Secretaria de Recursos Humanos
Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais
Coordenação-Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas
Nota Técnica nº 60/2010/COGES/DENOP/SRH/MP
ASSUNTO: Averbação de tempo de serviço prestado aos ex-Territórios Referência: Processo nº 02017.000431/2009-69
SUMÁRIO EXECUTIVO 1. Provenientes da Coordenação-Geral de Recursos Humanos – CGREH do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, vêm ao exame desta Coordenação-Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas os autos do Processo Administrativo nº 02017.000431/2009-69, que trata da solicitação da Senhora Glória Maria de Carvalho Zanellato para requerer contagem especial do tempo de serviço durante o qual recebeu Gratificação Especial de Localidade, com o acréscimo de 20% sobre esse tempo.
ANÁLISE 2. A servidora, ocupante do cargo de Técnico Administrativo, lotada na Superintendência Estadual do Paraná, esclareceu, às fls. 01 a 14, que recebeu, no período de 22/12/1981 a 29/10/1992 a Gratificação Especial de Localidade, estabelecida no art. 17 da Lei nº 6.861, de 1980, in verbis:
“Art 17. Poderão ser concedidas aos servidores incluídos no Plano de Classificação do Serviço Civil dos Territórios Federais, além do vencimento ou salário do cargo efetivo ou emprego permanente, as gratificações e indenizações especificadas no Anexo IV desta Lei, com as definições, beneficiários e bases de concessão constantes do mesmo Anexo.
§ 1º Na aplicação do disposto neste artigo poderá ser observada, respeitadas as peculiaridades dos Territórios Federais, a legislação pertinente ao Serviço Civil da União e das autarquias federais.”
3. A servidora anexou, entre outros, os seguintes documentos: cópia da Carteira de Trabalho e Previdência Social, fls. 15 a 19 e 76 a 77, ficha funcional, fls. 20 a 24 e 78 a 80 e ficha financeira referente a 1993, fls. 81 a 85.
4. A Coordenação de Administração de Pessoal do IBAMA, por meio da Informação nº 076/2009/COAP/CGREH, às fls. 73, esclareceu que a contagem especial de tempo de serviço insalubre para fins de aposentadoria, em conformidade com o que preceitua o Acórdão 2008/2006 – TCU – Plenário, e as Orientações Normativas SRH/MP nº 03 e nº 07, “não abrangem a contagem do tipo/período referenciado pela servidora”. Por conseguinte, indeferiu o pleito da servidora.
5. Irresignada, a postulante interpôs recurso, às fls. 76 e 77, e alegou que o período requerido para a contagem do tempo especial foi laborado ainda sob o regime da
Consolidação das Leis do Trabalho, e que, comprovadamente, a requerente recebeu a Gratificação Especial de Localidade, assim definida pela interessada:
“VANTAGEM COM O OBJETIVO DE COMPENSAR O EXERCÍCIO DO SERVIDOR EM ÁREAS INÓSPITAS, INSALUBRES OU DE PRECÁRIAS CONDIÇÕES DE VIDA NAS REGIÔES INTERIORANAS DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS
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na época, Rondônia foi considerado um perigo a saúde humana e principalmente inóspita conforme já comprovado”
6. A Coordenação-Geral de Recursos Humanos do IBAMA analisou o recurso da servidora e exarou o Despacho de fls. 87 a 89, nesses termos:
“6. Nota-se que o art. 1º ao dispor sobre a contagem de tempo de serviço e de contribuição, especial ou não, diz respeito àquele prestado em condições insalubre e perigosa, inclusive de Raio X e Substância radioativas, em momento algum mencionou que o servidor que percebia a Gratificação Especial de localidade faria jus a este tipo de contagem especial.
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11. Assim exposto e demonstrado somos por concluir que o tempo em que a recorrente percebeu a gratificação especial de localidade não encontra abrigo na legislação disciplinadora da matéria que versam os autos, razão pela qual acompanhamos o posicionamento expedido pela COAP mediante a Informação nº 076/2009.”
7. Mais uma vez a servidora discordou da decisão e interpôs recurso, às fls. 90 a 92, argumentando que a CGREH/IBAMA, no Despacho de fls. 87 a 89, equivocou-se ao relacionar a Gratificação Especial de Localidade que a interessada recebia, com a gratificação estabelecida na Lei nº 8.270, de 1991, devida em função do exercício em zonas de fronteiras. Acrescentou ainda que restou comprovado que a interessada pertencia ao quadro do ex-Território de Rondônia, que faz parte da Amazônia Legal, e foi considerado inóspito por ser uma região difícil, com muitas doenças tropicais, como malária, hepatite, tuberculose e outras, com poucos médicos e sem estradas asfaltadas que ligasse Rondônia aos outros Estados.
8. A CGREH/IBAMA, ao analisar o recurso da postulante, exarou o Despacho de fls. 93 a 94, constatando que os argumentos apresentados não foram suficientes para alterar o entendimento expedido e manteve o posicionamento de indeferimento do pleito. 9. A Procuradoria Federal Especializada do IBAMA informou, às fls. 105, que não detém competência para a análise das questões de pessoal, consoante dispõe o Parecer AGU GQ-46.
10. O Anexo IV da Lei nº 6.861, de 1980, que estabeleceu o pagamento da Gratificação Especial de Localidade, dispõe:(grifamos)
V – GRATIFICAÇÃO
ESPECIAL DE
LOCALIDADE
Vantagem devida em face
da precariedade das
condições de exercício nos
Territórios Federais,
excluído o de Fernando de Noronha
30% (trinta por cento) do valor do vencimento ou salário do cargo efetivo ou emprego permanente, nas capitais dos Territórios, podendo elevar-se até 50% (cinqüenta por cento), em
relação a outras
localidades, conforme o grau de inospitalidade e precariedade das condições de vida da região, na forma
estabelecida em
regulamento, cessando o pagamento nos casos em que o servidor se afastar do Território.
11. A concessão da Gratificação Especial de Localidade prevista no Anexo IV da Lei nº 6.861, de 1980, supratranscrito, foi regulamentada pelo Decreto nº 86.539, de 1981, in
verbis:
“Art 1º - A Gratificação Especial de Localidade a que se refere o Anexo IV, inciso V, da Lei nº 6.861, de 26 de novembro de 1980, será concedida a servidores integrantes da sistemática de classificação de cargos, empregos e funções do Serviço Civil dos Territórios Federais, de que trata a Lei nº 6.550, de 5 de julho de 1978. Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica aos servidores em exercício nas representações localizadas fora dos respectivos Territórios.
Art 2 º - Para efeito do disposto neste Decreto, as localidades são classificadas em cinco categorias, a que correspondem os percentuais a seguir indicados:
1) Categoria "A" - 30% 2) Categoria "B" - 35% 3) Categoria "C" - 40 % 4) Categoria "D" - 45% 5) Categoria "E" - 50%
§ 1º - Os percentuais estabelecidos neste artigo incidirão sobre o valor do vencimento ou salário-base percebido pelo servidor, em razão do exercício do cargo efetivo ou emprego permanente de que seja titular, não sendo a gratificação considerada para fins de cálculo de qualquer vantagem ou indenização.
§ 2º - A Categoria "A" abrange os servidores em exercício na Capital de cada Território, incluindo-se nessa classificação, obrigatoriamente, as localidades distantes até 80 (oitenta) quilômetros das Capitais.
§ 3º A Categoria "E" destina-se exclusivamente a servidor que, no exercício do cargo ou emprego, trabalhe em zonas inóspitas e de difícil acesso.
§ 4º - Para concessão dos percentuais correspondentes às Categorias "B", "C" e "D" será considerado, principalmente, o grau de precariedade das condições de vida da região.” (grifamos)
12. Quanto à contagem especial de tempo de serviço para efeito de aposentadoria e abono de permanência dos servidores que exerceram atividades insalubres, penosas e perigosas, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho, antes do advento da Lei nº 8.112, de 1990, o Tribunal de Contas da União exarou o Acórdão nº 2.008/2006 – Plenário,
in verbis:
"ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União (...) em: 9.1. conhecer da consulta para respondê-la nos seguintes termos: 9.1.1. o servidor público que exerceu, como celetista, no serviço público, atividades insalubres, penosas e perigosas, no período anterior à vigência da Lei 8.112/1990, tem direito à contagem especial de tempo de serviço para efeito de aposentadoria; todavia, para o período posterior ao advento da Lei 8.112/1990, é necessária a regulamentação do art. 40, § 4º, da Constituição Federal, que definirá os critérios e requisitos para a respectiva aposentadoria; 9.2. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à Comissão Permanente de Jurisprudência para análise da possibilidade de revogação da Súmula/TCU 245". (grifamos)
13. Esta Secretaria de Recursos Humanos adotou as orientações do Tribunal de Contas da União, constantes do Acórdão nº 2.008/2006 – Plenário, supratranscrito, e editou as Orientações Normativas SRH nº 03 e 07, de 2007.
14. A Orientação Normativa nº 03, de 18/05/2007, estabeleceu orientações sobre a contagem especial de tempo de serviço para efeito de aposentadoria ao servidor que exerceu, no serviço público, atividades insalubres, penosas e perigosas, submetido ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, até a edição da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, in verbis:
“Art. 2º . O servidor público que exerceu, como celetista, no serviço público, atividades insalubres, penosas e perigosas, no período anterior à vigência da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, tem direito à contagem especial de tempo de serviço para efeito de aposentadoria.”
15. A Orientação Normativa SRH/MP nº 07/2007, de 20/11/2007, dispõe sobre os procedimentos a serem adotados para a contagem desse tempo de serviço realizado em condições especiais, in verbis:
“Art. 1º A presente Orientação Normativa tem por objetivo orientar aos órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil da Administração Pública Federal - SIPEC, quanto aos procedimentos a serem adotados para a implantação do cômputo do tempo de serviço ou de contribuição e do tempo de serviço público prestado sob condições insalubre, penosa e perigosa, inclusive operação de Raios X e substâncias radioativas pelos servidores submetidos ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, de que trata o Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, em período anterior à edição do regime jurídico da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Art. 2º Para efeito da contagem do tempo de serviço prestado sob condições insalubre, penosa e perigosa ou atividades com Raios X e substâncias radioativas será considerado somente o período exercido até 12 de dezembro de 1990, pelos servidores públicos anteriormente submetidos ao regime da Consolidação das Leis
do Trabalho CLT, alcançados pelo art. 243 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Art. 3º A comprovação de tempo de serviço ou de contribuição far-se-á por meio de Certidão, emitida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ou pelos órgãos públicos.
Parágrafo único. É de competência do INSS a emissão de Certidão para os períodos de trabalho vinculados ao Regime Geral de Previdência Social e dos órgãos públicos federais, os relativos aos Regimes Próprios de Previdência Social do Servidor Público da União.”
16. Como se observa, os procedimentos estabelecidos na Orientação Normativa SRH nº 7, de 2007, contemplam apenas os servidores que efetivamente encontravam-se submetidos a condições insalubres, penosas e perigosas ou no exercício de atividades com Raio X e substâncias radioativas.
CONCLUSÃO 17. Destarte, face ao disposto no Acórdão TCU nº 2.008/2006 – Plenário e nas Orientações Normativas nº 03 e nº 07, de 2007, o entendimento desta Divisão de Análise de Processos é no sentido de que o reconhecimento para contagem especial de tempo de serviço contempla apenas aqueles períodos efetivamente laborados em condições insalubres, penosas e perigosas ou no exercício de atividades com Raio X e substâncias radioativas, não albergando a precariedade das condições de vida nos ex-Territórios ou tão-pouco a inospitalidade e o difícil acesso a essas regiões.
Brasília, de de 2010.
BYANNE RIGONATO TEOMAIR CORREIA DE OLIVEIRA
Matrícula 1544097 Chefe da Divisão de Análise de Processos
Estando de acordo com o entendimento da DIPRO/COGES/DENOP/SRH/MP, submeta-se a presente Nota Técnica à consideração superior.
Brasília, de de 2010.
LYLIAN BEATRIZ DE OLIVEIRA COMELLI
Coordenadora Geral de Elaboração, Sistematização e Aplicação das Normas
Aprovo. Encaminhe-se ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
Brasília de de 2010.
VALÉRIA PORTO