadas - uma vez identificado nexo de causalidade entre a atividade portuária e os impactos ambientais ocorridos - para fins de recuperar os danos socioambientais causados. Reiterou o pleito e juntou documentos às fls. 205/231.

À fl. 358, este Juízo instaurou incidente de apuração do cumprimento da medida liminar deferida às fls. 15/18 e determinou que a União (AGU) informasse quais foram as providências adotadas para cumprimento da decisão, bem assim, os nomes e funções dos servidores responsáveis pela efetivação da medida.

Ante os pedidos de fls. 187/190, 191/194 e 195/201, foi deferida, à fl. 420, a inclusão no feito, na condição de assistentes ativos (arts. 50 e 51 do CPC/73), das seguintes entidades: Associação de Cabaneiros Litoral Norte, Associação dos Moradores do Bairro São Miguel e Associação de Pescadores e Marisqueiras do São Miguel.

A CODEBA interpôs agravo de instrumento (fls. 252/297) em face de decisão de fls. 142/145, tendo sido mantido o decisum agravado (fl.420). Às fls. 272/297, essa demandada ofereceu contestação alegando, preliminarmente, descabimento da denunciação à lide, ilegitimidade passiva ad causam e prescrição.

O Município de Ilhéus ofereceu contestação (fls. 299/311), afirmando não ter legitimidade para participar do pólo passivo da presente demanda.

A União, à fl. 367, requereu a juntada de documentos que comprovam o cumprimento da obrigação determinada.

O Parquet Federal, às fls. 423/427, manifesta-se sobre as contestações de fls. 272/297 e 299/311 e afirma que os documentos acostados pela União não comprovam o cumprimento da decisão.

A Associação de Moradores do Bairro de São Domingos, requereu a sua inclusão no feito à fl. 432.

Os assistentes requereram, às fls. 437/449, a realização da perícia urgente.

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ILHÉUS Processo N° 0001895-70.2010.4.01.3301 - VARA ÚNICA DE ILHÉUS

Nº de registro e-CVD 00061.2016.00013301.2.00622/00032 É o relatório. Decido.

Inicialmente, rejeito as preliminares de descabimento de denunciação à lide e ilegitimidade passiva sustentadas pelo Município de Ilhéus e pela CODEBA.

A legitimidade passiva das demandadas se revela na pertinência subjetiva da ação, ou seja, a parte mencionada como responsável na relação jurídica processual deve estar, abstratamente, vinculada à relação jurídica de direito material. Embora a União tenha sido responsável pela construção do Porto de Ilhéus, a resolução desta demanda poderá afetar aos demais réus, uma vez que a CODEBA é responsável pela administração do Porto há anos e o Município de Ilhéus foi beneficiado pela obra, além de ter sido responsável pela construção dos espigões na zona norte, o que pode ter contribuído para o agravamento dos problemas ambientais e socioeconômicos advindos da erosão e do assoreamento da região. Certamente, o acolhimento da providência pleiteada produzirá efeitos no patrimônio de todas as acionadas, razão pela qual são, inegavelmente, partes legítimas para figurar no pólo passivo da lide.

Como já explicitado na decisão de fls. 142/145, não prospera a alegação de prescrição, uma vez que o Superior Tribunal de Justiça já firmou o entendimento, ao qual eu me filio, de que as “ações que versam sobre a defesa do meio ambiente são imprescritíveis, aí incluídas as ações civis públicas ambientais, até porque o dano ambiental, uma vez perpetrado, remanesce e se renova a cada dia, daí também renovando o prazo para propositura ambiental, acaso existente, a cada dia” (STJ - Ag: 1245854, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Publicação: DJe 03/05/2010).

Quanto à necessidade da perícia, assiste razão ao MPF.

De fato, a União colacionou aos autos propostas de estudo de campo e escritório para determinação das obras necessárias ao plano de recuperação de áreas degradadas das praias ao norte de Ilhéus e ampliação do porto de Malhado, elaborados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias - INPH. Ocorre que tais documentos não atendem à determinação judicial de fls. 145, uma vez que não foram identificadas as obras necessárias à contenção da erosão e assoreamento das praias afetadas pelo Porto do Malhado, tampouco o nexo entre a atividade e os danos ambientais ocorridos. Da análise dos documentos, infere-se que se trata de simples proposta prévia de estudos.

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ILHÉUS Processo N° 0001895-70.2010.4.01.3301 - VARA ÚNICA DE ILHÉUS

Nº de registro e-CVD 00061.2016.00013301.2.00622/00032

perícia, como forma de solucionar questão tão impactante para a nossa região e, haja vista o longo tempo de descumprimento da decisão judicial pela União, este ente

deverá arcar com os honorários periciais. Esta é a forma menos gravosa de dar-se efetividade à decisão proferida há mais de 05 anos, ainda dar-sem cumprimento, por questões de natureza administrativa da estrutura organizacional da ré.

Ante o exposto, rejeito as preliminares arguidas pela CODEBA e

pelo Município de Ilhéus e determino a realização de perícia com a finalidade de

elaborar estudos para identificação das obras necessárias à contenção da erosão e assoreamento das praias afetadas pelo Porto do Malhado, bem como apresentar plano de recuperação das áreas degradadas – PRAD.

Oficie-se, com urgência, à UESC, por meio de seu Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas, solicitando a indicação de nomes de

especialistas na área de oceanografia, aptos a realizar o exame pericial. Encaminhe-se cópia da petição inicial, devendo constar do ofício que a realização do trabalho pericial será remunerada.

Intime-se a Associação de Moradores do Bairro de São Domingos para acostar aos autos, no prazo de quinze dias, documento que confira ao subscritor da procuração de fl. 433 poderes para representá-la.

Oportunamente, apreciarei o pleito de aplicação de multa, relativo ao cumprimento da decisão concessiva da liminar.

Sem prejuízo do andamento deste feito, poderá o MPF, se entender necessário, promover as diligências necessárias à responsabilização administrativa dos servidores responsáveis pelo descumprimento da medida liminar.

P. R. I. Cumpra-se.

Ilhéus, 6 de setembro de 2016.

WILTON SOBRINHO DA SILVA

JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

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