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Mapeamento do trabalho infanto-juvenil na cidade de Tocantinópolis: Trabalho infanto-juvenil na atividade informal urbana.

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Academic year: 2021

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Mapeamento do trabalho infanto-juvenil na cidade de Tocantinópolis:

Trabalho infanto-juvenil na atividade informal urbana.

Nome dos autores: Jakeline Schneider Fonseca1; Ana Cristina Serafim da Silva2;

1Aluna do Curso de Pedagogia; Campus de Tocantinópolis; e-mail: jacckschneider@hotmail.com

PIBIC/UFT

2Orientador(a) do Curso de Pedagogia; Campus de Tocantinópolis; e-mail: anacris_serafim@uft.edu.br

RESUMO

O objetivo deste projeto foi fazer um levantamento do trabalho infanto-juvenil nas ruas de Tocantinópolis, de modo a identificar o perfil dos trabalhadores precoces; Examinar as condições de trabalho dos adolescentes e o significado construído para esta atividade laboral; Saber qual a relação existente entre trabalho infanto-juvenil nas ruas x saúde x educação; Caracterizar a atuação das instituições no contexto do trabalho de crianças e adolescentes no município referido e a produção de conhecimento sobre a temática. A proposta desta pesquisa justifica-se pela necessidade de tentar “desnaturalizar” o trabalho infanto-juvenil e produzir conhecimentos sobre a temática no referido município. Já que o Tocantins lidera o ranking de incidência de trabalho infantil em todo o país, segundo dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. De acordo com o IBGE, cerca de 4,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalham em todo o país, ou seja, cerca de 10% de toda a população na faixa etária. No Tocantins, o percentual da população entre 5 e 17 anos ocupada é de 15,7%. Pode-se concluir portando que após a realização dos questionários tivemos a real certeza de que a grande maioria das crianças que são obrigadas a trabalhar geralmente são as mesma que reprovam, e tem um rendimento “péssimo” na escola. E muitos largam os estudos antes que cheguem no ensino médio.

Palavras-chave: (Trabalho infanto-juvenil; informal de rua; crianças e adolescentes)

INTRODUÇÃO

A exploração do trabalho infanto-juvenil data de muito tempo, e é um fenômeno que acontece em todas as sociedades. Segundo Ariès (1995), o trabalho infanto-juvenil na Antiguidade e na Idade Média tinha como meta o aprendizado de um ofício e a formação profissional. A preparação era feita, quer no seio do ambiente doméstico,

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pelos próprios pais, quer nas corporações de ofício, pelos artífices e artesãos. Durante o período das Grandes Navegações, séc.XV, ocorreu uma grande crise na Europa, fazendo com que crianças fossem escravizadas e embarcadas para o Brasil como consequência da pobreza.

De acordo com Góes e Florentino (2007), no séc. XVIII, cerca de 4% dos escravos que desembarcavam no Brasil eram crianças. Essa supremacia e dominação do branco se expandem, também, para as aldeias indígenas, que uma vez escravizadas tinham de servir seu “dono”. Dessa forma, criança (branca) era dona de criança (negra, indígena), pois havia a educação da raça branca superior, ou seja, aquele que manda, sendo ensinados para a relação de dominação.

No Brasil, no inicio da industrialização e urbanização das cidades, uma grande leva de famílias que deixavam a zona rural em busca de melhorias vieram para as cidades, em decorrência, um grande numero de crianças também, que acabavam vagando pelas ruas da cidade. Crianças que ficavam pelas ruas andando eram consideradas vadias e recebiam uma punição, conhecida como “pedagogia do trabalho”, além do trabalho agrícola, considerado mais higiênico devido ser feito ao ar livre, e que desenvolvia a força física da criança. As meninas também tinham punições, porem era numa ala especial, sem o relacionamento próximo com os homens, mas tinham que obedecer a mesmas regras postas para os meninos (SANTOS, 2007).

Ainda nos dias atuais, as crianças e adolescentes vem tendo os seus direitos básicos e garantidos violados, pois o trabalho infanto-juvenil é bastante presente nas ruas, comércios e atividades informais, na agricultura, dentro das nossas casas. A configuração do trabalho infantil contemporâneo na atividade informal urbana de rua apresenta novos desafios á política pública, e em especial ás estratégias de fiscalização do trabalho.

No trabalho infantil urbano informal em condições de rua, destaca-se uma tônica comum, presente em diversos autores (Cervini e Burger, 1991; Rizzini, 1996; Alberto,2002) : o fato de que sempre se encontram mais meninos do que meninas neste tipo de atividade. A explicação deve-se ao fato de que os meninos estão mais nas atividades de rua, enquanto as meninas estariam inseridas nas atividades domésticas. Neste sentido, o trabalho precoce de crianças no mercado informal em situação de rua é

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herdeiro direto dos mesmos fatores que deram origem ao trabalho infantil de um modo geral, com alguns agravantes. As transformações econômicas, políticas e sociais

expulsaram as crianças do mercado formal para o mercado informal - nas ruas. As ruas são vistas como um lugar de ambiguidades. Lugar ao mesmo tempo do exercício da cidadania e da malandragem. A presença dessas crianças nas ruas, herdeiras diretas da histórica infância retratada anteriormente, fez com que se associassem os mesmos à marginalidade.

MATERIAL E MÉTODOS fonte 12, espaço 1,5

Para o desenvolvimento deste projeto de pesquisa, primeiramente foi feito um contato com as diversas instituições que atuam no combate ao trabalho infanto-juvenil no município de Tocantinópolis, quais sejam, Conselho Tutelar, Ministério Público, CREAS e demais organizações governamentais e não-governamentais, com o objetivo de que sejam facilitadores do contato do (a) pesquisador (a) com os meninos e meninas trabalhadoras nas respectivas atividades de trabalho.

Posteriormente partimos para a identificação das crianças e adolescentes que trabalhavam a partir das escolas, com também nas feiras livres da cidade e nas ruas. Para coleta de dados, foi elaborado um questionário aplicado em campo a crianças e adolescentes com idade até 18 anos, esses questionário primeiro foram realizados nas escolas de rede publica com todo os alunos (mosquito), em seguida foi realizado com questionário com as crianças que mencionaram no mosquito que trabalhavam. Logo após a realização desses questionários nas escolas publicas, foi realizado o mesmo mosquito com as crianças que já estavam trabalhando na rua, vendo picolé, geladinho, amendoim, trabalhando em oficinas entre outros. As questões versam sobre: “Dados sócio demográficos”, “Família”, “Atividade de trabalho”, “Escolaridade”, “Riscos” e “Perspectivas de Futuro”.

Após aplicação do questionário, foi feita uma leitura e releitura destes, para cuidadosa identificação e correção dos possíveis erros e categorização das respostas. Construção de um banco de dados para tratamento dos dados no SPSS. Após a categorização das questões abertas, efetuou-se a enumeração de todas as respostas, no questionário, para que se pudesse passar para a próxima etapa, a de inserção dos dados no SPSS. Após esta revisão, extraíram-se as frequências das variáveis, limparam-se os

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dados errados, emitiram-se as frequências numéricas, as categorias semânticas e os cruzamentos para que se procedesse à descrição e a análise dos dados. E por fim a análise e discussão dos dados e a elaboração dos resultados da pesquisa, sobre o levantamento do trabalho infanto-juvenil informal de rua em Tocantinópolis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da pesquisa com as crianças e adolescentes que responderam que exerciam alguma atividade nas escolas estaduais do município, foi feito a análise dos dados a partir do SPSS, que é um pacote estatístico que extrai as frequências dos dados coletados e tivemos os seguintes resultados.

De acordo com a pesquisa, de uma amostra de 18 crianças e adolescentes pesquisados, 61,1% residem na zona urbana enquanto, 27,8% residem na zona rural, e 11,1% não informou a onde mora. Com relação a idade em que foi encontrado engajados em alguma atividade informal de rua, varia de 10 a 17 anos, sendo maior percentual na idade de 11 anos, com 27,8%. No que se refere à raça/etnia, a maioria dos sujeitos se denominaram negra (33,3%), seguido da cor morena (27,8%).

Com relação a atividade desempenhada pelas crianças e adolescentes, a metade deles vende alguma coisa, desde frutas, verduras e legumes na feira, a leite, lanche, imã, peças nas ruas e portas das casas, como também houve quem dissesse trabalhar em lava-jato e oficinas de carro. O trabalho é bem variado, mas existe o predomínio de vendedor nas ruas e feiras da cidade.

Com relação ao que o sujeito mais gosta na situação de trabalho, o que mais saiu foi de atender as pessoas, da patroa, de jogar enquanto vende, de andar/conhecer a cidade, viajar, de trabalhar. O que revela que a criança sente a necessidade do brincar e o quão perigoso se torna a atividade, a depender da atenção da criança, pois esta pode se distrair e o que pode gerar um acidente. Já no que se refere ao que o sujeito menos gosta de fazer no trabalho, as respostas foram, de ficar sentado, ficar sem estudar, desmontar, quando não vende nada, de andar no sol (com maior numero de respostas), levantar cedo, não gosta de nada, entre outras.

A maioria dos sujeitos informou se sentir muito cansado depois de um dia de trabalho, conforme já dito anteriormente, nos riscos e o quão prejudicial é o trabalho

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para crianças e adolescentes, quando o corpo ainda não esta preparado para enfrentar tantas adversidades.

Com relação a escola, todos responderam está estudando no momento atual da pesquisa, embora a metade já tenha sido reprovado em algum outro momento, de 1 a 3 vezes. O trabalho precoce impede o acesso dessas crianças à educação, à profissionalização, que são mecanismos facilitadores de ascensão profissional e, conseqüentemente, a salários e melhores condições de vida, sobretudo na fase adulta. Assim, o trabalho precoce acaba repercutindo negativamente sobre o desenvolvimento psicossocial desses sujeitos. Retira da criança e do adolescente todas as condições consideradas – quer pela Psicologia, quer pela lei (ECA e outras) – imprescindíveis à formação e ao desenvolvimento integral do cidadão criança. O trabalho infantil é um grande comprometedor das condições de vida, da saúde, do nível de escolaridade e do acesso à cidadania entre a população infanto-juvenil.

LITERATURA CITADA

ARIÈS, P. História social da criança e da família. (2ª ed.) Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.

GÓES, J.R. & FLORENTINO, M. Crianças escravas, crianças dos escravos In DEL PRIORE, M. (org.). História das crianças no Brasil. (6ª Ed.) São Paulo: Contexto, 2007.

RIZZINI, I. et. all. A Criança e o Adolescente no Mundo do Trabalho. Rio de Janeiro, USU Ed. Universitária: Amais Livraria e Editora, 1996.

RIZZINI, I. Pequenos trabalhadores do Brasil. In DEL PRIORE, M. (org.). História das

crianças no Brasil. (6ª ed.). São Paulo: Contexto, 2007.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente/ Lei 8.069; Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação. Brasília: MEC, 2005.

Convenção sobre os Direitos da Criança. Rio de Janeiro: Save in the Children, 2002.

http://periodicos.fundaj.gov.br/index.php/CAD/article/viewFile/472/460

AGRADECIMENTOS

Referências

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