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EXPOSIÇÃO À SÍLICA: IMPACTOS AMBIENTAIS E SAÚDE HUMANA

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Academic year: 2021

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EXPOSIÇÃO À SÍLICA: IMPACTOS AMBIENTAIS E SAÚDE HUMANA

BARBOSA, João Victor de Souza¹ DILLEM, Mariana dos Santos¹ OLIVEIRA, Eryka Silva¹ SARTÓRIO, Caroline dos Santos¹ Poliane Barbosa Sampaio²

INTRODUÇÃO

A avaliação de risco toxicológico é uma análise de potencial ocorrência de efeitos adversos à saúde humana e ao meio ambiente, no presente e/ou no futuro, causados pela liberação de substâncias perigosas por quaisquer atividades antrópicas ou mesmo naturais, em uma área física delimitada. Essa avaliação possui expressão quantitativa, pois caracteriza individualmente os contaminantes, usando modelos estatísticos e biológicos, com o objetivo de calcular estimativas numéricas do risco ou de derivar critérios numéricos de qualidade regionalizados para diferentes meios (USEPA, 1989; BIDONE et al., 2000).

Nos anos recentes, importantes iniciativas vêm sendo empreendidas pelo Ministério da Saúde visando instituir, no âmbito do SUS, medidas que possibilitem o conhecimento sobre a exposição dos trabalhadores e da população em geral a um conjunto de produtos e compostos químicos considerados prioritários em função da importância dos danos que causam à saúde humana. Fazem parte dos produtos e compostos químicos, os agrotóxicos, amianto, benzeno, chumbo e o mercúrio (RIBEIRO, 2010).

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¹ Graduando do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário São Camilo – ES,

joaosbarbosa@hotmail.com;

¹ Graduando do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário São Camilo – ES,

mariana.dillem@gmail.com;

¹ Graduando do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário São Camilo – ES,

erykas.oliveira@hotmail.com;

Graduando do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário São Camilo – ES,

caroline@mtznet.com.br ;

² Professora Orientadora: Especialista e Mestre em Saúde Publica, Centro Universitário São Camilo – ES, polianesampaio@saocamilo-es.br, Cachoeiro de Itapemirim – ES, Junho de 2013.

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A sílica, embora considerada uma candidata natural a integrar este conjunto de químicos em decorrência de sua importância à saúde pública, carecia, entretanto, de informação sistematizada (SUELI NETO, 2010).

O termo sílica refere-se aos compostos de dióxido de silício (SiO2) nas suas variadas formas. Esses compostos incluem: sílicas cristalinas, sílicas vítreas e sílicas amorfas. O dióxido de silício é um composto binário natural formado pelos dois elementos químicos mais abundantes na crosta da Terra: oxigênio e silício. Aproximadamente 60% da constituição do planeta são formados de sílica e seus compostos (TERRA FILHO & SANTOS, 2006).

Esse estudo teve como objetivo conhecer e alertar, através de revisão bibliográfica, os riscos oferecidos tanto a saúde humana quanto aos impactos ambientais causados pela exposição à sílica durante o beneficiamento de minerais.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho de revisão de literatura foi revisado com pesquisas em sites relacionados ao assunto de contaminação por sílica, sites de busca de artigos científicos e livros de toxicologia.

Santos (2006) afirma que a revisão de literatura tem papel fundamental no trabalho acadêmico, pois é através dela que o pesquisador situa seu trabalho dentro da grande área de pesquisa da qual faz parte, contextualizando-o.

Situar o trabalho é muito importante tanto para o pesquisador quanto para o leitor do seu texto. Para quem escreve é importante porque precisará definir os autores pertinentes para fundamentar seu trabalho, o que demandará uma leitura vasta, constante e repetida; e para quem lê é fundamental, pois este pode identificar a linha teórica em que o trabalho se insere com base nos autores selecionados para a revisão de literatura.

Assim, a revisão da literatura pode ser visto como o momento em que você situa seu trabalho, pois ao citar uma serie de estudos prévios que servirão como ponto de partida para sua pesquisa, você vai “afunilando” sua discussão.

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DESENVOLVIMENTO

A exposição à sílica associa-se à silicose e ao câncer de pulmão. As intensas utilizações em diversos processos de trabalho fazem com que a exposição ocorra em diversas ocupações, bem como no ambiente de entorno de sítios de exposição ocupacional. Desta forma, configura-se em um problema de saúde pública, em especial no campo da saúde do trabalhador e do meio ambiente (RIBEIRO, 2010).

A Sílica, em função de sua abundância na Terra, é amplamente utilizada como matéria-prima de diversos produtos, assim como é produto final e subproduto em vários processos industriais (KULCSAR NETO, ET AL. 1995; IARC, 1997; RIBEIRO, 2004; CAPITANI, 2006; TERRA FILHO & SANTOS, 2006). É fonte do elemento silício, principal matéria dos componentes semicondutores e dos silicones, assim como dos cristais piezoeléctricos. A sílica também é usada como um dos constituintes de materiais de construção e é material básico na indústria de vidro, cerâmica e refratários. Na forma amorfa, é utilizada como dessecante, adsorvente, carga e componente catalisador (RIBEIRO, 2010).

A poeira de sílica é desprendida quando se executa atividades como ao cortar, serrar, polir, moer, esmagar, arar; e qualquer outra forma de subdivisão de materiais como areia, rochas, certos minérios ou concreto, assim como jateamento de areia e transferência ou manejo de certos materiais em forma de pó (Bom & Santos, 2010). Para Ribeiro (2007), os efeitos tóxicos da sílica no organismo humano dependem do tipo de exposição e do tipo de resposta orgânica.

O caminho que a poeira de sílica livre inalada percorre no sistema respiratório, assim como o local onde essa partícula se deposita, está relacionado ao seu tamanho. Em condições normais, a poeira é impedida de progredir através do sistema respiratório e/ou expelida por esse, com ajuda do muco produzido na região traqueobrônquica. Na situação de exposição ocupacional, a inalação de poeira é intensa e duradoura, frequentemente ultrapassando os limites de reparação do organismo. O estímulo continuado na região traqueobrônquica gera uma hipertrofia das estruturas produtoras de muco (RIBEIRO, 2010).

A pneumoconiose caracterizada pela inalação de poeiras contendo partículas finas de sílica livre cristalina (quartzo, SiO2 cristalizada) é definida como silicose (CID J62). A silicose é uma doença conhecida há vários séculos. Sua etiologia,

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mecanismo de lesão (fisiopatológico) e formas de exposição são bem estabelecidos há mais de cem anos (RIBEIRO, 2010).

Atualmente existe tecnologia disponível para evitá-la, mas ainda assim a doença continua a acometer trabalhadores em todo o mundo. Nos países em desenvolvimento, em especial, são registrados milhares de novos casos de silicose a cada ano. Observa-se uma tendência à redução da incidência em países desenvolvidos (KULCSAR NETO, 1995; IARC, 1997; CAPITANI, 2006; TERRA FILHO & SANTOS, 2006; CARNEIRO et al, 2006).

Já os impactos ambientais afetam diretamente a vegetação e a hidrografia local, ou mesmo regional, podendo causar modificações no equilíbrio ecológico repercutindo no relevo, na biota, na qualidade do ar e da água, ou seja, sobre todo o ambiente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Brasil, mais de 6 milhões de trabalhadores ficam expostos continuamente à poeira de sílica capaz de produzir doenças, como consequência das inúmeras atividades extrativistas e industriais (ALGRANTI, 2001; RIBEIRO, 2004, TERRA FILHO & KITAMURA, 2006). No Ministério da Saúde foi incluída na Portaria MS1339 de 1999 que lista as Doenças Relacionadas ao Trabalho. A partir de 2004 é objeto de notificação compulsória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em todo o país (RIBEIRO, 2007).

Ainda não existe tratamento específico eficaz para a silicose no que se refere à contenção da progressão do quadro, nem no que se refere à cura ou reversão das lesões. A conduta adequada no caso de suspeita de silicose é o afastamento da exposição (BARBOZA, et al, 2008).

Quanto aos impactos ambientais, comuns quando não gerenciados, de modo geral provocam mudanças no relevo local através da retirada da cobertura vegetal, desmonte de rocha e armazenamento de minérios e de rejeitos.

Tais operações impactam diretamente a vegetação e a hidrografia local, ou mesmo regional, podendo causar modificações no equilíbrio ecológico repercutindo no relevo, na biota, na qualidade do ar e da água, ou seja, sobre todo o ambiente. A

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poluição da água e do ar são extremamente importantes de serem diagnosticados e avaliados, uma vez que afetam diretamente a população local. A poluição do ar ocorre principalmente nas etapas de lavra, através dos desmontes, transporte de materiais e beneficiamento. A remoção da cobertura vegetal, o desenvolvimento da mina a céu aberto e a disposição dos rejeitos causam grandes impactos na paisagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Campanhas que despertam na população o conhecimento sobre os riscos à saúde e riscos ambientais são de extrema importância pois com uma população mais consciente, práticas adotadas para eliminar a exposição a sílica e diminuir os impactos ambientais se tornariam muito mais eficientes.

O forte sub-registro de uma doença tão significativa no Brasil, como é a silicose, é muito relevante, portanto o conhecimento sobre o que a exposição à sílica pode acarretar é de extrema importância para que futuramente se conheça mais casos, possibilitando a tomada de medidas para diminuir a exposição à sílica e aumentar as ações da toxicovigilância.

REFERÊNCIAS

BARBOZA, C.E.G.; WINTER, D.H.; SEISCENTO, M.; SANTOS, U.P.; TERRA FILHO, M. Tuberculose e silicose: epidemiologia, diagnóstico e quimioprofilaxia. J Bras Pneumol. 2008; 34(11):959-966.

BOM AMT, SANTOS AMA. Sílica - Exposição ocupacional. Sílica e Silicosi. Fundacentro. [citado em 20 maio 2010]. Disponível em URL: <http://www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=SES&C=781&menuAbertm=777>.

CAPITANI EM. A silicose (ainda) entre nós. J Bras Pneumol. 2006;32(6). International Agency for Research on Cancer. Silica, some silicates, coal dust and para arami fibrils. Lyon: IARC; 1997.

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KULCSAR NETO, F.; GRONCHI, C.C.; SAAD, I.F.S.D.; CUNHA, I.A.; POSSEBON, J.; TEIXEIRA, M.M. et al. Sílica - manual do trabalhador. São Paulo: FUNDACENTRO; 1995. [citado em 14 out 2005]. Disponível em <http://www.fundacentro.gov.br/ARQUIVOS/PUBLICACAO/l/SÍLICA%20

MANUAL%20DO%20TRABALHADOR%202.pdf>.

RIBEIRO, F.S.N. Exposição ocupacional à sílica no Brasil: tendência temporal, 1985 a 2001 [Tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo; 2004.

RIBEIRO, Fátima Sueli Neto (coord.) O mapa da exposição à sílica no Brasil. Coordenação Geral Fátima Sueli Neto Ribeiro. - Rio de Janeiro: UERJ, Ministério da Saúde, 2010. 94 p.

RIBEIRO, F. S. N. Exposição à sílica e a silicose no Estado do Rio de Janeiro - no prelo - Relatório de Pesquisa Faperj edital 04/2004. Submetido à publicação em 2010.

SANTOS, Luiz Fernando Amaral. Apostila Metodologia de Pesquisa Cientifica II. Itapeva-SP: Faculdade Metodista de Itapeva, 2006.11p.

TERRA FILHO M., SANTOS U. P. Silicose. J Bras Pneumol. 2006; 32 (Supl. 1):S41-S7.

USEPA. U.S. Environmental Protection Agency. 1989. Risk assessment guidance for Superfund: Vol. I - Human Health evaluation manual (part A), EPA/540/1-89/002. Washington D.C., USEPA, 289p.

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