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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DECISÃO DO RELATOR

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Agravo de Instrumento nº 0059982-86.2013.8.19.0000 Agravante: TRANSPORTES PARANAPUAN S.A. Agravado: CLEIDE DA COSTA MIRANDA Relator: EDSON VASCONCELOS

DECISÃO DO RELATOR

AÇÃO INDENIZATÓRIA - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - PENHORA SOBRE CRÉDITOS ORIUNDOS DO RIOCARD – POSSIBILIDADE – FIXAÇÃO EM PERCENTUAL QUE ASSEGURA A CONTINUIDADE DAS ATIVIDADES SOCIAIS DA EMPRESA - ADMISSIBILIDADE. Decisão que determinou a penhora do montante devido sobre os créditos da executada oriundos do Riocard. Admissão dessa modalidade de penhora, até o limite do crédito exeqüendo, desde que em percentual adequado, permitindo, assim, assegurar a continuidade das atividades sociais da empresa e não comprometimento de sua solvabilidade. Valor excessivo que conflita com o princípio da execução menos gravosa, inserido no art. 620, do CPC. Fixação do percentual de 10% sobre a aludida renda diária até alcançar o total da condenação. Parcial provimento ao recurso.

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RELATÓRIO

Volta-se o presente agravo de instrumento contra decisão da 1ª Vara Cível da Regional da Ilha do Governador, que nos autos da ação de reparação de danos, em fase de execução de sentença, determinou o cumprimento do mandado de penhora perante a FETRANSPOR, dos créditos da executada oriundos do Riocard, com o bloqueio e transferência do valor da execução ao Juízo singular, no total de R$197,428,91. (fls. 335/336)

Sustenta a agravante onerosidade excessiva da penhora nos moldes realizados. Assevera que da forma como foi deferida a penhora poderá lhe causar transtornos e dissabores de toda ordem, especialmente de índole financeira, e ainda os de ordem trabalhista, impedindo-o de honrar compromissos com fornecedores de insumos básicos indispensáveis ao sustento da operação diária das suas linhas de ônibus por cuja exploração é responsável, ficando, assim, ameaçada a continuidade desse serviço público. Relata que apesar da agravante ser uma empresa de grande porte, a forma como foi determinado o gravame, irá comprometer seriamente sua saúde financeira, visto que além de inúmeros compromissos, possui mais de 100 execuções em andamento, somente na regional da Ilha do Governador. Relata que essa forma excepcional de penhora sobre a renda de empresa, foi determinada em frontal desobediência à ordem determinada no art. 655, do CPC. Argumenta que a aludida penhora deveria ser estipulada em percentual e não sobre o montante da execução, deixando de observar o que vem sendo

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deferida, irá privilegiar um único credor em detrimento dos demais. Esclarece que a penhora poderá ser efetivada com segurança mediante a constrição de 3% (três por cento) sobre a renda líquida diária da receita oriunda dos vales transportes junto ao Banco Itaú, eis que não comprometeria sua continuidade e existência, por falta de numerário suficiente para o custeio de seus compromissos. Postula a concessão de efeito suspensivo ao recurso, e que ao final o mesmo seja provido, para que se proceda à penhora de outros bens capazes de garantir o crédito exequendo; ou caso prevaleça a confirmação de renda, que a mesma seja de 3% da renda líquida diária da empresa agravante, dos créditos oriundos dos vales-transportes depositados no banco Itaú, até atingir o valor total do crédito devido. No mais, colaciona precedentes jurisprudenciais que entende favoráveis a sua tese. (fls. 02/11)

Decisão deste Relator concedendo efeito suspensivo ao recurso, bem assim solicitando informações ao órgão judiciário singular, no prazo de 10 dias e intimação da agravada para contra-arrazoar o agravo.

Ofício do Juízo singular informando o cumprimento do art. 526 do CPC e manutenção da decisão agravada.

Contrarrazões a fls. 23/26 prestigiando o decisum impugnado.

Recurso tempestivo e devidamente preparado.

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EXAMINADOS, DECIDO:

Na hipótese em comento, cinge-se a irresignação recursal a modalidade de penhora determinada para garantir o crédito exequendo, bem assim a necessidade de fixação de percentual sobre a execução da aludida penhora a fim de não comprometer a saúde financeira da agravante.

Assiste parcial razão à recorrente.

O processo de execução visa à satisfação concreta do direito do demandante, existente segundo os termos do direito substancial, devendo ser realizado pelo meio menos gravoso ao devedor, ex vi do art. 620 do Código de Processo Civil.

Com efeito, a interpretação da legislação processual civil, no que se refere ao processo executivo, deve levar em consideração a harmonia entre o objetivo de satisfação de crédito e a forma menos onerosa para o devedor.

A conciliação desses dois princípios contrapostos é que deve nortear a solução aplicável a cada caso concreto e mediar a aplicação dos arts. 655, 656 e 620, todos do Código de Processo Civil.

Busca-se com isso um equilíbrio entre os interesses do exeqüente e do executado.

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Sem embargo disso, a forma menos gravosa de execução não se compraz com constrição, para garantia do Juízo, de bens cuja liquidez não se afigura demonstrada de plano, assim entendida a fácil convolação do bem penhorado em dinheiro.

Embora a penhora de renda seja considerada medida excepcional, no particular, a medida se justifica em razão de restarem infrutíferas outras tentativas de satisfação da dívida junto a empresa executada, como bem salientou o magistrado a quo na decisão atacada.

A possibilidade da penhora incidir sobre a renda diária ou do faturamento de empresa está pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça, que admite a constrição judicial sobre os valores do chamado vale-transporte, em face à sua equivalência ao dinheiro em espécie, uma vez que são repassadas pelo ente federativo às empresas de transporte de passageiros.

Contudo, a penhora em tais moldes deve ser arbitrada em percentual adequado sobre a aludida renda, a fim de assegurar a continuidade das atividades da sociedade empresária, não comprometendo, assim, sua solvabilidade.

Neste sentido dispõe o Enunciado nº 100, da Súmula desta Corte Estadual, in verbis:

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“A penhora de receita auferida por estabelecimento comercial,

industrial ou agrícola, desde que fixada em percentual que não comprometa a respectiva atividade empresarial, não ofende o princípio da execução menos gravosa, nada impedindo que a nomeação do depositário recaia sobre o representante legal do devedor .”

Imperiosa, assim, a fixação de percentual a ser bloqueado, a fim de minimizar o impacto sobre o equilíbrio financeiro da recorrente.

Todavia, sua fixação em patamar tão baixo quanto requerido pelo agravante (3%) acabaria por prolongar o recebimento do crédito do agravado, demonstrando-se razoável o percentual de 10% da aludida renda diária até que seja atingido o montante do crédito perseguido, mostrando-se em consonância com o aplicado por este Tribunal em casos análogos, como se infere do seguinte aresto:

“Agravo Inominado previsto no art. 557 do C.P.C. Recurso

instrumental que teve o seu seguimento negado. Agravo de Instrumento. Cumprimento do Julgado. R. Decisão a quo

deferindo a penhora da renda bruta diária de 10% (dez por cento) obtida por intermédio do sistema Riocard. I - Nova

redação do § 3º do art. 652 do CPC, introduzida pela Lei nº 11.382/06, que concedeu ao executado a prerrogativa de indicar bens à penhora, a qualquer tempo, ocorrendo que ele se quedou inerte. Penhora on line restou infrutífera. II – A renda, por ser

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ônus aos Litigantes, já que independe de avaliação, leilão ou praça e o mais conexo. III – Ordem preferencial de bens para penhora como determinado pela Lei de Ritos Civil, em seu artigo 655 que não se modificou. Renda, que por ser dinheiro, prefere a outra indicação. Exegese do Verbete Sumular n.° 100 deste Colendo sodalício. Precedente do STJ. IV - Percentual fixado que se mostra razoável, até porque a Devedora também aufere renda em espécie diretamente nas catracas de seus coletivos, além do que o débito se encontra em valor expressivo. V - A substituição da constrição pela renda líquida carece de amparo legal, vez que demandaria a elaboração de planilha com a arrecadação diária, balancete e o mais conexo. VI - Tese sustentada no Recurso Instrumental que já foi analisada, de sobejo, pela jurisprudência tranqüila deste E. Sodalício, bem como dos Tribunais Superiores, de modo que, em atenção ao postulado processual da celeridade e, bem assim, à norma ínsita ao art. 557 do C.P.C., necessário se mostrou a negativa de seguimento. Negado Provimento.” (A.I. 0010457-43.2010.8.19.0000, Rel. Des. Reinaldo P. Alberto Filho, j. Em 30/03/2010, Quarta Câmara Cível). (grifo nosso)

À conta de tais fundamentos, dou parcial provimento ao recurso, com espeque no art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil, a fim de fixar a penhora de 10% sobre a renda bruta diária devida à executada, obtida por intermédio do

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sistema Riocard até alcançar o total da condenação, mantido, no mais, o decisum guerreado.

Rio de Janeiro,

Des. Edson Vasconcelos Relator

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