Exerc´ıcio
Uma linha monof´asica de 2 km deve ser constru´ıda utilizando-se condutores ACSR Linnet. Por motivos t´ecnicos, a indutˆancia total n˜ao deve exceder 4 mH. Obtenha o espa¸camento m´aximo entre condutores. Resolva o problema utilizando equa¸c˜oes e tabelas, e compare os resultados.
(Resposta: 1,1 m)
I Na tabela A.4, a express˜ao para Xd ´e:
Xd = 0, 2794 log d
em que d ´e o que chamamos de Dm (DMG) aproximado como sendo a
distˆancia entre os centros dos cabos e aparece a fun¸c˜ao log ao inv´es de ln. Demonstra¸c˜ao da equivalˆencia entre as express˜oes:
Se ln d = y, ent˜ao d = ey Aplicando o logaritmo:
log d = log ey = y log e
x Logo: y = 1 log e · log d = 2,3026 log d = ln d Assim, para 60 Hz: Xd = 2,022 · 10−3· f · ln d = 2,022 · 10−3· 60 · (2,3026 log d) = 0,2794 log d
5.7.6 Indutˆancia de uma linha trif´asica com espa¸camento sim´etrico
I Considere a linha trif´asica:
PSfrag replacements a c b D D D
em que:
os trˆes condutores tˆem raios iguais, portanto o mesmo RMG, igual a Ds
a distˆancia entre condutores ´e D
n˜ao h´a fio neutro ou o circuito ´e equilibrado → Ia + Ib + Ic = 0
I Fluxo concatenado com o condutor da fase a (h´a contribui¸c˜oes das trˆes
cor-rentes): λa = 2 · 10−7 · Ialn 1 Ds + Ibln 1 D + Icln 1 D = 2 · 10−7 · Ialn 1 Ds + (Ib + Ic) ln 1 D = 2 · 10−7 · Ialn 1 Ds − Ia ln 1 D (pois Ia = − (Ib + Ic)) = 2 · 10−7 · Ialn 1 Ds + Ialn D = 2 · 10−7 · Ialn D Ds Wb/m
I Indutˆancia da fase a:
La = λa
Ia = 2 · 10
−7 · ln D
Ds
H/m
I Portanto:
La = Lb = Lc = 2 · 10−7· ln
D Ds
H/m
5.7.7 Indutˆancia de linhas trif´asicas com espa¸camento assim´etrico
I O fluxo concatenado e a indutˆancia de cada fase s˜ao diferentes → circuito
desequilibrado
I Equil´ıbrio ´e obtido atrav´es da transposi¸c˜ao:
PSfrag replacements 1 2 3 D12 D23 D31 a a a b b b c c c Pos. 1 Pos. 2 Pos. 3
I C´alculos considerando a transposi¸c˜ao s˜ao mais simples
Linhas n˜ao transpostas → considera-se a linha como transposta e a sua indutˆancia como a m´edia das indutˆancias das fases
I Fluxo concatenado com fase a, primeiro trecho: PSfrag replacements D12 D23 D31 a b c λa1 = 2·10−7· Ialn 1 Ds + Ibln 1 D12 + Icln 1 D31
I Fluxo concatenado com fase a, segundo trecho:
PSfrag replacements D12 D23 D31 a b c λa2 = 2·10−7· Ialn 1 Ds + Ibln 1 D23 + Icln 1 D12
I Fluxo concatenado com fase a, terceiro trecho:
PSfrag replacements D12 D23 D31 a b c λa3 = 2·10−7· Ialn 1 Ds + Ibln 1 D31 + Icln 1 D23
I Fluxo m´edio concatenado com a fase a:
λa = λa1 + λa2 + λa3 3 = 2 · 10−7 3 · 3Ialn 1 Ds + Ibln 1 D12D23D31 + Icln 1 D12D23D31 = 2 · 10−7 3 · 3Ialn 1 Ds − Ia ln 1 D12D23D31 (pois Ia = − (Ib + Ic)) = 2 · 10−7· Ia· ln 3 √ D12D23D31 Ds Wb/m
I Indutˆancia m´edia por fase da linha trif´asica com transposi¸c˜ao: La = 2 · 10−7 · ln Deq Ds H/m em que: Deq = 3 p D12D23D31 ´
e o espa¸camento eq¨uil´atero equivalente da linha
Exemplo
Determine a reatˆancia indutiva por fase a 60 Hz da linha trif´asica mostrada a seguir, composta por condutores ACSR Drake.
PSfrag replacements 20
0
200
380
• Pela tabela A.3, o RMG do condutor tipo Drake ´e Ds = 0,03730
• O espa¸camento eq¨uil´atero da linha ´e: Deq =
3
√
• A indutˆancia e a reatˆancia por fase valem:
L = 2 · 10−7· ln 24,7712
0,0373 = 1,3 µH/m
XL = 2πf L = 2π · 60 · 1,3 · 10−6 = 0,49 mH/m = 0,7884 H/mi
• O problema pode ser resolvido pela utiliza¸c˜ao das tabelas A.3 e A.4: tabela A.1 → Xa = 0,399 Ω/mi
tabela A.2 (para Deq = 240) → Xd = 0,3856 Ω/mi
tabela A.2 (para Deq = 250) → Xd = 0,3906 Ω/mi
O valor de Deq ´e obtido por interpola¸c˜ao:
PSfrag replacements 25 24 24,7712 0,3856 Xd 0,3906 Xd Deq 25 − 24 0,3906 − 0,3856 = 24,7712 − 24 Xd− 0,3856 Xd = 0,3895 Ω/mi
e a reatˆancia por fase vale:
XL = Xa + Xd = 0,399 + 0,3895 = 0,7885 Ω/mi
5.7.8 Condutores m´ultiplos por fase
I Extra-alta tens˜ao (EAT ou EHV) → por exemplo 440 kV → efeito corona
excessivo
Corona: descargas que se formam na superf´ıcie do condutor quando a intensidade do campo el´etrico ultrapassa o limite de isola¸c˜ao do ar.
Conseq¨uˆencias: luz, ru´ıdo aud´ıvel, ru´ıdo de r´adio (interferˆencia em circuitos de comunica¸c˜ao), vibra¸c˜ao do condutor, libera¸c˜ao de ozˆonio, aumento das perdas de potˆencia (deve ser suprida pela fonte)
I Solu¸c˜ao: coloca¸c˜ao de dois ou mais condutores por fase → cabos m´ultiplos
(bundled conductors) PSfrag replacements d d d D d D
Outras configura¸c˜oes:
I Outras configura¸c˜oes:
PSfrag replacements d d d d d
I Outra vantagem dos cabos m´ultiplos: redu¸c˜ao da reatˆancia (aumento do RMG). O RMG ´e calculado por: 2 condutores Dsb = p4 D2 s · d2 = √ Ds· d 3 condutores Dsb = p9 D3 s · d6 = 3 √ Ds· d2 4 condutores Dsb = p16 D4 s · d12· 22 = 1,09 · 4 √ Ds · d3
I Equa¸c˜oes da indutˆancia e reatˆancia s˜ao as mesmas, substituindo-se o RMG Ds
do condutor simples por Dbs para cabos m´ultiplos
I A corrente n˜ao ´e distribu´ıda uniformemente entre os condutores da fase, pois
reatˆancias por fase n˜ao s˜ao iguais. Essa diferen¸ca ´e pequena e geralmente ´e desprezada
Exemplo
Determine a reatˆancia da linha trif´asica mostrada a seguir. PSfrag replacements
d
a a0 b b0 c c0
D
Condutor ACSR Pheasant d = 45 cm
D = 8 m
Comprimento da linha ` = 160 km
• Da tabela A.3, obt´em-se o RMG do condutor Pheasant:
• No entanto, cada fase ´e composta por dois condutores → deve-se calcular o RMG do cabo:
Dsb = p4
0,01422· 0,452 = 0,0799 m
• Espa¸camento eq¨uil´atero equivalente para a configura¸c˜ao dada (DMG m´utua) – aproxima¸c˜ao considerando-se apenas as distˆancias entre os centros das fases:
Deq =
3
√
8 · 8 · 16 = 10,0794 m
O c´alculo correto do espa¸camento eq¨uil´atero equivalente neste caso seria:
DMGab = DMGbc = 4 p 8 · 8,45 · 7,55 · 8 = 7,9937 m DMGca = 4 p 16 · 16,45 · 15,55 · 16 = 15,9968 m Deq = 3 p 7,9937 · 7,9937 · 15,9968 = 10,0734 m que corresponde a basicamente o mesmo resultado anterior. • Reatˆancia por metro por fase:
XL = 2π · 60 · 2 · 10−7 · ln
10,0794
0,0799 = 0,3647 mΩ/m • Como a linha tem 160 km, a reatˆancia total por fase da linha ser´a:
X = XL· 160000 = 58,36 Ω
5.7.9 Linhas trif´asicas de circuitos em paralelo
I Duas linhas trif´asicas idˆenticas em paralelo possuem a mesma reatˆancia
indu-tiva. A reatˆancia equivalente ser´a igual `a metade de cada reatˆancia individual, desde que a distˆancia entre as linhas seja t˜ao grande que a indutˆancia m´utua entre elas possa ser desprezada
I Duas linhas trif´asicas em paralelo na mesma torre → indutˆancias m´utuas entre
os circuitos deve ser considerada
PSfrag replacements
I O m´etodo de c´alculo ´e semelhante ao que foi mostrado anteriormente
I Considera-se sempre que haja a transposi¸c˜ao, resultando em c´alculos mais
Exemplo
Uma linha trif´asica de circuito duplo ´e constitu´ıda de condutores ACSR 26/7 tipo Ostrich de 300.000 CM dispostos de acordo com a figura a seguir. Determine a reatˆancia indutiva por fase a 60 Hz em Ω/mi.
PSfrag replacements a b c a0 b0 c0 180 180 210 100 100
• Pela tabela A.3, o RMG do condutor tipo Ostrich ´e Ds = 0,02290
• DMG entre as fases a e b: Dab = p 102+ 1,52 = 10,11190 = D a0b0 Dab0 = p 102+ 19,52 = 21,91460 = D a0b DMGab = h (10,1119 · 21,9146)2i1/4 = 14,88620 DMGbc = DMGab = 14,88620
• DMG entre as fases c e a:
DMGca =
h
(20 · 18)2i1/4 = 18,97370 • Espa¸camento eq¨uil´atero equivalente:
Deq = (DMGabDMGbcDMGca)1/3 = 16,14010
• RMG: lembrando que assume-se a transposi¸c˜ao Trecho 1 – fase a ocupando posi¸c˜ao original:
Daa0 = p 202+ 182 = 26,90720 RMG1 = h (0,0229 · 26,9072)2i1/4 = 0,78500
Trecho 2 – fase a ocupando posi¸c˜ao originalmente ocupada por b:
Daa0 = 210
RMG2 =
h
(0,0229 · 21)2i1/4 = 0,69350
Trecho 3 – fase a ocupando posi¸c˜ao originalmente ocupada por c:
x RMG da fase a: RMG = 0,78502· 0,69351/3 = 0,75320 Indutˆancia: L = 2 · 10−7 · ln 16,1401 0,7532 = 6,1295 · 10−7 H/m Reatˆancia por fase:
XL = 2πf L = 2,3108 · 10−4 Ω/m = 0,3718 Ω/mi
Exerc´ıcio
Repita o exemplo anterior para a configura¸c˜ao de linha mostrada a seguir e com-pare os resultados obtidos.
PSfrag replacements a b c c0 b0 a0 180 180 210 100 100
(Resposta: X = 0,3962 Ω/mi, 6,5% maior)
5.8 Capacitˆancia (C)
I Existem cargas em movimento e uma diferen¸ca de potencial entre condutores
→ capacitˆancia (carga/diferen¸ca de potencial → C = Q/V )
5.8.1 Campo el´etrico em um condutor cil´ındrico
I Considerar um condutor cil´ındrico, com carga uniforme, longo e perfeito
(resistividade ρ = 0)
O campo el´etrico ´e radial:
PSfrag replacements
linhas de
campo el´etrico
eq¨uipotencial
I Os pontos eq¨uidistantes do condutor (linha tracejada) s˜ao eq¨uipotenciais
(apresentam a mesma intensidade de campo el´etrico)
I A intensidade de campo el´etrico no interior do condutor pode ser considerada
nula
Considere a lei de Ohm (eletrost´atica):
Eint = ρ J
em que J ´e a densidade de corrente. Considerando ρ = 0 (condutor perfeito), tem-se Eint = 0
Os el´etrons no interior do condutor tenderiam a se repelir at´e a superf´ıcie do condutor, onde encontrariam um meio isolante
I O c´alculo da intensidade de campo el´etrico a uma certa distˆancia x do
condutor ´e realizado utilizando a lei de Gauss:
ε I S E dS = Q em que: ε − permissividade do meio: ε = εrε0
ε0 ´e a permissividade do v´acuo e vale 8,85 · 10−12 F/m. εr ´e a permissividade
relativa do meio, sendo que para o ar seco vale 1,00054 e ´e normalmente aproximada para 1
E − intensidade do campo el´etrico S − superf´ıcie gaussiana
Q − carga total contida em S
I Para a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de Gauss, deve-se imaginar uma superf´ıcie
gaussiana, cil´ındrica, concˆentrica ao condutor e de raio igual a x: PSfrag replacements
linhas de campo el´etrico
eq¨uipotencial x +q superf´ıcie gaussiana d` d` retificando a faixa da superf´ıcie gaussiana condutor E − campo el´etrico
I Tomando uma faixa da superf´ıcie gaussiana de comprimento diferencial d` a
equa¸c˜ao fica:
ε Z
`E · 2πxd` = Q
pois a faixa tem ´area 2πxd`
I Integrando:
ε · E · 2πx` = Q e:
E = Q
2πxε` V/m
I Considerando a carga por unidade de comprimento q = Q/`:
E = q
5.8.2 Diferen¸ca de potencial entre dois pontos I Considere a seguinte situa¸c˜ao:
PSfrag replacements
linhas eq¨uipotenciais
q D1
D2
P1
P2
I Fazendo uma analogia mecˆanica:
campo el´etrico – for¸ca diferen¸ca de potencial – trabalho
A diferen¸ca de potencial representa o trabalho para mover uma carga unit´aria (1 C) entre dois pontos
I Diferen¸ca de potencial entre os pontos P1 e P2:
V12 = V1− V2 = Z D2 D1 E dx = Z D2 D1 q 2πxεdx = q lnD2 V
I Caso particular – ddp entre os pontos a e b:PSfrag replacements
linhas eq¨uipotenciais q
D
r a b
Considerando o ponto a na superf´ıcie do condutor e que D r tem-se:
Vab =
q 2πε ln
D r V
5.8.3 Diferen¸ca de potencial entre dois condutores
I A diferen¸ca de potencial entre os dois condutores ´e obtida usando-se o
princ´ıpio da superposi¸c˜ao:
PSfrag replacements linhas eq¨uipotenciais
qa qa qb qb D ra rb superposi¸c˜ao a a b b
Considera-se que:
D ra, rb, ou seja, um observador em um condutor enxerga o outro
condutor como um ponto
o campo interno ao condutor seja desprez´ıvel
a diferen¸ca de potencial total deve-se `as contribui¸c˜oes de qa e qb
Vab = Vabdevido a qa + Vabdevido a qb = qa 2πε ln D ra + qb 2πε ln rb D = 1 2πε qa lnD ra + qb ln rb D Observa¸c˜oes: Na equa¸c˜ao: Vab = q 2πε ln B A a referˆencia est´a em q, ou seja:
PSfrag replacements
V
a b numerador distˆancia da carga a b denominador distˆancia da distˆancia da carga a addp devido a qa → referˆencia no centro do condutor a → caminho de
integra¸c˜ao a para b (ra para D)
ddp devido a qb → referˆencia no centro do condutor b → caminho de
5.8.4 Capacitˆancia de uma linha monof´asica I Capacitˆancia:
C = q
v F/m
I Considere uma linha para a qual:
os raios dos condutores s˜ao iguais: ra = rb = r
qa = −qb = q
I A diferen¸ca de potencial entre os dois condutores ser´a:
Vab = q 2πε ln D r − q 2πε ln r D = q 2πε ln D r 2 = q πε ln D r V
I Utilizando a defini¸c˜ao de capacitˆancia e assumindo que para o ar tem-se
εr = 1: Cab = πε0 ln (D/r) = 8,85π · 10−12 ln (D/r) F/m
I Considere a seguinte situa¸c˜ao: + − PSfrag replacements Vab ∼ a b linha de transmiss˜ao carga Cab
O circuito pode ser representado por:
− + − + PSfrag replacements Vab/2 Vab/2 ∼ ∼ a b n n n linha de transmiss˜ao carga/2 carga/2 2Cab 2Cab
I A capacitˆancia entre cada condutor e a terra vale:
Can = Cbn = 2Cab =
2πε0
ln (D/r) =
17,7π · 10−12
e a reatˆancia capacitiva fase-terra ´e dada por: XC = 1 2πf C = 2,8622 f · 10 9 · ln D r Ω·m = 1,7789 f · 10 6 · ln D r Ω·mi
I Da mesma forma que para as reatˆancias indutivas, a express˜ao da reatˆancia
capacitiva fase-terra pode ser escrita como:
XC = 1,7789 f · 10 6 · ln 1 r | {z } X0 a + 1,7789 f · 10 6 · ln D | {z } X0 d = Xa0 + Xd0 em que X0
a ´e a reatˆancia capacitiva para um p´e de afastamento e Xd0 ´e o fator
de espa¸camento
r ´e o raio externo do condutor (se for encordoado, ´e uma aproxima¸c˜ao que leva a erros muito pequenos). Este valor ´e obtido na tabela de dados dos condutores
Exemplo
Determine a capacitˆancia, reatˆancia capacitiva e susceptˆancia capacitiva por milha de uma linha monof´asica que opera a 60 Hz. O condutor ´e o Partridge e o espa¸camento entre centros dos condutores ´e de 20 ft.
Para o condutor especificado, o diˆametro externo ´e de 0,64200. Portanto, o raio
externo ´e r = 0,02680.
Capacitˆancia entre condutores:
Cab = πε0 ln (D/r) = π · 8,85 · 10−12 ln (20/0,0268) = 4,2030 · 10 −12 F/m
ou, multiplicando por 1609 tem-se Cab = 6,7626 · 10−9 F/mi. A capacitˆancia
fase-terra ´e:
Can = 2Cab = 13,5252 · 10−9 F/mi
Reatˆancia capacitiva:
XC =
1
2πf Can = 0,1961 MΩ·mi
ou, aplicando a f´ormula direta:
XC =
1,7789 60 · 10
6
· ln0,026820 = 0,1961 MΩ·mi Susceptˆancia capacitiva:
BC =
1
XC = 5,0985 · 10
Da tabela A.3:
Xa0 = 0,1074 MΩ·mi Da tabela A.5, para D = 200:
Xd0 = 0,0889 MΩ·mi Reatˆancia capacitiva fase-terra total:
XC = Xa0 + Xd0 = 0,1963 MΩ·mi
5.8.5 Influˆencia do solo
I Considere a seguinte linha monof´asica isolada:
PSfrag replacements q −q
linhas de
campo el´etrico eq¨uipotenciais
I Caso a linha esteja suficientemente perto do solo, tem-se:
PSfrag replacements
q −q
linhas de
campo el´etrico eq¨uipotenciais
solo
O solo tamb´em ´e uma superf´ıcie eq¨uipotencial, causando uma distor¸c˜ao nas linhas de campo el´etrico, que ser˜ao normais a ele
A proximidade do solo altera o formato das linhas de campo el´etrico → altera a capacitˆancia
I Imagine uma continua¸c˜ao das linhas de campo el´etrico abaixo do solo e
sim´etrica ao plano do solo (como em um espelho), terminando em cargas sob o solo: PSfrag replacements q q −q −q linhas de
campo el´etrico eq¨uipotenciais
solo
As cargas sob o solo s˜ao denominadas cargas imagem
Pode-se remover a linha do solo e calcular a diferen¸ca de potencial e a capacitˆancia da maneira usual (m´etodo das imagens)
Exemplo
No exemplo anterior foi determinada a capacitˆancia entre condutores de uma linha monof´asica que opera a 60 Hz com condutores Partridge e espa¸camento entre centros dos condutores de 20 ft. Foi obtido o valor Cab = 4,2030 · 10−12 F/m.
Obtenha a express˜ao da capacitˆancia levando em conta o efeito do solo e calcule a capacitˆancia da linha, supondo que ela esteja a 30 p´es (≈ 10 metros) e 90 p´es (≈ 30 metros) acima da terra.
A express˜ao da capacitˆancia considerando o efeito do solo ser´a obtida atrav´es do m´etodo das imagens.
Considere a superf´ıcie do solo como um espelho. Assim, tem-se uma linha idˆentica `a original, localizada abaixo da terra, e com carga oposta `a primeira: PSfrag replacements
condutor a, carga +q condutor b, carga −q
condutor imagem a0, carga −q condutor imagem b0, carga +q
linhas de campo el´etrico eq¨uipotenciais solo D D M M H H H H
A tens˜ao Vab deve levar em conta o efeito de todas as quatro cargas: Vab = 1 2πε0 q ln D r | {z } devido a qa + −q ln r D | {z } devido a qb + −q ln M 2H | {z } devido a qa0 + q ln 2H M | {z } devido a qb0 = q 2πε0 lnD 2 r2 + ln (2H)2 M2 M = q D2+ (2H)2 = q 2πε0 ln D 2 r2 · (2H)2 (2H)2+ D2
Capacitˆancia entre condutores:
Cab = q Vab = 2πεo lnDr22 · (2H)2 (2H)2+D2
O efeito da terra pode ser desconsiderado se H → ∞: Cab0 = lim
H→∞Cab =
πεo
ln (D/r) que ´e uma express˜ao que j´a foi obtida anteriormente. Para este exemplo, tem-se r = 0,02680 e D = 200.
Para uma distˆancia de 900, H = 900 e M = p(2 · 90)2+ 202 = 181,10770 e:
Cab = 4,2069 · 10−12 F/m
Para uma distˆancia de 300, H = 300 e M = p(2 · 30)2+ 202 = 63,24560 e:
A figura a seguir mostra o valor da capacitˆancia em fun¸c˜ao da altura da linha em rela¸c˜ao ao solo: PSfrag replacements 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 0 50 100 150 200 C × 10 − 12 F/m H [ft] 5.8.6 Cabos
I Para cabos, tem-se:
εr 1
ε ε0
I A capacitˆancia atinge valores altos
I Cabos geram uma quantidade significativa de potˆencia reativa:
132 kV → 2000 kvar/mi 220 kV → 5000 kvar/mi 400 kV → 15000 kvar/mi
resultando em restri¸c˜oes nos comprimentos das linhas, devido a limita¸c˜oes t´ermicas (temperatura de opera¸c˜ao) dos cabos. Exemplos de comprimentos cr´ıticos:
132 kV → 40 mi 200 kV → 25 mi 400 kV → 15 mi
Solu¸c˜ao: colocar reatores shunt ao longo da linha
PSfrag replacements
cabo
5.8.7 Capacitˆancia de linhas trif´asicas com espa¸camento sim´etrico I Considere a seguinte linha de transmiss˜ao trif´asica:
PSfrag replacements a c b D D D
I Considere a situa¸c˜ao mais comum na pr´atica:
condutores idˆenticos: ra = rb = rc = r
linha equilibrada: qa+ qb + qc = 0
I Tens˜oes fase-fase → cada tens˜ao recebe contribui¸c˜ao das trˆes cargas:
Vab = 1 2πεo qaln D r + qbln r D + qcln D D | {z } =0 Vbc = 1 2πεo qbln D r + qcln r D Vca = 1 2πεo qaln r D + qcln D r PSfrag replacements c a b D D D eq¨uipotencial devido a qc
I Considere os fasores de tens˜ao: Van = V ∠0◦ V Vbn = V ∠ − 120◦ V Vcn = V ∠120◦ V Vab = √ 3V ∠30◦ V Vbc = √ 3V ∠ − 90◦ V Vca = √ 3V ∠150◦ V
I Pode-se mostrar (fica como exerc´ıcio) que:
Van =
1
3 (Vab − Vca)
I Fazendo as substitui¸c˜oes:
Van = 1 3 · 1 2πε0 qaln D r + qbln r D | {z } de Vab −qaln r D − qcln D r | {z } de Vca I Considerando qc = − (qa+ qb): Van = qa 6πε0 ln D r 3 = qa 2πε0 lnD r V
I A capacitˆancia fase-neutro vale:
Can =
qa
Van
= 2πε0
5.8.8 Capacitˆancia de linhas trif´asicas com espa¸camento assim´etrico I Considere a seguinte linha trif´asica:
PSfrag replacements 1 2 3 D12 D23 D31 I Hip´oteses:
os condutores tˆem o mesmo raio r
linha ´e transposta (igual ao caso da indutˆancia) → obt´em-se a capacitˆancia m´edia
I Considerando a transposi¸c˜ao, a linha pode ser separada em trˆes trechos
dis-tintos:
Para o trecho 1 em que a fase a est´a na posi¸c˜ao 1, b na posi¸c˜ao 2 e c na posi¸c˜ao 3, tem-se: Vab1 = 1 2πε0 qaln D12 r + qbln r D12 + qcln D23 D31 PSfrag replacements a b c D12 D23 D31
x Analogamente para os outros 2 trechos: Vab2 = 1 2πε0 qaln D23 r + qbln r D23 + qcln D31 D12 PSfrag replacements c a b D12 D23 D31 Vab3 = 1 2πε0 qaln D31 r + qbln r D31 + qcln D12 D23 PSfrag replacements b c a D12 D23 D31
I A tens˜ao Vab ´e a m´edia das tens˜oes nos trˆes trechos:
Vab = 1 3(Vab1 + Vab2 + Vab3) = 1 2πε0 qaln 3 √ D12D23D31 r + qbln r 3 √ D12D23D31 I Analogamente: Vca = 1 3(Vca1 + Vca2 + Vca3) = 1 2πε0 qaln r 3 √ D12D23D31 + qcln 3 √ D12D23D31 r I Lembrando que: Van = 1 3(Vab − Vca)
x e:
Can = qa
Van
tem-se finalmente (para carga equilibrada → qa+ qb + qc = 0):
Can = Cbn = Ccn = 2πε0 ln (Deq/r) F/m em que Deq = 3 √
D12D23D31 ´e o espa¸camento eq¨uil´atero da linha.
Exemplo
Determine a capacitˆancia e a reatˆancia capacitiva por milha da linha trif´asica mostrada a seguir. O condutor ´e CAA Drake, o comprimento da linha ´e de 175 milhas e a tens˜ao normal de opera¸c˜ao ´e 220 kV a 60 Hz. Determine tamb´em a reatˆancia capacitiva total da linha e a potˆencia reativa de carregamento.
PSfrag replacements 20
0
200
380
Da tabela A.3, o diˆametro externo do condutor ´e 1, 10800. O raio externo em p´es ´e:
r = 1,10800· 10 1200 ·
1
2 = 0,0462
Espa¸camento eq¨uil´atero equivalente: Deq =
3
√
20 · 20 · 38 = 24,77120 Capacitˆancia fase-neutro:
Can = 2πε0
ln (24,7712/0,0462) = 8,8482 · 10
−12 F/m
Reatˆancia capacitiva:
XC =
1
2πf Can = 299,7875 MΩ·m = 0,1863 MΩ·mi
Pelas tabelas A.3 e A.5 (usando interpola¸c˜ao): Xa0 = 0,0912 · 106
Xd0 = 0,0953 · 106 )
⇒ XC = Xa0 + Xd0 = 0,1865 MΩ·mi
Reatˆancia total da linha:
X = XC
Para o c´alculo da corrente de carregamento, considere a seguinte situa¸c˜ao: + − PSfrag replacements condutor da fase a terra Can Icar Van Portanto: Icar = Van X = 220 · 103/√3 1065,7143 = 119,2 A Potˆencia reativa trif´asica gerada na linha:
QC = 3 VanIcar
= 3√Vab 3Icar
= √3 VabIcar = 45,4 Mvar
5.8.9 Efeito do solo sobre a capacitˆancia de linhas trif´asicas I Utiliza-se o m´etodo das imagens:
PSfrag replacements a b c a0 b0 c0 H12 H23 H31 H1 H2 H3 solo
obtendo-se uma express˜ao para a capacitˆancia que leva em conta as distˆancias entre os condutores e as distˆancias entre os condutores e as imagens:
Can = 2πε0 lnDeq r · 3 √ H1H2H3 3 √ H12H23H31 F/m
5.8.10 Condutores m´ultiplos por fase
I Para n condutores, considera-se que a carga em cada um seja de qa/n (para a
fase a)
I O procedimento para a obten¸c˜ao da capacitˆancia ´e semelhante ao que j´a foi
feito at´e agora e o resultado final ´e:
Can =
2πε0
ln Deq/DbsC
F/m
em que:
DbsC = √rd dois condutores por fase DbsC = √3 rd2 trˆes condutores por fase
DbsC = 1,09√4
rd3 quatro condutores por fase
Os DbsC s˜ao RMG modificados em rela¸c˜ao aos RMG usados no c´alculo das indutˆancias, pois o raio externo substitui o raio efetivo
Exemplo
Determine a reatˆancia capacitiva por fase da linha trif´asica mostrada a seguir. PSfrag replacements
d
a a0 b b0 c c0
D
Condutor ACSR Pheasant d = 45 cm
D = 8 m
Da tabela A.3, o raio externo em metros ´e:
r = 1,382 · 0,3048
2 · 12 = 0,0176 m RMG modificado da linha:
DbsC = p0,0176 · 0,45 = 0,0890 m Espa¸camento eq¨uil´atero equivlente:
Deq = 3 √ 8 · 8 · 16 = 10,0794 m Capacitˆancia: Can = 2πε0 ln (10,0794/0,0890) = 11,7570 · 10 −12 F/m
Reatˆancia capacitiva por unidade de comprimento:
XC =
1
2πf Can = 225,6173 MΩ·m = 0,1402 MΩ·mi
Reatˆancia capacitiva da linha:
X = XC ` =
225,6173 · 106
160 · 103 = 1410,11 Ω
5.8.11 Linhas trif´asicas de circuitos em paralelo
Exemplo
Obtenha a susceptˆancia capacitiva por fase da linha trif´asica de circuito duplo mostrada a seguir, que ´e composta por condutores CAA 26/7 Ostrich 300.000 CM.
PSfrag replacements a b c a0 b0 c0 180 180 210 100 100
• Pela tabela A.3, o diˆametro externo do condutor tipo Ostrich ´e Ds = 0,68000.
O raio externo em p´es ´e: r = 0,680 2 · 1 12 = 0,0283 0
• DMG entre as fases e espa¸camento eq¨uilatero equivalente: Dab = p 102+ 1,52 = 10,11190 = D a0b0 Dab0 = p 102+ 19,52 = 21,91460 = D a0b DMGab = h (10,1119 · 21,9146)2i1/4 = 14,88620 DMGbc = DMGab = 14,88620 DMGca = h (20 · 18)2i1/4 = 18,97370 Deq = (DMGabDMGbcDMGca)1/3 = 16,14010 • RMG: RMGa = h (r · Daa0)2 i1/4 = 0,8730 RMGb = h (r · Dbb0)2 i1/4 = 0,7710 RMGc = RMGa = 0,8730 DbsC = (RMGaRMGbRMGc)1/3 = 0,8370
• Capacitˆancia por fase:
Cn = 2πε0
ln Deq/DsCb = 18,58 pF/m
• Susceptˆancia por fase:
Bc = 2πf Cn = 7 nS/m = 11,27 µS/mi
Exerc´ıcio
Repita o exemplo anterior para a configura¸c˜ao de linha mostrada a seguir e com-pare os resultados obtidos.
PSfrag replacements a b c c0 b0 a0 180 180 210 100 100 (Resposta: Cn = 17,60 pF/m, 5,3% menor)
5.9 Modelo da linha de transmiss˜ao
I Pode-se associar a uma linha de transmiss˜ao todos os parˆametros discutidos
anteriormente:
Resistˆencia – parˆametro s´erie – perda de potˆencia ativa com passagem de corrente
Indutˆancia – parˆametros s´erie – campos magn´eticos com passagem da corrente
Capacitˆancia – parˆametro shunt – campos el´etricos com diferen¸ca de potencial Condutˆancia – parˆametro shunt – correntes de fuga
I Como represent´a-los?
PSfrag replacements R R G C G C L L k k k m m m
I Existem ainda outras possibilidades de representa¸c˜ao
I Em todos os modelos, as tens˜oes e correntes em cada elemento s˜ao todas
I Esses parˆametros s˜ao calculados por unidade de comprimento da linha e est˜ao distribu´ıdos ao longo da linha
Portanto, cada trecho da linha ∆x, mesmo muito pequeno, apresenta os quatro parˆametros:
PSfrag replacements
R, L, C, G ∆x
5.9.1 Modelo da linha longa
I Considere o seguinte modelo de uma linha de transmiss˜ao, que pode ser uma
linha monof´asica ou uma fase (fase-neutro) de uma linha trif´asica:
+
−
+
−
+
−
+
−
PSfrag replacements Gerador IS IR Carga I VS V VR ∆x Linha de transmiss˜ao I + ∆I V + ∆VI O equacionamento ser´a feito na forma fasorial I Considere:
z ∆x = (R + jωL) ∆x – impedˆancia s´erie do trecho diferencial y ∆x = (G + jωC) ∆x – admitˆancia shunt do trecho diferencial ω = 2πf (p.ex. para f = 60 Hz → ω = 377 rad/s)
I A corrente pela impedˆancia s´erie ´e a m´edia das correntes no in´ıcio e no fim do trecho diferencial: I + (I + ∆I) 2 = I + ∆I 2
A tens˜ao na admitˆancia shunt ´e a m´edia das tens˜oes no in´ıcio e no fim do trecho diferencial:
V + (V + ∆V )
2 = V +
∆V 2
I As tens˜oes no in´ıcio e no fim do trecho diferencial s˜ao V e V + ∆V ,
respectivamente. A diferen¸ca ∆V se deve `a queda de tens˜ao associada `a passagem de corrente (m´edia) pelos parˆametros s´erie:
V + ∆V | {z } fim = V |{z} in´ıcio − z ∆ x Im´edio | {z } queda ∆V = − (z∆x) · I + ∆I 2 = −zI∆x − z∆x∆I2 | {z } ≈0 ≈ −zI∆x
I As correntes no in´ıcio e no fim do trecho diferencial s˜ao I e I + ∆I,
respectivamente. A diferen¸ca ∆I se deve ao desvio de parte da corrente pelos parˆametros shunt, que est˜ao submetidos a uma tens˜ao (m´edia):
I + ∆I | {z } fim = I |{z} in´ıcio − y ∆ x Vm´edio | {z } desvio ∆I = − (y∆x) · V + ∆V 2 = −yV ∆x − y∆x∆V 2 ≈ −yV ∆x
I Note que os produtos de termos diferenciais s˜ao desprezados (muito
pequenos)
I Fazendo ∆x → 0 (defini¸c˜ao de derivada):
d dxV = −zI d dxI = −yV I Derivando em rela¸c˜ao a x: d2 dx2V = −z d dxI d2 dx2I = −y d dxV
I Fazendo as substitui¸c˜oes das derivadas:
d2
dx2V = zyV
d2
dx2I = zyI
que pode ser posta na seguinte forma:
d2 dx2V (x) = γ 2V (x) d2 dx2I(x) = γ 2I(x)
que s˜ao as equa¸c˜oes de onda e:
γ = √zy = p(R + jωL) (G + jωC) = α + jβ
em que γ ´e a constante de propaga¸c˜ao, α ´e a constante de atenua¸c˜ao e β ´e a
constante de fase
I Tomando como exemplo a equa¸c˜ao de V : a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao para V ´e tal
que diferenciando a solu¸c˜ao duas vezes se chegue `a pr´opria express˜ao original de V multiplicada por uma constante → isto sugere uma solu¸c˜ao do tipo exponencial
I Considere a solu¸c˜ao geral das equa¸c˜oes diferenciais na forma:
V (x) = A cosh γx + B senh γx I (x) = C cosh γx + D senh γx em que: cosh γx = e γx + e−γx 2 senh γx = e γx − e−γx 2
I Supondo conhecidas a tens˜ao e a corrente no in´ıcio da linha:
V (x = 0) = V (0) e I (x = 0) = I (0) tem-se:
A = V (0) e C = I (0)
I As constantes B e D s˜ao obtidas substituindo-se as express˜oes das solu¸c˜oes
nas equa¸c˜oes de primeira ordem obtidas anteriormente:
d dxV (x) = −zI(x) d dxI(x) = −yV (x) Lembrando que: d dxcosh x = senh x e d dxsenh x = cosh x obt´em-se:
γ (A senh γx + B cosh γx) = −z (C cosh γx + D senh γx) γ (C senh γx + D cosh γx) = −y (A cosh γx + B senh γx)
I Para x = 0: γB = −zC = −zI (0) γD = −yA = −yV (0) B = −γzI (0) = −r zyI (0) = −ZcI (0) D = −y γV (0) = − r y zV (0) = − 1 Zc V (0)
I A solu¸c˜ao fica finalmente:
V (x) = V (0) cosh γx − ZcI (0) senh γx I (x) = I (0) cosh γx − 1 Zc V (0) senh γx em que Zc = p
z/y ´e a impedˆancia caracter´ıstica da linha – interpreta¸c˜ao: Zc
´
e a impedˆancia a ser colocada no final da linha para que se tenha a m´axima transferˆencia de potˆencia entre gerador e carga → casamento de impedˆancias As equa¸c˜oes fornecem a tens˜ao e a corrente em qualquer ponto da linha, sabendo-se V (0) e I (0) no in´ıcio da linha
γ = √zy e Zc =
p
z/y dependem somente dos parˆametros da linha
I Potˆencia complexa em um ponto x da linha:
I Se, ao inv´es da tens˜ao e corrente no in´ıcio da linha, forem fornecidas a tens˜ao
e corrente no final da linha, as equa¸c˜oes ficam:
V (x) = V (`) cosh γx + ZcI (`) senh γx
I (x) = I (`) cosh γx + 1 Zc
V (`) senh γx
em que ` ´e o comprimento da linha, V (`) e I (`) s˜ao a tens˜ao e a corrente no final da linha e x ´e medido a partir do final da linha em dire¸c˜ao ao in´ıcio da linha
I Outras maneiras de calcular senos e cossenos hiperb´olicos:
cosh (a + jb) = cosh a cos b + j senh a sen b = 1
2 e
a∠b + e−a∠− b
senh (a + jb) = senh a cos b + j cosh a sen b = 1 2 e a∠ b − e−a∠− b cosh θ = 1 + θ 2 2! + θ4 4! + θ6 6! + · · · senh θ = θ + θ 3 3! + θ5 5! + θ7 7! + · · ·
Exemplo
Considere uma linha monof´asica cujos condutores tˆem um raio de 2 cm, est˜ao espa¸cados de 1 m, e:
• a resistˆencia e a condutˆancia s˜ao desprezadas • a freq¨uˆencia ´e 60 Hz
• a tens˜ao no in´ıcio da linha ´e V (0) = 130 ∠0◦ kV • a corrente no in´ıcio da linha ´e I (0) = 50 ∠ − 20◦ A
Determine as express˜oes da tens˜ao e da corrente ao longo da linha. Trace os gr´aficos dos valores absolutos da tens˜ao e da corrente para x variando de 0 a 5000 km. Verifique o que ocorre com a tens˜ao ao longo da linha se ela tem um comprimento de 200 km.
De acordo com o que foi apresentado anteriormente:
L = µ0 π ln D r0 = 4 · 10−7 ln 1 0,02 · 0,7788 = 1,6648 µH/m C = πε0 ln (D/r) = 8,85π · 10−12 ln (1/0,02) = 7,1071 pF/m
Os parˆametros caracter´ısticos da linha s˜ao: z = R + jωL = j6,2763 · 10−4 Ω/m y = G + jωC = j2,6794 · 10−9 S/m Zc = p z/y = pL/C = 483,9883 Ω γ = √zy = jω√LC = j1,2968 · 10−6 m−1 α = <{γ} = 0 β = ={γ} = 1,2968 · 10−6 m−1 Tem-se ainda: cosh γx = cosh jβx = e jβx+ e−jβx 2 = cos βx senh γx = senh jβx = e jβx− e−jβx 2 = j sen βx
Substituindo os valores num´ericos nas express˜oes de tens˜ao e corrente tem-se finalmente:
V (x) = 130 · 103∠0◦· cos 1,2968 · 10−6x− 24,2 · 103∠70◦· sen 1,2968 · 10−6x V I (x) = 50 ∠ − 20◦· cos 1,2968 · 10−6x− 268,6015 ∠90◦· sen 1,2968 · 10−6x A
x PSfrag replacements V [kV] x [km] 0 0 200 1000 2000 3000 4000 5000 50 100 150 123,7 PSfrag replacements V [kV] x [km] 00 200 50 50 100 100 130 150 150 123,7
x PSfrag replacements I [A] x [km] 0 0 200 1000 2000 3000 4000 5000 100 200 200 300 97
Das curvas pode-se notar que:
I a tens˜ao e a corrente variam ao longo da linha
I para x ≈ 1160 km a tens˜ao atinge o valor m´ınimo de aproximadamente 23 kV I para uma linha com essas caracter´ısticas e de comprimento igual a 200 km, a
tens˜ao no in´ıcio da linha ´e de 130 kV e no final da linha ´e de aproximadamente 123,7 kV, apresentando uma regula¸c˜ao de:
Regula¸c˜ao = 130 − 123,7
123,7 · 100 = 5,1%
Exemplo
Uma linha de transmiss˜ao trif´asica apresenta os seguintes parˆametros
caracter´ısticos por fase: R = G = 0, L = 1,33 · 10−7 H/m e C = 8,86 · 10−12 F/m. Sabendo que no in´ıcio da linha (x = 0) tem-se V (0) = 220/√3 ∠0◦ kV (de fase) e S (0) = 150 + j50 MVA (por fase), obtenha:
(a) a constante de propaga¸c˜ao γ
Este exemplo refere-se a uma linha trif´asica cujos parˆametros da
representa¸c˜ao por fase s˜ao fornecidos. Deve-se tratar uma fase da linha trif´asica como uma linha monof´asica:
γ = √zy
= p(R + jωL) · (G + jωC) = pjωL · jωC
= jω√LC
= j4,0925 · 10−7 m−1
(b) a impedˆancia caracter´ıstica Zc
Zc = p z/y = p(R + jωL) (G + jωC) = pL/C = 122,5206 Ω
(c) a tens˜ao, a corrente e a potˆencia no final da linha se o seu comprimento ´e de 300 km
A corrente no in´ıcio da linha vale:
I (0) = S (0) V (0)
∗
= 1244,9913 ∠ − 18,43◦ A De modo similar ao exerc´ıcio anterior:
cosh γx = cosh jβx = cos βx senh γx = senh jβx = j sen βx As equa¸c˜oes de onda s˜ao:
V (x) = 127 · 103· cos 4,0925 · 10−7 · x−
152,5371 · 103∠− 18,43◦· sen 4,0925 · 10−7· x I (x) = 1244,9913 ∠ − 18,43◦· cos 4,0925 · 10−7 · x−
1036,5604 · sen 4,0925 · 10−7· x
As figuras a seguir mostram os valores absolutos (rms) da tens˜ao e corrente em fun¸c˜ao da distˆancia ao ponto inicial da linha.
x PSfrag replacements V [kV] x [km] 0 0 300 1000 2000 3000 4000 5000 50 100 150 200 PSfrag replacements V [kV] x [km] 0 0 200 200 250 300 50 50 100 100 130 150 150 127 121,4
x PSfrag replacements I [A] x [km] 0 0 200 300 1000 2000 3000 4000 5000 500 1000 1000 1500
Para um comprimento de 300 km, tem-se:
V (300) = 121,4402 ∠ − 8,39 kV I (300) = 1281,3949 ∠ − 23,82 A
S (300) = V (300) I (300)∗ = 155,6128 ∠15,43 MVA = 150 + j41,4024 MVA Nota-se que a potˆencia ativa no final da linha ´e igual `a do in´ıcio da linha
(linha sem perdas) e que a potˆencia reativa no final da linha ´e menor que `a do in´ıcio da linha, indicando que a linha apresenta um comportamento
predominantemente indutivo.
I E poss´ıvel interpretar as equa¸c˜´ oes de onda de tens˜ao e corrente como ondas viajantes → pode-se decompor a onda em onda incidente e onda refletida, que resultam nas varia¸c˜oes observadas nos exerc´ıcios anteriores
I Se carga apresenta impedˆancia igual `a impedˆancia caracter´ıstica → n˜ao h´a
onda refletida → linha plana ou linha infinita → formas de onda de tens˜ao e
corrente planas se a linha for sem perdas
De outra forma: se a impedˆancia vista pela fonte ´e igual a Zc → n˜ao h´a onda
refletida → linha plana ou linha infinita → formas de onda de tens˜ao e
corrente planas
I Valores t´ıpicos de Zc s˜ao 400 Ω para linhas a´ereas de circuito simples e 200 Ω
para dois circuitos em paralelo. O ˆangulo de fase de Zc est´a normalmente
entre 0◦ e 15◦
I Cabos m´ultiplos tˆem Zc menor porque L ´e menor e C ´e maior
I Comprimento de onda: distˆancia entre dois pontos da linha correspondentes a
um ˆangulo de fase de 360◦ ou 2π radianos:
λ = 2π β Para linhas sem perdas:
λ = 2π ω√LC =
1 f√LC
Valores t´ıpicos para 60 Hz giram em torno de 5000 km
Exemplo
Para a linha de transmiss˜ao monof´asica estudada em exemplo anterior tem-se: PSfrag replacements ∠ V [rad] x [km] 0 0200 1000 2000 3000 4000 5000 −π π λ λ = 2π β = 2π 1,2968 · 10−6 = 4845 km v = f λ = 2,91 · 108 m/s
I A velocidade de propaga¸c˜ao calculada ´e sempre menor que a velocidade da
luz no espa¸co livre, que ´e dada por:
c = √1 µ0ε0
Considere uma linha monof´asica sem perdas com dois condutores de raio r e separados por uma distˆancia D. A indutˆancia e a capacitˆancia da linha valem:
L = µ0 2π ln D r0 e C = 2πε0 ln (D/r)
em que r0 = 0,7788r. A impedˆancia s´erie e a capacitˆancia shunt por unidade
de comprimento valem:
z = jωL e y = jωC A constante de propaga¸c˜ao ´e igual a:
γ = √zy = jω√LC ⇒ β = ={γ} = ω√LC = 2πf√LC O comprimento de onda ´e: λ = 2π β = 1 f√LC
A velocidade de propaga¸c˜ao ´e: v = λ f = √1 LC = µ0 2π ln D r0 · 2πε0 ln (D/r) −1/2 = µ0ε0ln D r0 1 ln (D/r) −1/2 v = q 1 µ0ε0ln(D/r 0) ln(D/r)
Das equa¸c˜oes acima nota-se que se r0 = r tem-se:
v = c = √1
µ0ε0 = 2,9986 · 10 8
≈ 3 · 108 m/s
Como r0 < r tem-se v < c. O raio efetivo r0 aparece em raz˜ao da existˆencia do
fluxo magn´etico interno ao condutor. Se o fluxo magn´etico fosse totalmente externo ao condutor, a velocidade de propaga¸c˜ao seria igual `a velocidade da luz para uma linha sem perdas.
A presen¸ca de perdas tamb´em resulta em uma velocidade de propaga¸c˜ao menor.
Exemplo
Uma linha monof´asica operando em 60 Hz ´e composta de dois condutores de raio 1 cm espa¸cados de 1 m. Calcule as velocidades de propaga¸c˜ao para os casos em que:
(a) R = 0 (linha sem perdas) O raio efetivo ´e:
r0 = e−1/4r = 0,0078 m A indutˆancia da linha ´e dada por:
L = µ0 2π ln D r0 = 9,7103 · 10−7 H/m em que D = 1 m. A capacitˆancia ´e igual a:
C = 2πε0
ln (D/r) = 1,2075 · 10
−11 F/m
Impedˆancia s´erie:
Admitˆancia shunt:
y = jωC = j4,5521 · 10−9 S/m Constante de propaga¸c˜ao:
γ =√z · y = j1,2909 · 10−6 m−1 que corresponde a uma constante de fase de:
β = ={γ} = 1,2909 · 10−6 m−1 Comprimento de onda:
λ = 2π
β = 4,8674 · 10
6 m
Velocidade de propaga¸c˜ao:
v = λ f = 2,9204 · 108 m/s que corresponde a 97,3% da velocidade da luz.
(b) R = 4 · 10−5 Ω/m.
Neste caso a seq¨uˆencia de c´alculos ´e a mesma. As diferen¸cas ocorrem para os seguintes valores: z = 4 · 10−5+ j0,0004 Ω/m γ = 7,0422 · 10−8+ j1,2928 · 10−6 m−1 β = 1,2928 · 10−6m−1 λ = 4,8601 · 106 m v = 2,9161 · 108 m/s
que corresponde a 97,2% da velocidade da luz. A inclus˜ao de perdas resultou em uma velocidade de propaga¸c˜ao menor.
(c) R = 4 · 10−4 Ω/m. Neste caso tem-se:
z = 0,0004 + j0,0004 Ω/m
γ = 6,3319 · 10−7+ j1,4378 · 10−6 m−1 β = 1,4378 · 10−6 m−1
λ = 4,37 · 106 m v = 2,622 · 108 m/s
que corresponde a 87,4% da velocidade da luz.
5.9.2 Circuito equivalente com parˆametros concentrados
I Em geral tem-se interesse somente nas grandezas nos extremos da linha
I Id´eia: obter um circuito com parˆametros concentrados que seja equivalente ao
modelo de uma linha longa descrito pelas equa¸c˜oes de onda → simplifica os c´alculos
I O circuito π equivalente de uma linha de comprimento ` ´e:
+
−
+
−
PSfrag replacements V (0) I (0) Y1 I1 Z Y2 I2 V (`) I (`) Linha de transmiss˜aoI o circuito equivalente poderia ser T, mas implicaria na cria¸c˜ao de um n´o
Linhas longas (mais que 240 km)
I Id´eia: obter equa¸c˜oes para V (`) e I (`) em fun¸c˜ao de V (0) e V (0) e comparar
com as equa¸c˜oes do modelo distribu´ıdo.
I Do circuito π-equivalente tem-se:
V (`) = V (0) − Z [I (0) − Y1V (0)] I (`) = I (0) − Y1V (0) − Y2V (`) V (`) = V (0) − Z [I (0) − Y1V (0)] I (`) = I (0) − Y1V (0) − Y2V (0) + ZY2[I (0) − Y1V (0)] V (`) = (1 + ZY1) V (0) − ZI (0) I (`) = (1 + ZY2) I (0) − (Y1+ Y2+ Y1Y2Z) V (0)
I Comparando com as equa¸c˜oes de onda:
1 + ZY1 = 1 + ZY2 = cosh γx Z = Zc · senh γx
Y1+ Y2+ Y1Y2Z = 1
Zc
I Z j´a est´a determinado. Determina¸c˜ao de Y1 e Y2: Y1 = cosh γx − 1 Z = 1 Zc cosh γx − 1 senh γx = 1 Zc eγx+e−γx 2 − 1 eγx−e−γx 2 = 1 Zc eγx + e−γx− 2 eγx− e−γx = 1 Zc senh2 γx2 senh γx2 · coshγx2 = 1 Zc senhγx2 coshγx2 Y1 = 1 Zc tanh γx 2 = Y2
e o circuito π-equivalente para uma linha de comprimento ` fica:
PSfrag replacements 1 Zc tanh γ` 2 Zcsenh γ` 1 Zc tanh γ` 2
Exemplo
Para uma linha de transmiss˜ao trif´asica, 60 Hz, tem-se R = 0,107 · 10−3 Ω/m, L = 1,35 · 10−6 H/m e C = 8,45 · 10−12 F/m. A tens˜ao no in´ıcio da linha ´e igual a 220 kV e o seu comprimento ´e de 362 km.
(a) Determine Zc e γ.
Tem-se os seguintes resultados:
z = R + jωL = (1,07 + j5,0895) · 10−4 Ω/m y = G + jωC = j3,1856 · 10−9 S/m Zc = r z y = 404,0493 ∠ − 5,94 ◦ Ω γ = √zy = 1,2872 · 10−6∠84,06◦ m−1
(b) Determine o circuito π equivalente da linha.
Para um comprimento ` = 362 km, os parˆametros dos circuito π equivalente s˜ao: Z = Zcsenh γ` = 181,6733 ∠78,56◦ Ω Y1 = Y2 = 1 Zc tanh γx 2 = 5,8703 · 10 −4∠89,78◦ S
(c) Determine a impedˆancia vista pela fonte caso uma impedˆancia igual a Zc seja
conectada no final da linha.
A impedˆancia vista no in´ıcio da linha ser´a:
Zvista = Y1−1//
Z + Zc//Y1−1
= 404,0493 ∠ − 5,94◦ Ω = Zc
ou seja, a fonte no in´ıcio da linha enxerga uma impedˆancia igual `a impedˆancia caracter´ıstica Zc.
Exerc´ıcio
Obtenha o gr´afico [ |Vlinha| × x ] para a linha do exemplo anterior, considerando a
situa¸c˜ao descrita no item (c).
Linhas m´edias (at´e 240 km)
I E feita a seguinte aproxima¸c˜´ ao:
Os termos cosh e senh apresentam termos exponenciais. Desenvolvendo esses termos exponenciais em s´erie de Taylor tem-se:
ex ≈ 1 + x + x 2 2! e−x ≈ 1 − x + x 2 2!
→ termos de ordem maior que 2 foram desprezados
I Se o comprimento da linha ` ´e pequeno, ent˜ao |γ`| ser´a pequeno e as
seguintes aproxima¸c˜oes s˜ao v´alidas:
senh γ` ≈ γ` cosh γ` ≈ 1 + (γ`)2/2 tanhγ` 2 ≈ γ` 2
I Os elementos do circuito equivalente ficam:
Z = Zcsenh γ` ≈ Zcγ` = r z y · √ zy · ` = z ` = (R + jωL) ` Y1 = Y2 = 1 Zc tanh γ` 2 ≈ 1 Zc · γ` 2 = r y z · √ zy · ` 2 = y ` 2 = (G + jωC) ` 2
I O circuito equivalente da linha de transmiss˜ao com os parˆametros
simplificados ´e chamado de modelo π nominal: PSfrag replacements jωC 2` jωC 2` (R + jωL) ` C 2 C 2 R L
I Nas figuras, a condutˆancia G foi desprezada e, no circuito da direita, o
I Observa¸c˜oes:
Quase todas as linhas s˜ao modeladas como linhas m´edias (modelo π-nominal)
Se a linha ´e longa, ´e modelada como v´arios circuitos π-nominal em cascata Em certos estudos exige-se uma grande precis˜ao → equa¸c˜oes de onda s˜ao usadas → por exemplo em estudos de transit´orios em linhas de
transmiss˜ao, etc.
Linhas curtas (at´e 80 km)
I Encontradas normalmente em redes de distribui¸c˜ao e subtransmiss˜ao em
m´edia tens˜ao
I Os efeitos dos campos el´etricos podem ser desprezados → capacitˆancias shunt
desprezadas:
PSfrag replacements
Exemplo
Para a linha de transmiss˜ao trif´asica, 60 Hz, de um exemplo anterior, tem-se R = 0,107 · 10−3 Ω/m, L = 1,35 · 10−6 H/m e C = 8, 45 · 10−12 F/m. Os seguintes valores foram obtidos:
z = 5,2008 · 10−4∠78,13◦ Ω/m y = 3,1856 · 10−9∠90◦ S/m Zc = 404,0493 ∠ − 5,94◦ Ω
γ = 1,2872 · 10−6∠84,06◦ m−1
Determine os circuitos π equivalente e π nominal da linha e compare os resultados obtidos. Considerar a linha com 362 km e com 100 km.
O circuito equivalente π equivalente da linha para ` = 362 km j´a foi calculado anteriormente. Os parˆametros do circuito π nominal s˜ao:
Z = (R + jωL) ` = 188,2690 ∠78,13◦ Ω Y1 = Y2 = jωC `
2 = 5,759 · 10
−4 S
A tabela a seguir mostra a compara¸c˜ao entre os modelos, incluindo o erro resultante, calculado por:
erro% = |parˆametro-π-equiv| − |parˆametro-π-nom|
parˆametro π equivalente π nominal erro%
| Z | 181,6733 188,2675 −3,6 | Y | 5,8703 · 10−4 5,7660 · 10−4 1,8
Os parˆametros para ` = 100 km e os erros resultantes s˜ao mostrados na tabela a seguir.
parˆametro π equivalente π nominal erro%
| Z | 51,8693 52,0076 −0,3 | Y | 1,5950 · 10−4 1,5930 · 10−4 0,1
Verifica-se que as diferen¸cas entre os modelos π equivalente e π nominal aumentam para linhas mais longas.
Exemplo (para ser estudado em casa)
Uma linha de transmiss˜ao trif´asica de 60 Hz de circuito simples tem um comprimento de 370 km (230 mi). Os condutores s˜ao do tipo Rook com
espa¸camento horizontal plano de 7,25 m (23,8 ft) entre condutores. A carga na linha ´e de 125 MW, a 215 kV, com fator de potˆencia de 100%. Determine a
tens˜ao, a corrente e a potˆencia na barra transmissora e a regula¸c˜ao de tens˜ao da linha. Determine tamb´em o comprimento de onda e a velocidade de propaga¸c˜ao da linha.
O espa¸camento eq¨uil´atero equivalente da linha ´e: Deq = 3
p
Das tabelas A.3, A.4 e A.5 tem-se: z = 0,1603 + j (0,415 + 0,4127) = 0,8431 ∠79,04◦ Ω/mi y = j [1/ (0,0950 + 0,1009)] · 10−6 = 5,105 · 10−6∠90◦ S/mi γ` = √zy ` = 0,4772 ∠84,52◦ = 0,0456 + j0,4750 Zc = p z/y = 406,4 ∠ − 5,48◦ Ω Na barra receptora tem-se:
VR = 215√
3 ∠0
◦ = 124,13 ∠0◦ kV (tens˜ao de fase, tomada como ref. angular)
IR = S/3 VR ∗ = 125 · 10 6/3 215 · 103/√3 ∗ = 335,7 ∠0◦ A Das equa¸c˜oes de onda:
VS = VRcosh γ` + ZcIRsenh γ` = 124,13 · 103· 0,8904 ∠1,34◦+ 406,4 ∠ − 5,48◦· 335,7 · 0,4596 ∠84,94 = 137,851 ∠27,77◦ kV Is = IRcosh γ` + (VR/Zc) senh γ` = 335,7 · 0,8904 ∠1,34◦+ 124,13 · 103/406,4 ∠ − 5,48◦· 0,4596 ∠84,94 = 332,27 ∠26,33◦ A
Na barra transmissora:
Tens˜ao de linha =√3 · 137,851 = 238,8 kV Corrente de linha = 332,27 A
Fator de potˆencia = cos (27,77 − 26,33) = 0,9997
Potˆencia =√3 · 238,8 · 332,27 · 0,9997 = 137,4 MW
Considerando uma tens˜ao fixa na barra transmissora, a tens˜ao na barra receptora em vazio (IR = 0) ser´a:
VRvazio = VS cosh γ` Logo, a regula¸c˜ao ser´a:
Regula¸c˜ao = V vazio R − VR VR · 100% = 137,85/0,8904 − 124,13 124,13 · 100% = 24,7%
O comprimento de onda e a velocidade de propaga¸c˜ao podem ser calculados por:
β = = {γ`} ` = 0,4750 230 = 0,002065 mi −1 λ = 2π β = 3043 mi v = f λ = 182580 mi/s = 2,94 · 108 m/s
Exemplo (para ser estudado em casa)
Determine os circuitos π equivalente e π nominal para a linha do exemplo anterior. Compare os resultados obtidos.
Os parˆametros do modelo π equivalente s˜ao:
Zeq = Zcsenh γ` = 186,78 ∠79,46◦ Ω Yeq = 1 Zc tanh γ` 2 = 0,000599 ∠89,81 ◦ S
Os parˆametros do modelo π nominal s˜ao:
Znom = z ` = 193,9 ∠79,04◦ Ω
Ynom =
y
2` = 0,000587 ∠90
◦ S
A impedˆancia s´erie do modelo π nominal excede a do modelo π equivalente em 3,8%. A admitˆancia em deriva¸c˜ao do modelo π nominal ´e 2% menor que a do modelo π equivalente.
5.10 Carregamento caracter´ıstico da linha
I Conforme definido anteriormente, Zc corresponde `a impedˆancia caracter´ıstica
da linha
I Para uma linha sem perdas (G = R = 0):
Zc =
r z y =
r L
C Ω → impedˆancia de surto (surge impedance)
I Em alguns tipos de estudo, como por exemplo de descargas atmosf´ericas em
linhas de transmiss˜ao, as perdas s˜ao em geral desprezadas
I Carregamento caracter´ıstico: potˆencia fornecida a uma carga resistiva pura
igual `a impedˆancia de surto:
PSfrag replacements LT IL VL/ √ 3 Zc = p L/C
Esta potˆencia ´e transmitida atrav´es da linha de transmiss˜ao Em Inglˆes SIL – Surge Impedance Loading
I A equa¸c˜ao de onda da tens˜ao pode ser dada por:
V (x) = VRcosh γx + ZcIRsinh γx
em que VR e IR s˜ao a tens˜ao e a corrente na barra receptora (final da linha) I Para a linha sem perdas:
Zc =
p
L/C cosh γx = cos βx γ = jβ = jω√LC senh γx = j sen βx
I Se uma carga com impedˆancia Zc = pL/C for conectada na barra receptora,
a corrente ser´a:
IR = VR
Zc
e a equa¸c˜ao de tens˜ao fica:
V (x) = VRcos βx + jZc VR Zc sen βx = VR(cos βx + j sen βx) = VRejβx |V (x)| = |VR|
ou seja, para uma carga cuja impedˆancia ´e igual `a impedˆancia de surto, o perfil de tens˜ao ser´a plano
I An´alise semelhante para a equa¸c˜ao de corrente fornece: I (x) = IRcosh γx + VR Zc senh γx = VR Zc ejβx |I (x)| = |IR| I Potˆencia complexa atrav´es da linha:
S (x) = V (x) I (x)∗ = |VR|
2
Zc
ou seja, a potˆencia ativa ´e constante ao longo da linha e n˜ao h´a fluxo de potˆencia reativa
I Se VL ´e a tens˜ao de linha no final da linha, onde est´a conectada uma carga
resistiva de impedˆancia igual a Rc =
p
L/C (impedˆancia de surto), a corrente vale: IL = VL/ √ 3 p L/C A
I Potˆencia total entregue `a carga (carregamento caracter´ıstico): SIL = √3VLIL = √ 3VL VL/ √ 3 p L/C = V 2 L p L/C
I Em geral a tens˜ao utilizada para o c´alculo de SIL ´e a tens˜ao nominal da linha.
Portanto: SIL = V 2 nominal p L/C
I SIL fornece um termo de compara¸c˜ao das capacidades de carregamento das
linhas
I E comum a representa¸c˜´ ao da potˆencia transmitida por uma linha em valores
por unidade de SIL (p.ex. 0,2 pu SIL)
I SIL n˜ao corresponde `a m´axima potˆencia que pode ser transmitida pela linha.
5.11 Perfil de tens˜ao da linha
Exemplo
Considere novamente a linha de transmiss˜ao trif´asica de 60 Hz de circuito simples de um exemplo anterior, que tem um comprimento de 370 km (230 mi). Os
condutores s˜ao do tipo Rook com espa¸camento horizontal plano de 7,25 m
(23,8 ft) entre condutores. Obtenha o perfil de tens˜ao da linha, considerando as seguintes situa¸c˜oes: (a) linha em vazio; (b) linha em curto-circuito; (c) carga SIL conectada `a barra receptora (neste caso, desprezar as perdas ˆohmicas da linha);
(d) carga nominal conectada `a barra receptora; (e) carga leve conectada `a barra receptora; (f) carga pesada conectada `a barra receptora.
Tem-se o seguinte circuito por fase:
+ − + − PSfrag replacements VS VR IS IR ∼ ZL x Os dados da linha s˜ao:
z = 0,8431 ∠79,04◦ Ω/mi y = 5,105 · 10−6∠90◦ S/mi γ = 2,0746 · 10−3∠84,52◦ mi−1 Zc = 406,4 ∠ − 5,48 Ω
(a) Em vazio: tem-se ZL → ∞ e, portanto, IR = 0. Da equa¸c˜ao de onda de corrente: IR = IScosh γ` − VS Zc senh γ` = 0 → IS = VS Zc tgh γ` A equa¸c˜ao de onda da tens˜ao fica:
V (x) = VScosh γx − ZcISsenh γx
= VS(cosh γx − tgh γ` senh γx)
(b) Em curto-circuito: tem-se ZL = 0, e, portanto, VR = 0. Da equa¸c˜ao de onda
da tens˜ao:
VR = VScosh γ` − ZcISsenh γ` = 0 → IS =
VS
Zctgh γ`
A equa¸c˜ao de onda da tens˜ao fica:
V (x) = VS cosh γx − ZcISsenh γx
= VS
cosh γx − senh γxtgh γ`
(c) Neste caso, as perdas ˆohmicas da linha s˜ao desprezadas, logo:
z0 = 0,8277 ∠90◦ Ω/mi
y0 = y = 5,105 · 10−6∠90◦ S/mi γ0 = 2,0556 · 10−3∠90◦ mi−1 Z0 = 402,66 Ω = Z
Conforme visto anteriormente, a equa¸c˜ao de onda da tens˜ao neste caso fica: VR = VS cos β` − jZc0ISsen β` = Zc0IR IR = VS Z0 c cos β` − jI S sen β`
Tomando a equa¸c˜ao de onda de corrente tem-se:
IR = IScos β` − jVS
Z0 c
sen β`
Comparando as duas equa¸c˜oes para IR, verifica-se que VS = Zc0IS e a equa¸c˜ao
das tens˜oes fica:
V (x) = VS (cos βx − j sen βx) = VSejβx
(d) Considerando uma carga nominal ZL: as equa¸c˜oes de onda s˜ao:
VR = VS cos γ` − ZcISsen γ` = ZLIR (1)
IR = IS cos γ` −
VS
Zc
sen γ` = ZLIR (2)
Substituindo (2) em (1) obt´em-se a seguinte express˜ao para IS:
IS =
VScos γ` + ZZLcVSsen γ`
ZLcos γ` + Zcsen γ`
!
Portanto, a equa¸c˜ao de onda de tens˜ao fica:
V (x) = VS cosh γx − ZcIS sinh γx
em que IS ´e dado por (3).
(e) Carga leve: vale a equa¸c˜ao do item (d) com o valor apropriado de ZL. (f) Carga pesada: vale a equa¸c˜ao do item (d) com o valor apropriado de ZL.
A figura a seguir mostra os perfis de tens˜ao para todos os casos estudados.
0 50 100 150 200 230 250 0 50 100 150 200 220 250 300 Vazio Curto−circuito SIL Carga nominal Carga leve Carga pesada PSfrag replacements V [kV] x [mi]
5.12 Limites t´ermico e de estabilidade
I A equa¸c˜ao de onda pode ser colocada na forma:
VS = AVR + BIR
em que:
VS, VR : tens˜oes nas barras inicial e final, respectivamente
IS, IR : correntes nas barras inicial e final, respectivamente
A = cosh γ` B = Zcsenh γ` I Considerando: VR = VR∠0◦ VS = VS ∠δ A = A ∠α B = B ∠β tem-se: IR = VS − AVR B = VS B ∠(δ − β) − AVR B ∠(α − β)
I A potˆencia complexa na barra receptora ´e: SR = VRIR∗ = VSVR B ∠(β − δ) − AVR2 B ∠(β − α) ⇓ PR = VSVR B cos (β − δ) − AVR2 B cos (β − α) QR = VSVR B sen (β − δ) − AVR2 B sen (β − α)
I Para facilitar a an´alise, considera-se uma linha m´edia sem perdas:
A = cosh γ` ≈ 1 ∠0◦
B = Zcsenh γ` ≈ Zcγ` = z ` = (jωL) ` = jX = X ∠90◦
I Com rela¸c˜ao `a potˆencia ativa:
PR = VSVR X cos (90 ◦− δ) = VSVR X sen δ PSfrag replacements P Pmax δ 90◦
I Mantendo VS e VR constantes, um aumento da carga implica em um aumento
do ˆangulo δ. Existe um limite m´aximo de potˆencia ativa que pode ser entregue: d dδPR = VSVR X cos δ = 0 ou δ = 90◦ e: PRmax = VSVR X
que representa o limite de estabilidade da linha sem perdas
I Considere que: VS = VR = V δ = 90◦ X = x ` Logo: PRmax = VSVR X = V2 x ` = K `
ou seja, o limite de estabilidade da linha ´e inversamente proporcional ao seu comprimento
Na pr´atica, no entanto, considera-se (por motivos de seguran¸ca): VS = V VR ≈ 0,95V δ ≈ 30◦ X = x ` Logo: PRmax0 = VSVR X sen δ = 0,95V2 x ` sen 30 ◦ = 0,475V2 x ` = 0,475 P max R = K0 ` PSfrag replacements P ` limite de opera¸c˜ao estabilidade pr´atico estabilidade te´orico t´ermico
I A utiliza¸c˜ao do limite pr´atico de estabilidade visa manter a estabilidade
durante transit´orios provocados por dist´urbios na rede
O limite t´ermico, determinado pelo tipo de condutor (dados do fabricante) ´e preponderante para linhas curtas
Exemplo
A figura a seguir mostra a interliga¸c˜ao entre as regi˜oes Norte e Sul do Brasil, feita atrav´es de linhas de transmiss˜ao de 500 kV.
PSfrag replacements MT PA GO Marab´a TO Tucuru´ı MG MA Colinas Colinas Miracema Miracema Gurupi Gurupi Bras´ılia Imperatriz Imperatriz Serra da Mesa Serra da Mesa PI BA TCSC TCSC
• O trecho Imperatriz-Serra da Mesa tem aproximadamente 1020 km → linha longa
• A linha conta com compensa¸c˜ao s´erie (capacitores) e compensa¸c˜ao shunt (reatores)
A compensa¸c˜ao ´e realizada para controlar os n´ıveis de tens˜ao e aumentar a capacidade de transmiss˜ao da linha
• TCSC (Thyristor Controlled Series Capacitor) ´e utilizado para amortecer as oscila¸c˜oes eletromecˆanicas entre os sistemas Norte e Sul
5.13 Fluxos de potˆencia nas linhas de transmiss˜ao
I As linhas de transmiss˜ao podem ser representadas pelo modelo π equivalente
(ou nominal), composto pela resistˆencia s´erie (rkm), pela reatˆancia s´erie (xkm)
e pela susceptˆancia shunt (bshkm) PSfrag replacements k m Ek Em zkm Ikm Imk jbshkm jbshkm
I Impedˆancia s´erie:
zkm = rkm+ jxkm
Admitˆancia s´erie: ykm = 1 zkm = gkm + jbkm = rkm r2 km + x2km + j −xkm r2 km + x2km
Tem-se:
rkm ≥ 0 ; gkm ≥ 0
xkm ≥ 0 ; bkm ≤ 0 (parˆametro s´erie indutivo)
bshkm ≥ 0 (parˆametro shunt capacitivo)
I Corrente saindo da barra k:
Ikm = ykm(Ek − Em) | {z } s´erie + jbshkmEk | {z } shunt
em que Ek = Vkejθk e Em = Vmejθm. Corrente saindo da barra m:
Imk = ykm(Em − Ek) | {z } s´erie + jbshkmEm | {z } shunt
I O fluxo de potˆencia complexa saindo da barra k ´e dado por:
Skm∗ = Pkm − jQkm = Ek∗Ikm = Ek∗ykm(Ek − Em) + jbshkmEk = ykmVk2− ykmEk∗Em + jbshkmVk2 = gkm + jbkm + jbshkm Vk2− (gkm + jbkm) VkVm(cos θkm − j sen θkm)
Separando as partes real e imagin´aria:
Pkm = < {Skm} = gkmVk2− VkVm(gkmcos θkm + bkmsen θkm)
Qkm = = {Skm} = − bkm + bshkm
De maneira an´aloga:
Pmk = gkmVm2 − VkVm(gkmcos θkm − bkmsen θkm)
Qmk = − bkm + bshkm
Vm2 + VkVm(gkmsen θkm + bkmcos θkm)
I Note que as express˜oes dos fluxos de potˆencia foram obtidas considerando
que estes est˜ao entrando na linha: PSfrag replacements Ek Em k P m km Pmk Qkm Qmk Linha de transmiss˜ao
Portanto, as perdas de potˆencia na linha de transmiss˜ao s˜ao dadas por:
Pperdas = Pkm + Pmk = gkm Vk2+ Vm2 − 2VkVmcos θkm = gkm |Ek− Em|2 Qperdas = Qkm+ Qmk = −bshkm Vk2+ Vm2 − bkm Vk2+ Vm2 − 2VkVmcos θkm = −bshkm Vk2+ Vm2 − bkm |Ek− Em|2