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PASSIVAS EM PORTUGUES:

TRANSFORMACOES E REGRAS LEXICAIS. Ruth E. Lopes Moino - PUC-SP

1. Introducilo

o

proposito deste estudo e verificar 0uso dos diferentes tipos de

passivas em portugues e qual a analise mais adequada para explicar tal fenomeno lingtiistico, ou seja, atraves de uma teoria transformaciona-lista ou lexicatransformaciona-lista.

Tomou-se como base as hipoteses levantadas por Wasow (1977)

atraves das quais ele sustentou 0 fato da EST (Extended Standard

Theory) possuir tanto regras transformacionais quanta regras lexicais. Tambem foi examinada a teoria lexical de passivizacilo de Bresnan

(1978, 1982), uma vez que0fenomeno em estudo deveria ser enfocado

de todos os angulos possiveis. Essas teorias gramaticais silo divergen-tes e poderiam, talvez, contribuir para urn melhor entendimento do fe-nomeno lingtiisticoem ocorrencia. No entanto, na tentativa de se ex-plicar determinado fenomeno, deve-se escolher aquela teoria que seja capaz de dar conta satisfatoriamente do que se estuda. Nesse sentido, Wasow provou ter evidencias mais fortes em ingles para dar conta do fato de existirem dois tipos distintos de passivas e ae eles nilo serem usados em variacilo livre. Essas passivas se dividem entre aquelas que passam por urn processo de transformacilo e aquelas que silo geradas atraves de regras lexicais.

Wasow estipulou cinco criterios para distinguir entre regras trans-formacionais e de redundancia lexical, que se mostraram bem pre-visiveis quanta Ii construcilo de sentencas passivas. Nos usamos esses criterios na tentativa de explicarmos semelhante fenomeno em portu-gues.

2. Uma breve discussilo teoric8

Como dito anteriormente, Wasow prop6e urn conjuntode crite-rios para distinguir entre as regras transformacionais e as lexicais

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den-tro do modele da EST Sua preocupa~ilo basiea e que a EST seria bem mais restritiva se houvesse meios de escolher entre essas analises. Wa-sow considera as regras de estrutura frasiea como urna categoria inde-pendente e nilo leva em considera~ilo a questAo das regras de interpre-ta~o.

o

autor parte do ponto de vista que as transforma~Oes deformam as estruturas geradas na base e que os itens relacionados por regras le-xieais silo inseridos nas estruturas geradas na base. Uma regra nlo po-de cumprir a fun~ilo da outra. Seus criterios expressam as proprieda-des das diferentes regras. De forma sintetiea, silo:

1. Transforma~Oes e nlo regras de redunc,tAncialexical podem re-suitar em estruturas que nlo slo geradas na base.

2. Regras de redundAncia lexical e nlo transforma~Oes podem ser usadas para relacionar itens de dife.rentes categorias gramaticais. (Wa-sow justifica esse criterio atraves da hip6tese lexicalista).

3. As regras de redundAncia lexical silo, de acordo com Wasow, mais "locais"; ou seja, as transfotma~Oes relacioDam marcadores de frase inteiros, enquanto que as regras lexieais relacionam apenas itens lexieais.

4. As regras lexieais relacionam os itens no lexieo; as transforma-~Oesoperam a nivel de marcadores de frase onde os itens lexicais ja fo-ram inseridos. Portanto, as regras lexicais se aplicam antes de qual-quer transforma~o.

5. As transforma~Oes slo mais produtivas; a singularidade das es-truturas e sistematica. As regras lexicais permitem exce~Oesassistema-tieas, urna vez que estlo sujeitas a forma~Oes idiossincraticas.

De acordo com Wasow, hi dois tipos de regras em ingles relacio-nando os verbos na voz ativa as constru~Oes na passiva. Uma delas de-riva as passivas que se comportam claramente como adjetivos - as re-gras lexicais, a outra deriva as passivas transformacionais. Urn tipo de passiva nilo deve aparecer no contexto da outra.

Nosso interesse, portanto, e0de ver como esses criterios podem

ser aplicados para gerar passivas em portugues e como eles podem pre-ver tais ocorrencias, caso realmente exista a distin~o em portugu&.

Antes de come~rmos a trabalhar com os dados coletados, exami-namos alguns argumentos em favor apenas de uma analise lexical das passivas.

Parece-nos que uma analise transformacionalista de algumas pas-sivas e mais poderosa porque as restri~es seletivas ("selectional res-trictions") dos predicativos slo definidas apenas uma vez, a myel de estrutura profunda da ora~o. Nesse sentido, para se gerar a passiva na base teria-se que multiplicar as restri~Oes seletivas relacionando-as . uma vez para a estrutura ativa.e outra para a passiva. Bresnan (1982)

postula que na teoria lexical as restri~es seletivas slo substituidas por tra~os semAnticos das estruturas de argumento. Mudando-se a fun~o gramatieal da forma ativa lexical para a forma passiva, 0argurnento

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haveria mudancas nos tra~os semanticos a nivel do argumentO predi· cativo, e, portanto, nAo haveria necessidade de se estabelecerem varias condi~oes de restri~Ao seletiva. No entanto, a teoria transformaciona· lista tambem postula urn conjunto de caracteristicas (abstrato, anima-do etc.) e formula as restri~oes seletivas de acoranima-do com tais carac-teristicas. Os argumentos de Bresnan por uma analise lexical segui-riam do segundo criterio de Wasow referente a passivas "adjetivas."

Vma analise transformacionalista tambem tern a vantagem de sim-plificar a subcategoriza~o dos verbos, ou seja, 0status gramatical

das senten~as derivadas e 0mesmo das sentencas originais. Se nAo houvesse transforma~oes na passiva, estruturas separadas de subcate-goriza~Ao deveriam ser estabelecidas para os verbos na ativa e na pas-siva. No entanto, na teoria lexical, nAo hit uma subcategoriza~Ao res-trita. Seus efeitos sAo substituidos por condi~oes especiais impostas Ii interpreta~Ao das formas lexicais, que definem urn conjunto de con-textos nos quais 0verbo poderia ser inserido lexicalmente. Vma forte

evidencia para term os algumas passivas analisadas como lexicais e que alguns verbos passivizados passam por processos de forma~Ao da pa-lavra, por exemplo, a ConversAo Participio-Adjetivo. Isto significa que tais verbos devem ser representados como passivas no lexico. Ape-nas estruturas lexicais podem ser analisadas de acordo com esse pro-cesso. As transforma~oes sintaticas nAo se incluem nessas regras e de-ve ser excluido da posside-vel gama de transforma~oes t\)do 0que

envol-ver uma reclassifica~Ao da categoria gramatical. Esta evidencia segue de urn dos criterios de Wasow e mostra porque as regras lexicais tam-bem tern seu lugar dentro da EST, pois ha ora~oes que nAo sao deriva-das transformacionalmente de fontes ativas na estrutura profunda; de outra forma, isso faria com que as transforma~oes passassem por urn pr()cesso de forma~Ao lexical. Esse tipo de rela~o nao-transformacional dentro de uma gramatica reduz a complexidade transformacional de certas ora~oes, aproximando-se, assim, a grama-tica a urn modelo real de uso da linguagem.

Se examinarmos as regras lexicais como itens listados na gramatica, poderiamos supor que elas dariam conta de propriedades individuais, ou idiossincrasias que as transforma~oes nao podem explicar. Isto relaciona-se ao quinto criterio de Wasow. As opera~oes lexicais nao estAo envolvidas no processamento gramatical, embora organizem 0

lexico para a comunica~o. Sendo assim, as rela~oes lexicais nao sao fixas e podem mudar para dar conta de conceitos que sejam importan-tes para instancias particulares de comunica~ao.

Poderiamos considerar alguns outros argumentos em favor do pon-to de vista de Wasow, segundo 0qual alguns casos deveriam ser anali-sados transformacionalmente e outros atraves de regras lexicais, mas nao 0faremos por falta de espa~.

3. Metodologia

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concentrava no discurso escrito. Foi atraves da analise de nossos da-dos escritos e das conclusCles extraidas que resolvemos prossegui-lo. No entanto, no inicio, nossos dados foram coletados de editoriais de jomais e revistas. 0 estilo foi escolhido porque embora seja neutro ainda e urn registro elaborado.

Os jomais usados for am "Jomal da Tarde" e "0 Estado de S. Paulo", tendo-se tornado 8 textos do primeiro e 12 do segundo. As re-vistas foram "Veja" e "lstoE"; com 5 textos da primeira e 2 da se-gunda. Sendo 0 estilo entre as fontes muito semelhante, nao achamos necessario analisar 0 mesmo niImero de textos de cada fonte. Nesse momenta optamos por nao analisar as passivas pronominais (sinteti-cas) em fun~40 de se confundirem com a indetermina~ao do sujeito (I-keda, 1977; Pimenta-Bueno, 1979).

Examinou-se urn total de 208 passivas. Elas foram analisadas de acordo com seu tipo e niImero de ocorrencia entre os textos a nivel da ora~40.

Atualmente estamos analisando e comparando os dados escritos

a

produ~ao oral. Analisamos ate aqui apenas 90 minutos de grava~ao com urn informante de classe aIta de Silo Paulo, com nivel de escolari-dade superior.

4. Discussao dos Resultados

Definimos as passivas lexicais como aquelas que se comportam claramente como adjetivos, e que passam por urn processo de forma-~40 lexical; e passivas transformacionais aquelas que envolvem opera-~Clesa nivel de marcadores de frase tendo sempre uma fonte ativa ge-rada na base.

Na analise dos dados escritos, encontramos basicamente tres tip os de passivas. Dois deles se encaixam dentro de uma descri~ao lexical e

UJ;Il dentro da transformacional. As passivas lexicais sao:

a) 0 participio passado funcionando como modificador pos-nominal, ou seja, urn sintagma adjetivo dentro de urn sintagma nomi-nal a cujo substantivo ele se referia.

b) como adjUnto, ou ora~ao apositiva.

4.1. Participio passado como modificador pas-nominal

... no Brasil, 0voto dado com honestidade a qualquer partido e

4igno de confian~. ("Veja", 13/10/82)

Se um 'convida~o INesperado desembarcasse hoje no Brasil, ... (" Jomal da Tarde", 3/10/83)

Esse temsido, alias, 0 tom da doutrina~40 sorrateirametlte destila-da no espirito dos fieis todestila-das as semanas ... ("Jomaldestila-da Tarde", 3/10/83)

Das 208 passivas examinadas, 58 eram do tipo acima, isto e, apro-ximadamente 28;3'1 •. Em alguns casos nos observamos que mais de uma passiva desse tipo ocorria na mesma ora~o. Acreditamos que is-to seja uma estrategia estiHstica e nao que u~a passiva possa estar condicionando a outra, uma vez que a presen~a do sufixo de participio

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usado repetidamente faria com que a oraciio soasse "estranha". 4.2. Passivas apositivas

... escreveu a reportagem de capa da presente ediciio, publicada partir da pagina 52. ("Veja", 19/01/83)

E

a primeira vez que esse espetaculo, centrado om tomo da lend a de Eva Per6n, e montado na America do SuI. ("Veja", 19/01183).

Na China, iluminada pelo marxismo, 0 Diario ... ("J.T.", 20/9/83)

Encontramos 26 exemplos desse tipo, aproximadamente 12,70/0do total. A porcentagem aqui parece irrelevante quando comiJarada ao total das passivas transformacionais encontradas. Poderiamos talvez explicar 0fato em funclio do tipo de texto em analise.

4.3. Passivas transformacionais

... que Ih~s permita ter atendidas ao menos as suas necessidade~ bllsicas. ("Isto E", 25/05/83)

o

processo precisa ser interrompido. ("Isto

E",

25/05/83)

Urn dos mitos mais ex6ticos que hllo sido criados em materia de re-lacOes intemacionais ... ("0 Estado de S. Paulo", 26/09/83)

Foram encontrados 124 exemplos desse tipo de passiva, represen-tando aproximadamente 590/0de todos os dadoli. A maior parte delas tinha como auxiliar os verbos "ser e estar", segllidos ou nao de "ha-ver e modais". Foram usados tres criterios para a contagem de tais passivas: aquelas que ocorriam apenas uma vez em cada oracao (81), os agrupamentos - mais de uma na mesma oracllo, com0mesmo

auxliar e no mesmo tempo verbal (10), e as correntes - mais de uma pass i-va na mesma oraciio com auxiliares diferentes (33).

Percebemos atraves dessa contagem que uma passiva transforma-cional normalmente condiciona 0uso de outra para manter 0

parale-lismo da estrutura.

Atualmente, estamos trabalhando com os dados de urn inform an-te. Os criterios de analise sao basicamente os mesmos, mas novas hi-p6teses surgiram e estao sendo adicionadas ao estudo que nao preten-de encerrar-se neste trabalho. Estamos, por exemplo, analisando as formas substitutivas que0falante emprega para evitar 0usa da

passi-va transformacional. Assim, em 90 minutos de gravacao encontramos 79 ocorrencias divididas em: 2 passivas lexicais apositivas, 2 passivas pronominais, 9 oracOes na voz ativa com verba transitivo direto (obj. simples) - passivas em potencial!, 19 passivas lexicais p6s-nominais, 22 oraCOes com indeterminaclio de sujeito e 25 passivas transformacio-nais. Apesar de poucos dados, pudemos observar alguns fatores im-portantes. 0 uso de uma passiva precedente no texto parece nao in-fluenciar 0uso de outra; 0falante normalm~nte mantem 0 paralelis-mo quando usa uma passiva transformacional, 0que nllo ocorre com as lexicais. Embora tenhamos uma ocorrencia bastante significativa das passivas transformacionais, notamos por outro lado, que 0

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e0faz numa proporeao bem grande -54179 se somarmos todas as ou-tras formas empregadas.

5. Conclusao

Embora tenhamos evidencias substanciais, at raves dos dados, para classificarmos os diferentes tipos de passivas em portugues atraves de uma analise transformacional em alguns casos e lexical em outros, e fOssemos capazes de mostrar como os criterios levantados por Wasow podem ser realmente prediziveis, muitas questoes ainda estao em aber-to. Esperamos ter mais respostas atraves da analise quantitativa do discurso oral.

De acordo com Bresnan (1978), em razao da velocidade com que compreendemos a linguagem, seria mais facH que ocotresse menos 0

processamento gramatical e mais interpretacao inferencial. No entan-to, acreditamos que mesmo a nivel de lexico, 0falante ainda teril que processar as relaeoes semanticas entre os 'itens lexicais para contextualiza-Ios. Talvez isso explique 0 fato de haver poucas

ocor-rencias de passivas lexicais no discurso oral analisado, dando lugar a form as substitutivas alem das passivas transformacionais.

Ha, sem duvida, outros fatores condicionando 0usa de tais

passi-vas. Por exemplo, a funelio que elas desempenham dentro do discur-so. Mas nao cabe agora uma analise a esse nivel. E como este traba-lho, apesar de tratar sobre passivas, naopretende ser "passivo", a es-toria das passivas em portugues continuaril ...

BRESNAN, J.-(1978) "A Realistic Transformational Grammar", In: Halle, Bresnan and Miller (ed.). Linguistic Theory and Psycholo-gical Reality -MIT Press, Mass.

BRESNAN, J. (1982) The Mental Representation of Grammatical Re-lations. MIT Press, Mass.

IKEDA, S.N. (1977). A Fun~o do Pronome SE. Disserta~40 de Mes-trado, PUC-SP.

PIMENTA~BUENO, M. (1979). "A Proposal for a Unified Treat-ment of Reflexive, Reciprocal, Intrisic, and Impersonal SE in Portuguese". In: James, Lantolf; F. Frank; G.M. Guitart (eds.).

Colloquium on Spanish and Luso-Brazilian Linguistics. GU

Press, Washington DC.

WASOW, T. (1977) "Transformations and the Lexicon", In: Culico-ver, P; Wasow, T.; Akmajian (eds.). Formal Syntax, New York Academic Press.

Referências

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