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Escola de Comunicações e Artes – Universidade de São Paulo – 20 a 23.08.2013

O USO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ESFORÇO DE GUERRA NORTE-AMERICANO DURANTE A 2ª. GUERRA MUNDIAL

Marcelo de Rosso Buzzoni1 Emidio Martins Pedro2

Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

RESUMO

O trabalho pretende analisar o uso das histórias em quadrinhos norte-americanas no período da segunda guerra mundial, como propaganda ideológica para um esforço de guerra. Nesse contexto, serão analisadas a criação e utilização de super-heróis e outros personagens surgidos no período para discutir o contexto ideológico em que se inserem, assim como sua penetração na cultura de massa. Com isso, busca-se nos quadrinhos uma análise documental da história das idéias e da história social da arte, pois o uso do meio discursivo aliando imagens e comunicação textual, como promoção ideológica, foi também item de consumo cultural norte-americano perdurando até hoje. Baseia-se em discutir qual contexto os personagens foram criados e desenvolvidos e como as histórias em que eles se inserem discutem a guerra e a relação ideal desta para com o povo norte-americano aliado a uma estratégia de comunicação que visa exacerbar o patriotismo e o engajamento dos norte-americanos ao passo que minimiza conflitos existentes na sociedade como tática de comunicação política, atingindo todas as idades e classes sociais. Para tanto, são focados o contexto histórico do referido período, com ênfase na cultura de massa e nos quadrinhos, principalmente nos de super-heróis, que surgem e têm seu auge neste período.

PALAVRAS-CHAVE: esforço de guerra; quadrinhos; super-heróis

INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é demonstrar como o contexto histórico dos anos 30 nos EUA, com suas transformações políticas, sociais e econômicas, fez com que fossem usadas mídias em massa, como as histórias em quadrinhos, no esforço de guerra.

O intuito é demonstrar o uso dos quadrinhos como propaganda anti-Eixo e (re)unindo os norte-americanos em prol dos combatentes na Guerra, e para tento, não se focando na análise de fontes primárias, todavia tendo como referência de análise o processo histórico em sua abrangência.

Após breve contexto histórico, será explicado como funcionou o esforço de guerra norte-americano, focando as culturas de massa, para em seguida analisar as histórias em

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Bacharel em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo 2

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quadrinhos com sua conceituação, um pouco de sua história até chegar-se ao período referente ao final dos anos 30 e início da década de 40, período em que se foca este estudo. Por fim, haverá comentários acerca das capas de gibis da época retratada que serão utilizadas como exemplo do pesquisado em observância ao mito do personagem analisado e universo em que se insere.

CONTEXTO HISTÓRICO

Os EUA ainda estavam se recuperando da maior crise do Capitalismo, até então, quando irrompeu a 2ª. Guerra Mundial na Europa e em seus domínios no Pacífico – ataques aos quais fariam os EUA declararem guerra ao Japão e, em seguida, seus aliados Alemanha e Itália aos EUA.

O presidente Roosevelt, após ser eleito em 1932 havia criado várias medidas de modo, senão a sanar a crise, ao menos amenizá-la. Os planos do Novo Acordo (‘New Deal’) implementados por Roosevelt, não resolveram como um todo a crise econômica que se abatera nos EUA violentamente em 1929 – a crise só foi derrubada após a entrada dos EUA na Guerra – porém, fez com que parte da auto-estima dos norte-americanos fosse recuperada.

Neste período houve a criação e ampliação de vários direitos sociais, mesmo que estes não fossem totalmente universais (muitos trabalhadores não-brancos, ou mulheres, ou trabalhadores em empregos informais ou no campo, não tiveram acesso a vários destes benefícios).

“Comparado aos Estados de bem-estar social dos países socialdemocratas da Europa, o New Deal de Roosevelt foi modesto. (...) trouxe em alguma medida segurança econômica para muita gente, transformando as relações entre cidadãos e o Estado por meio de uma garantia de uma mínima qualidade de vida e proteção social contra adversidades.” (PURDY, 2007, p. 210)

ESFORÇO DE GUERRA

Com o estouro da Guerra, Roosevelt expressou claramente seus objetivos com a defesa das liberdades de expressão, religião, segurança econômica e democracia.

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Logicamente que estes termos tinham seus conceitos de forma bem vaga, mas ajudaram imensamente ao presidente obter o apoio para a guerra.

Para minimizar o descontentamento de setores da sociedade que, assim com o ocorria na Europa, eram contrários à guerra, o governo viu a necessidade do investimento em propaganda, estimulando o apoio da sociedade e minimizando o descontentamento. A mídia de massa promove uma opinião pública majoritária a favor de seu sistema ideológico, e por sua vez, provoca um silenciamento social da opinião minoritária, contribuindo para a força do discurso dominante.

Em 1942, foi criado o Escritório de Informação da Guerra, onde foi centralizado o esforço de guerra junto às mídias. Jornais, revistas, panfletos, cinema e histórias em quadrinhos, foram as mídias em massa mais utilizadas para veiculação de propaganda em prol dos Aliados em sua luta contra o Eixo.

A maior parte das propagandas foram encomendadas a estúdios de cinema e de animação (Disney e Warner Brothers, por exemplo), mas personagens das histórias em quadrinhos também tiveram sua participação na propaganda anti-fascismo, como será elencado adiante. O que se pode adiantar, é que além do Tio Sam, clássico símbolo dos EUA, ter virado super-herói contra os Nazistas, outra personalidade que tornou-se personagem foi Stalin, líder da Rússia comunista, que teve como alter-ego o personagem Uncle Joe (Tio Joe).

CULTURA DE MASSA

Diz Umberto Eco, que este termo seria um contrassenso, pois cultura é algo considerado das elites, como esta pode ser algo paras as massas?

“A cultura de massas é a anticultura. Mas, como nasce no momento em que a presença das massas, na vida associada, se torna fenômeno mais evidente de um contexto histórico, a ‘cultura de massa’ não indica uma aberração transitória e limitada: torna-se o sinal de uma queda irrecuperável (...)”(ECO, 2001, p. 8)

e o homem da cultura apenas pode acompanhar este acontecimento não participando diretamente deste.

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Continua Umberto Eco, dizendo que a cultura de massas acontece em um momento onde a massa é a protagonista da história, responsável pela coisa pública. O maior paradoxo nesta cultura está no fato de a cultura das massas nascer de ideias que vêm “de cima”, formuladas pela cultura da classe hegemônica. E, aqui, ocorre o paradoxo, quando as elites, com sua cultura “superior”, menosprezam a cultura das massas taxando-a de uma “subcultura”, sendo que sua origem é a própia cultura burguesa.(ECO, 2001, p. 25)

Aqui inicia-se um momento de fruição e crítica à cultura de massas. Enquanto o “leitor de histórias em quadrinhos” galga vôos maiores chegando a uma literatura clássica (‘alta’ cultura), o homem da cultura – que só escuta Bach ou outros músicos eruditos – pode dar-se ao luxo de ligar o rádio e fruir um pouco da música popular, descompromissadamente.

A principal vantagem deste movimento é a difusão da cultura, mesmo de um modo ‘menor’, a uma quantidade maior de pessoas. Os museus, jornais, a indústria editorial, fonográfica, cinematográfica e de histórias em quadrinhos floresceram no século XX. Tudo é possível de ser consumido pelas massas.

Em 1914 os veículos de comunicação de massa já eram fortes no Ocidente. Os jornais, por exemplo, dobraram sua tiragem nos EUA entre 1920 e 1950. Isso foi muito facilitado com a alfabetização em massa. Mesmo assim, os semi-analfabetos podiam ‘ler’ os jornais com a ajuda das ilustrações, charges e histórias em quadrinhos (que neste período, ainda não eram admiradas pelos intelectuais).

A influência desta cultura de massas na literatura não foi pequena, com o surgimento de leituras cada vez mais simplificadas, de modo a abarcar um público maior.

O cinema, em compensação, fazia poucas exigências à alfabetização e, depois que aprendeu a falar, em fins da década de 20, praticamente não houve mais nenhuma restrição ao público de língua inglesa.(HOBSBAWN, 1995)

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Uma pequena conceituação se faz necessária. O que são histórias em quadrinhos? Para Will Eisner, sucintamente, os quadrinhos são ‘Arte Sequencial’.

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Já Scott McCloud em seu Desvendando Quadrinhos amplia este conceito, chegando à seguinte afirmação: “Histórias em Quadrinhos são imagens pictóricas e outras justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir informação e/ou produzir uma resposta ao espectador.”(McCLOUD, 1995)

A afirmação de McCloud é mais ampla e abrange praticamente tudo o que pode ser feito com quadrinhos, sejam tiras, álbuns, revistas, “webtiras” etc.

Desde as primeiras HQs que surgiram para o grande público, elas foram identificadas como ‘coisa de criança’. Até hoje muitos não as consideram um tipo de arte, mesmo com o sucesso que elas fazem e com a qualidade dos roteiros e desenhos que têm, os quais fizeram muitas dessas revistas e seus autores ganharem, inclusive, prêmios literários.

Os primeiros personagens surgidos nas HQs mais populares eram protagonistas de histórias cômicas, que pareceriam destinadas ao público infantil, mas seus princpais leitores eram adultos. A massificação dessas histórias deu-se quando as tiras que saíam nos grandes jornais dos EUA começaram a ser distribuídas pelos Syndicates que eram empresas que detinham os direitos de vários personagens e distribuíam esse material aos editores dos jornais.

Nessas primeiras tiras cômicas (que deram origem ao nome em inglês para as HQs: comics) e que, a partir de 1933/1934, foram compiladas em álbuns – os Comic Books -, seus personagens viviam situações inusitadas e com histórias com começo, meio e fim. Alguns exemplos: Sobrinhos do Capitão (1897), Gato Félix (1920), Mickey Mouse (1928) e Little Annie (1924).

Uma rara exceção destas primeiras tiras foi Little Nemo (1905), onde seu autor nos levava a um mundo onírico (os sonhos do Pequeno Nemo) com maravilhosas imagens surreais e, mesmo o sonho do pequeno Nemo encerrando-se no último quadrinho (sempre ele caindo da cama e acordando) na noite – ou tira – seguinte, a história continuava no mundo dos sonhos onde havia parado na noite anterior.

Nos anos 30, o cinema sofreu uma revolução. Viu-se o cinema sendo influenciado pela crise econômica e pelas tentativas de recuperação americana, um retrato da sociedade americana da época, com os filmes de gangters, a crítica aos valores da sociedade nas comédias dos irmãos Marx e a crítica social nas sátiras de Charles Chaplin.

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Na segunda metade da década, surgem filmes para distração das massas, de modo a esquecerem-se da Depressão, com histórias leves e muito humor. Surgem aqui as primeiras animações da Disney, os populares musicais e é mostrada a ‘América caipira’ nos filmes do diretor Frank Capra.(HOBSBAWN, 1995, p, 212-213)

Surgiram os filmes falados e em seguida os coloridos. As técnicas de filmagens, posicionamento de câmeras também tiveram muitas mudanças, tendo como grande exemplo dessas mudanças o clássico ‘Cidadão Kane’, de Orson Welles.

Esteticamente, isso foi transferido para as histórias em quadrinhos e para a cultura em geral, onde diferentes composições dos quadros, paginação e enquadramento começaram a ser feitos, bem como histórias mais aprofundadas e velozes. A série ‘Little Nemo’ anteriormente citada, foi uma das precursoras dessa estética, adiantando em 20 anos o que se veria naquela década.

Como dito, a temática das histórias também sofreu algumas mudanças, acompanhando o ritmo da sociedade. Aquele maravilhoso mundo dos anos 20 tinha ido por água a baixo. Essa crise trouxe uma demanda imaginária na população por heróis, todos aqueles que pudessem salvá-los da situação em que viviam, e seria um modo de destacar a proeminência do povo norte-americano ao resto do mundo.

Nas palavras do já citado Umberto Eco: “O herói positivo deve encarnar, além de todo limite pensável, as exigências de poder que o cidadão comum nutre e não pode satisfazer.”(ECO, 2001)

Surgem, então, os ‘quadrinhos de aventura’ e personagens como: Tarzan (1929), Dick Tracy (1931), Mandrake (1934), Flash Gordon (1934), Fantasma (1936) – que foi considerado o primeiro heroi mascarado –, Príncipe Valente (1937), entre outros.

Quando o contexto histórico passa a ser o da guerra (cada vez mais eminente, ou já em seu curso), surgem novos e mais poderosos heróis: os super-heróis. Super-Homem foi o primeiro em 1938 e, na seqüência surgem praticamente todos os heróis que conhecemos hoje, na chamada “Era de Ouro” dos super-heróis: Batman (1939), Namor (1939), Tocha Humana (1939), Capitão América (1941), Mulher Maravilha (1941) etc.

Não só esses novos heróis que surgiam no final dos anos 30, mas alguns dos outros que já existiam, participaram do esforço de guerra contra o ‘Eixo’, como o Tarzan enfrentando alemães na selva africana, Dick Tracy e X-9, ambos agentes secretos,

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enfrentando sabotadores do Eixo e até o Príncipe Valente (em plena Idade Média) ataca alemães – no caso, os Hunos, que na gíria inglesa queria dizer germânicos.

“Discurso ideológico, o quadrinho também é discurso que se faz político (ao nível de sua especificidade). Assim como o ideológico manifesta-se nos mais variados níveis de articulação formal, o político se manifesta em todos os níveis, seja de modo direto, seja de modo indireto. Seja de modo crítico, seja de modo ideológico.” (CIRNE, 1982. p. 20)

Entre 1938 e 1945, cerca de 400 super-heróis diferentes haviam surgido no mundo das histórias em quadrinhos, dos quais poucos sobreviveriam editorialmente. Em comum, esses personagem eram dotados de características sobre-humanas, sendo as mais comuns a super-visão, força extraordinária, capacidade de dar saltos incríveis ou alçar voo, invulnerabilidade entre outros atributos fantásticos.

Um herói indestrutível vendia o ideal da pátria indestrutível, o ideal do super-soldado, em seu sentido burguês individualista, onde não há o espaço para a fraqueza, medo, dúvida ou revolta. Inexiste nas histórias a crítica social e os conflitos cotidianos e mesmo com super-poderes, os heróis não fogem do status-quo, sendo estes a personificação do bem ideal segundo os valores cristãos-ocidentais. A luta do herói é a luta em prol do poder e da classe dominante, que tem no personagem a garantia de sua continuidade.

SUPER-HERÓIS NA GUERRA

As capas das revistas em quadrinhos aqui elencadas são apenas uma parte das usadas como referência e estas referências são apenas uma parte de todo um conjunto de histórias de aventuras (ou não) da época e que foram usadas na propaganda anti-nazista.

Foram selecionadas apenas capas de revistas de super-heróis pelo fato de serem a novidade da época (todos estes personagens foram criados entre 1938/1941) e, justamente pelo fato deles serem ‘supers’.

Neste contexto de guerra não adiantava o herói em questão ser um dos melhores guerreiros de Camelot como o fora o Príncipe Valente; ou ser o rei das selvas: Tarzan; ou o maior mágico do mundo tal qual o Mandrake; ou, quem sabe, o Espírito-que-anda como era

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conhecido o Fantasma. Não, o herói tinha que ser super, como o maior e mais famoso de todos: o Super-Homem (Superman).

Figura1 – Super-Homem aparece derrotando tanque nazista com sua super força. Fonte: Action Comics (Super-Homem): edição 59

Pelo fato de todos, hoje, já conhecerem pelo menos parte da mitologia que o cerca não é muito difícil entender porque ele foi um dos personagens que mais colaborou no esforço de guerra. Um ser com superforça, invulnerável, vôo, supervelocidade e, depois outros superpoderes que foram adicionados como a visão de raio-X, visão de calor, super sopro etc, não poderia ficar fora desta propaganda.

Além de tudo, o Super-Homem era identificado como um símbolo dos EUA – quase como o Tio Sam -, do bom-mocismo e da Justiça. Era o personagem perfeito para cativar adultos e crianças, principalmente estas, leitoras vorazes de suas revistas.

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A primeira aparição dele foi na revista Action Comics nº 1. Depois passou a ter série própria com o seu nome estampado nas capas, além de parições em outras revistas de sua editora, a DC Comics.

Sendo usado principalmente para promover a compra de selos de guerra para financiar as tropas, Super-Homem também é mostrado combatendo cara-a-cara tropas nazistas e japonesas (fig. 1).

A Mulher-Maravilha foi a primeira super-heroína criada. Na sua origem de 1941 ela era uma filha da Rainha das Amazonas, da mitologia grega, portanto, uma semi-deusa. Tinha super força, braceletes indestrutíveis com os quais se defendia, o famoso laço mágico em que quem fosse nele aprisionado deveria sempre falar a verdade e o poder de vôo.

Figura 2 – Mulher-Maravilha liderando pelotão feminino. Fonte: Sensation Comics (Mulher Maravilha): edição 20

Vinda da ilha das Amazonas para o chamado ‘mundo dos homens’, a princesa Diana teve contato pela primeira vez com a guerra, o ódio, preconceito, desunião, todos

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sentimentos e coisas que desconhecia por viver em um Paraíso terrestre onde homens eram proibidos de entrarem.

Seu primeiro contato com um homem foi um oficial da Força Aérea Britânica (a, em inglês, RAF). Assim, entra na guerra ao lado dos ingleses dando-lhes suporte aéreo, principalmente. Suas histórias eram mostradas na revista Sensation Comics, da mesma DC Comics do Super-Homem. Na capa de uma delas, a edição 20, Mulher-Maravilha aparece liderando o que parece ser um pelotão feminino sobre um jipe de guerra. (fig. 2)

O principal super-herói americano da 2ª. Guerra nos quadrinhos, com certeza foi ele, que não era apenas um soldado, era um super soldado e tinha a patente de capitão: o Capitão América.

Figura 3 – Capitão-América dá um soco em Hitler. Fonte: Captain America (Capitão América): edição 1

Steve Rogers era um rapaz franzino que se inscreveu em um programa do governo norte-americano para receber uma dose do chamado ‘soro do super soldado’, elixir que

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daria a quem que com ele fosse inoculado uma força, agilidade e resistência sobre-humanas. A ideia, mostrada na revista, era que os militares dos EUA queriam fazer um exército com estes super soldados para vencer a guerra. Contudo, apenas um soldado pôde recebê-lo – Rogers – pois um espião alemão destruiu o restante do elixir, bem como matou aquele que tinha a fórmula. Assim, surge o Capitão América, literalmente uma bandeira americana em forma de soldado.

Mesmo com apenas um Capitão América, a sorte do exército americano mudou incrivelmente para melhor. O Capitão, além de ser melhor combatente e ter consigo seu escudo indestrutível, levantava o moral das tropas nos combates contra o inimigo.

Além do seu companheiro inseparável Bucky, teve como aliados outros heróis criados e editados por aquela que se tornaria a maior rival da DC Comics, a Marvel Comics, na época chamada ainda de Timely Comics, tais como o Tocha Humana Original (o ‘original’ para diferenciar do Tocha Humana do Quarteto Fantástico, que seria criado nos anos 60), Union Jack (super herói combatente britânico) e Namor, o Príncipe Submarino. Juntos, eles formaram a equipe chamada Invasores que combatia na Europa as forças do Eixo.

As histórias do Capitão América passaram-se basicamente no front europeu da Guerra, mas existem histórias dele combatendo os japoneses no Pacífico bem como agentes infiltrados nos EUA. Já em sua primeira edição, aparece socando a cara de, nada menos, Adolf Hitler. (fig. 3)

O Submarino, como também era conhecido Namor, teve grande destaque neste período. Um ser que era um híbrido de atlante e humano, foi considerado o primeiro ‘mutante’ dos heróis da Marvel. Sua ascendência atlante lhe deu o pacote básico de super poderes: super força, resistência sobre humana, vôo, além da capacidade de respirar e falar debaixo d’água e comunicar-se com seres marinhos telepaticamente.

É um personagem ambíguo pois muitas vezes revolta-se com a civilização da superfície que polui os oceanos, sua morada e de seu povo. Durante a Guerra, deixa isso de lado por conta de sentir sua civilização (atlante) na mira dos exércitos do Eixo e junta-se aos Aliados ingleses e americanos.

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Figura 4 – Namor derrota porta-aviões nazista.

Fonte: The Sub-Mariner (Namor, o príncipe submarino): edição 1

Sendo um ser que vive no mar, obviamente que suas histórias têm como cenário ataques de embarcações do Eixo, sejam de japoneses sejam alemãs. Muitas vezes com a ajuda de animais marinhos, Namor destroça os navios inimigos com sua poderosa força atlante. (fig. 4)

CONCLUSÃO

Após a contextualização histórica e breve explicação do esforço de guerra perpetrado pelos EUA de modo a angariar apoio contra os regime nazi-fascistas, houve explanação acerca da cultura de massa e como ela surge nesta sociedade no início do século passado. Em especial são demonstrados os fatores que levaram à difusão da cultura entre as massas e de que esse é um caminho sem volta com a cultura sendo consumida avidamente pela sociedade de consumo.

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Há duas divisões específicas sobre as mídias utilizadas neste esforço de guerra utilizados na pesquisa: as histórias em quadrinhos – com sua conceitualização e histórico – e as animações (desenhos animados) e como eles foram utilizados na propaganda anti-nazista, sendo que esta última divisão não foi foco deste trabalho.

Por fim, utilizando as imagens de capas de revistas selecionadas e incluídas nos anexos, são retratados os personagens (Super-Homem, Mulher-Maravilha, Capitão América, Namor e Tio Sam) das histórias em quadrinhos, suas origens e as situações em que eles são utilizados no esforço de guerra.

Esta pesquisa, como explicado na introdução, pretendia portanto dar um enfoque mais geral acerca da problemática do esforço de guerra e da cultura de massa dos quadrinhos como meio de propaganda ideológica, todavia, o assunto é bastante vasto e deverá ser maior aprofundado em pesquisas posteriores em diferentes níveis acadêmicos, aprofundando tópicos como a comunicação em massa, a cultura popular e, logicamente, as histórias em quadrinhos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS FILHO, Clóvis. Ética na Comunicação: da informação ao receptor. SP, Editora Moderna,1995

CIRNE, Moacy. Uma introdução política aos quadrinhos. Rio de Janeiro, Achiané / Angra, 1982.

ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. 6ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva. 2001

HOBSBAWN, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Cia das Letras., 1995

IANNONE, Leila Rentroia e Roberto Antonio. O Mundo das Histórias em Quadrinhos. São Paulo: Editora Moderna, 1994.

McCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 1995.

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________. Vapt Vupt. São Paulo: Clemente e Gramani Editora, 2003.

PURDY, Sean. “O Século Americano” in KARNAL, Leandro et. Al. História dos Estados Unidos:

das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2007. Pág. 213-215; 221-223

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 www.espacoacademico.com.br/035/35cviana.htm - A Era de Aventura no Mundo dos Quadrinhos. Acessado em 12 de setembro de 2009 às 9:57

 http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=326FDS007 - Histórias em Quadrinhos – A Nona Arte – Observatório da Imprensa. Acessado em 12 de setembro de 2009 às 10:15

 Imagens variadas de Hitler sendo ‘socado’ (punched):

http://hitlergettingpunched.blogspot.com. Acessado em 01 de outubro de 2009 às 14:25

IMAGENS DE CAPAS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, OBRAS CONSULTADAS:

- Figura 1: Action Comics (Super-Homem): edição 59

Encontradas em http://www.coverbrowser.com/covers/action-comics/2 acessado em 26 de setembro de 2009 às 15:10

- Figura 2: Sensation Comics (Mulher Maravilha): edição 20

Encontrada em http://www.coverbrowser.com/covers/sensation-comics acessado em 26 de setembro de 2009 às 15:12

- Figura 3: Captain America (Capitão América): edição 1

Encontrada em http://www.coverbrowser.com/covers/captain-america acessado em 26 de setembro de 2009 às 15:15

- Figura 4: The Sub-Mariner (Namor, o príncipe submarino): edição 1

Encontradas em http://www.coverbrowser.com/covers/submariner acessado em 26 de setembro de 2009 às 15:17

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