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Buscando Alternativa: Rádio Nativa FM 1

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Academic year: 2021

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Buscando Alternativa: Rádio Nativa FM1

FERNANDES, Brenda Herênio2 MENEZES, Stephanne Rufino3 PORTILHO, Ananda Kallyne Muniz4

SANTOS, Raônni Veloso dos5 SILVA, Lucas Jhonata Andrade da6 SILVA, Vanessa de Paula de Moura Sousa7

BRITO, Nayane Cristina Rodrigues de8

Universidade Federal do Maranhão – Campus Imperatriz/ Maranhão

RESUMO: O rádio vivifica a história das pessoas. Foi assim no Brasil, Maranhão e em Imperatriz. Esse artigo é resultado de uma pesquisa realizada para a disciplina Laboratório de Radiojornalismo da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. O estudo foi baseado nos relatos daqueles que viveram e ajudaram a construir a história do rádio na nossa região. Ao contrário do que aconteceu em outros lugares, o radiojornalismo chegou a Imperatriz junto com a instalação da primeira rádio legalizada, a Rádio Imperatriz. Dez anos depois, surge a Rádio Nativa, coordenada por Raimundo Cabeludo, que assim como a pioneira, prezava pela notícia e tinha como objetivo não só a distração e divertimento, mas a informação. Completando 26 anos de existência, a rádio permanece com seu programa jornalístico “Rádio Alternativo”, na voz de Arimateia Junior. A Rádio Nativa mantém o conceito do rádio como veículo produtor de notícias.

PALAVRAS-CHAVE: Rádio Nativa; História; Radiojornalismo, Imperatriz-MA.

1 Trabalho apresentado no GT História da Mídia Sonora, integrante do 3º Encontro Regional Nordeste de História da Mídia – Alcar Nordeste 2014.

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Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - campus Imperatriz. Email: fernandes_beh@hotmail.com

3

Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - campus Imperatriz. Email: phanerm@live.com

4

Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - campus Imperatriz. Email: portilhoananda@gmail.com

5

Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - campus Imperatriz. Email: raonnivelosoo@gmail.com

6

Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - campus Imperatriz. Email: lucas.academicodejornalismo@gmail.com

7

Estudante do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão - campus Imperatriz. Email: dpaulavanessa@gmail.com

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Orientadora do trabalho. Professora Substituta do Curso do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFMA/CCSST, email: brito.n.c.r@hotmail.com

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1. Introdução

O jornalismo esteve presente desde as primeiras experiências na exploração da radiodifusão, já que a maioria das emissoras são inauguradas transmitindo algum evento, ou informando sobre sua própria existência. O ambiente tradicional do radiojornalismo é o rádio AM (amplitude modulada), já na FM (frequência modulada) sua presença está mais ligada à obrigatoriedade legal, e só a partir dos anos de 1990 o potencial jornalístico é reconhecido neste meio.

Segundo Eduardo Meditsch, no livro “A rádio na era da informação” radiojornalismo já estava presente na inauguração oficial da radiodifusão brasileira, no dia 7 de setembro de 1922, durante o discurso de abertura da Exposição Internacional do Rio de Janeiro, feito pelo então presidente da República, Epitácio Pessoa. O discurso foi transmitido pelos 80 receptores importados especialmente para a ocasião. Um dia depois, no dia 8 de setembro de 1922, o jornal A Noite noticiava o acontecimento com o título “Um Sucesso de Radiotelephonia e Telephoneauto-falante”. Com o fim das comemorações do Centenário da Independência que impressionaram o público, as transmissões radiofônicas foram interrompidas. Edgard Roquette Pinto já experimentava o jornalismo radiofônico mesmo antes da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

Após esse momento de estruturação, o rádio participou de todos os momentos importantes dos brasileiros. Ajudou a derrubar a República Velha, participou da Revolução de 1932, transmitiu notícias extensas sobre a Segunda Guerra Mundial. Teve papel importante no Golpe Militar, participou ativamente da reconstrução da democracia e fez ecoar o processo de impeachment de Collor. Os políticos sempre tiveram ciência da importância do rádio nas campanhas eleitorais, não há candidato que não se interesse em participar dos programas das emissoras radiofônicas. Essa importância se estende a atividades de todos os campus, sejam de conquistas esportivas ou campanhas de todo o tipo.

A Roquette Pinto se deve a criação e apresentação do primeiro radiojornal brasileiro, no início das atividades da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. O Jornal da

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comentado, esmiuçado e interpretado com a fonte oficial. Sobre essa distinção, Eduardo Meditsch explica:

O rádio informativo não é apenas um novo canal para a mesma mensagem do jornalismo, é também um jornalismo novo, qualitativamente diferente, e a designação diversa procura dar conta dessa transformação. A distinção que se pretende fazer entre radiojornalismo e rádio informativo, no entanto, não é universalmente reconhecida (MEDITSCH, 2007, p. 30 ).

Roquette Pinto foi o primeiro locutor e comentarista do rádio brasileiro. No início,nada era regular, nem as programações. Além do Jornal da Manhã também havia na época outros radiojornais que se baseavam na leitura integral dos jornais impressos. Apesar dessa prática subverter a função e as características do rádio definidas posteriormente, isso era muito comum e até hoje nota-se essa prática, até mesmo em telejornais, na sua maioria regionais e pequenos.

Em São Paulo, o radiojornalismo surgiu durante a Revolução Constitucional, no ano de 1932, muitas vezes como instrumento de partidarismo. Experiências de diversos formatos jornalísticos estiveram presentes nas emissoras paulistas desde o início mas era a primeira vez que o rádio era utilizado no Brasil como instrumento de mobilização popular. Uma grande figura que ficou conhecida como “Locutor da Revolução” foi César Ladeira que conclamava o povo pela Rádio Record a pegar em armas por uma Carta Constitucional.

A primeira líder de audiência foi a pioneira Rádio Record de São Paulo. Introduziu logo no início dos anos de 1930 uma programação política, levando políticos para os estúdios nas denominadas “palestras instrutivas”, como assim chamava Paulo Machado de Carvalho, proprietário da emissora.

Outro momento histórico transmitido pelas emissoras radiofônicas, foi o 9 de julho. Quando a Rádio Record passou a ter participação destacada em todo o episódio da Revolução de 1932. Carvalho afirmava que antes dessa época já havia iniciado uma programação jornalística regular. No dia 23 de fevereiro de 1932, a Rádio Record lançou o seu primeiro jornal falado, junto com os Diários Associados.

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Em 12 de setembro de 1936, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi inaugurada, mas viveu em crise até 1939. Só não saiu do ar porque três de seus fundadores traduziam e transmitiam peças de rádio-teatro, eram atores e locutores.

O rádio foi uma “arma” estratégica durante a Segunda Guerra Mundial. As orientações ideológicas e as notícias do front precisavam ser divulgadas rapidamente. Nem os jornais impressos nem os cinejornais possuíam a agilidade de alcance que começaram a ser requeridos pela nova realidade e o rádio preencheu esse espaço vazio e passou a ser encarado como um meio essencialmente informativo. O desenvolvimento de sistemas de transmissão de maior alcance são consequências que ressaltam o aspecto jornalístico do rádio. Nesse contexto surgem no Brasil o Repórter Esso e o Grande

Jornal Falado Tupi.

O Repórter Esso trouxe um noticiário mais sucinto, vibrante, de cinco minutos exatos de duração. Isso foi o bastante para clarear a mentalidade radiodifusora para o velho ângulo da divulgação de notícias. O jornal era transmitido em horários fixos e anunciado por vinheta musical.

Em 1953 foi criada a Rede Nacional de Notícias que permitia a retransmissão, pelas ondas curtas, dos jornais falados da Nacional por dezenas de emissoras no interior do país.

A forte concorrência com a televisão, fez com que o rádio passasse por um longo processo de adaptação e reestruturação, na busca por caminhos que lhe permitiam sobreviver. A televisão foi inaugurada no Brasil no dia 18 de setembro 1950 e definitivamente tomou a atenção de todos e ganhou a preferência entre os meios de comunicação. Durante a noite a televisão era a grande estrela, o rádio procurava seus espaços no período matutino e vespertino. Terminada a fase de ouro, a rádio encontra na eletrônica seu maior aliado. Uma série de inovações tecnológicas é favorável ao processo de reinvenção do rádio e da transmissão jornalística.

2. Rádio no Maranhão

Os primeiros passos do rádio no Maranhão são envoltos de alguns desencontros, desde o registro da primeira transmissão radiofônica ao início da

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produção jornalística. Opiniões divergem no que diz respeito a primeira rádio maranhense. Botelho (2004), em sua monografia intitulada 80 anos de rádio: breve

histórico da Rádio Sociedade Maranhense à Rádio Educadora, defende que a história

do rádio no Maranhão começou ainda em 1924, dois anos após as primeiras experiências no Brasil.

Para o estudioso, a Rádio Sociedade Maranhense foi pioneira nos experimentos radiofônicos e surgiu “numa época em que as rádios funcionavam sem fins comerciais” (BOTELHO, 2004, p. 29). Assim como no Brasil, as rádios traziam conteúdos elitizados, que atingiam a uma parcela pequena da população. Talvez pelo conteúdo para um público restrito ou mesmo pelo preço exorbitante e muito além do poder aquisitivo das massas, em sua fase de instalação, o rádio não se popularizou rapidamente. Apesar de reconhecida por Botelho, a Rádio Sociedade Maranhense por não possuir registro legal, é identificada como pioneira apenas pela oralidade da população.

Dezessete anos após as primeiras experiências do rádio no Maranhão surge a primeira rádio legalizada, chamada Rádio Difusora. Baseado no trabalho monográfico do jornalista Adriano Rodrigues “Jornalismo nas ondas do rádio: uma análise crítica

do programa O Ministério Público e a Cidadania”, o surgimento da rádio foi atribuído

a Paulo Ramos, Interventor do Maranhão na época de 1936 a 1945. Em 1944 a rádio passa a integrar os Diários Associados e é denominada Rádio Timbira. Segundo Rodrigues:

Sua entrada na maior rede de comunicação naquela época é creditada aos objetivos políticos de Assis Chateaubriand, proprietário dos Diários Associados, que pretendia ser eleito senador pelo Estado do Maranhão, como de fato aconteceu (RODRIGUES, 2006, p. 26).

Em 1995, no governo de Roseana Sarney, os cargos da rádio foram extintos e a rádio ligada à Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado do Maranhão, prestando como um veículo para informes e propagandas do Estado.

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O radiojornalismo no Maranhão surge no final da década de 1940, com a fragmentação do público, as emissoras de rádio começam a dar mais atenção ao ramo noticioso. Em 1947 é fundada a Rádio Ribamar de São Luís, financiada por Gerson Tavares, irmão do ex-diretor da Rádio Timbira, Ribamar Pinheiro. A partir daí, o jornalismo esportivo deslanchou na voz de José Branco. A disputa por audiência com a Rádio Difusora ficou acirrada e a promoção de concursos e programas foi o diferencial encontrado nessa luta.

Desde o fim da década de 1940 até meados de 1950, no Brasil, o rádio vivia sua “era de ouro”. Neuberger (2012) descreve:

Os programas de auditório atraiam fãs, em busca do contato direto com os grandes ídolos, para os estúdios de rádios, além de divertimento com a programação variada, com música, mágica, humor, sorteios, etc (NEUBERGER, 2012, p. 32).

Era por meio do rádio que as pessoas se conectavam ao mundo. Além do divertimento, os ouvintes queriam informação e esse foi o ponto de partida para que o radiojornalismo fosse definitivamente levado a sério.

Quase dez anos depois a disputa continuava, mas dessa vez a televisão era o maior rival. Com o advento da nova tecnologia, o rádio entrou em fase de decadência e perdeu muitos anunciantes. Rodrigues afirma que:

Ao ver grande parte de seus programas de auditório migrarem para o novo meio de comunicação, as emissoras de rádio buscaram formas de diversificação de suas programações, onde a agilidade e utilidade pública ditavam o ritmo (RODRIGUES, 2006, p. 28).

A partir da década de 1960, com a inauguração da Rádio Gurupi, as transmissões radiofônicas passam a ser mais parecidas com o que ouvimos hoje. “Programas de variedades, de paradas de sucesso, produções esportivas e policiais são características dessa época” (RODRIGUES, 2006, p. 29). Com a população atenta não apenas aos programas de entretenimento, mas buscando informações das mais variadas

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áreas, abre-se um grande espaço para o radiojornalismo e ele se instala como uma das principais fontes de notícias.

3. História do Rádio e Radiojornalismo em Imperatriz

Foi na década de 1960 que surge os primeiros experimentos com rádio em Imperatriz, 38 anos após as primeiras experiências radiofônicas no Brasil. O idealizador foi Francisco Marques Ramos, eletromecânico que utilizou seus conhecimentos na área e montou uma rádio clandestina. No mesmo ano Raimundo Nogueira de Sousa Neto, também eletromecânico, montou a Rádio Mirim. Em parceria com Ramos, aperfeiçoaram os equipamentos e tornaram a rádio mais moderna, sendo comprada mais tarde por Leôncio Pires Dourado e passando a se chamar Rádio Imperatriz. Por estar em situação irregular a rádio foi tirada do ar algum tempo depois.

A primeira rádio legalizada de Imperatriz foi fundada em 1978 por Moacyr Spósio Ribeiro, radialista e empresário paulista. Para homenagear a cidade, chamou-a de Rádio Imperatriz Sociedade Limitada. Por ser novidade no município, a primeira equipe da rádio foi composta quase em sua totalidade por pessoas vindas de outros lugares, na locução apenas dois eram da cidade.

O radiojornalismo não demorou a aparecer. Para abordar esse tema, tomamos por base o artigo Começou o Jornal da Rádio Imperatriz da jornalista Nayane Brito. Ela considera que:

O radiojornalismo surgiu a partir da instalação da Rádio Imperatriz. Informar a população era apenas uma das missões do Jornalismo da emissora. Faziam-se ainda cobranças às autoridades do município e destinava-se um espaço para as reclamações dos imperatrizenses (BRITO, 2012, p. 6).

Entre os assuntos mais explorados pela produção jornalística da rádio estavam política e polícia. Além dos equipamentos pesados, o meio de locomoção também era um problema, a emissora não disponibilizava automóvel para os repórteres. Na maioria das vezes eles faziam as coberturas jornalísticas a pé, quando davam sorte pegavam uma carona. No entanto, essas dificuldades nunca foram obstáculos para a busca da notícia.

Além das produções de notícias regionais a rádio utilizava-se de noticias nacionais e internacionais divulgadas em outros veículos de comunicação, como por

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exemplo, no programa a Voz do Brasil. A Rádio Imperatriz foi vendida em 2005 e passou a integrar o Sistema Cidade Esperança.

A desvalorização do radiojornalismo ainda é visível na cidade. Hoje, nove anos depois da mudança da Rádio Imperatriz para a denominação evangélica, apenas uma das cinco maiores rádios da cidade possui programa de teor jornalístico.

4. Entrando para a história

A Rádio Nativa foi fundada em novembro de 1989 pelo empresário e político maranhense Raimundo Cabeludo. Foi a primeira rádio de Frequênia Modulada FM que transmitiu programa com teor jornalístico em Imperatriz e na Região Tocantina. A Rádio surgiu de uma vontade pessoal do proprietário de criar uma FM diferenciada, já que naquela época as rádios de Frequência Modulada eram voltadas para o entretenimento e para o público jovem. O nome “Nativa” surgiu do valor que o proprietário dá a natureza. Esse valor pode ser também observado quando vemos a outra emissora de rádio que o mesmo possui no Pará, chamada Arara Azul.

Foto: Stephanne Menezes

Figura 1 – Fachada atual da Rádio Nativa.

Nos primeiros anos de existência a sede da emissora localizava-se em João Lisboa, município a 12 km de Imperatriz, mas com o passar do tempo acabou vindo

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para Imperatriz por causa do desenvolvimento da cidade. A sua localização é no intermédio entre as duas cidades, na Avenida Pedro Neiva de Santana. Além da primeira transmissão jornalística em FM, a rádio foi a primeira a retransmitir via satélite uma rede de rádios que contribuiu com várias parcerias entre elas a Rede Som Zoom Sat, de Fortaleza – CE. E essas parcerias contribuíram para a uma programação variada. A rádio abrange os estados do Maranhão, Pará e Tocantins. Em 1994 foi criado na emissora o departamento de eventos que ganhou força com a realização de grandes shows na região.

O primeiro programa jornalístico da programação de acordo com Vagner Rego, que trabalha na rádio há 22 anos e hoje é coordenador, foi um jornal que passava das 06 as 07h da manhã e tinham locutores variados. A rádio já nasceu com esse propósito: ter programas com teor jornalístico na sintonia FM. A emissora teve programas como o

Programa do Connor Farias, Amaral Reis e Renilson Sousa. Uma curiosidade que

Vagner Rego relata é que algumas produções ganhavam o nome de seus locutores. Nos primeiros anos a Rádio Nativa tinha cinco funcionários. Atualmente a emissora tem quinze. A programação sempre teve notícias e entretenimento. Hoje a rádio tem sete programas de segunda à sexta-feira e dez ao sábado e domingo. Os locutores atuais são: Arimateia Junior, Banana Locutor, Edy Soares, Leo Miller, Marcinha, Martielle, Neide Oliveira, Renald Café, Valdinês Lima.

O programa que dá o diferencial a emissora é o Rádio Alternativo. É o único programa de rádio FM de Imperatriz e região que possui cunho jornalístico, exclusivamente de informação. Criado pelo proprietário da Rádio Nativa, Raimundo Cabeludo. Foi ele quem teve a ideia e escreveu todo o script do programa. O locutor Arimateia Junior foi convidado para apresentar o programa e está no comando desde o início, há 14 anos, como destaca:

Fui convidado. Cheguei aqui e encontrei o scrip pronto: de 08 às 09 horas, você vai fazer só notícia colhida de jornais (na época, era só jornal), de 09 às 10 horas ouve o Zé Povão e de 10 às 11 horas, uma avaliação de tudo que fora feito.9

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O Rádio Alternativo foi idealizado para proporcionar aos ouvintes da rádio uma alternativa na veiculação de informações. O proprietário e idealizador do programa desejava que a sociedade imperatrizense tivesse outra opção para ouvir as notícias tanto policiais como políticas.

Foto: Vanessa de Paula

Figura 2 – O locutor Arimateia Junior na transmissão do Rádio Alternativo

O Programa tem duração de três horas. É apresentado por um locutor e trata principalmente de assuntos da área política e policial. Por ser uma produção com grande audiência, não falta anunciantes. O intervalo comercial tem, em media seis minutos. Atualmente as principais fontes das notícias transmitidas são: blogs locais, sites de todo o estado e a própria equipe da Rádio Nativa.

A opinião está muito presente da linguagem do rádio. E o programa Rádio

Alternativo apresentado pelo locutor Arimateia Junior é carregado de opinião. Uma

alerta que Milton Jung (2004) faz em seu livro Jornalismo de rádio é que o jornalista tenha cuidado com o clichê. O autor relata um episódio em que gravou um boletim para a TV Globo e, antes de uma reunião, disse que o Paraguai era o “Paraíso do Contrabando”. Segundo conta, um correspondente internacional, balançando a cabeça em sinal de reprovação, comentou: “o que seria dos jornalistas sem os clichês...” (JUNG,

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2009, P. 24). A lição que Jung nos faz questionar sobre o papel do jornalismo: se é reproduzir lugares-comum ou gerar reflexões sobre determinados assuntos?

A dificuldade é conciliar a linguagem simples do rádio com seu papel social, como aponta Barbosa (2003) no que se refere a divulgação de ideias, na promoção de debate social e político livre de preconceitos e na promoção de diversidade e mudança.

De acordo com Barbosa (2003), o rádio possui uma função comunitária. Diante do grande poder de influência que tem esse meio, o autor defende que o rádio deve funcionar como um instrumento de transformação e mobilização. Assim, deve-se refletir sobre o papel social do jornalismo e do radiojornalismo tendo em vista o que expõe o autor:

Ele, o rádio, tem a magia de cativar e seduzir os seus ouvintes, conduzindo-os a atitudes e comportamentos conformes ao padrão estabelecido. Por isso, é bom saber que estamos fazendo uso de um meio o qual influencia o cotidiano das pessoas, e assim possibilita resultados positivos (BARBOSA, 2003, p.50).

Portanto, percebe-se a necessidade de sempre rever o conceito de jornalismo e como ele se aplica na prática, principalmente no rádio, funcionando como vigilante sem perder sua característica de simplicidade, e como bem coloca Barbosa (2003), companheiro do ouvinte. E o Programa Rádio Alternativo tem cumprido seu papel como vigilante. Por ser o único programa de rádio com conteúdo jornalístico e por dar a voz aos ouvintes, ele tem funcionado como porta-voz da sociedade imperatrizense.

5. Considerações Finais

A criação da Rádio Nativa se deu a partir de interesse pessoal. Tinha-se o anseio de criar uma FM diferente de todas as que já existiam na região. E seu diferencial seria o jornalismo, a informação. Assim, o empresário Raimundo Cabeludo apostou nessa ideia e fundou a emissora radiofônica.

Essa rádio assume então, desde a sua criação, umas das características mais importantes do rádio: a função social. A emissora torna-se um agente de informação e até de formação do coletivo. Até hoje, 26 anos de trajetória da Rádio Nativa essa é a

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característica que a diferencia das demais. Atualmente continua sendo a única a ter um programa jornalístico em Imperatriz.

O programa Rádio Alternativo traz sempre questões polêmicas a fim de promover reflexões. Além de levar a notícia ao público, cumpre com seu papel e funciona como a voz do povo imperatrizense, pois dá espaço aos ouvintes fazerem reclamações e darem opiniões.

Referências

BARBOSA FILHO, André. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas em áudio. São Paulo: Paulinas, 2003.

RÊGO, Glaydson Botelho. 80 anos de rádio: breve histórico da Rádio Sociedade Maranhense à Rádio Educadora. São Luís/MA: UFMA, 2004.

BRITO, Nayane Cristina Rodrigues; PINHEIRO, Roseane Arcanjo. Começou o Jornal

da Rádio Imperatriz. Trabalho apresentado no 2ª Encontro Nacional de Jovens

Pesquisadores em Jornalismo, Curitiba, 2012.

JUNG, Milton. Jornalismo de rádio. 3. ed. São Paulo. Editora Contexto, 2009.

MEDITSCH, Eduardo. O Rádio na era da informação: teoria e técnica do novo radiojornalismo. 2. ed. Revisada. Florianópolis: Insular, ED da UFSC, 2007.

NEUBERGER, Rachel Severo Alves. O Rádio na Era da Convergência das Mídias. Cruz das Almas/BA: UFRB, 2012.

ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A Informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. 3. ed. São Paulo: Summus, 1985.

RODRIGUES, Adriano Costa. Jornalismo nas ondas do rádio: uma análise crítica do programa O Ministério Público e a Cidadania. São Luís/MA: UFMA, 2006.

Entrevistas

JUNIOR, Arimateia. Entrevistadoras: Stephanne Rufino Menezes e Vanessa de Paula. Imperatriz. Entrevista concedida às alunas da UFMA-Campus Centro, 2014.

REGO, Vagner. Entrevistadoras: Stephanne Rufino Menezes e Vanessa de Paula. Imperatriz. Entrevista concedida às alunas da UFMA-Campus Centro, 2014.

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