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FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS

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Academic year: 2021

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FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS

Maria Carollina da Silva Sousa Neide Cristina Marçal Noe de Camargo Neto

Paula Regina Cardoso Rosângela Cardoso Vicente

Tatiane Silva dos Santos

PROJETO INTERDISCIPLINAR CINEMA E EDUCAÇÃO

São Paulo 2018

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Maria Carollina da Silva Sousa Neide Cristina Marçal Noe de Camargo Neto

Paula Regina Cardoso Rosângela Cardoso Vicente

Tatiane Silva dos Santos

PROJETO INTERDISCIPLINAR CINEMA E EDUCAÇÃO

Projeto Interdisciplinar: Cinema e Educação. Resenha crítica do filme: Hoje eu quero voltar sozinho. Orientadora: Professora Mestra Renata Valente.

São Paulo 2018

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Resenha do filme: Hoje eu quero voltar sozinho.

O diretor Daniel Ribeiro apresenta de forma simples, questões típicas de um adolescente em transição para a maturidade. Lançado em 2014, “Hoje eu quero voltar sozinho” foi inspirado no curta metragem” Eu não quero voltar sozinho” (2011). Ambos tornaram-se sucesso de público e crítica e possuem a mesma história, porém com narrativas diferentes. No caso do longa, chegou a receber diversos prêmios no Brasil e no exterior. Na trama, Leonardo (Guilherme Lobo) além de ser deficiente visual descobre-se homossexual. Giovana (Tess Amorim) e Léo são amigos inseparáveis, até a chegada de Gabriel (Fábio Audi), um novo aluno da escola que desperta sentimentos em Léo. Gi sente ciúmes e acaba se desenvolvendo ali um triângulo amistoso. Ainda na escola, Léo é vítima de ataques frequentes por parte dos demais colegas e sua deficiência é usada como chacota. No entanto, ele não se deixa abalar e segue sua vida com o plano ambicioso. Na sua família isso não é bem visto e a mãe, tenta colocar limites o tempo todo, embora o pai mantenha o equilíbrio entre razão e emoção.

Em uma escola de classe média alta, Léo é alvo de bullying constante, sendo intensificado pelo uso da máquina de escrever em braile.Constantini (2004) descreve o bullying como um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. Tem como objetivo ataques a um indivíduo ou grupo, é exercido corriqueiramente por intimidadores nos confrontos com uma vítima. No ambiente em questão, nota-se também que a acessibilidade é escassa, pois frequentemente ele é conduzido por amigos. Isso nos espaços da escola se deve graças à falta de piso tátil e rampas de acesso. Em certas ocasiões, o personagem é guiado por Gabriel, causando concepções estereotipadas por parte dos colegas, sobre um possível relacionamento homoafetivo, pois é associado o ato simples de ajudar, a uma relação amorosa, sem ao menos ter sido cogitada pelos personagens gerando um estigma social1.

Tanto a falta de acessibilidade quanto bullying e estereótipo são transformados em ataques, ferindo diretamente artigo 5° da Constituição Federal que diz: “Todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

1 Segundo definição de Erving Goffman (2004) estigma social é um rótulo negativo dado ao indivíduo que está inserido em algum grupo social.

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igualdade, à segurança e à propriedade” (1988). Em vista disso, não devem ser excluídas pessoas com quaisquer tipos de limitações físicas, motora ou cognitiva.

Os acontecimentos de bullying na escola são desconfortantes, situações as quais podem ser abordadas nas escolas, por meio da metodologia de sala de aula invertida2, pois a escola tem o papel de formar o indivíduo para o trabalho, para prosseguir com os estudos e contribui para moldar o cidadão. Essa metodologia instiga os próprios alunos a seguirem um caminho de respeito. A partir do discurso de Paulo Freire “Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender” (p. 25, 1996), e seguindo a temática do filme fica entendível para o docente que medidas pedagógicas devem ser tomadas diante de uma situação de bullying. Utilizando da sala de aula invertida e baseando-se no filme, o educador reafirma seu aprendizado junto aos alunos, entendendo que além dos direitos há deveres.

Com a chegada de Gabriel na escola, em meio a uma intimidade, nasce um sentimento com o qual Léo lida espontaneamente, e por intermédio disso, de forma singela, passa a conhecer o mundo pelo olhar de Gabriel. Giovana amiga dedicada, mantém a relação entre eles cada dia mais acolhedora, até que a fidelidade é abalada por um trabalho em dupla em que Léo e Gabriel vão juntos ao cinema, após terminarem suas atividades. Essa atitude provoca em Gi um ciúme excessivo que chega a romper amizade entre eles. No desenvolver do filme, esse relacionamento de amor e rancor é finalizado em meio a conversas e confissões, apaziguando o conflito.

Em contrapartida, na casa de Léo ocorrem mal-entendidos com a mãe superprotetora, que tenta implicitamente impor a ele um comportamento limitado devido à sua deficiência. E mesmo sem a intenção, sua conduta materna acaba despertando no protagonista o desejo de independência e autoafirmação, fazendo-o planejar um intercâmbio. Já o pai possui um maior controle emocional e mostra-se empático. Segundo Daniel Goleman (2012, p.71) “A empatia alimenta-se da autoconsciência; quanto mais abertos estamos para nossas emoções, mais hábeis seremos na leitura de sentimentos”. A partir dessa afirmação é inevitável a analogia a um diálogo em que Léo pede auxílio ao pai para se barbear. Num tom de compreensão, ele indaga “[...] estou tentando entender sua vontade de ir para longe, acho natural na sua idade querer conhecer outros lugares e

2 Sala de aula invertida é uma metodologia que defende a “troca de protagonismo” entre professor e aluno, onde o aluno estuda o conteúdo em casa e na escola junto ao professor tira dúvidas, faz atividades e debates e entre outros. Conforme TREVELIN; ALVES PEREIRA; OLIVEIRA NETO (2013).

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gente diferente, mas acho muito natural você brigar com seus pais o tempo todo. Acho que sair do país para fugir da briga é muito radical [..]”. Essa fala é importante pois apazigua a busca desesperada por independência de Léo.

O filme traz sintonia entre as cores, com uma linguagem visual de fácil entendimento, sendo compreendido o papel do cinema na educação que pode abranger de assuntos sociais a psicologia. Esse visual pode ser utilizado em sala de aula com percepção e auto sentimento. Eva Hellerr (2012) afirma que as cores não transmitem sentimentos ao acaso, são vivências comuns que, desde a infância, foram ficando enraizadas em nosso pensamento. Logo, é possível tirar proveito do aspecto visual do filme, colocando alunos para associar cores a sentimentos, sensações e emoções, tendo assim, resultado cognitivos.

No filme, o azul claro da piscina é usado para transparecer amizade e companheirismo, os tons frios predominantes refletem a intimidade e a pureza do protagonista. A trilha sonora formada por músicas clássicas não chega a transmitir memorabilidade como o visual, mas também não se torna um ponto negativo, sendo completa para a proposta intimista da narrativa. Com um final simples e reflexivo, a produção aguça no telespectador a sensação de querer mais. Não é difícil se apegar aos personagens e torcer por um desfecho feliz, pois a empatia está sempre presente nas cenas. Um filme bem produzido e dirigido, que destoa dos demais em relação ao tema, e faz o espectador refletir e se emocionar.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2010.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

CONSTANTINI, Alessandro. Bullying: como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre os jovens. São Paulo: Editora Itália Nova, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. LTC, 1981.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

HELLER, Eva. A psicologia das cores. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, 2013.

HOJE eu quero voltar sozinho, Direção e Roteiro Daniel Ribeiro, Produção: Daniel Ribeiro e Diana Almeida. São Paulo: Lacuna Filmes, 2014 (95 min), color.

TREVELIN, Ana Teresa. ALVES PEREIRA. Marco Antonio. OLIVEIRA NETO, José Dutra de. A utilização da “sala de aula invertida” em cursos superiores de tecnologia:

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comparação entre o modelo tradicional e o modelo invertido “flipped classroom” adaptado aos estilos de aprendizagem. In: REVISTA DE ESTILOS DE

APRENDIZAGEM. v. 11, n. 12, 2013. Disponível em:

https://www2.uned.es/revistaestilosdeaprendizaje/numero_12/articulos/articulo_8.pdf.

Referências

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